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Fábio Bettinassi
Aplicações: Seria o Bitcoin a fraude do século? Moeda digital de origem desconhecida valorizou de US$ 2mil à US$ 18mil em apenas seis meses, levantando suspeitas de que se trata de uma operação fraudulenta global.
Por Fábio Bettinassi* De Araxá-MG Para Via Fanzine 15/01/2018
Tudo isso é uma lógica matemática e neste exemplo generalista, percebemos que não existe dinheiro vindo do nada. Todo rendimento ou perda é resultado de uma operação financeira bem ou má realizada. Leia também: Outros destaques em Via Fanzine
A bola da vez é o Bitcoin, a moeda digital que, segundo os hipsters, veio para acabar com o império do monetarismo bancarizado, controlado pelos temidos ‘iluminatis’. Mas de onde veio essa moeda? Quem a criou? Em que país foi desenvolvida? Quais as instituições por trás dela? Para onde vai o dinheiro que trocamos por Bitcoin? Todas essas questões continuam ocultas e mesmo assim, pessoas de todo o mundo estão se desfazendo de riquezas reais, tangíveis, por uma moeda digital sem nenhum lastro e que pouco se sabe a respeito.
No mundo real, tudo que se valoriza tem que atender a um princípio econômico realista, porque riqueza é produto de lei de “ação e reação”. Entenda o exemplo: o dinheiro investido nos bancos pelos poupadores, é emprestado ao mercado com juros, quando as pessoas pagam as prestações dos financiamentos, os juros embutidos voltam para o banco e geram ganho real sobre o montante que o banco emprestou, assim se o banco emprestou R$ 1.000,00 com 10% de juros, vai receber de volta R$ 1.100,00. Os R$ 100,00 são de um modo geral, a valorização do capital investido.
O banco pega esses R$ 100,00 e uma parte dele, usa para remunerar o rendimento do dinheiro depositado (investido) pelos poupadores nas diversas contas como poupança, CDB, lci, lca etc. É um ciclo fechado e perpétuo. É assim que o dinheiro é ‘fabricado’ no sistema econômico capitalista.
Tudo isso é uma lógica matemática e neste exemplo generalista, percebemos que não existe dinheiro vindo do nada. Todo rendimento ou perda é resultado de uma operação financeira bem ou má realizada.
No livro “Dinheiro, Dinheiro” do economista João Saad observamos no mercado de capitais que “quando alguém ganha é porque outra pessoa está perdendo, e quando alguém está perdendo, é porque um terceiro está ganhando”, é uma gangorra econômica. Não tem como todos ganharem ao mesmo tempo; é como se as duas pontas da gangorra subissem ao céu ao mesmo tempo. É ilógico.
Mas no Bitcoin vemos o contrário, o capital está se valorizando em escala exponencial, sem algo que produza ganho real operando por trás, é uma ação que nasceu sem uma causa primordial. Sua valorização apresentando uma curva crescente que nunca se viu em nenhum outro ramo da economia na história humana.
Veja o gráfico:
Neste caso, duas coisas podem estar acontecendo: ou estão fabricando dinheiro digital do nada, inserindo valores no sistema usando apenas um teclado e mouse ou alguém está perdendo muito para gerar essa contrapartida. E, nesse caso, a perda deve ser imensa, porque para sustentar tamanha taxa de valorização, trilhões de dólares ou euros serão necessários para lastrear esse ganho. Isso representa um risco mundial, pois se a bolha estourar e destruir milhões de pequenos, médios e grandes investidores, assim como arrasar grupos empresariais poderosos e desestabilizar países inteiros.
Esquema Ponzi?
Analistas de mercado acreditam que o Bitcoin é uma famosa fraude conhecida como Esquema Ponzi. Tal operação recebeu este nome devido ao seu criador Charles Ponzi, famoso estelionatário italiano dos anos 20 que foi morar nos Estados Unidos e lá construiu um dos maiores esquemas de pirâmide financeira, baseado na troca de vales postais que se valorizaram do dia pra noite.
No esquema Ponzi ou Pirâmide, o operador paga altos rendimentos aos novos investidores, usando o dinheiro captado pelos primeiros investidores que entrarem cedo no negócio. Para dar a impressão de segurança e confiabilidade, algumas pessoas realmente enriquecem, mas na verdade, tal enriquecimento foi apenas uma transferência de capital entre elas, porque nenhum dólar foi cunhado e nenhum investimento real no mercado foi feito.
Charles Ponzi, que após o golpe nos EUA foi morar no Rio de Janeiro.
Neste esquema o dinheiro troca de mãos entre os níveis da pirâmide, sem a necessidade de um órgão externo regulador, mas em determinado momento, a pirâmide desaba porque para que todos recebam seu vultuosos rendimentos, seria preciso uma entrada perpétua de novos investidores, diariamente e em escala logarítmica. Mas como a entrada deles cessa em certa hora, o dinheiro novo para de entrar e os rendimentos param de ser pagos, levando muitos à falência total.
O Bitcoin quando analisado de forma racional e sem a emotividade do momento, se mostra um perfeito esquema Ponzi, no qual sua super valorização foi criada artificialmente para atrair novos investidores que se tornaram obcecados por ganhos rápidos e acima de qualquer outra opções oferecida pelo mercado tradicional.
Dinheiro desbancarizado e livre de tributos
Escândalos desta natureza recentemente abalaram o mundo dos negócios, como Bernie Maddoff e Telexfree. Em essência ambos os golpes se parecem muito com o modelo do Bitcoin, que utiliza uma alta tecnologia e uma infinita cadeia de terminologias e conceitos computacionais estapafúrdios, alguns até sem nenhum embasamento científico, para dar um aspecto de ‘inviolabilidade’ capaz de impressionar a população. Nos esquemas convencionais de pirâmides, também existiu todo um jargão usado para atrair e iludir as vítimas.
Alguns acham que o Bitcoin é um capital fantasma criado para encobrir transações financeiras obscuras envolvidas no tráfico de seres humanos, tráfico de órgãos, narcotráfico, mercado ilegal de armas, terrorismo e até para custear revoluções e nomear ditadores no poder.
Tudo isso parece ter um fundo de verdade, porque com o Bitcoin, os pagamentos se tornam impossíveis de ser auditados e regulamentados e o principal: é um dinheiro livre de impostos, porque trafega no mundo todo sem pagar um único centavo em impostos, comuns no mercado financeiro.
Governos se sentem ameaçados porque o Bitcoin pode criar um monetarismo digital paralelo e acabar com a arrecadação de impostos, porque se trata de um dinheiro fora da relação Bancos - Estado. Imagine a população fazendo compras e pagando com um dinheiro eletrônico que não sofre controle do governo? A arrecadação tributária poderia cair a zero, levando o país à um cenário inimaginável.
Tela do programa que realiza operações em Bitcoin.
O algoritmo
Não existe e nunca existirá um algoritmo de criptografia que seja 100% à prova de quebras. Tudo que é construído pode ser desconstruído e todas as chaves de segurança possuem um backdoor, uma espécie de porta de entrada secreta criada pelo desenvolvedor para que somente um grupo específico tenha acesso às informações. Até mesmo a criptografia quântica que cria chaves de criptografia baseada no estado energético de determinadas partículas quânticas, é passível de ser revertido.
Eu no passado trabalhei como programador e acompanhei a evolução da criptografia de dados desde os primórdios, onde se usavam algoritmos de 4 bits, até hoje, onde existem chaves de 256 bits e mesmo assim são quebradas, prova disso é o Cubo Mágico, que é na verdade um algoritmo de criptografia de três dimensões, 54 bits e com 43.252.003.274.489.856.000 (43 quintilhões) de combinações possíveis, que pode ser resolvido em apenas 5 segundos por crianças e adolescentes (vídeo: jovem resolve cubo mágico em 5 segundos).
O que eu quero dizer com isso é que por mais níveis de segurança que os investidores do Bitcoin possam contar, sempre alguém terá acesso ao seu saldo e desta forma, podendo zerá-lo e transferi-lo e você não terá ninguém com quem reclamar.
Dinheiro desbancarizado e livre de impostos é o sonho de todo cidadão que trabalha duro para ganhar uma ninharia e ainda ter que compartilhar uma parte com o governo, que pouco retorna à sociedade.
Um capital global, sem a interferência de bancos e governos deve ser respaldado por fatos concretos e ter por trás, pessoas reais, gente responsável, que teme ter a cabeça à prêmio por praticar crimes contra a fé pública. Deve ser desenvolvido com teor de domínio público e ter uma política transparentes e esclarecedora, para que todos entendam, assim como foi feito com o sistema operacional Unix, Linux e o arquivo MP3, todos de código aberto e domínio público.
No Bitcoin tudo que existe são apenas especulações e até agora nenhum rosto humano ou uma voz surgiram para atestar sua autoria. Vale a pena arriscar?
* Fábio Bettinassi é publicitário e consultor para Via Fanzine.
- Imagens: Boston Library / divulgação / reprodução.
- Produção: Pepe Chaves © Copyright, Pepe Arte Viva Ltda.
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