Lenda & realidade:

A Misteriosa 'Z' e o coronel Fawcet

 A cidade misteriosa procurada ardentemente pelo coronel Fawcett, fazendo-o penetrar fundo na selva Amazônica, não tinha um nome específico, apesar de ele ter-se baseado nas lendas que sempre cercaram as regiões desconhecidas do Novo Mundo. Nos meios iniciáticos era conhecida como a Misteriosa “Z”.

 

Por J. A. FONSECA*

Para Via Fanzine & UFOVIA

 

O lendário coronel Percy Harrison Fawcett em fotografia tirada na Cordilheira dos Andes em 1.911. No detalhe, a estranha estatueta de basalto negro, ofertada por H. Rider Haggard ao Coronel Fawcett, com suas inscrições desconhecidas e que se dizia originária de uma cidade perdida no Brasil.

 

ESTATUETA - O coronel Percy Harrison Fawcett era um homem de muitos predicados, além de que, como arqueólogo independente, se imbuía de muita coragem e determinação quanto aos seus objetivos, lutando sempre para vencer os obstáculos que se ofereciam. Era amigo particular dos escritores Arthur Conan Doyle e Henry Rider Haggard, e este último lhe deu de presente uma estatueta de basalto negro com estranhas inscrições gravadas e lhe disse ser originária de uma cidade perdida no Brasil (foto). Ela tinha cerca de 25 cm de altura e trazia no peito uma placa contendo as 22 letras do alfabeto sagrado, dos quais se originaram todos os demais, e no tornozelo uma referência ao Homem de Ouro da cidade de IBEZ, no Roncador.

 

É curioso, que alguns destes signos podem ser encontrados gravados em pedra em muitas regiões brasileiras, como se estas terras fossem, de fato, parte de uma antiga civilização, guardando em seu seio o testemunho de tal época.

 

NO CORAÇÃO DO BRASIL - Fawcett estava certo de que no centro da América do Sul, na região Amazônica, se encontrava o segredo do mais antigo templo mencionado pelas mais antigas tradições iniciáticas da Terra, o Templo Sagrado de IBEZ. Ele não tinha dúvidas de que nesta região central do Brasil encontraria as pistas para este mundo de lendas e sonhos e, finalmente, o objetivo de sua busca, situações que na mente de exploradores como ele, se tratavam de pura realidade. Em suas buscas, penetrou profundamente nas selvas desde os Andes até a região do Mato Grosso, onde, finalmente, desapareceu. Quanto à misteriosa cidade procurada por ele, disse ter-se contatado certa vez com um nativo na Amazônia e que este lhe havia dito que conhecia um estranho local que possuía templos magníficos, cujas casas eram iluminadas por estrelas que jamais se apagavam.

 

Assim ele se cercava de convicções de que havia algo grandioso nas regiões selváticas da Amazônia e apesar da descoberta das antigas ruínas de Machu Pichu pelo pesquisador Hiram Bingham, no início do século, dizia que o que procurava, se tratava de uma cidade ainda mais remota. Ele afirmava que havia um grande elo que interligava a misteriosa “Z” e a Atlântida, e chegou a escrever:

 

“Estou convencido de que lá embaixo, no coração do continente jaz escondido os maiores tesouros do passado conservados no mundo de hoje. O enigma da antiga Sul-América e talvez do mundo pré-histórico poderá ser resolvido somente quando essas antigas cidades forem descobertas e escavadas cientificamente. Estas cidades existem, estou certo…”.

 

RONCADOR - Fawcett imaginava que a cidade que procurava se encontrava próximo a Serra do Roncador entre os rios Xingu e Araguaia, no interior do Mato Grosso. Ele já havia escrito a respeito de misteriosas ruínas encontradas em suas andanças pelas selvas brasileiras. Em seu diário, conforme relata o livro “Coronel Fawcett”, de Hermes Leal, pode-se ler: “Não duvido um só instante dessas velhas cidades. Por que haveria de duvidar? Eu mesmo vi parte de uma delas – e essa é a razão pela qual achei que deveria fazer novas expedições. As ruínas parecem ser de um posto adiantado de uma das grandes cidades, as quais, estou certo serão descobertas juntamente com as outras se a expedição for bem preparada, com uma pesquisa profunda sobre o assunto”.

 

E ainda:“Infelizmente não posso induzir os cientistas a aceitarem até mesmo a hipótese de que há indícios de uma antiga civilização no Brasil. Viajei por lugares ainda não explorados, os índios têm me falado de construções antigas, seu povo e mais coisas estranhas existentes nestes locais”.

 

ÚLTIMO CONTATO - Durante muitos anos Fawcett procurou pela misteriosa cidade atlante nas selvas brasileiras e em 25 de maio de 1.925, escreveu uma última carta à sua esposa, dizendo encontrar-se no Campo do Cavalo Morto, onde seu cavalo morrera, e que estava próximo da cachoeira, de onde se determinava o rumo para seu objetivo final. Tinha a companhia de seu filho Jack e do fotógrafo Raleigh Rimell e na carta dizia para sua esposa Nina que nada poderia dar errado em seu empreendimento e que a cidade que procurava era uma realidade. A partir de então nunca mais se teve notícia do coronel Fawcett e de seus acompanhantes, e até hoje seu desaparecimento continua sendo uma incógnita.

 

MCCARTHY - A história do desaparecimento de Fawcett nas selvas do Mato Grosso inflamaram a curiosidade de muitos e não se sabe, de fato, o que teria acontecido. Surgiram tentativas diversas de explicação de seu misterioso sumiço, e até mesmo uma ossada lhe foi atribuída, dizendo-se que ele fora assassinado pelos índios. Porém, nada ficou, efetivamente, provado.

 

Em 1.947 ocorreu então um outro fato, relacionado aos mistérios da Amazônia, que também passou a fazer parte das lendas das cidades abandonadas. O professor Hugh McCarthy ao tomar conhecimento das viagens do coronel inglês, ficou entusiasmado com esta notícia e viajou desde a Nova Zelândia até o Brasil, instalando-se no Rio de Janeiro, onde passou a pesquisar os documentos de Fawcett e suas expedições, além do documento 512 (veja VF 112). Depois de algum tempo, viajou para um lugarejo chamado Peixoto, no Mato Grosso, onde conheceu o Reverendo Jonathan Wells, que já estava naquela região há muitos anos.

 

O Reverendo tentou mudar a opinião de McCarthy, alegando ser a selva tropical cheia de perigos, animais e índios hostis, mas o professor insistia em seguir na busca da cidade perdida. Então, percebendo que não conseguiria dissuadi-lo de seu intento, Wells acabou por oferecer-lhe sete pombos correio para que ele enviasse notícias, vendo-o partir em uma canoa rio acima, para nunca mais ser visto. Muitas semanas depois, o Reverendo recebia um dos pombos correio com uma carta dizendo que ele havia sofrido um acidente, mas que fora acolhido por uma tribo indígena e estava sendo bem tratado. Viu o padre que aquela era a terceira carta e que as duas primeiras não haviam chegado até ele. Muito tempo depois chegou a quarta carta, na qual, ele relatava que estava sozinho no meio da floresta e que deveria escalar os picos de uma montanha onde se encontrava e que, certamente, iria logo chegar á cidade do coronel Fawcett. Dizia que, caso fracassasse, teria valido a pena.

 

O SÉTIMO POMBO - Tempos depois chegou mais uma carta através do sétimo pombo correio. Os dois anteriores nunca chegaram ao seu destino e nesta última MacCarthy dizia: “Sei que a fria mão da morte virá me tocar em breve e agora tudo o que faço é rezar para que todos os pombos que mandei cheguem a salvo. Sinto dificuldade para escrever, pois meus momentos de lucidez são raros. Mas, digo, que maneira gloriosa escolhi para deixar este mundo. Espero que meu mapa chegue em segurança via pombo número seis, para que você e as pessoas do mundo inteiro possam saber a localização dessa cidade de ouro. É absolutamente inacreditável e maravilhosa, com uma imensa pirâmide de ouro e estranhos templos. Com a ajuda de Deus, sei que você conseguirá muito em breve liderar uma equipe de arqueólogos para que venham até esta que é a mais linda de todas as cidades desde o início dos tempos, e para que seus tesouros possam ser preservados por muitas e muitas gerações. Minha obra está terminada e morro feliz, sabendo que minha crença em Fawcett e sua cidade perdida não foi em vão. Hugh.”

 

Entretanto, apesar do Reverendo ter tentado, nenhuma expedição foi organizada para localizar a cidade de ouro e pensou-se que McCarthy havia enlouquecido, e que tudo o que ele havia escrito não passava de delírios febris. Misteriosamente, o mapa que trazia a localização da cidade abandonada nas selvas do Mato Grosso, desapareceu, juntamente com a possibilidade de encontrá-la, pois sua condição mitológica se tornou ainda mais forte. Talvez, por obra de mãos invisíveis, a Misteriosa “Z” permanecerá ainda por um bom tempo oculta na sanha devastadora do homem contemporâneo, aguardando o dia em que seus segredos e tesouros possam ser conhecidos e não venham a ser utilizados de maneira a produzir a destruição e a segregação entre os povos.

 

* J.A. Fonseca é economista, aposentado, espiritualista, conferencista, pesquisador e escritor, e tem-se aprofundado no estudo da arqueologia brasileira e  realizado incursões em diversas regiões do Brasil  com o intuito de melhor compreender seus mistérios milenares. É articulista do jornal eletrônico Via Fanzine (www.viafanzine.jor.br) e membro do Conselho Editorial do portal UFOVIA. E-mail: jafonseca1@hotmail.com.

 

- Fotos & reproduções: Arquivo J.A. Fonseca/Arquivo Via Fanzine.

 

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