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América do Sul

Peru:

Mortes de brasileiros continuam em mistério

Exames em corpos de brasileiros encontrados no Peru não apontam causa das mortes.*

 

Os exames de autópsia nos corpos do engenheiro mineiro Mario Augusto Soares Bittencourt, 61 anos, e do geólogo paulista Mario Gramani Guedes, 57 anos, não apontaram a causa da morte dos funcionários da empresa Leme Engenharia.

 

Eles foram encontrados mortos na quarta-feira numa área de floresta amazônica na cidade de Pión, no norte do Peru. O dois desapareceram na segunda-feira, enquanto faziam um levantamento de campo para verificar o melhor lugar para construir a Hidroelétrica Vera Cruz.

 

De acordo com o Itamaraty, com os resultados inconclusivos, peritos recolheram material para exames laboratoriais, que podem demorar até três semanas para apontar as causas das mortes.

 

O Itamaraty reafirmou a informação inicial de que os corpos não apresentavam marcas de violência. Um embaixador brasileiro está na cidade de Baguá, para auxiliar no processo de traslado dos corpos, porém não há previsão de quando será feito o transporte para o Brasil.

 

As mortes dos dois brasileiros ainda é um mistério. Segundo informações de familiares, Bittencourt teria desaparecido por volta de 12h de segunda-feira, depois de se separar do grupo no campo. Após de buscas da polícia local, o corpo dele foi encontrado a cerca de 300 metros de Guedes, sem sinais de violência.

 

* Informações de Uai-EM (BH).

 

* * *

 

Venezuela:

Cúpula latino-caribenha é cancelada

Enfermidade de Chávez adia a cúpula da Comunidade de Estados da América Latina e Caribe (CELAC),

que seria realizada durante as comemorações do bicentenário de independência da Venezuela.

 

Por Isaac Bigio*

ESPECIAL, de Londres

Para Via Fanzine

Tradução: Pepe Chaves

 

 

'Esquerda' sulamericana: Hugo Chávez e Dilma Rousseff, em recente encontro.

 

Neste dia 05/07,a Venezuela celebra seu bicentenário, ainda que alterando o seu plano original de sediar a adiada cúpula da Comunidade de Estados da América Latina e Caribe (CELAC).

 

Esta organização nasceu em 23 de fevereiro de 2010, depois da 23ª cúpula do Grupo do Rio no Caribe mexicano.

 

Em julho de 2010, o presidente “socialista” da Venezuela, ficou encarregado de apresentar a sede para essa cúpula em 2011 e o "conservador" do Chile, seria o anfitrião em 2012, ao co-liderar o foro e as propostas para que a cúpula tivesse estrutura permanente.

 

Ambos têm agendas diferentes. Enquanto Chávez deseja que a organização repudie os TLCs (Tratados de Livre Comércio) com os EUA e construa um bloco anti-EUA, Piñera deseja que o grupo colabore com os EUA e ajude a desenvolver um capitalismo liberal.

 

A CELAC inclui todas as 20 repúblicas latinoamericanas (as 18 que falam castelhano, mais Brasil e Haiti), 12 anglonações e o Suriname (de idioma holandês).

 

Honduras não pôde integrar a CELAC, devido às sanções aplicadas depois do golpe contra Zelaya.

 

Os únicos países da América que não conpõem esta organização são os dois gigantes do norte, EUA e Canadá, além de todas as dependências de Reino Unido, Holanda, França e Dinamarca no continente americano.

 

Vários membros da Alternativa Bolivariana da Nossa América (ALVA) acham que este novo organismo deve anular à OEA, que Castro chamou de “ministério de colônias dos EUA” e, em cujo seio, não deseja estar.

 

Não obstante, a CELAC não nasce como um “bloco antiimperialista”. Salvo o caso das Malvinas, nenhum de seus membros reivindica a retirada das potências europeias que ocupam mais de uma dúzia de territórios nas Américas.

 

Todas as 12 nações anglo-falantes integram a Commonwealth britânica, presidida por Elizabeth II, cuja maior parte, aceita que seu chefe de Estado obedeça à rainha (incluindo dois dos oito integrantes da ALVA).

 

México, Colômbia, Peru e Chile formam o bloco das quatro maiores nações hispânicas do Pacífico com uma agenda comum e pró-livre comércio com os EUA, Europa e Ásia. A maioria dos países da América do Sul opta por receitas protecionistas. Contudo, a situação do Peru, agora com o novo presidente, ainda está por ser definida (apesar de Humala descartar mudanças radicais).

 

A rivalidade entre o Oeste e o Leste dessa região se soma à existente entre suas duas repúblicas mais povoadas. O México, liderado por um governo de centro-direita e pró-economia aberta de mercado, integra a NAFTA (TLC da América do Norte). O Brasil, ao contrário, é presidido pelo Partido dos Trabalhadores, que aplica políticas protecionistas e quer ter voz ativa em conflitos que vão desde Honduras até o Haiti (onde lidera o contingente militar internacional).

 

O México, país que deu à luz a CELAC, deseja usá-la como uma espécie de contra-ofensiva diplomática frente a UNASUL (bloco de 12 nações sul-americanas, liderado pelo Brasil, país que detém metade da área e da população total desse associados).

 

* Isaac Bigio é professor e analista internacional em Londres. 

- Leia outros artigos de Isaac Bigio em português: www.viafanzine.jor.br/bigio.htm.

 

- Tópico relacionado:

   Bigio, de Londres, vê o venezuelano Chávez em Cuba

   Hugo Chávez assume que luta contra um câncer

 

- Foto: EFE.

 

*  *  *

 

Antioquia/Colômbia:

Quem sabe sobre os 74 mineiros mortos em Amagá?

A tragédia de Amagá recebeu uma cobertura jornalística rápida,

conjuntural, dessas a que estamos acostumados nos meios de informação colombianos.

 

 

Por Juan Diego Restrepo E.*

Para a revista A Semana

 

Amaguá, na Colêmbia: 74 mineiros perderam a vida em junho de 2010.

 

Quem sabe hoje dos 74 mineiros do município de Amagá, Antioquia, na Colômbia, mortos em 16 de junho deste ano, nas escavações da mina San Fernando? Recordamos os seus nomes? Sabemos de suas histórias pessoais? Os meios de comunicação fizeram um rastreamento à entrega de indenizações, pensões e demais prestações econômicas e assistenciais a que têm direito suas famílias? Sabe-se algo das investigações sobre a responsabilidade da empresa Carvões San Fernando S.A.? Na verdade, sabemos mais do bem sucedido processo de resgate no Chile e de cada um dos mineiros resgatados do que de nossa tragédia local.

 

A tragédia de Amagá recebeu uma cobertura jornalística rápida, conjuntural, dessas a que estamos acostumados nos meios de informação colombianos. Estiveram no local, fizeram suas reportagens a partir do “lugar da notícia”. Mas quando se revisam as notícias, o que pode ser observado é uma cobertura superficial, sem prolongadas emissões ao vivo e centrada na contagem dos corpos que foram resgatados pelas equipes de socorro; nada mais. Foi mostrado pouco contexto, pobre análise e assepsia total quanto às responsabilidades políticas e econômicas.

 

Como se ainda estivéssemos na época da Colônia, uma das notícias que mais circulou relacionada com o acidente veio da Espanha. Tratou-se de uma mensagem de solidariedade enviada pelo monarca desse país: “o Rey Juan Carlos da Espanha enviou mensagem de solidariedade às vítimas da explosão de Amagá”. Sua reiteração nas páginas dos diários, nas emissões de rádio, televisão e internet revelam, a meu julgamento, uma forte mentalidade colonial, tão logo fora transmitida a mensagem, através de um telefonema e não em um pergaminho.

 

Quando se lêem as notas produzidas sobre a tragédia de Amagá, se descobrem erros na identificação das vítimas: disseram-se nomes que não eram e se trocaram os apelidos. Ademais, poucas vezes foram tecidas as suas histórias de vida e ainda se segue afirmando que foram 73 vítimas, quando na realidade são 74. Dos mineiros chilenos soubemos até de suas relações afetivas extraconjugais.

 

Não é a primeira vez que a mina San Fernando enfrenta acidentes dessa natureza. Ela passará à história pelas tragédias que têm ocorrido em suas escavações. A primeira delas ocorreu o 14 de junho de 1977, nessa triste ocasião faleceram 86 pessoas. A origem do acidente teve relação com as altas temperaturas e o agregado de gases. Daquele ano e até hoje perderam a vida mais de 180 pessoas. Um número considerável considerando que se trata de uma empresa privada.

 

Mas se falou aos meios de comunicação maior dedicação à tragédia local, às autoridades regionais faltaram com maior compromisso junto às vítimas, que reivindicam os seus direitos. Uma vez ocorrido o fato, o Governador de Antioquia, Luis Alfredo Ramos, saiu em defesa dos empresários e ainda sem ter os resultados de uma investigação, afirmou que a mina “San Fernando tinha disposições e requisitos legais em dia”. Na Antioquia é sabido que primeiro se defende o capital, isso já é uma tradição local.

 

Muito se falou do “exemplo chileno” e como a imprensa nacional não queria ser ficado atrás diante o corrido no deserto de Atacama, foi concedido amplo destaque ao acidente ocorrido em uma mina de carvão do município de Tasco, Boyacá (Colômbia), onde perderam a vida Hernán Alonso Barreira e John Fredy Ordoñez. Se esta tragédia não fosse precedida pelo ocorrido na mina San José, a cobertura deste fato teria sido uma notícia breve em alguns jornais e na Internet ou de poucos segundos no rádio e televisão, sem outra voz estatal, além de algum servidor público local explicando a situação.

 

Espera-se que a mina de San Fernando seja reaberta nos primeiros dias de novembro, uma vez que as autoridades mineiras certifiquem as condições de segurança dos túneis. Mas essa não deveria ser a única condição de para a reabertura. Deveria também se estabelecer como requisito o pagamento total das obrigações econômicas a que têm direito as famílias dos mineiros falecidos neste tipo de acidentes. Se não foram cumpridas essas cláusulas, deveria ser adiado o início dos trabalhos de extração de carvão até o seu total cumprimento. Ademais, deveriam ser tornados públicos os resultados das investigações realizadas após a tragédia, como um ato de responsabilidade empresarial.

 

Como uma maneira de honrar a memória dos mineiros de Amagá e recordar que a tragédia ainda embarga a suas famílias, grafo aqui os seus nomes: Adrián Colorado, Albeiro Bustamante Holguín, Alberto Restrepo Trujillo, Alejandro Montaño Cano, Alfredo Sampedro M., Álvaro Antonio Muriel, Álvaro Antonio Vermelhas Carmona, Ángel Touro Jaramillo Ángel Gabriel Restrepo, Antonio Parra Holguín, Carlos A. Santamaría, Carlos Alonso Muriel A., Carlos Arturo Durán H., Carlos Mario Bolívar J., Carlos Mario Vanegas, Deivy Julián Ossa C., Diego Fernando Basco, Dubán Andrés Castañeda Trujillo, Edgar de Jesús Moncada Cardona, Efraín de Jesús Sapata Parra, Eugenio Antonio Usma Holguín, Gabriel Ángel Ossa, Gerardo Ossa Villa, Gilberto Rivera Vermelhas, Gonzalo de Jesús Flórez Chavarriaga, Héctor Adolfo Pizarro Taborda, Héctor Sánchez Velásquez, Hugo Arley Ossa, Idier Fernando Cano R., Iván Darío Sánchez, Jaime de Jesús Ardila Uribe, Jairo Ossa Vanegas, Javier Bedoya Henao, Javier Sapata Rivera, Jhon Jairo Correia A., John Jairo Franco Porta, John Jairo Restrepo Ossa, Jhonny Andrés Escobar Ruda, Jorge Alexander Cano López, Jorge Eliécer Álvarez Velásquez, Jorge Enrique Sánchez, Jorge Iván González, Jorge Mario Higuita Cano, José Gregorio Jurado, José Isaías Castrillón Sepúlveda, José Iván León Gil, José Sigifredo Gómez Guzmán, Juan Caro Lopera, Juan Gabriel Pérez Orrego, Luis Aurelio Vermelhas, Luis Carlos Sapata Rendón, Luis Enrique Gutiérrez Aragón, Luis Fernando González, Luis Fernando Ossa Ossa, Luis Fernando Vélez Montaño, Luis Orlando Ángel Vergara, Marco León Orozco, Mario Humberto Vanegas Palácio, Moisés Antonio Holguín, Nelson Holguín Garota, Nolberto Jiménez Holguín, Orlando Gómez Gil, Oscar Areia Montoya, Oscar Baena Montoya, Oscar de Jesús Moreno Estada, Oscar Atirado Garcés, Over Enrique Álvarez Escobar, Rodrigo Jiménez León, Rubiel de Jesús Urrego Caro, Steven Herrera Arboleda, Wilson Alberto Fernández Sánchez, Wilson Ferney Salinas Aricapa, Yirlei Stid Vásquez J., Yoni Alexander Herrera.

 

* Juan Diego Restrepo E. é jornalista e docente universitário.

- Tradução: Pepe Chaves.

- Foto: La Nación.

 

 

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