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 Mundo

 

 

América:

Os cânceres presidenciais

O Brasil é o único país onde o câncer afetou dois chefes de Estado,

ainda que em momentos nos quais estivessem afastados do cargo.

 

Por Isaac Bigio*

ESPECIAL, de Londres

Para Via Fanzine

Tradução: Pepe Chaves

31/12/2011

 

O câncer assola o poder nas repúblicas americanas.

 

Cristina Kirchner é a última líder de Estado latinoamericano a fazer cirurgia contra o câncer, que também afligiu Fidel Castro, Dilma Rousseff, Hugo Chávez, Fernando Lugo e Lula.

 

O presidente venezuelano, devido ao fato de esta doença estar afetando somente os presidentes ‘progressistas’, não descarta que serviços dos EUA estivessem causando isso, mediante a alguma nova tecnologia avançada. A declaração foi condenada por Washington.

 

Há diversos tipos de câncer. O da tireoide, na presidente argentina, parece que poderá ser removido com sucesso na cirurgia marcada para o dia 04/01. Outras variações da doença, como a que atacou o chefe da revolução cubana, Fidel Castro, culminou na sua saída do poder.

 

De todos esses seis casos descritos, o Brasil é o único país onde o câncer afetou dois chefes de Estado, ainda que em momentos nos quais estivessem afastados do cargo ou mal havia o deixado. Dilma foi operada de câncer em abril de 2009, quando era a chefe do gabinete da Casa Civil e ainda não tinha vencido as eleições que a levaram à presidência em 2010. Lula foi diagnosticado com câncer em outubro de 2011, após 10 meses de sua saída do poder.

 

Outras quatro repúblicas hispânicas americanas conviveram com a situação de ver o seu mandatário passar por situações cirúrgicas por conta de câncer durante o governo.

 

O caso cubano foi o mais sério, pois, de 1959 a 2008, Fidel encarnava o Estado e o processo que transformou aquela ilha. Enquanto nas revoluções ‘comunistas’ o usual era que o poder se mantivesse com o líder até que ele morresse, Fidel decidiu ir se retirando de suas obrigações administrativas para se manter como conselheiro de seu irmão Raúl, criando uma transição estável.

 

Quando o presidente paraguaio Fernando Lugo anunciou estar com câncer em agosto de 2010 e Chávez, em junho de 2011, ambos não quiseram deixar o poder. O primeiro por uma relação conflitante com seu vice-presidente constitucional (o liberal Federico Franco), e o segundo, quando se internou em Cuba, não deixou o cargo sequer transitoriamente ao sétimo vice-presidente de sua administração bolivariana.

 

Cristina anunciou que, do dia 04 ao 24/01, deixará que seu novo vice-presidente, Amado Boudou, a substitua, ainda que seu poder seja suficiente para ser considerada uma “rainha”. Ela deverá capitalizar sua cirurgia (como fez antes com a morte de seu marido) para depois assuntar a sua autoridade e popularidade.

 

* Isaac Bigio é professor e analista para política e economia em Londres.

 

- Leia outros artigos de Isaac Bigio em português: www.viafanzine.jor.br/bigio.htm.

 

- Foto: divulgação.

 

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Líbia:

Capturado Saif al Islã Kadafi

Ele é acusado pela Corte Penal Internacional de Haya da prática de crimes contra

a humanidade, mas há muitos interessados em evitar que ele chegue vivo a essa instância.

Por Isaac Bigio*

ESPECIAL, de Londres

Para Via Fanzine

Tradução: Pepe Chaves

19/11/2011

 

 

O governo líbio anunciou a captura daquele que acredita ser o sucessor de Kadafi. Saif al Islam (em árabe significa “a espada do Islã”) é o segundo dos 10 filhos de Kadafi, mas é considerado o mais influente de todos.

 

Não é a primeira vez que se anuncia em vão a sua detenção. Nos meses de agosto e outubro passados, a imprensa difundiu diversas versões sobre uma suposta captura para depois se retificar. Se desta vez Saif al Islam foi mesmo capturado, isto implicaria num duro golpe para a resistência anti-OTAN.

 

Ele é acusado pela Corte Penal Internacional de Haya da prática de crimes contra a humanidade, mas há muitos interessados em evitar que ele chegue vivo a essa instância, devido às declarações que poderia prestar acerca dos laços entre o seu pai e os governantes e corporações ocidentais - e também com os novos líderes da Líbia.

 

Saif, que completará 40 anos no próximo 25/06, é apresentado hoje pela imprensa ocidental como o ‘demônio’, mesmo que faz menos de um ano, ele era abençoado por muitos governos europeus como o semblante “democratizante”, reformador e “liberalizador” da Líbia.

 

Saif residiu por alguns anos da década passada em Londres, onde foi muito bem recebido. Eu estive pesquisando e lecionando na mesma universidade que ele fez seu doutorado sobre democratização - a London School of Economics - e pude constatar que ninguém fazia protestos contra ele. Além disso, ele foi convidado a participar de várias reuniões com a realeza britânica em seus palácios. Um de seus últimos aniversários ele passou ao lado do príncipe de Mônaco.

 

Saif costumava se reunir com vários mandatários europeus (como Sarkozy ou Berlusconi) e apreciava a sua amizade com Blair. Sua noiva, Orly Weinerman, era uma das artistas mais belas e famosas de Israel. Um romance entre um líder árabe ‘anti-imperialista’ e uma sionista é algo que poderia parecer mais proibido que o romance de Romeo e Julieta, mas os Kadafi se distanciaram dos radicais islâmicos e de Arafat, que propuseram a criação de Israeltina: uma republica secular e multiétnica que deveria unir a todas as comunidades judias, muçulmanas, cristãs e de outras crenças.

 

Saif foi uma peça fundamental na reconciliação entre seu pai e o Ocidente, pois ele fez a Líbia indenizar às vítimas de vários atentados terroristas atribuídos ao seu regime e que o seu país se tornasse  o único dito socialista a aniquilar suas armas de destruição em massa. Em junho passado, ele propôs a interrupção da guerra civil líbia para realizar eleições em três meses, o que não impediu os bombardeios da OTAN.

 

Kadafi - igualmente ao seu camarada Hussein - acreditou que fazendo tal concessão o Ocidente o perdoaria, enquanto, na realidade, foi mostrado o inverso. Daí, que o Irã ou Coreia do Norte têm aprendido a lição para negociar com as potências sob melhores condições, no mais, por deterem centrais nucleares.

 

Saif deverá ser julgado por crimes nos quais também são responsáveis a cúpula do atual governo líbio, composta, inclusive, por ex-ministros de Kadafi até cerca de 10 meses.

 

* Isaac Bigio é professor e analista para política e economia em Londres.

 

- Leia outros artigos de Isaac Bigio em português: www.viafanzine.jor.br/bigio.htm.

 

- Fotos: AFP.

 

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América Central:

Guatemala e Nicarágua elegem presidentes 

No último domingo, as populações da Guatemala e Nicarágua elegeram

os seus presidentes, os quais têm origens e perspectivas divergentes.

 

Por Isaac Bigio*

ESPECIAL, de Londres

Para Via Fanzine

Tradução: Pepe Chaves

07/11/2011

 

Otto Pérez Molina e Daniel Ortega foram eleitos presidentes de Guatemala e Nicarágua

 

Otto Pérez Molina venceu no segundo turno guatemalteco, obtendo 53% dos votos, enquanto o nicaraguense Daniel Ortega obteve 66%, vencendo logo no primeiro turno.

 

Em termos de América Latina, Perez será o primeiro ex-general eleito presidente e Ortega torna-se o primeiro ex-guerrilheiro a vencer três eleições presidenciais, além disso, com a maior percentagem já conquistada em toda a região.

 

Pérez Molina é o primeiro ex-militar que governará a Guatemala desde que o exército deixou o poder, em 1986. Durante a guerra civil de 1960-96, quando morreram cerca de 200 mil guatemaltecos, este general chegou a ser diretor de inteligência e vem sendo acusado de ter organizado torturas e matanças, incluindo a do bispo Gerardi.

 

Seu principal slogan eleitoral foi ‘mão de ferro’ e, com isso, promete que dedicará a maior parte de seu tempo à segurança. Seu concorrente eleitoral, Baldizar, também destacou a pena capital. O novo governo não deverá buscar os culpados de numerosos crimes aos direitos humanos, senão enfocar-se-ia nesses crimes.

 

A Guatemala é um dos países com os índices de assassinatos mais altos do mundo (quatro em cada 10 mil habitantes), num lugar onde operam máfias que promovem tráfico humano e de drogas para os EUA.

 

Algo que incita essa violência é a miséria. Metade dos menores de cinco anos está desnutrida. Enquanto o anterior governo de Colom tratou de reduzir esse problema através dos programas de assistência social, Pérez buscará destinar mais recursos públicos à polícia, cujo número de agentes, ele deseja incrementar.

 

Daniel Ortega foi o principal líder da revolução sandinista de 1979 que depôs os Somoza, tomou suas propriedades e, em 1985-90 foi eleito presidente da Nicarágua.

 

Em vez de seguir o modelo cubano, Ortega manteve o mercado e o multipartidismo, para depois, ser sacado do poder pelos contras, armados por Reagan (então presidente dos EUA), gerando uma hiperinflação e sua deposição por 16 anos.

 

Depois, Ortega voltou ao poder em 2006, quando modificou a Constituição para exercer um terceiro mandato. Seu programa de hoje é muito diferente daquele de 40 anos, quando debutou no poder.

 

Enquanto Ortega chama de irmãos os fuzilados Kadafi e Cano, ele manterá o TLC com os EUA, desenvolverá zonas francas e penalizará toda espécie de aborto.

 

Esse é o realismo de um ex-‘comunista’ que agora impulsiona o maior desenvolvimento capitalista no Sistema de Integração Centroamericano, onde a Nicarágua tem a maior taxa de crescimento e também de investimento externo em relação ao seu PIB.

 

Pérez é outro realista que, apesar de ter origens no “gorilismo” anticomunista, promete priorizar a relação comercial com a China - que ainda se diz socialista, mesmo sendo o principal motor da economia capitalista global.

 

- Leia outros artigos de Isaac Bigio em português: www.viafanzine.jor.br/bigio.htm.

 

- Fotos: divulgação.

 

 

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Milão:

Justiça italiana pede prisão de quase 4 anos a Mancini*

De acordo com a procuradoria de Milão, Mancini se aproveitou do estado de

 embriaguez da mulher brasileira em questão para obrigá-la a ter relações com ele.

 

A procuradoria de Milão pediu nesta segunda-feira por uma condenação de três anos e oito meses de reclusão ao jogador brasileiro Mancini, acusado de violentar sexualmente uma modelo brasileira depois de uma festa, na Itália. O meia de 31 anos voltou ao Brasil para jogar pelo Atlético-MG no início deste ano, depois de ter defendido Roma, Inter de Milão e Milan no futebol italiano.

 

Segundo a acusação, Mancini e a modelo brasileira se conheceram durante uma festa organizada por Ronaldinho Gaúcho em um local de Milão, na madrugada de 8 para 9 de dezembro do ano passado. Na época, os dois jogadores brasileiros estavam atuando pelo Milan.

 

De acordo com a procuradoria de Milão, Mancini se aproveitou do estado de embriaguez da mulher brasileira em questão para obrigá-la a ter relações com ele. Após a suspeita de agressão sexual, a mulher de 30 anos foi atendida em um centro médico local e em seguida oficializou a acusação contra o jogador.

 

A procuradoria de Milão pediu também 10 meses de prisão a Geraldo Eugenio do Nascimento, de 56 anos, um amigo de Mancini que foi acusado de tentar persuadir a jovem a retirar a denúncia e de atrapalhar as investigações sobre o caso.

 

Os advogados de Mancini asseguraram, durante o processo judicial, que a relação sexual entre o jogador e a modelo brasileira ocorreu em comum acordo entre as partes. Já em uma entrevista concedida em fevereiro, o atleta afirmou que estava sendo vítima de uma "farsa".

 

A sentença do caso está prevista para ser anunciada no próximo dia 28 de novembro, um dia depois de o Atlético-MG, atual time de Mancini, disputar a penúltima rodada do Campeonato Brasileiro, no qual o clube hoje tenta se livrar do risco de rebaixamento.

 

* Informações da Agência Estado (SP).

   10/10/2011

 

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Venezuela:

Chávez, sua saúde e a Celac 

Conforme ocorrido no caso de Fidel Castro, o sistema de saúde cubano

mostra duas características: sua excelência e seu hermetismo.

 

Por Isaac Bigio*

ESPECIAL, de Londres

Para Via Fanzine

Tradução: Pepe Chaves

 

Hugo Chávez continua em Cuba, nas vésperas da maior comemoração venezuelana.

 

O dia 5 de julho é uma data histórica: a Venezuela festeja o bicentenário de sua independência e também a entrada desse país para a Comunidade de Estados da América Latina e Caribe (CELAC). A figura do presidente anfitrião seria vital nessa ocasião. No entanto, exatamente a um mês antes do 5 de julho, Hugo Chávez saiu de seu país. Depois de ter estado no Brasil e no Equador, ele chegou em Cuba, onde foi operado em 10 de junho, repousando naquele país, até então.

 

Conforme ocorrido no caso de Fidel Castro, o sistema de saúde cubano mostra duas características: sua excelência e seu hermetismo.

 

Nenhuma informação havia sido revelada a respeito de seu estado, somente que ele foi internado por causa de um "abscesso pélvico" (uma acumulação de pus). A BBC mostrou sua estranheza porque Chávez, que já passou mais de 1.300 horas falando na TV e a rádio, faz mais de duas semanas, não aparecia falando em público. Ele nem sequer pôde receber o recém eleito presidente peruano (o comandante Ollanta Humala, tão próximo a ele), cuja viagem tem devido pospor. O The New York Times recordou que, anteriormente, Chávez guardou repouso por lesões ou gripes.

 

O chanceler venezuelano, Ricardo Maduro, sugeriu que ele estivesse batalhando por sua vida, coisa que tem sido tomada por meios críticos como uma confissão de que seu estado é muito delicado. Uma série de rumores foi disparada, inclusive, sugerindo que ele tivesse alguma forma de câncer [Ele confirmou na noite de 30/06, que realmente retirou um tumor cancerígeno]. Não obstante, diversos ministros venezuelanos afirmam que seu governante se recupera e que deveria retornar antes de 5 de julho.

 

E enquanto Chávez segue sob uma rigorosa e secreta vigilância médica em Havana, na Venezuela, há uma crise energética pela racionalização de energia e outra por conta da violência as prisões.

 

Estando por seis anos no poder, Chávez é o governante americano que mais dura no cargo. Sua saúde poderá alterar muitas coisas em seu país e no mundo.

 

Entre elas, está a ALVA (a Alternativa Bolivariana para as Américas), um bloco composto por oito nações que inclui a Venezuela, Cuba, Bolívia, Equador, Nicarágua e três Antilhas, e a tentativa desta de transformar na CELAC, que enterraria a OEA. Chávez é o líder mundial do "socialismo do século XXI". É também o candidato favorito (até o momento) para ganhar a presidência de seu país nas eleições de dezembro 2012.

 

Ele vem dirigindo o seu Estado e seu partido como um líder insubstituível. Se sua saúde vier a impedi-lo de seguir no poder ou postular a uma nova reeleição, isso geraria uma crise em seu país. Por outro lado, abriria o debate sobre qual de seus seguidores deveria substituí-lo, além disso, alentaria à ânsia da oposição em destronar o governante nas próximas eleições.

 

* Isaac Bigio é professor e analista internacional em Londres.

 

- Leia outros artigos de Isaac Bigio em português: www.viafanzine.jor.br/bigio.htm.

 

- Tópico associado:

Hugo Chávez assume que luta contra um câncer

 

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Bola corrupta:

Fifa afasta membros acusados de suborno*

Envolta no maior escândalo de corrupção de sua história, a Fifa anunciou no domingo,

29/05, a suspensão provisória de dois de seus mais influentes dirigentes.

 

Acusados de suborno, o presidente da Confederação Asiática e candidato à presidência da Fifa até um dia antes, Bin Hammam, e o presidente da Concacaf e vice da Fifa, Jack Warner, estão afastados temporariamente do futebol.

 

A decisão do comitê de ética da Fifa, anunciada neste domingo em entrevista coletiva na Suíça, acontece três dias antes da eleição para a presidência da entidade, que será normalmente realizada em 1.º de junho próximo. Hammam, tido como o principal responsável pela escolha do Qatar como sede da Copa de Mundo de 2022, era o único candidato de oposição à Joseph Blatter, que tenta a reeleição.

 

Membro do comitê executivo da Fifa, o norte-americano Chuck Blazer denunciou que Hammam e Warner ofereceram U$ 40 mil em suborno para delegados na reunião dos 25 membros da Associação Caribenha de Futebol, em 10 e 11 de maio. Os pagamentos assegurariam votos em Hammam no pleito da Fifa.

 

O dirigente do Qatar nega todas as acusações a aponta que há um complô na Fifa para tirá-lo da disputa presidencial, mas abdicou de sua candidatura antes mesmo da reunião do conselho de ética da entidade. Ele rebateu pedindo que o órgão investigasse suposto suborno praticado por Blatter, mas o pedido foi indeferido por falta de indícios.

 

Se considerado culpado no julgamento definitivo do conselho de ética, Hammam poderá ser expulso do futebol, impedido de exercer qualquer cargo em entidades ligadas à Fifa clubes, federações, confederações, associações...). Em seu site pessoal, o dirigente mostrou-se irritado.

 

"Não posso permitir que o meu nome seja cada vez mais jogado na lama por causa da competição entre dois indivíduos. O esporte em si e as pessoas que o amam em todo o mundo têm que vir primeiro. É por esta razão que eu anunciei minha retirada da eleição presidencial. Eu rezo para que meu pleito não seja vinculado à investigação realizada pelo comitê de ética da Fifa", escreveu Hammam.

 

Franz Beckenbauer, que deixa o comitê executivo da Fifa na semana que vem, chamou o escândalo de um "desastre no futebol". "Eu espero que em 1.º de junho a eleição acabe, que a discussão sobre corrupção se encerre e a Fifa volte ao normal."

 

* Informações da Agência Estado (SP).

 

- Tópico relacionado:

   Fifa Dirigentes não contestaram acusação formal

 

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África:

Voto do Brasil na ONU irrita rebeldes na Líbia*

Quando ficam sabendo que o repórter é brasileiro, muitos balançam

a cabeça em sinal de desaprovação e perguntam por que o Brasil se absteve na votação.

 

O comboio leal ao ditador líbio, Muamar Kadafi, que se dirigia para Benghazi quando foi destruído pelos caças-bombardeiros franceses na noite de sábado, estendia-se por uma faixa de 30 quilômetros na saída oeste da "capital rebelde". Os benghazis visitam agora esse cemitério de veículos militares e têm certeza daquilo que os esperava naquela noite: seriam trucidados.

 

"Veja o presente que Kadafi trazia para Benghazi", brinca Najib Shekey, engenheiro eletricista de 30 anos. Sua sensação é a de que todos os habitantes da cidade foram salvos pelo presidente francês, Nicolas Sarkozy.

 

Quando ficam sabendo que o repórter é brasileiro, muitos balançam a cabeça em sinal de desaprovação e perguntam por que o Brasil se absteve na votação do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) que autorizou a zona de exclusão aérea.

 

Os líbios são fanáticos por futebol e, por isso, têm - ou tinham - apreço pelo Brasil. Agora, tentam entender por que esse apreço, na sua interpretação, não é retribuído. "O governo brasileiro apoia Kadafi", constata Shekey. "Deve ser por causa de dinheiro. Talvez vocês tenham medo de que seus investimentos sejam prejudicados."

 

Mohamed Sherif, de 50 anos, prefere lembrar que há uma diferença entre o governo e o povo de um determinado país. "O governo brasileiro é mau, mas o povo é bom."

 

* Informações do jornal O Estado de S. Paulo.

 

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