Passado de Marte
Vida em Marte: Por que Marte não sustentou a vida? Descoberta da NASA pode explicar o fato de ainda não termos encontrado vida em Marte. Estudo mostra porquê, embora Marte tenha tido água, nunca foi um terreno propício para vida como a conhecemos.
Por José Ildefonso* De Taubaté-SP Para Via Fanzine 14/07/2025
O rover Curiosity da Nasa já identificou compostos orgânicos relativamente grandes, possivelmente derivados de ácidos graxos, dentro de rochas de 3,7 bilhões de anos. Leia também: Últimos destaques de Via Fanzine
A realização recente da missão do jipe robô Curiosity identificou em Marte rochas ricas em minerais carbonatados – semelhantes ao calcário na Terra – capazes de sequestrar CO₂ da atmosfera e armazená-lo em forma sólida. Esse mecanismo sugere que, apesar de rios e lagos terem existido no passado, o ciclo natural que aquece e mantém a água líquida não se sustentou no planeta vermelho.
Em nosso planeta, erupções vulcânicas liberam CO₂, equilibrando ciclos climáticos por bilhões de anos. Já em Marte, a atividade vulcânica terminou cedo; sem reposição constante do gás na atmosfera, o efeito estufa foi enfraquecido.
O resultado? Longos períodos frios e secos, com eventuais “blips de habitabilidade” — breves janelas de água líquida — seguidos por cem milhões de anos de deserto gélido.
O estudo, liderado por Edwin Kite, da Universidade de Chicago, indica que essas condições efêmeras dificultam a formação e preservação da vida. Isso explica – com muita clareza – por que, embora Marte tenha tido água, nunca foi um terreno propício para vida como a conhecemos.
Mas há esperança: encontrar amostras carbonatadas trazidas à Terra pode ser o passo decisivo. Tanto os EUA quanto a China planejam missões com retorno de amostras para análises profundas em laboratório na próxima década.
Além disso, o rover Curiosity da Nasa já identificou compostos orgânicos relativamente grandes, possivelmente derivados de ácidos graxos, dentro de rochas de 3,7 bilhões de anos. Isso não comprova vida, mas indica que moléculas-chaves para organismos podem sobreviver por muito tempo em Marte. O verdadeiro salto, porém, só virá com amostras analisadas na Terra.
Em que isso muda no nosso entendimento?
- Marte foi brevemente habitável: mas as condições não duraram o suficiente para sustentar os ecossistemas.
- Foco estratégico: a preferência agora é por missões de retorno de amostras, vitais para análises rigorosas na Terra.
- Implicações universais: se Marte, com água e carbono, falhou em gerar vida estável, isso sugere que a emergência da vida pode ser um processo ainda mais raro no universo.
“Se a Terra é a exceção, não a regra, estamos prestes a descobrir quão frágil e extraordinária é a história da vida no cosmos”.
- Clique aqui para ler o artigo científico.
* José Ildefonso é articulista, cronista e colaborador de Via Fanzine.
- Imagem: IA, criada pelo autor.
Leia também: Outros destaques em Via Fanzine
- Produção: Pepe Chaves
Leia outras matérias na ©Copyright, Pepe Arte Viva Ltda. Brasil.
|