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 História

 

Francisco de Orellana:

Os 500 anos do descobridor do Amazonas

Depois de ter sido um dos fundadores de Guayaquil, na Colômbia, em 1541, ele saiu de Quito para as

selvas orientais, juntamente com Gonzalo Pizarro, num destacamento com 200 espanhóis e 4000 ameríndios.

 

Por Isaac Bigio*

ESPECIAL, de Londres

Para Via Fanzine

Tradução: Pepe Chaves

1º/10/2011

 

A descoberta do rio Amazonas representou um novo mundo de possibilidades.

 

Um dos acontecimentos históricos que menos atenção tem recebido em 2011 é a celebração de meio milênio do nascimento do descobridor europeu do maior rio já conhecido pela humanidade.

 

Talvez, isso se deva pela polêmica que ainda persiste a respeito do ano ou data exata em que ele teria nascido. Em novembro de 1546, ele morreu no atual Brasil.

 

Francisco de Orellana nasceu faz 500 anos em Trujillo, cidade de Extremadura (Espanha) que hoje também nomeia outras urbes, como a maior metrópole do norte peruano. Em 1527, quando ainda era menor de idade, Orellana chegou ao Novo Mundo para servir aos Pizarro (seus parentes), prestando apoio para a conquista do império inca.

 

Depois de ter sido um dos fundadores de Guayaquil, na Colômbia, em 1541, ele saiu de Quito para as selvas orientais, juntamente com Gonzalo Pizarro, num destacamento com 200 espanhóis e quatro mil ameríndios. O clima adverso e as doenças mataram mais de 70% dessa comitiva e, em dado momento, Pizarro ordenou que Orellana partisse em busca de alimentos. Porém, ele decidiu não retornar (talvez, pela dificuldade de seguir rio acima ou por suas ambições pessoais), mas sim, seguir o curso fluvial. Depois de viajar por sete meses e percorrer 4,8 mil quilômetros, atingiu à desembocadura do rio Amazonas no Atlântico.

 

Essa viagem gerou vários ressentimentos e Gonzalo Pizarro jurou vingar-se de Orellana, que o abandonou e com dificuldades, retornou a Quito com somente 80 de seus mais de 4000 homens iniciais.

 

'A Amazônia de 500 anos atrás abrigava mais pessoas que atualmente.

Seus antigos habitantes exploravam os recursos naturais sem deteriorar o meio ambiente'

 

Um ressentimento maior deveria ter os hispânicos, pois hoje a grande maioria da região amazônica fala o português, apesar de o papa, na repartição do mundo de 1494, atribuí-la a Madri e não a Lisboa. E, evidentemente, ressentimento ainda maior ainda deveria ter os próprios povos amazônicos.

 

Gaspar de Carvajal, o cronista da expedição de Orellana, descreveu como a bacia amazônica estava tão povoada, o que não foi comprovado pelos novos europeus que ali aportaram tem tempos posteriores.

 

O que em certo momento pensou-se se tratar de exagero, hoje, a arqueologia, apesar das dificuldades em encontrar ruínas não carcomidas pela floresta, demonstra que tais relatos eram substanciosos.

 

A Amazônia de 500 anos atrás abrigava mais pessoas que atualmente. Seus antigos habitantes exploravam os recursos naturais sem deteriorar o meio ambiente. Para contrabalancear uma delgada camada fértil do solo, a qual as chuvas poderiam dissipar, eles fabricaram toneladas de uma terra negra artificial, com a qual isolaram diversas cidades ao longo do rio. Segundo Charles Mann, a elevada percentagem de árvores de frutas comestíveis naquela selva é mais uma amostra de que ali já fora um grande jardim plantado.

 

Em Beni, na Bolívia e noutras partes da Amazônia, vários montículos para cultivos e lagoas artificiais para pesca foram encontrados em quantidades consideráveis.

 

Os incas podem ter suas raízes na Amazônia, inclusive, sua língua original, o puquina, tem parentesco com a dos arahuacos amazônicos.

 

Enquanto os incas, astecas e maias foram conquistados, as civilizações dos dois grandes rios da América do Sul e do Norte (Amazonas e Mississipi) foram exterminadas pelos vírus disseminados pelos conquistadores e, por sua vez, se viram obrigadas a exterminar os seus portadores, antes que fossem fatalmente atingidas.

 

* Isaac Bigio é professor e analista internacional em Londres.

- Leia outros artigos de Isaac Bigio em português: www.viafanzine.jor.br/bigio.htm.

 

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Produção: Pepe Chaves

 

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Legendário navegador:

Cristóvão Colombo: descobrindo o descoberto

Foi sobre o mar e as grandes descobertas que se

escreveu a história  mirabolante de Cristóvão Colombo.

 

Por Fabiano Mauro Ribeiro*

Do Rio de Janeiro-RJ

para Via Fanzine

 

Colombo se tornou uma legenda na história da navegação e das conquistas.


Novas terras para o mundo dos homens

 

Cristóvão Colombo, o “descobridor da América”,  era ao que tudo indica, um bruxo. Exatamente isso. Quem optar por ter uma opinião em que se raspe com borracha, os antigos conceitos inculcados nos tempos do ginásio, tente a sorte e procure encontrar num sebo “Cristophe Colomb”, obra em francês de Eliot Morrison (ed. 1958). A vida do descobridor e navegante é puro mistério e aventura. Pelos ventos da história que vem do século XV até nossos dias, Colombo variava do piedoso ao demoníaco. 

 

A origem do homem Colombo como anota outro autor, Leon Bloy, já é um mundo de surpresas. Atribuem a ele a nacionalidade ou origens italiana, corsa, catalã, francesa, e descendência judaica, fora algumas suspeitas de ser filho de um Papa ou de um monarca. Supõe-se que tenha vindo ao mundo em Gênova, aos 26 de agosto de 1451, quatro anos antes, de se imprimir o primeiro livro na Terra. Aventuras platônicas ou não com o sexo oposto, teve-as em penca, até  que se casou em Lisboa, mais tarde, com a filha de um ex-governador da Ilha de Porto Santo, Madeira.

 

Porém, foi sobre o mar e as grandes descobertas que se escreveu a história  mirabolante de Cristóvão Colombo.

 

Teria sido em 1476 a sua primeira viagem exploratória intuitiva, e a bem da verdade, absurda. Seu caminho foi a Islândia - uma viagem onírica, começada num lugar estranho, com o objetivo ignorado. É que sua curiosidade foi aguçada pelas narrativas de homens do mar que se davam sempre com objetos estranhos, trazidos de locais desconhecidos dos povos europeus – supõe-se que tenham vindo do próprio Ocidente.

 

Em 1480, Colombo já pertencia, como a maioria dos navegadores, à Franco Maçonaria, e bem cedo foi recebido, ainda que com reserva, pelo grupo fechado dos “descobridores.” Daí o seu aprofundamento em ciências  pouco ortodoxas, ou histórias pouco aceitas, como a dos navegadores Vikings. Em conversa nos portos com gente basca, bretã ou de Terra Nova, a temática tinha um denominador comum a toda exploração marítima - o que haveria além do Atlântico? E essa iniciativa de sair pelo mar sem fim tinha um obstáculo primário, mas seriíssimo: ir, mas como assegurar a volta depois?

 

Daí surgiu uma interrogação: como Colombo, em janeiro de 1493, somente com o Pinta e o Nina (o Santa Maria naufragara) consegue perturbadoramente fazer, rumo não a Leste, que era a direção da Europa, mas a nordeste, que encontraria vento certo de Oeste para retornar à Europa, e que era assim a rota verdadeiramente certa.

 

Alguns místicos ou deslumbrados, atribuíam essa intuição à "visão de um iluminado” ou à "presciência genial", mas, na realidade Colombo, como demonstra Morrison, obteve sagazmente essa informação com os pilotos que o antecederam em outras muitas viagens exploratórias menos notáveis.

 

Colombo solapara, inclusive, a ciência dos “ventos atlânticos” e um dos seus “gurus” ou afinal de contas explorado, nessa questão, que se chamava Pedro Vazques. Grande  intuitivo, puro e avesso ao vedetismo, Vazques deu a Colombo as coordenadas, ainda em Palos de Moguer, local da Espanha onde nasceu a aventuresca viagem do descobrimento. Em Palos, também estava Martin Alonso Pinzon, outro grande vulto posto em segundo plano pelo estrelismo de Colombo, e que lhe apresentara a Vazques.

 

Logo, as provas racionais, desfizeram mitos - eis a mágica do guapo Colombo, que fez a população exultante ignorar o verdadeiro quadro de "navio fantasma” que revestia o Pinta em sua volta, trazendo a bordo em farrapos e quase moribundo, Martin Alonso Pinzon. A fama que envolvia Colombo, passava já como um trator sobre o esforço daqueles dois colaboradores hercúleos que a história jogou para segundo plano.

 

Segundo Morrison, Pinzon foi e sempre será a grande sombra de Colombo. Em PaIos de Moguer, Pinzon guardava a sete chaves um mapa que conseguira copiar às pressas de um original em algum lugar da Itália. Esse mapa misterioso, digno dos mais bem tricotados contos de capa e espada, colocava a Ásia  a mil léguas a oeste da Europa.

 

Reconstituição artística da chegada de Colombo à América. Ao lado, pintura mostra o semblante do navegador.

 

Colombo vê Pinzon como ameaça

 

Pinzon fora o grande primeiro entusiasta de Colombo. Enquanto a maioria em Palos desconfiava do bem falante Colombo, foi Pinzon que providenciou incontinenti todo o necessário para a grande viagem. Recrutou pessoal e urgiu embarcações. Durante a travessia, foi de Pinzon o tento de aplacar a rebelião de bordo em 7 de outubro, e num lampejo genial, captado pelo esperto navegador que, um dia, dizem, “colocou um ovo em pé”. Aconselhou que se tomasse daquela feita o rumo de sudoeste, que era o rumo absolutamente certo.

 

Para que se possa calcular a questão dessas tomadas de latitudes, basta que se conscientize de quão precária ou rudimentar era a navegação de então, e quão diminuta era uma nau, com modestos 20 metros de comprimento, na imensidão de oceanos, os quais não se sabiam onde começavam ou terminavam.

 

Assim foi que o talento, ao que tudo indica, serviu à sagacidade, e no amanhecer de 12 de outubro de 1492, surge da bruma a ilha Guanahani, nas Bahamas, e diz-se mais tarde que foi a descoberta do Novo Mundo.

 

Colombo teme a inteligência de Pinzon. Para ele, o genial espanhol é alguém que lhe incomoda e lhe tira  os méritos. Por isso, separam-se. Ao morrer Pinzon, falou-se até que Colombo o assassinara, numa - hoje chamada - “queima de arquivo”. Seriam apenas murmúrios, pura invenção, que foi dispersa num processo de investigação.

 

Entretanto, boa parte de historiadores de coragem, não teme em afirmar que “sem Pinzon a expedição de Colombo teria sido retardada”. Colombo, chamado também de “o Genovês”, apesar de andanças iniciais a Seca e Meca acabara por convencer monarcas e ricos financistas da época, que se hipnotizaram por suas explicações fascinantes, embevecendo até mesmo a Rainha da Espanha, que segundo dizem, pela causa, empenhou suas jóias. Ela sonhava colocar a Espanha, depois de vencer os sarracenos em Granada, como a grande pátria dos descobrimentos. Daí oferece a Colombo três embarcações tidas como risíveis. Duas das quais, Pinta e Nina, nem coberta tinham, só assim dotada a Capitânia Santa Maria com 23 metros de comprimento.

 

América

 

As consequências imediatas do descobrimento não foram encorajadoras. Na Itália fala-se “num tal de Colomba” que arribou num país  estranho (Robert de La Croix - História Secreta dos Oceanos). As viagens se multiplicam,  porém, depois da descoberta, de 1493 a 1504, foram duzentas expedições. Numa dessas, Vespúcio, tomando conhecimento mais apurado das regiões, arrisca ao Rei Henrique II apontar a existência de “um novo continente”.

 

Alguém da nova geração da Corte do Rei chega a propor o nome de “Vespucia” à nova terra, homenageando o simples viajante, passageiro, sem mérito. Sem dúvida, agora se procurava tirar de Colombo os louros que lhe cabiam. Ele morre em 1506, ainda cheio de fantasias inseparáveis como a totalmente fictícia de que a Ásia estaria a cinco mil quilômetros  das Canárias,  e de que ali fincara pé.

 

Porém, esse misto de esperteza e coragem deixaria no final que ventos de forma mágica, mais uma vez lhe bafejassem. O Novo Continente, poucos sabiam, passou a se chamar América de forma mística e misteriosa - é que  em sua quarta viagem, Colombo dera com índios na Nicarágua,  e indagara tão logo dos atônitos habitantes, onde estava “o ouro”, a grande cobiça de todas as eras. Os selvagens teriam então balbuciado: “Amerigo... Amerigo...”. Se referiam a um local pouco distante, onde em terras altas teriam jazidas de ouro.

 

Amerigo se tornava assim, segundo De La Croix, “uma mágica região de riquezas”.

 

Eis que um erro, um instante no passado misterioso, vinha agora em socorro dos descobridores e suas lutas. Magia e realidade se fundem quando outro estudioso, Marrion Wilcox, na Enciclopédia Americana, vê semelhança de “América” com “Amalrich”, ou Emerich, da mitologia germânica, figura que simbolizava a busca frenética do “Ouro do Reino”.

 

No caso, a América por si só, dera ao seu descobridor uma dimensão mítica.

 

* Fabiano Mauro Ribeiro é pesquisador, colaborador de várias publicações sobre História e Arte.

 

- Fotos: divulgação.

 

- Produção: Pepe Chaves.

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