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Internet

 

 

Espiões da rede:

Bem vindo ao admirável mundo novo de Huxley

Se o próprio Barack Obama, enquanto oposição ao governo, chegou a denunciar sistemas de espionagem,

segundo ele, utilizados desmedidamente pelo governo de George Bush, torna-se no mínimo hipocrisia

o fato de seu governo ter investido muito mais que o do antecessor em sistemas pró-espionagem.

 

Por Pepe Chaves*

Para Via Fanzine

BH-13/06/2013

 

Huxley: o mundo nas mãos de poucos. Obama: internet o coloca contra a parede.

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O futuro é agora

 

Visionário ou mero ficcionista o escritor britânico Aldous Leonard Huxley (1894-1963) vislumbrava em meados do século passado, um futuro vigiado por “forças sem caras”, submetendo às pessoas a todo tipo de abuso de privacidade. Para tanto, Huxley apontava ao longo de sua obra, até mesmo o uso de vacinas e chips subcutâneos, além de satélites e aparatos aéreos em prol de controlar e rastrear qualquer pessoa no planeta. E em torno de suas ideias, havia inúmeras tecnologias que remontavam situações que jamais existiram de fato na sua época.

 

E o que temos no mundo de hoje já é praticamente isso: uma ação indiscriminada, formatada através de um Estado instituído, ultrapassando todos os limites da ética, do bom senso. Uma máquina ampliável, sem limites, formatos, cor ou geografia, que investe pesado para matar a sede de “saber mais que os demais, pois informação é poder”.

 

A busca por dados da privacidade global remonta, pelo menos, desde o início da década de 1990, portanto, bem antes de a internet ser popularizada - e turbinada com potentes softwares. Naquela época, vazamentos diversos já davam conta que setores militares do governo dos EUA operavam um poderoso sistema de espionagem chamado Echelon. Contestado por muitos, outros alegam que o antigo Echelon já se fazia uma hiper rede para espionar e vigiar pessoas, envolvendo satélites e investimentos pesados em escutas telefônicas. Inclusive, acredita-se que o Echelon teria até mesmo o poder de ouvir tudo o que se passava nas residências das pessoas, através de aparelhos telefônicos postados no gancho ("desligados").

 

Tudo o que foi revelado agora pelo ex-agente da CIA, Edward Snowden, causando acentuada repercussão internacional, já não era novidade para muita gente no mundo atual. Mas, antes disso, quem falasse que o governo dos EUA monitorava todos os internautas da rede seria chamado de “debiloide”, “alarmista” ou “conspiracionista”. Em suma, Snowden declarou e mostrou documentos provando que o governo dos EUA monitora todas as pessoas do país e até quem desejar no planeta. Para tanto, contaria também com a colaboração de grandes corporações da internet, entre estas, segundo ele, Google, Skype, Facebook e Twitter.

 

Tudo isso poderia ser ficção de Aldous Huxley, mas infelizmente não é.

 

Outras dimensões

 

Com o surgimento da internet e a explosão californiana no Vale do Silício para o resto do mundo, toda uma dinâmica digital foi montada, numa imensa cadeia global: a rede (web) chega aos cidadãos comuns. A princípio, a rede, símbolo maior da "globalização", se mostra leve, livre, sedutora, escondendo sua origem suspeita. Nascida no seio do poderio militar dos governos dos EUA, a internet, uma rede antes utilizada somente por militares norte-americanos, teria sido um “presente de grego” que os EUA deram aos cidadãos do mundo? Sobretudo, considerando-se que os EUA estariam burlando esta incrível ferramenta, sob diversas maneiras e em reiteradas demonstrações?

 

As embasadas denúncias apresentadas por Snowden contra os órgãos de Segurança do país são mostras claras de como ferir a ética, a individualidade e a privacidade ao acessar indiscriminadamente dados não autorizados de propriedade exclusiva dos seus utilizadores. Dados estes, que podem ser acessados por cerca de 800 mil funcionários federais nos EUA. Portanto, nasce pelo menos uma pergunta aqui: quantas pessoas naquele país e em outras partes do mundo não teriam sido frontalmente atingidas ou até mortas por acesso ilegal aos seus dados digitais, quiçá, até mesmo por motivos alheios à Segurança e à Presidência do país?

 

A venda de informações pessoais em meta-arquivo por grandes empresas (sobretudo, as que fornecem e-mails e outros serviços grátis) sempre foi comentada e notória, mas nunca se fez nada para coibi-la. Todos sabem que isso é uma vergonha, mas o serviço "sujo" continua sendo feito. Vejamos ao ponto que chegou: se uma pessoa conversa sobre "cachorro" com um amigo por e-mail, fatalmente irá receber depois uma mensagem de e-mail com anúncio de um Pet Shop ou uma oferta de ração e produtos caninos (parceiros do e-mail "grátis" que você usa). O fato aconteceu comigo e não somente com assunto relativo a cão. Mecanismos "captam" ou "pescam" palavras-chaves de nossas conversas eletrônicas e tentam ganhar dinheiro com elas, ao nos oferecer produtos e serviços de parceiros. Por essa e outras, a internet “grátis” tem mostrado que tem o seu preço. Todo aplicativo gratuito que se baixa ou usa em nuvem busca uma contrapartida (quando não doações) de quem deseja utilizá-lo, isso está cada vez mais óbvio.

 

No entanto, as declarações de Edward Snowden são gravíssimas, pois recaem sobre o governo de uma nação, de um Estado considerado potência, denunciando também aliados, como o Reino Unido. Contudo, o governo dos EUA não expressou o menor constrangimento de sua parte e parece querer buscar o denunciante para castigá-lo, sob o pretexto de "traição aos EUA". Por sua vez, o primeiro ministro-britânico se limitou a afirmar que o seu país age dentro da lei. Já as empresas envolvidas nas denúncias trataram logo de desmentir de alguma maneira que fornecem indiscriminadamente dados de seus utilizadores ao governo dos EUA. Inclusive, algumas destas solicitaram ao presidente Obama que as autorizasse divulgar todos os dados que foram solicitados e repassados ao governo.

 

Terrorismo é o culpado

 

O pretexto “antiterrorista” (segurança) para se quebrar o sigilo digital de todas as pessoas do planeta, não pode ser suficiente para que isso ocorra de maneira tão indiscriminada por parte daqueles que agem de tal maneira. Nem podemos acreditar que possa haver algum pretexto para essa prática abusiva. Quem não é terrorista, não tem que pagar por isso. Por estas e outras, a expressão “terrorismo” impingida pelo governo dos EUA (e seus aliados) está virando uma insuportável estória da carochinha. Se o próprio Barack Obama, enquanto oposição ao governo, chegou a denunciar sistemas de espionagem, segundo ele, utilizados desmedidamente pelo governo de George Bush, torna-se no mínimo hipocrisia o fato de seu governo ter investido muito mais que o do antecessor em sistemas pró-espionagem.

 

E isto tudo é só o começo. Outras páginas huxleyanas serão viradas em breve. Aeronaves e satélites secretos estão sendo concebidos com capacidade até mesmo de elevar poderosas armas em orbita e realizar ataques a qualquer ponto da Terra a partir do espaço, tudo isso, sem derramar sequer uma gota de sangue de suas "forças de ocupação". O Velho Oeste se globalizou e está chegando ao tempo dos Jetsons. Os Estados Unidos declararam Guerra Fria ao mundo. Agora até você pode ser o personagem principal da próxima atração global.  

  

* Pepe Chaves é editor da ZINESFERA.

 

- Fotos: Divulgação. 

 

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- Produção: Pepe Chaves.

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