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Tecnologia

 

 

Tempos modernos:

A distopia tecnocrática das redes

A desigualdade, o desemprego e o fim de uma era. O futuro no qual você acreditava parece estar sendo meticulosamente desmontado, sua rotina se tornou mais estressante, uma crise financeira parece se arrastar por tempo indeterminado...

 

Por Rafael Vidal*

De São Tomé das Letras-MG

Para Via Fanzine

18/02/2025

 

A tecnologia avançou mais uma vez em um salto quântico, profissões se tornaram obsoletas e mais tarefas foram automatizadas.

 

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Sente como se o mundo houvesse se tornado frio e, em um mundo totalmente conectado, você estivesse desconectado de todos? E não é só você que está assim; as pessoas se tornaram mais individuais, mais pragmáticas, ao mesmo tempo que fica cada vez mais difícil reconhecer um sorriso com uma intenção transparentemente verdadeira. A populosa sociedade humana parece lotada de corpos e inóspita.

 

Você acaba de ser vítima de uma estratégia de controle social. Um algoritmo trabalhou minuciosamente os seus dados pessoais, classificou-o em um perfil, moldou sua personalidade e fez de você um produto. Acreditou estar desfrutando gratuitamente da conectividade do século XXI e, seguro de suas ações, se colocou em uma vitrine. Lá conheceu pessoas como você, mas havia outras fora dos holofotes que, analiticamente, já tinham seus ambiciosos planos.

 

O futuro no qual você acreditava parece estar sendo meticulosamente desmontado, sua rotina se tornou mais estressante, uma crise financeira parece se arrastar por tempo indeterminado e, por mais esforçado que seja, você deve se esforçar ainda mais. Você cresceu acreditando que batalharia para subir na vida, porém a correnteza ficou mais forte, e cada gota de suor conta para que você não dê outro passo para trás.

 

A tecnologia avançou mais uma vez em um salto quântico, profissões se tornaram obsoletas e mais tarefas foram automatizadas. Mas você não é dono dessa tecnologia, você a consome e paga por ela. Para ter acesso tanto a recursos básicos quanto tecnológicos, você trabalha, e mais gente hoje faz o mesmo trabalho que você, muitas migrando de profissão. Você se especializa, se diferencia e, logo, por uma pressão econômica, isso também não é o bastante: torna-se a nova média.

 

Parece que o mercado de trabalho é um velho navio cargueiro afundando, e os trabalhadores competem em um cenário totalmente desfavorável para não se afogar e alcançar as partes mais altas. Ainda que programas sociais sirvam de botes salva-vidas, não se pode deixar de perceber as vítimas desse atentado. Na dança das cadeiras entre emprego e desemprego, sobram cada vez menos assentos — e os que restam são de qualidade cada vez pior.

 

Foi o império oculto de grandes magnatas globais que só se enriqueceu e pôde ter seus próprios meios de ser autônomo e estar em locais privilegiados para sobreviver às mudanças climáticas. A cada dia, você oferta seu tempo de vida para ter os recursos para se manter, abre mão de seu tempo livre e, ainda assim, essa fruta só lhe dá caroço. Você acha mesmo que todo o seu tempo trabalhado vale o que você consome?

 

O mundo capitalista criou sua própria forma de escravidão, uma forma universal. Não há paredes, não há "fora". O controle dos meios de produção e a privação de necessidades básicas tornaram cada trabalhador refém. Os muros cercam a casa-grande da senzala e, em mansões fortificadas e cofres no estrangeiro, guardaram-se tudo o que do nosso povo foi tirado. A nós, a fome; ao povo, sempre nada.

 

Mas velhos coronéis ainda hão de estar ultrapassados, pois quando o povo volta seu trabalho para sua terra, ela o alimenta e provê tudo aquilo de que precisa. Proverá o tempo para sairmos do modo automático em que fomos programados a estar desde que nascemos, para nos organizarmos e tomarmos os meios de produção.

 

Você é parte do nosso povo! Una-se nessa transformação. Saia da máquina, plante orgânico, agroflorestal e independente das big techs do agro. Crie redes, comunidades, faça uma economia circular. Seja uma célula deste grande movimento coletivo!

 

* Rafael Vidal é Cientista de dados em formação e ativista ambiental.

 

- Imagem: IA/divulgação.

 

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- Produção: Pepe Chaves

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