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Fakes
Notícias falsas na Ufologia: A Ufologia na Era da Desinformação Foi nessa onda que surgiu o que se hoje se conhece como “fake news” ou notícias falsas em português. Um site ou blog publica alguma matéria de conteúdo duvidoso, geralmente com um título sensacionalista que de cara chama a atenção do leitor.
Por Rafaela Oliveira* De Fortaleza-CE Para UFOVIA 26/03/2017
Esta é uma notícia falsa, a exemplo de outras que ilustram esta matéria. Leia também: Outros destaques de Via Fanzine
Informações instantâneas, compartilhamentos em redes sociais, sites e páginas que brigam a toda instante pelo próximo furo, por mais visualizações, por mais cliques e, consequentemente, por mais dinheiro.
A Era da Informação chegou, estamos diariamente conectados, ávidos por notícias e à medida que essa revolução informacional acontece, nosso tempo para julgamentos diminui. Decidir o que pode ser uma fonte segura do que não seria se torna um desafio para os dias atuais, num mundo que cada vez mais preza pela quantidade do que pela qualidade.
Foi nessa onda que surgiu o que se hoje se conhece como “fake news” ou notícias falsas em português. Um site ou blog publica alguma matéria de conteúdo duvidoso, geralmente com um título sensacionalista que de cara chama a atenção do leitor, e este automaticamente clica para se informar do que se trata. E os mais desavisados são chamados a repassar adiante o que está vendo. Recentemente o assunto se tornou mais debatido depois das polêmicas envolvendo a eleição de Donald Trump para presidência dos Estados Unidos.
Uma recente matéria de Fábio Victor para jornal Folha de S.Paulo (“Como funciona a engrenagem das notícias falsas no Brasil”, Folha de São Paulo. 19 fev. 2017) trata do acontecido em Veles, uma cidade da Macedônia. Esta localidade ganhou fama em 2016 com a revelação de que se tornara um “ninho de sites” com notícias falsas sobre as eleições dos EUA.
Comandados por um grupo de adolescentes atrás do dinheiro de anúncios, esses sites criavam notícias sensacionalistas (em geral pró Donald Trump) e geraram milhões de engajamentos (soma de curtidas, compartilhamentos e comentários) no Facebook, integrando um movimento que, para muitos, teve peso considerável na vitória do republicano.
Um estudo realizado pelo site Buzzfeed, revelou que as 20 notícias falsas sobre a eleição americana com maior engajamento no Facebook (8,7 milhões) nos três meses antes da votação geraram mais engajamentos do que as 20 notícias reais publicadas por grandes veículos (7,3 milhões). No Brasil o Buzzfedd teve um resultado semelhante com relação a notícias sobre a “Lava Jato” publicadas no ano passado. As 10 notícias falsas com mais engajamento no Facebook (3,9 milhões) superaram as dez verdadeiras (2,7 milhões).
Os clickbaits e o lucro acima dos fatos
No mundo na Internet, as páginas lucram com a venda de anúncios, dessa maneira, quanto maior a audiência do site, mais ele ganhará com publicidade e foi nesse cenário que surgiram os “clickbait” (algo como “isca de cliques” em português) destinados à geração de publicidades online através de manchetes sensacionalistas ou imagens chamativas, que atraiam a atenção do leitor e o incentive a compartilhar desses materiais em redes sociais. À medida que o acesso à internet se espalha, tais recursos de promoção e marketing aumentam exponencialmente, gerando, inclusive, preocupação para a ONU.
David Kaye – ao lado de outros relatores especiais da ONU - declarou ainda neste mês de março de 2017, que a divulgação de notícias falsas (fake news) e a desinformação representam uma ameaça à liberdade de expressão. Sua declaração foi assinada também pela Organização dos Estados Americanos (OEA), pela Organização para Cooperação e Segurança na Europa e pela Comissão Africana sobre Direitos Humanos e dos Povos. Todas as informações foram divulgadas pela ONU News.
Além da ameaça à liberdade de expressão, as “fake news” podem propagar a censura indiscriminada por partes de governos, com a desculpa de combater informações erradas e mentirosas, além de incitar à violência e o preconceito contra grupos étnicos, povos ou determinados membros da sociedade, vítimas de boatos sem comprovação.
No Brasil, em maio de 2014, um caso de boataria nas redes sociais, incentivou o linchamento de Fabiane Maria de Jesus levando-a brutalmente à morte. O perigo da prática das “fakes news” nas redes sociais ultrapassa o limite do bom senso e atinge todas as áreas do conhecimento, maculando ainda mais determinados campos que, desde o princípio, sofreram com a disseminação da desinformação.
As fake news no mundo da ufologia
Desde seu surgimento “oficial” em 24 de junho de 1947, a Ufologia passa constantemente por uma campanha de desinformação, boatos e todo o patamar de notícias falsas. Coisas que, pessoas ligadas ao meio já conhecem muito bem.
Em 1972, J. Allen Hynek tratou disso abertamente em seu livro “Ufologia – Uma Pesquisa Científica” (Nórdica, 1972), onde diversas vezes denunciou as manobras de desinformação do Projeto Blue Book (Livro Azul) do qual participou por anos.
Em um dos casos por ele classificado como “Encontro Imediato” que foram “investigados” pela comissão do Blue Book, Hynek escreve que: “Um caso, não só coloca em foco a natureza do Encontro Imediato, mas também fica registrado como um exemplo da maneira absurda como o Projeto Livro Azul investigava, às vezes, um caso. Seria muito difícil encontrar uma ilustração mais clara para o desrespeito de provas quando desfavoráveis a uma explicação preconcebida. Se um desrespeito tão gritante quanto este quanto às provas ocorresse num tribunal, seria considerada uma caricatura abominável dos procedimentos legais. A assombrosa falta de consideração e a distorção dos fatos relatados, o descaso de não ouvir as testemunhas e uma estreiteza de mente renitente e inflexível podem ser explicados ou como uma incompetência no mais elevado grau ou como uma tentativa deliberada para apresentar uma aparência de incompetência devido a objetivos ulteriores”. (Hynek, 1972, p.114).
Em outro trecho, mais contemplativo, Hynek discorre sobre seu sentimento em estar dentro da Ufologia e a inevitável frustração de ter que lidar com a desinformação: “À medida que uma pessoa vai se familiarizando com a riqueza do material neste campo e o modo como tem sido tratado, ela sentirá, como aconteceu comigo, a frustração que alguém talvez experimente ao procurar descrever as cores de um pôr do sol para um cego de nascença. O cego não assumiu, deliberadamente, a sua condição de cegueira mas ao que parece o mundo da ciência colocou vendas nos olhos da ciência, mas não totalmente sem uma boa razão. A confusão que envolve o assunto tem sido grande e seu patrocínio entregue, com muita assiduidade, a pessoas mal preparadas para assessorá-lo ou tratá-lo com espírito de crítica. Estes fatores anexados ao limiar da loucura foram suficientes para fazer com que a maioria dos cientistas evitasse o assunto OVNIs.” (Hynek, 1972, p.181)
O Projeto Blue Book tinha como finalidade investigar e encontrar uma explicação plausível para o fenômeno dos objetos voadores não identificados e todos esses resultados errôneos foram posteriormente publicados e compartilhado com o público americano e, consequentemente, com o mundo inteiro, que a cada dia tornava-se mais descrente quanto à realidade dos OVNIs. Não se sabe com certeza em que Hynek acreditava tratar-se do objetivo desse tipo de desinformação, se era meramente uma incompetência do Governo estadunidense em lidar com um assunto que claramente estava além de suas capacidades ou se essa desconsideração era proposital de alguma maneira e que obedecia a determinadas finalidades dentro do comando do país.
Além de Hynek, também James Mcdonald, físico atmosférico da Universidade do Arizona foi outro “cientista-ufólogo” que denunciou diversas vezes a desinformação do governo dos Estados Unidos com relação aos OVNIs. Quando em 1966 o Relatório Condon (Condon Report) foi lançado, seu objetivo não diferenciava muito do Projeto Blue Book, mas seus resultados foram ainda mais negativos com relação à realidade dos discos voadores do que seu antecessor.
Encabeçado por Edward Condon físico nuclear, cético convicto do assunto, suas conclusões diziam que, além dos OVNIs não representarem uma ameaça ao governo e nem precisarem de uma maior abordagem científica para sua análise, ainda sustentou que a realidade do fenômeno só se sustentava graças à obsessão de um pequeno número de indivíduos (Condon Projet, 1969).
Mcdonald, crítico ferrenho do Projeto desde o início, atacou com veemência todos os resultados de Condon em diversos artigos e palestras. Em um de seus artigos mais famosos, “UFOs and the Condon Report” (Os UFOs e o Relatório Condon), Mcdonald faz uma lista de alguns casos mal explicados do projeto e mesmo aqueles que sequer foi dada qualquer explicação, permanecendo como “inexplicável”.
Ele denunciou toda a espécie de falta de rigor científico na investigação dos casos, onde os investigadores ligados a Condon ignoravam fatos, testemunhas e muitas vezes ajudavam na ridicularização destas perante a mídia e o grande público. Em outro artigo sobre o Relatório Condon, Mcdonald escreve que: “Argumentações suspeitas e de fraca natureza científica são abundantes nos casos analisados pelo Projeto. (…) Minha própria estimativa é que absolutamente nenhum progresso com relação ao esclarecimento científico da problemática dos OVNIs vai sair enquanto as inadequações do Relatório Condon estejam totalmente esclarecidas de todas as maneiras possíveis.” (Mcdonald, 1969). [Tradução da autora].
Infelizmente, tal não acabou acontecendo. O Relatório Condon continuou sendo defendido pelo governo americano e suas errôneas conclusões e desinformações foram abertamente aceitas pela classe científica, enterrando assim qualquer interesse no assunto, sendo até hoje a última investigação oficial com relação aos OVNIs realizada pelos Estados Unidos.
Ao público só restava aceitar os resultados e para a comunidade ufológica rebater. Mcdonald lutou o quanto pôde para desmascarar as conclusões de Condon e o rebateu até não ter mais forças. Seu grande sonho era trazer o fenômeno UFO para o debate científico e que foi ofuscado pelo grande encalço que sofreu por conta de sua militância na ufologia e de suas posições políticas, que incluíam a luta no combate à destruição da camada de ozônio e contra a Guerra do Vietnã. Um homem com o rigor e a inteligência de Mcdonald tornara-se uma pedra no sapato de muitos poderosos e sofrendo de perseguição profissional e pessoal (parte delas protagonizadas por Phillip Klass, cético virulento da ufologia), além dos problemas familiares, ele passou por humilhações públicas por conta de sua crença nos ufos. Mcdonald chegou a um ponto da vida que não viu mais saída a não ser dar um tiro na própria cabeça.
Desde Mcdonald e Hynek, a Ufologia carece de uma figura de forte apelo científico que possa auxiliá-la em sua busca em ser reconhecida cientificamente. Os dois, por sinal, tinham um perfil de liderança, se estivessem vivos hoje, possivelmente teriam sido capazes de dar à Ufologia a união que ela necessita. Um dos principais problemas dentro da Comunidade Ufológica se encontra na dispersão de investigadores, em sua maior parte, preocupados apenas em defender seus pontos de vista ou de seu grupo particular. Completamente alheios à Metodologia Científica ou mesmo desesperados pela ingratidão que é essa área, muitos deles acabam caindo em armadilhas fatais para suas pesquisas, proporcionando o que hoje pode ser visto como uma das maiores armas de desinformação em massa dentro da Ufologia: sites, blogs e postagens gerais pela web propagando toda espécie de boataria ligada ao assunto e aos mistérios em geral.
O mundo paralelo da ufologia na internet
Como já foi dito antes, os clickbaits crescem de uma maneira exponencial, em sua grande maioria buscando dinheiro dos anúncios e tais pessoas por trás desses sites encontraram na Ufologia uma Mina de Ouro. Tenho reparado nas redes sociais, manifestações bem interessantes desse tipo de coisa, como no Facebook, por exemplo. Ali existem centenas de grupos de discussão sobre OVNIs, grande parte com jovens curiosos e bem intencionados, mas com pouca experiência e sequer não sabem identificar e nem julgar uma “fake news”. Resultado? Os grupos são invadidos por toda a espécie de clickbaits que, consequentemente são compartilhados para o público em geral. O tipo de abordagem das pessoas por trás de sites assim é muito interessante, E muitos dos quais foram investigados por mim pessoalmente.
Há alguns anos, logo no inicio da popularização do Facebook, reparei na quantidade de noticias de cunho duvidoso postado em diversos grupos de Ufologia. Havia duas pessoas, as que particularmente mais postavam. Curiosa eu decidi adicioná-las para poder investigar melhor. Tratava-se do perfil de um homem e uma mulher, mas o que chamava a atenção é que eles não eram como os outros perfis do Facebook. Pessoas comuns costumam colocar ao menos o mínimo de informação pessoal em suas contas, postam fotos com amigos e família, confissões ou reclamações de alguma natureza, mas esses dois perfis não eram assim. Geralmente tinham fotos distorcidas ou com algum efeito, os nomes se misturavam a apelidos estranhos e não possuíam quaisquer informações pessoais. Faziam o típico perfil “fake” que, pelo o que pude notar ao investigá-los, eram usados unicamente para propagar notícias duvidosas sobre Ufologia.
As “matérias” falavam coisas como “NASA se prepara para a invasão alienígena” ou “Barack Obama vai admitir a existência de OVNIs na data tal”. As mais pitorescas anunciavam que “Reptilianos se alimentam da energia negativa dos humanos” ou uma das mais clicadas, “Nibiru se aproxima da Terra e causará grandes catástrofes”.
Foi em 2012 que esses clickbaits alcançaram o ápice, compartilhando todo o tipo de tragédia envolvendo a tão famigerada data prevista pelos Maias. Não é à toa, que praticamente todo o mês aparece alguma data para a destruição do planeta, geralmente ligada a algum evento cósmico (Niburu que o diga).
Fim do Mundo vende bem e junto com alienígenas nem se fala. O leitor pode estar se perguntando: “Mas como alguém pode acreditar em tanto absurdo?” Por mais triste que possa parecer, muita gente de fato acaba acreditando e defendendo tais noticias a ponto de se ofender com quem as questiona. Explicação para tal comportamento não são simples de serem dadas, mas alguns pontos podem ser citados e a falta de conhecimento é uma das principais delas.
Pessoas que não conhecem a respeito, mas se interessam por um determinado assunto tendem a acreditar naqueles que afirmam conhecê-lo e sem condições (ou mesmo boa vontade) em buscar fontes seguras que possam desmentir o que está sendo afirmado, acabam assumindo aquela posição como verdadeira.
A segunda tem a ver com a angústia que a própria ufologia causa nas pessoas. Para quem é de fato envolvido com a área, sabe que a pesquisa ufológica tem muito pouco de glamour, você tem que constantemente lidar com enganos, falta de recursos, até mesmo com piadas e com as diversas dificuldades para se investigar um caso. Muitas das vezes, quem é ufólogo acaba o sendo por paixão, mas sabe que essa paixão cobra caro e que talvez, passe sua vida sem a confirmação de nada daquilo que tanto buscou. Este é o preço que os mais experientes sabem que pagam. Algo que os mais jovens muitas vezes não sabem ou não aceitam e acabam se agarrando à possibilidade que um evento grandioso possa acontecer a qualquer momento.
Durante os oito anos de governo Barack Obama, milhares de clickbaits surgiram afirmando que o ex-presidente americano estaria em contato com alienígenas e que revelaria isso ao mundo. Mesmo que essas pessoas conscientemente soubessem que Obama jamais falou sobre OVNIs e nem sugeriu que faria tal coisa, os compartilhamentos não pararam. Hoje, com o governo de Donald Trump, a história não é diferente, já podemos ver mais clickbaits afirmando a mesma coisa e com eles diversos compartilhamentos. Outra fake new muito parecida como essa, e até mais antiga, trata do “Contato Final”, o dia derradeiro em que os aliens desceriam de suas naves a vista de todos.
Quem conhece Ufologia sabe que não dá pra acreditar nisso, pois desde os anos de 1950 circulam noticias sobre o sonhado contato final, todas fracassadas. Durante anos, muitos mal-intencionados ganharam altas somas em dinheiro propagando tal mito, hoje a internet industrializou a mentira e a vende com a rapidez de um clique. Existe um site muito famoso com relação à fake news que merece uma maior atenção de nossa parte.
Em torno de sete entre 10 notícias fakes publicadas na web sobre ufologia pertencem a esse site. Para os mais atentos, a investigação de sua falta de honestidade é até bem simples. O tal site carece de qualquer tipo de fonte e em uma de seus “furos jornalísticos”, por exemplo, afirmou que a China estaria construindo um Stargate (Portal Estelar). A chamada em si é risível e quando se procura o responsável por tal “matéria” nada encontra. Ao se procurar os donos do site, alguma sessão “quem somos”, também nada se encontra. É aberrante que um site com tantos compartilhamentos sequer tenha o nome de UM responsável! A maioria das pessoas simplesmente ignora isso e repassa a tal noticia do Stargate Chinês como algo verdadeiro.
Voltando aos perfis fakes que propagam os clickbits, há outra curiosidade à respeito deles. Geralmente esses perfis não duram muito tempo e seus sites ou blogs rapidamente saem do ar ou mudam de nome. No caso do perfil da mulher que eu estava investigando, seu fim foi mais exótico. Aparentemente cansada de publicar fake news, ela resolver criar um tópico onde afirmava que um militar dos Estados Unidos havia ligado para casa dela para dizer que o “Gray” que era seu amigo tinha sido preso por uma força tarefa do Pentágono. Após o escracho público, ela decidiu encerrar sua vida de fake ou talvez meramente migrado para outro perfil.
Diga-me mentiras, belas mentiras...
É possível que alguém, em um determinado dia, tenha percebido que ganhar dinheiro espalhando mentiras sobre Ufologia tenha sido uma boa ideia e resolveu expandir o alcance das teorias conspiratórias às raias do absurdo. Hoje, o maior antro responsável por todo o tipo de clickbaits e fake news da internet estão nos sites, blogs e canais do Youtube que apoiam a “teoria” da Terra Plana. Há alguns anos, falar sobre Terra Plana seria no mínimo uma piada, um assunto para a disciplina de História, onde na Antiguidade houve aqueles que, nos primórdios da Ciência, apoiavam essa ideia.
A ironia de tudo está no fato de que hoje, em 2017, vivendo o auge da tecnologia e do desenvolvimento científico, o mito da Terra Plana tenha surgido de maneira tão abrupta e tenha arrebatado milhares de seguidores pelo mundo. Pessoas fazem um vídeo para o Youtube, por exemplo, e se aproveitam do desconhecimento da população em geral em física, geografia e matemática e lhes apresenta uma série de ilusões e pseudociência para sustentar que a Terra é plana e não é só isso! Para alguns deles, nós vivemos numa bolha coberta por uma redoma de vidro e que se quebrada inundaria o planeta com água (sic).
Novamente o leitor deve estar se perguntado: “Mas como alguém pode acreditar de fato numa coisas dessas?” Infelizmente isso não apenas acontece, como abocanha mais seguidores a cada dia, até entre pessoas um pouco mais esclarecidas. Tenho até um exemplo no meu círculo de amigos, um deles teve a coragem de me dizer que eu negava a teoria da Terra Plana porque eu acreditava em extraterrestres e se a Terra Plana fosse real, não existiriam extraterrestres. Parece brincadeira, mas não é, tais pessoas simplesmente abraçam um mito propagado por blogs e canais do You Tube contra todos os fatos e acabam ajudando as pessoas por trás deles a se tornarem mais e mais ricas. Não vou longe quando digo que muito provavelmente a pessoa por trás da primeira publicação sobre Terra Plana achava tudo isso uma grande bobagem, mas viu o potencial que um boato sem comprovação na internet pode fazer na vida das pessoas e principalmente com seu próprio bolso.
Identificar para combater
Como já foi dito no inicio dessa matéria, o combate às fake news já são um assunto de preocupação para a ONU, não sendo nem um pouco fácil lutar contra elas. Esse pode ser um dos grandes problemas da Era Digital que deve ser tratado a nível escolar num futuro próximo. É preciso desenvolver o senso crítico das novas gerações, prepará-las para entender e discernir sobre aquilo que estão publicando. Enquanto isso não acontece, o que nos resta é batalhar da maneira que nos cabe. Um dos grandes deveres de um ufólogo está em denunciar as mentiras e desinformação que permeiam a sua área, sendo ela um dos principais motivos para que a Ufologia se distancie cada vez de uma abordagem científica.
É preciso fazer esclarecimentos públicos contra isso, denunciar aqueles que a propagam, denunciar seus sites, blogs e canais do Youtube. É preciso que alguém esclareça àqueles que querem entrar para a pesquisa ufológica sobre a realidade do que é ser um ufólogo e do peso que esse nome carrega. Esse é o mais novo desafio da Ufologia do século XXI, lutar contra a enxurrada de mentiras que avançam sem piedade pela internet. Um dos fatores dessa realidade está dentro da nova geração de entusiastas que simplesmente ignoram um dos pilares da pesquisa ufológica, que é a pesquisa de campo, e acabam fazendo a chamada “Ufologia de Sofá”.
Conectados unicamente na internet, seu único trabalho é compartilhar e comentar notícias de terceiros. O que essa nova geração tem que entender é que Ufologia não se faz sozinha, para que ela exista, tem que existir pesquisadores que devem ir atrás dos casos, que realmente tirem um tempo de suas vidas para se dedicar a isso. Não é simples, não é fácil e na maioria das vezes vai terminar em frustração, mas há de se compreender que a Ufologia só passou a existir de fato, quando os ufólogos surgiram.
Para identificar possíveis “fakes news” algumas dicas são bem simples e qualquer um com o mínimo de boa vontade pode fazer:
1) Busque Fontes seguras: desconfie de notícias publicadas em blogs e em sites desconhecidos.
2) Pesquise informações sobre os autores das notícias: Desconfie de notícias que não tenham autoria ou que tenham como autores pseudônimos ou apelidos. Quem é pesquisador de verdade, gosta de ser citado e reconhecido por aquilo que publica.
3) Bom demais para ser verdade: Noticias de “contato final”, revelação da existência extraterrestre pelos governos, descobertas arqueológicas extravagantes geralmente são uma grande furada.
Seguindo no mínimo essas três dicas, dá pra fazer da internet um lugar mais civilizado para participar, ajudando a combater um mal que ameaça colocar a Ufologia em um estado maior de descrédito. Ufologia se faz com seriedade e honestidade, mesmo contra todas as dificuldades.
Fontes:
“Como funciona a engrenagem das notícias falsas no Brasil” – Folha.Uol.
HYNEK, J.A. Ufologia: Uma Pesquisa Científica. Tradução Wilma Freitas Ronald de Carvalho.Rio de Janeiro: Nórdica, 1972.
MCDONALD, J.E. Ufos and The Condon Report. Presented to the Dupont of The Scientific Research Society of America (RESA). Wilminfton, DE. Feb. 12, 1969.
"ONU: 'notícias falsas' representam ameaça global" – Carta Capital.
* Rafaela Oliveira é pesquisadora do fenômeno UFO, articulista e colaboradora de UFOVIA em Fortaleza/CE.
- Imagem: Divulgação.
- Produção: Pepe Chaves.
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