HOME | ZINESFERA| BLOG ZINE| EDITORIAL| ESPORTES| ENTREVISTAS| ITAÚNA| J.A. FONSECA| PEPE MUSIC| UFOVIA| AEROVIA| ASTROVIA

 

 Tecnologia

 

Blu-ray sepultou o DVD:

A superável tecnologia audiovisual

O desaparecimento do CD e do DVD se torna cada vez mais eminente com o surgimento da tecnologia Blu-ray.

O mercado já reflete essas mudanças, um dos fenômenos evidentes é o desaparecimento dos gravadores de DVD.

  

Por Pepe Chaves*

De Itaúna-MG

Para Via Fanzine

 

Gravador Blue-ray, compatível com HD e DVD.

 

Superação e popularização da tecnologia audiovisual

 

Eu me lembro como se fosse ontem do sepultamento dos discos em vinil e fitas k7. Foi quando chegou ao mercado a tecnologia digital do compact disc (CD). Em vez de uma agulha de metal atritando uma superfície de vinil ou um cabeçote eletrônico lendo uma fita magnética, o raio laser passara a ler sinais de áudio e depois de vídeo, num pequeno disco plástico, proporcionando substanciosos ganhos em fidelidade sonora. E assim se fez a superação da tecnologia analógica pela digital, que invadiu o mercado e os lares de, literalmente, todo mundo.

 

Estávamos em meados da década de 1980 e naquela época, eu era co-proprietário de uma loja de discos e equipamentos musicais usados em Itaúna-MG, chamada Disco Pirata (diga-se, que não vendia artigos piratas). Numa época em que a internet sequer era imaginada popularmente, reinavam os mais aperfeiçoados pick-ups (reprodutores de discos em vinil) e tape-decks (reprodutores de fita k7), além dos cada vez mais populares videocassetes. Tudo isso era acompanhado pelo ‘bum’ das rádios em frequência modulada (FM) que assolavam todo o país.

 

Os inovadores recursos de áudio e vídeo digitais vigentes naquela época superaram uma série de evoluções tecnológicas, iniciadas ainda em princípios do século 20. Desde as pré-históricas e imensas radiolas com amplificação valvulada e rotação de 78 rpm, passando pelas câmeras de super 8 e suas telas de vídeo, até o então revolucionário formato VHS, que levaria o cinema à tevê, causando um enorme rombo às bilheterias e o pior: o fechamento de diversas salas de cinema em todo o Brasil.

 

Mas, antes de tudo isso ser superado pela tecnologia digital, houve tempo para aperfeiçoar a analógica. Surgiriam então as fitas k7 de cromo e metal, os long play (LP) em formato duplo, videocassetes com sete cabeças e outros avanços proporcionados na época. Entre estes avanços estava a criação de equipamentos sonoros integrados (rádio, toca-discos e gravador k7), o chamado “três em um” que, por fim, tomou o formato de pilha, até se tornar obsoleto e se extinguir.

 

Todas aquelas novidades e aperfeiçoamentos eram frutos de uma tecnologia cara que, naturalmente, foi se viabilizando à medida que as linhas de produções e concorrências entre as indústrias produtoras foram aumentando. Com a liberação da importação de eletro-eletrônicos durante o governo do presidente Fernando Collor, o Brasil passou então a utilizar equipamentos, peças e suprimentos produzidos em outros países, sem depender exclusivamente de produções da Zona Franca de Manaus ou de produtos contrabandeados.

 

Ainda que muitos críticos assegurassem que a reprodução de timbres graves teria mais fidelidade através dos discos em vinil, fato é que o laserdisc, com sua sonoridade pasteurizada e pura, invadia então às casas de danças, rádios e tevês. Mas a popularização se deu, sobretudo, através dos shoppings e depois, das grandes redes de eletro-eletrônicos do varejo brasileiro.

 

Por sua vez, a indústria fonográfica trilhou um longo - mas lucrativo - caminho, ao reeditar todos os seus catálogos musicais para o formato digital, resguardando os grandes clássicos de todos os tempos. O mesmo se deu logo a seguir, com a indústria cinematográfica, após o advento do DVD.

 

Ouvindo um CD pela primeira vez

 

Antes mesmo de já ter ouvido (ao vivo) o som reproduzido por um player de CD eu já vendia CDs, semi-novos, na Disco Pirata. Mas recordo bem da primeira vez que ouvi um CD, através de um cliente da loja, Pedro Augusto Campos. Ele comprou um CD que estava à venda na loja - que não tinha ainda tocador de CD - e me convidou para ouvir o som do CD. Ele foi uma das primeiras pessoas da cidade a adquirir um aparelho com aquela tecnologia inovadora.

 

Chegando à sua residência, ele me levou a uma sala onde, além de sua vasta coleção de discos em vinil, vi seu equipamento de CD (super moderno para a época) e uns 30 títulos que já tinha adquirido. Pedro colocou um CD do Pink Floyd para tocar, o “Animals” e fui “reouvindo” aquilo numa sonoridade sem igual. Eu já trabalhava alguns anos como músico profissional e técnico em sonorização com boa experiência, mas confesso que nunca tinha ouvido nada igual. A limpidez sonora do CD e a ausência de distorções quando ouvido em alto volume me impressionou. Naquele momento me senti como um nativo pasmo diante de uma radiante nave alienígena que pousara à sua frente. Saindo dali, fui correndo contar o que vi (na verdade, ouvi) ao meu sócio Adilson Rodrigues e demais amigos. A partir dali, “era de lei” possuir um CD player.

 

Naquela época, cada exemplar de CD original gravado custava algo em torno de R$ 80,00 ou US$ 40,00, em média, caro para os padrões normais. Mas à medida que a produção e a oferta iam aumentando, o preço foi caindo - não o suficiente para evitar que a indústria da pirataria surgisse e abocanhasse grande parte desse novo e riquíssimo segmento. E assim, os aparelhos de reprodução de vinil foram saindo do mercado, bem como os mais requintados tape-decks de “metal” (reprodutores de fita k7) que já haviam sido lançados.

 

Com a chegada dos discos em CD e CD-R (para reprodução, gravação ou regravação) os discos em vinil e as fitas k7 foram se tornando artigos para museus audiovisuais. Menos de uma década depois, as fitas de vídeo em VHS seriam igualmente sepultadas, sobre a égide do vídeo digital (DVD). As fitas em VHS, gravadas e reproduzidas por aparelhos de videocassete, que embolavam constantemente ou tinham a qualidade comprometida após mais de uma década de gravação, seriam substituídas por discos no mesmo formato de CD, cujo armazenamento e qualidade de imagem e áudio, superavam em muito às produções VHS.

 

Destarte, durante a década de 1990, diversos consumidores, além de videolocadoras, clubes, rádios, emissoras e profissionais audiovisuais, tiveram que trocar seus equipamentos, materiais de trabalho. Também foram necessárias atualizações em acervos e coleções para, enfim, se adequarem à nova tecnologia. Desta maneira, muito material, cujas fontes matriciais eram vinil, k7 ou VHS foi convertido para os formatos CD e DVD. Fato é que, à medida que o usuário demora a fazer a conversão desse material para os formatos digitais, a qualidade da matriz original e, evidentemente, sua durabilidade, passam a ser comprometidas pelo tempo.

 

Vale lembrar que, o CD, da forma como era conhecido, sofreu o primeiro golpe quando, bem mais tarde, já no final da década de 1990, quando surgiria o revolucionário formato de áudio MP3, que se popularizou rapidamente com o imprescindível impulso da internet. Apresentando um pouco menos qualidade que as extensões usadas no CD, o MP3 viria revolucionar ainda mais o áudio digital, ao permitir um ganho absurdo de espaço para armazenamento em disco. Com isso, os antigos players (tocadores) de CD já se tornariam obsoletos. Para sanar o problema da reprodução de MP3 em equipamentos domésticos (e aumentar o seu faturamento), a indústria lançou então players com opção adicional para rodar MP3, além do tradicional CD.

 

O misterioso sumiço dos gravadores de DVD

 

Curioso é constatar que o mesmo que vimos ocorrer com as tecnologias analógicas (vinil, k7, videocassete etc.) nos anos 80 começa a ocorrer agora com a digital. Ou seja, o sepultamento dos CDs e dos DVDs já se iniciou e estas mídias estão com os dias contados. Prova disso, senti "na pele", ao procurar por um gravador de DVD de mesa no mercado e não encontrá-lo. Este equipamento sumiu de todas as linhas de produção no Brasil. Os últimos "avistados" foram fabricados pela Samsung, modelos DVD-R150 e R-170, por sinal, bastante criticados (e desaconselhados) pelos usuários. Com a Samsung, outras marcas dividiam o mercado desse equipamento, entre elas, Philips, Semp Toshiba, Sony, LG e Panasonic.

 

Procurei por gravador de mesa em todas as grandes redes de Belo Horizonte, não encontrei de nenhuma marca e a informação era de que o produto está em falta - para não dizer, extinto! Procurei então me informar e vi que o sumiço deste equipamento já estava sendo reportado desde o início de 2009 e tem sido motivo de debates, queixas e xingamentos por parte de consumidores brasileiros em fóruns e publicações digitais especializadas.

 

Muitos experts tentam decifrar o "misterioso desaparecimento dos gravadores de DVD" e acabo de crer que não há somente uma explicação para tal fenômeno mercadológico. Creio que o sumiço dos gravadores de DVD se faz pelo efeito de pelo menos duas questões: a chegada no Brasil da HDTV (já que os gravadores de DVD existentes são incapazes de gravar TV digital em alta definição), bem como pelo lento desembarque da tecnologia Blu-Ray (ou BD, de Blu-ray Disc) em todo o mundo.

 

Com o aumento da procura, os últimos gravadores de mesa existentes no mercado ainda podem ser encontrados em algumas lojas virtuais especializadas. No entanto, seus valores variam agora de R$ 1 mil a R$ 1,7 mil - enquanto, antes do sumiço custavam de R$ 350,00 a R$ 550,00. Portanto, comprar um gravador de DVD (desses últimos restantes) nessa altura do campeonato tecnológico é correr um risco declarado: de não encontrar peças de reposição ou assistência especializada para o equipamento.

 

Muitos usuários se queixam em fóruns da internet que somente o custo de um leitor óptico (peça que mais danifica) é igual ou superior ao valor desembolsado pelo gravador de DVD. Outros se queixam que não encontram peças de reposição e até denunciam que a Lei não vem sendo cumprida no Brasil, já que esta assegura ao consumidor, pelo menos cinco anos de peças de reposição disponíveis, após um produto sair de linha.

 

Acima um videocassete e abaixo, um gravador de DVD: equipamentos em extinção.

 

Outras alternativas para sanar o problema

 

O sumiço dos gravadores de mesa dificulta a gravação por fontes como redes de tevê (fechada e aberta) e também a conversão das matrizes em outros formatos (sobretudo, VHS) para o formato DVD – ou mesmo dentro desse formato. Para contornar o problema, muita gente tem recorrido ao uso do gravador de DVD (ou de Blu-ray) embarcado em computador. Para tanto, é necessário comprar uma boa placa de vídeo (tipo Matrox) que custa a partir de R$ 1 mil e "aguentar" o prolongado tempo de renderização (finalização) das conversões. Outra opção seria adotar um conceito diferente de gravador de vídeo digital (PVR), como o modelo da Topfield, muito pouco popularizado. Ou ainda, contratar um profissional para fazer as conversões de VHS para DVD - foi o que fiz no meu caso.

 

Sérgio Nascimento, usuário de um fórum especializado na internet, aponta uma outra razão para o desaparecimento dos gravadores de mesa: a popularização dos drives de DVD para computador. Ele observou que, "Os gravadores de DVD chamados de 'stand alone' ou de mesa são úteis à medida que dispensam a aquisição de placas de captura de vídeo de qualidade para o computador, softwares de edição de vídeo complexos com uma longa curva de aprendizagem. E ainda por cima permitem a captura e gravação de imagens (de fitas VHS e S-VHS, da TV analógica, da TV a cabo e via satélite (Sky) com qualidade muito boa (quando exibida numa tela de até 29 pol.) e razoável quando exibida numa tela de 42 pol. Acima desse tamanho de tela, a imagem analógica fica sofrível”.

 

Nascimento destaca também a praticidade dos equipamentos, ora extintos, “Os gravadores de vídeo são fáceis de operar, trabalham com mídias comuns de DVD-R/+R e geralmente possuem uma boa placa de captura e conversor analógico/digital (para digitalização do áudio & vídeo) geralmente superior até as boas placas de captura para computador. Acho que sumiram do mercado pela popularização dos drives de gravação de DVDs para computador que nos sites de informática chegam a custar menos de R$ 80,00 e gravam em velocidades elevadas (16x por exemplo). Por outro lado, com um drive gravador de DVDs é possível re-autorar o vídeo, incluindo menus sofisticados e animados, o que geralmente é impossível num gravador de mesa. Resumo da ópera; se tudo o que você precisa é gravar um programa da TV analógica ou copiar suas fitas de VHS, um laserdisc e não tem tempo (nem know how) para manipular softwares de edição, o gravador de mesa ainda é o indicado. Pena que é uma “raça” em extinção. No mundo inteiro".

 

Portanto, é de se prever que até a consolidação da tecnologia Blu-ray, que deverá um dia popularizar seus gravadores de vídeo em alta definição, muito água ainda deve rolar. Alguns modelos já podem ser encontrados em lojas virtuais, sobretudo, para adaptação em computares. Já o modelo GGW-H20LB da LG, apresenta um equipamento de uso externo, com leitor Blu-ray/Gravador DVD/HD, atualmente oferecido por cerca de R$ 2,5 mil [foto no topo desse artigo]. Entretanto, tudo indica que os gravadores Blu-ray domésticos podem demorar a se popularizar junto ao público. Até isso acontecer, permanecerá este vácuo para o usuário, causado pela retirada desavisada dos gravadores de mesa do mercado. Esta ocorrência deixa claro que a tendência das indústrias do ramo é focar suas ações de marketing e desenvolvimento no formato Blu-ray.

 

Blu-ray: sepultando o DVD

 

A tecnologia Blu-ray (BD) vem com tudo para desbancar (dentro dos próximos meses e anos) os atuais players e gravadores digitais. Trata-se de um formato de disco óptico da mesma geração de 12cm de diâmetro (como CD e DVD), para vídeo de alta definição, com armazenamento de dados de alta densidade. O disco Blu-ray tem capacidade para armazenar filmes em até 1080p Full HD ou quatro horas sem perdas. Obviamente, para exibição, é necessária uma tevê de alta definição com tela em Plasma ou LCD, o que vai proporcionar um ganho final de seis vezes mais qualidade que o atual DVD.

 

Sua estupenda capacidade de armazenamento, que varia de 25gb, na camada simples, até 50gb na camada dupla, supera em muito, a dos atuais DVDs. Para leitura do disco Blu-Ray é usado um laser de cor azul-violeta, cujo comprimento de onda é de 405 nanômetros. Este comprimento de onda permite gravar mais informação num disco do mesmo tamanho usado por tecnologias anteriores, como o DVD, que usa um laser de cor vermelha para ler uma onda de 650 nanômetros.

 

O nome Blu-ray se originou da cor azul do raio laser (blue ray ou "raio azul") usado em sua leitura. Dessa forma, a letra "e" da palavra original "blue" foi eliminada porque, em alguns países, não se pode registrar, para um nome comercial, uma palavra comum. Este incrível raio azul, com o curto comprimento de sua onda associado às outras tecnologias, permite armazenar substancialmente mais dados que um DVD ou um CD tradicional, com reprodução de maior qualidade.

 

Na ponta da pesquisa desse novo filão tecnológico prestes a aportar em nossos lares e escritórios está a Blu-ray Disc Association (BDA), entidade responsável pelos padrões e desenvolvimento do disco Blu-ray, criado pela Sony e Panasonic. Vale dizer que a BDA disputou uma intensa guerra contra os formatos HD e DVD, mas saiu vencedora em 2008, contando com o apoio exclusivo de gigantes como Warner Bros., MGM e Fox. Agora, resta esperar sua popularização.

 

* Pepe Chaves é editor do diário digital Via Fanzine.

- Fotos: Divulgação.

 

- Produção: Pepe Chaves.

  © Copyright 2004-2010, Pepe Arte Viva Ltda.  

 

PÁGINA INICIAL
 

 

 

 

 HOME | ZINESFERA| BLOG ZINE| EDITORIAL| ESPORTES| ENTREVISTAS| ITAÚNA| J.A. FONSECA| PEPE MUSIC| UFOVIA| AEROVIA| ASTROVIA

© Copyright 2004-2012, Pepe Arte Viva Ltda.