EUA:
Cancelado contrato com Embraer para Super
Tucano*
A Força Aérea disse que vai investigar e
refazer a licitação, que também está
sendo contestada na Justiça dos EUA pela
norte-americana Hawker Beechcraft.
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Aeronave Super Tucano utilizada pela
FAB e de fabricação da Embraer.
A Força Aérea dos Estados Unidos informou nesta terça-feira
que está cancelando contrato de 355 milhões de dólares para fornecimento
de 20 aviões Super Tucano, da Embraer, citando problemas com a
documentação.
A Força Aérea disse que vai investigar e refazer a
licitação, que também está sendo contestada na Justiça dos EUA pela
norte-americana Hawker Beechcraft. O contrato havia sido concedido pela
Força Aérea americana para a Embraer e a parceira Sierra Nevada Corp.
"Apesar de buscarmos a perfeição, nós as vezes não
atingimos nosso objetivo, e quando fazemos isso temos que adotar medidas
de correção", disse o secretário da Força Aérea, Michael Donley, em
comunicado. "Uma vez que a compra ainda está em litígio, eu somente
posso dizer que o principal executivo de aquisições da Força Aérea,
David Van Buren, não está satisfeito com a qualidade da documentação que
definiu o vencedor."
Procurada pela Reuters, a Embraer não se pronunciou até a
publicação desta reportagem. O comandante da área de materiais da Força
Aérea dos Estados Unidos, Donald Hoffman, ordenou uma investigação sobre
a situação, afirmou o porta-voz da Força Aérea.
Em 30 de dezembro, a Força Aérea dos Estados Unidos definiu
que a Sierra Nevada e a Embraer tinham obtido o contrato para venda de
20 aviões Super Tucano A-29, assim como treinamento e suporte.
Entretanto, a licitação foi paralisada em janeiro, quando a Hawker
Beechcraft entrou na Justiça questionando a decisão.
No ocasião, a Força Aérea disse que acreditava que a
competição e a avaliação para seleção do fornecedor tinham sido justas,
abertas e transparentes.
O Super Tucano A-29 foi desenvolvido para missões de
contra-insurgência e atualmente é usado por cinco forças aéreas, e ainda
existem outras encomendas, segundo a Embraer.
*
Informações da Reuters.
28/02/2012
- Foto: divulgação.
- Tópico associado:
Compra dos EUA pode chegar a 55 aviões da
Embraer
* * *
São Paulo:
MPF
denuncia três por tragédia da TAM*
A denúncia tem 50 páginas e foi
registrada ontem na 1.ª Vara Criminal Federal de São Paulo.
Prédio da TAM pega fogo após ser atingido
por avião da empresa, em julho de 2007.
Às vésperas do
quarto aniversário da tragédia do A320, o Ministério Público Federal
apresentou ontem denúncia criminal contra Denise Maria Ayres Abreu,
então diretora da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), e contra
dois diretores da TAM na época do acidente: Alberto Fajerman
(vice-presidente de Operações) e Marco Aurélio dos Santos de Miranda e
Castro (diretor de Segurança de Voo).
A denúncia tem 50
páginas e foi registrada ontem na 1.ª Vara Criminal Federal de São
Paulo. Os três denunciados pelo procurador da República Rodrigo De
Grandis foram acusados de ter exposto a perigo o Airbus, provocando o
acidente e a morte de 199 pessoas naquela que é a maior tragédia da
história da aviação brasileira.
Era 17 de julho de
2007 quando o A320 da TAM, que vinha de Porto Alegre, chegou ao
Aeroporto de Congonhas, na zona sul de São Paulo. Chovia e o avião
estava com um de seus reversos (parte de seu sistema de freio)
desativado. Os pilotos não conseguiram parar o Airbus, que atravessou a
pista e foi bater em um prédio do outro lado da Avenida Washington Luís.
A pista do aeroporto havia sido reformada e liberada havia 20 dias sem o
grooving - ranhuras na pista feitas para ajudar a frear os aviões.
Denise, que foi
afastada do cargo na Anac em meio ao caos aéreo que se seguiu ao
acidente, é acusada pelo MPF de agir com imprudência por determinar a
liberação da pista de Congonhas sem o grooving. Além disso, seria
responsável por liberar a pista "sem realizar formalmente uma inspeção,
após o término das obras de reforma com o fim de atestar a sua condição
operacional em conformidade com os padrões de segurança aeronáutica".
Além disso, ela teria, mesmo sabendo das "péssimas condições de frenagem
da pista, notadamente em dias de chuva", defendido a sua liberação no
Tribunal Regional Federal da 3.ª Região, que analisava o caso.
A denúncia contra
Denise é a primeira que culpa diretamente pela tragédia um integrante do
governo Luiz Inácio Lula da Silva - Denise era ligada ao ex-deputado
José Dirceu (PT). A ex-diretora da Anac sempre se disse inocente e negou
ter sido imprudente. Caso seja condenada, Denise pode pegar de 1 ano e 4
meses a 4 anos de prisão - em acusação semelhante à que levou à
condenação a 4 anos de prisão dos pilotos do jato Legacy, Joseph Lepore
e Jan Paul Paladino, pelo acidente que provocou a queda de um Boeing da
Gol e a morte 154 mortes em 2006.
Diretores. No caso
dos então diretores da TAM, ambos teriam sido negligentes porque teriam
permitido que os aviões da TAM pousassem em Congonhas, apesar de terem
conhecimento das péssimas condições da pista, "em especial nos dias de
chuva". Os dois diretores teriam sido negligentes ainda porque, nessas
condições, não redirecionaram os aviões da empresa para pousar em outros
aeroportos.
No caso de Castro,
ele é ainda acusado de não fiscalizar o comportamento de suas
tripulações e ter deixado, a partir de janeiro de 2007, "de informar aos
pilotos da TAM Linhas Aéreas que o procedimento de operação com o
reversor desativado da aeronave A320 havia mudado".
Depois disso, a
Anac havia desaconselhado o pouso de aviões com esse equipamento
desativado em pistas como a de Congonhas, durante chuva. Ele também não
teria observado "o manual de segurança de operações da própria companhia
aérea, que determina a identificação, análise, avaliação e controle de
riscos na obtenção de um padrão mínimo de segurança".
A acusação contra
Fajerman é parecida com a feita contra Castro - com a exceção da parte
do manual. Em seus depoimentos à Polícia Federal, ambos negaram qualquer
negligência no caso. Agora, eles também podem pegar até 4 anos de
prisão.
* Informações de Marcelo Godoy e Fausto
Macedo/Agência Estado (SP).
- Foto: Agência Estado.
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