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Especial
J. Allen Hynek: Ideias que o tempo não levou - o resgate Tradução ao português de artigo de J. Allen Hynek, com apêndices e notas comentadas.
O artigo "O fenômeno ufo: rir, rir; estudar, estudar", por J. Allen Hynek recebe tradução, notas e apêndices organizados por Alberto F. do Carmo.
Notas preliminares
NOTA DO EDITOR:
Caro leitor,
Estamos diante de mais uma consistente contribuição à ufologia e aos fenômenos aeroespaciais, bem como ao culto do bom senso e da racionalidade no âmbito dos estudos de tais anomalias. Não apresentamos aqui, tão somente uma tradução de um excepcional artigo de J. Allen Hynek, mas também toda uma gama de assuntos que se encontra em sua órbita. Além da tradução do artigo original de Hynek, este trabalho reúne, também, dois interessantes apêndices ao seu final, que devem ser absorvidos como seu complemento.
Também devemos destacar que as brilhantes traduções pelo professor Alberto Francisco do Carmo enriquecem de forma ímpar à publicação destes trabalhos. Além de ter sido amigo pessoal de Hynek e tê-lo recebido em uma visita ao Brasil, o professor Alberto do Carmo trata-se de um profundo conhecedor da matéria então abordada. Tudo isso o proporcionou a editar – sempre julgou necessário – as diversas notas do tradutor (NT), que acrescentam detalhes e enriquecem ainda mais o resgate do presente material ao idioma português.
Desejamos que este trabalho seja de utilidade e acréscimo a todos os interessados pela temática.
Pepe Chaves Editor – VF/UFOVIA Belo Horizonte-MG - Brasil
NOTA DO TRADUTOR:
Ao resgatarmos este artigo de J. Allen Hynek, especialmente para pessoas de língua portuguesa, estamos pondo à luz, um contexto e aproveitando uma oportunidade e coincidência. De fato, no momento em que dávamos os retoques finais no texto, veio-nos a notícia da liberação dos documentos do projeto Bluebook, agora via Internet. Aí houve um atraso nosso. Mas depois, nada de novo. Tanto o Bluebook, quanto vários arquivos, inclusive os da FAB, não estão sendo estudados. Ao que se sabe...
O apelo do velho guerreiro da Ciência (trajetória acadêmica impecável) ecoa, pois, num momento, em que as pessoas, que se dedicam ao fenômeno OVNI, estão num impasse, diante da retração do mesmo e de uma questão angustiante. Sim, queria-se muito a liberação de documentos. Pois bem: os documentos oficiais, aqui e ali, no mundo estão sendo liberados. E aí vem a questão que acua e acuará a muitos: o que fazer com eles?
Alberto Francisco do Carmo Tradutor Brasília-DF - Brasil
Especial: O fenômeno ufo: rir, rir; estudar, estudar* “Aqueles que não se sentem chocados, quando se deparam com a mecânica quântica, possivelmente, podem não tê-la entendido” (Niels Bohr).
Por J.Allen Hynek Para Technological Review EUA - julho/1981 Tradução por Alberto F. do Carmo Para Via Fanzine Belo Horizonte-MG 03/04/2015
J. Allen Hynek: "Os relatos mais úteis vêm de pessoas cultas, responsáveis e mentalmente estáveis".
A Física Quântica surgiu das fogueiras do paradoxo. Seus conceitos foram chocantes para aqueles treinados na Física Clássica e necessitaram de tempo para se sentirem confortáveis diante deles. Como em outras áreas da Ciência, observações que – inicialmente - não se “encaixavam”, no final das contas levaram a rupturas, enquanto que aqueles que se conformaram com os paradigmas de então,tiveram de se conformar com as casas decimais mais próximas.
O fenômeno dos “objetos aéreos não identificados” (UFOs ou OVNIs) ainda que uns poucos o considerariam parte da Ciência, é também chocante e paradoxal. Os relatos sobre UFOS são frequentemente um ultraje ao senso comum. O fluxo persistente de relatos de todas as partes do mundo, de um objeto ou luminosidade no céu ou no solo ou perto deste desafia a explicação racional mesmo quando feitas por pessoas de responsabilidade reconhecida. Excluo aqui as interpretações populares do fenômeno - como a de “homenzinhos verdes do espaço exterior” como muito distintas. De fato se tais observações forem parcialmente verdadeiras, compreendê-las pode requerer uma ruptura no nosso pensamento sobre o mundo à nossa volta.
“Loucura passageira” persistente (1)
Eu me envolvi com relatos de UFOs, pela primeira vez, em 1948 – era então um astrônomo da Ohio State University - quando a Inteligência Técnica da Força Aérea (dos EUA) me chamou para ajudá-la a determinar quantas entre as observações de então teriam origem astronômica como meteoros, planetas e estrelas cintilantes.
Eu estava, de modo “quadrado”, nas fileiras daqueles que estavam certos que os relatos de discos-voadores (como eram então chamados os UFOs) eram simplesmente uma “loucura” que, como todas as modas passageiras,bem depressa seguiria seu curso normal. Ainda assim, os relatos têm provado que é uma “loucura” de longa vida; três décadas se passaram (NT: artigo de 1981) Logo, hoje: 6 décadas, ou 64 anos) e ela persiste e em muitas áreas do mundo.
O amplo catálogo de relatos sobre UFOs mantido no Center for UFO Studies contém registros de uns 140 países. Não somente a ubiquidade (onipresença) é inegável, mas as mesmas características de observações são relatadas segundo diversas culturas, climas e níveis de sofisticação. Parece haver uma alta conscientização do conceito- uma pesquisa de opinião ampla do Instituto Gallup o verificou, isto nos Estados Unidos- e cada idioma importante do mundo tem um termo próprio para designar UFOs. Além do mais, os críticos que sustentam que o interesse em UFOs é largamente alimentado pela mídia podem se surpreender ao saber que em países observações foram relatadas em países onde a mídia é severamente desencorajada a discutir sobre UFOs, a saber, União Soviética e China, são bons exemplos.
Os relatos mais úteis vêm de pessoas cultas, responsáveis e mentalmente estáveis (dentro dos padrões para tal) se somente fosse o caso de “aparecer”, pois muito perderiam. (2)
As experiências de tais pessoas (NT: da elite) quase que com certeza seriam saudadas com descrédito e mesmo ridículo, pelos colegas. Considerem-se os exemplos:
• Há alguns anos, um professor do M.I.T. me telefonou do outro lado do país (NT: EUA). ”Largue tudo e venha para Cambridge” (NT: sede do MIT) isto para investigar a observação de um de seus colegas o diretor-associado do Laboratório de Instrumentação. Eu o fiz e ouvi seu testemunho com interesse,sua descrição técnica da trajetória e aparência (mesmo sua temperatura de cor) quanto a uma luz que cruzara o céu. A origem desta permanece não identificada.
• Recentemente entrevistei um membro da Força Aérea Argentina, de alta patente, na presença de outros oficiais-que avistou um UFO há alguns meses atrás. E ele estava dirigindo em campo aberto, ao entardecer, com um colega, tempo fechado, quando um objeto em forma de cone saiu subitamente de uma das nuvens acima e começou a mover-se em velocidade moderada, logo abaixo da camada de nuvens. O oficial argentino parou o carro e só teve o tempo suficiente para sair e tirar uma foto instantânea, antes que o objeto subisse e entrasse nuvem adentro, outra vez. Examinei o negativo original com lente; pareceu-me uma imagem “bonafide”, sem nenhuma evidência de truque de câmara escura.
Em pleno voo, helicóptero sofreu interferências de um OVNI.
• Uma tripulação de quatro pessoas de uma missão de salvamento do Exército dos EUA estava voando de helicóptero de Columbus para Cleveland, Ohio, quando subitamente encontraram uma aeronave sem asas que precipitou-se na direção deles,pairou momentaneamente e afetou seriamente o comportamento do helicóptero: Uma força estranha o puxou para cima, enquanto o piloto tentava uma descida de emergência [Veja imagem e infográfico acima].
• Um piloto comercial (comandante da Alitália já por muitos anos) estava voando a 12.000 pés (NT: 3.657,6 m) num dia ensolarado quando observou junto com sua tripulação uma estranha nave “metálica” voando lado a lado. Voou paralelamente à aeronave (italiana) por algum tempo e depois, subitamente, subiu verticalmente e desapareceu no céu. Ao relatar o “estranho balão” (não se atreveria a relatar um UFO) disseram-lhe que a tripulação de um avião comercial britânico a 40.000 pés (12.192m), também relatara um objeto estranho “zunindo” verticalmente para o alto do céu. Mas o piloto (britânico) não relatou o incidente à sua empresa, sabendo bem que estas não veem com bons olhos pilotos “que veem coisas”.
Como pessoas tecnicamente treinadas como algumas testemunhas de observações de UFOS possam ser, temos de encarar o fato de que a maioria dos testemunhos individuais de UFOs são anedóticos (3) A falta de apoio para investigação profissional, indubitavelmente deixou escapar entre os dedos muitas oportunidades de obter dados científicos. Não obstante, alguns investigadores, na maior parte das vezes em seus tempos livres (NT-grifo nosso) ao relacionar observações de UFOs com parâmetros físicos4. C.Poher (NT: Claude Poher http://en.wikipedia.org/wiki/Claude_Poher e/ou http://universons.com/ e http://www.youtube.com/watch?v=L3uw3Zln8qk) foi capaz de demonstrar uma correlação estatística entre eventos ufológicos na França e a componente vertical do campo geomagnético, tal como registrado na Estação Geofísica de Chambon-la-Forêt. Mais recentemente J. Acetta (apoiado pelo Center for UFO Studies) conduziu uma busca por perturbações em dados geofísicos em dados de rotina (armazenados no World Data Center e mantido pela National Oceanica and Atmospheric Administration (NT: Centro de Dados Mundiais da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA) que poderiam corroborar observações de UFOs. De 65 categorias de dados geofísicos incluindo fenômenos solares, interplanetários, ionosféricos e geomagnéticos, ele (NT: J. Ascetta) encontrou seis categorias que pareciam merecer maior atenção. D. Pearson descreveu, com algum detalhamento, um sistema para mensuração retrospectiva de traços no solo alegadamente associadas com observações de UFOS o que inclui vários métodos de análises térmicas com o fito de determinar até que ponto o solo no sítio ufológico foi aquecido.Mas a falta de recursos econômicos obstruiu tais investigações,embora explorações muito promissoras tenham ocorrido.(4)
Os pesquisadores ufológicos estão jogados numa situação do tipo “se correr o bicho pega, se ficar o bicho come” (NT: no original “catch 22”): quando buscam fundos e projetos para registrara evidência quantitativa, os críticos alegam ausência de dados comprobatórios. Por exemplo, quando a NASA rejeitou a petição do Presidente Carter para levar a cabo o exame da questão dos UFOS, esta de fato declarou que só o faria somente se lhe fossem apresentados dados “sólidos” (5). Alguns sistemas de coleta de dados para outros propósitos existem, mas a (NT: sua) falta de legitimidade torna virtualmente impossível que pesquisadores ufológicos as explorem. Por exemplo, o North American Air Defense Command (NT: Comando de Defesa Aérea Americano) poderia introduzir uma sub-rotina para monitorar as muitas UCTs (uncorrelated targets - alvos não correlacionados) que observa diariamente no radar, mas quando eu sugeri isto à Força Aérea, foi-me dito que sua missão era somente checar trajetórias balísticas.
Além da Marginalia
Os UFOS são de serem levados a sério e muito do escárnio da comunidade científica é merecido. Três aspectos, em particular. Levaram o assunto ao descrédito geral: a preponderância de objetos aéreos IDENTIFICADOS (IFOS); a verdadeira desova da crença (produto da era espacial) do “não estamos sós” (e seu corolário “se fomos à Lua, por que não podem vir aqui?”) e os poucos mas muito visíveis crédulos que adotaram a idéia de visitantes celestiais com fervor quase religioso(6)
É verdade que a grande maioria dos casos iniciais (NT: grifo nosso) de UFOs são simples equívocos de eventos comuns. A análise de A. Hendry (NT: Allan Hendry - vide: http://en.wikipedia.org/wiki/Allan_Hendry ) sobre relatos recebidos no Center for UFO Studies em dois anos, mostrou que aproximadamente 90% eram de objetos indentificáveis. Falando claro, se tantas pessoas estiverem erradas, porque não assumir que todos os relatos de UFOs, ou são equívocos, ou mentiras?Mas tal desmentido não combina com o cuidado científico. Afinal de contas, apenas uma trajetória inexplicável num tanque de hélio indica uma partícula subatômica.
Estrelas têm brilhado, planetas têm se movido do nascente ao poente e meteoros lampejaram pelos céus por séculos e séculos. Por que agora tão subitamente estão sendo reportados como UFOs? Talvez a resposta esteja no conteúdo dos tempos, o que caberia aos sociólogos e psicólogos explicar. Nesta idade de tensão inexorável quanto ao espectro de um holocausto nuclear, retração de recursos naturais, superpopulação, poluição, inflação, crise energética e o colapso de tradições não seria bom se pudéssemos por isto tudo nos ombros de algo ou alguém? Mas quem?Ora, os extraterrestres, é claro!Através da História as pessoas olharam para os céus em busca de auxílio, mas a era espacial substituiu os deuses e espíritos de antanho pela excitante possibilidade de que uma inteligência mais bem avançada esteja visitando a Terra. Afinal, se podem chegar aqui, eles devem ter uma tecnologia e nós poderíamos ser os beneficiários de seus fabulosos conhecimentos. (7)
De tal convicção é só um pulo para identificar erroneamente o que alguém vê no céu, ou quando vêem UFOS, simplesmente porque queiramos vê-los. Daí surgiriam sempre aqueles cultos àqueles pequenos, mas coloridos seres espaciais onde se aceitam cegamente as histórias de seus líderes sobre viagens a Vênus e as edificantes mensagens daqueles que fizeram daqui sua casa.(8)
Tais aspectos emocionais, mesmo neuróticos do fenômeno UFO poderiam levar à conclusão de que o fenômeno UFO é uma rematada asneira; Mas isto impugnaria a integridade e talvez a competência de nossos cientistas, pilotos, engenheiros e outras pessoas tidas como mentalmente sãs e responsáveis que relataram sóbrios embora inacreditáveis casos de encontros casuais com UFOs. Estes não poderiam ser colocados na mesma categoria de quem relata visitas a Marte ou Vênus.
Que entrem os profissionais
Depois de muitos anos de vivência com todos os aspectos do fenômeno UFO, vim a perceber que se “precipitarmos” (NT: no sentido da Química) os elementos essenciais do caos da “ufologia popular”, traremos à luz um novo fenômeno empírico, talvez comparável às primeiras visões de microorganismos por Leeuwenhoek (NT: http://pt.wikipedia.org/wiki/Anton_van_Leeuwenhoek) ou do satélite de Júpiter por Galileu. Infelizmente o processo poderá ser quase tão oneroso quanto o de Madame Curie para extrair um grama de rádio de várias toneladas de pechlebenda. (NT: vide: http://pt.wikipedia.org/wiki/Marie_Curie e http://pt.wikipedia.org/wiki/Pechblenda e e http://pt.wikipedia.org/wiki/R%C3%A1dio_%28elemento_qu%C3%ADmico%29).
Isto ainda não foi feito, pois, face ao esmagador achincalhe, tem sido impossível obter pessoal qualificado e verbas para tratar o assunto séria e profissionalmente. Na esteira de palhaçadas e fantasias religiosas, o campo foi deixado para bem intencionados, mas mal treinados amadores em que todos frequentemente em demasia caíram na mesma armadilha dos cientistas- igualando o fenômeno UFO irrevogavelmente com a chamada SETI (search for extraterrestrial intelligence - busca por inteligência extraterrestre) não deixando espaço para uma pesquisa ampla.
Entretanto, estes mesmos amadores fizeram um serviço de escrivães, reunindo e preservando dados que de outra forma estariam irremediavelmente perdidos, e o fizeram como modo de vida, por toda parte. Que chance teria a pesquisa médica, ou a ida à Lua, se dependesse só de voluntários trabalhando gratuitamente? (NT: grifos nossos).
Alguns esforços prévios e bem conhecidos, Projeto Bluebook, o Painel Robertson e o Comitê Condon - constituíram-se em “tratamentos profissionais”, mas num sentido muito limitado. Como consultor do Projeto Blue Book (o projeto de investigação ufológica da USAF e de 1952 a 1969), membro associado do Painel Robertson, e um dos que mantiveram contato estreito com o Projeto Condon, posso falar com alguma competência.
O Projeto Blue Book baseou-se em diretrizes do Pentágono e estas, ditadas largamente por conselheiros científicos, militares e civis, foram de que todas as explicações racionais para todos os relatos ufológicos deveriam ser encontradas. Mas tais explicações raramente se basearam em investigações extensas somente num sentido muito limitado. (NT:grifo nosso) baseando-se num raciocínio de círculo vicioso: se a grande maioria dos relatos ufológicos pode ser explicadas racionalmente,se alguém desse duro quase todos os casos poderiam ser explicados racionalmente:daí para que se preocupar tanto?
Pouco esforço foi feito para obter dados quantitativos: tabelas, gráficos, velocidades angulares, ângulos subentendidos, características espectrais, etc.- porque os UFOS tinham de ser besteira. O Painel Robertson, composto de cientistas de alto nível (todos muito ocupados) (NT: grifo nosso) gastou parte de cinco dias no começo de 1953 avaliando a situação. Não fez nenhuma investigação por si próprio, permanecendo limitado a exames fragmentários de material selecionado pela equipe do Bluebook (NT grifos nossos).
O painel tinha sido arranjado pela CIA, cuja preocupação parecia não ser nos UFOs “de per se” mas no possível uso de relatos de UFOs por elementos subversivos para confundir as comunicações militares e e afetar a estabilidade psicológica do povo.Ao invés de sugerir posterior investigação científica, o painel recomendou que todo esforço fosse feito para “depreciar” (NT: ou “catimbar”, no original, “play down”) a respeito de relatos de UFOS.
Houve também muitas críticas ao Comitê Condon, embora seu relatório tenha recebido o “imprimatur” pela Academia Nacional de Ciências e tenha sido aceito como o trabalho definitivo sobre os UFOS. A citação de apenas uma crítica- talvez a mais suave- será suficiente. O subcomitê de UFOS do American Institute of Aeonautics and Astronautics (NT: Instituto Americano de Aeronáutica e Astronáutica) declarou: “Para entender o Relatório Condon, que é difícil de se ler, devido em parte à sua organização,tem-se de estudar o relatório que é maçudo.Não é suficiente ler resumos de resumos, como os de Condon e Sullivan, nos quais a vasta maioria dos leitores e mídia fiar-se-ão. Há diferenças nas opiniões e conclusões inferidas pelos autores de vários capítulos,havendo diferenças entre estas e as do resumo de Condon”. O grupo da AIAA assinalou ainda “[ficamos] muito perturbados pela pobreza em análises científicas e tecnológicas aplicadas a praticamente todas observações antes do estudo de Condon” (N.T.Grifos nossos).
Com certeza, poder-se-ia adotar a teoria segundo a qual o Projeto Bluebook e o Comitê Condon foram parte de uma super enganação (whitewash no original, ato de caiar, cobrir com cal) que os altos escalões de governo, não somente desta nação (NT: EUA) mas de muitas nações,sabem do que está acontecendo, mas estão intencionalmente acobertando os fatos.E eu continuo a receber relatos clandestinos de militares, de que foram envolvidos íntima ou perifericamente em tal acobertamento, mas argumentam medo de represália quando peço uma declaração assinada.
Contudo, mesmo através do uso do Ato de Liberdade de Informação, recentemente se revelou que a CIA e FBI tinham demonstrado interesse por UFOs - coisa que negaram veementemente antes. Isto dificilmente constitui evidência de um sinistro plano maquiavélico. Se este acobertamento global existe, seria o mais bem guardado segredo de todos os tempos.
Colocando os relatos em ordem
Se, no seu devido curso, subvenções para um estudo profissional do fenômeno UFO realmente se tornarem viáveis, como procederíamos? O falecido astrônomo Henry Norris Russell dá um ótimo exemplo no seu livro “A Origem do Sistema Solar”. Não resolve todo o problema, mas ele coloca ali as propriedades conhecidas do Sistema Solar (órbitas coplanares, translação, rotação, massas de planetas e satélites)para as quais qualquer teoria viável deva ser levada em conta.
Dificilmente poderíamos fazer melhor do que seguir seu exemplo no que tange ao fenômeno UFO.
Num primeiro passo, podemos separar (e ordenar) relatos em seis categorias de observação. Estas de modo algum pressupõem a origem do fenômeno; simplesmente especificam o tipo de experiência com UFOs. As três primeiras categorias são observações à distância, enquanto que as três últimas sejam “contatos imediatos”, ou seja, próximos o bastante para a observação de detalhes.Uma distância de umas 200 jardas(NT: aprox.183m) ou menos é a regra de ouro (9)
Luzes Noturnas: A testemunha observa um ponto luminoso ou fonte extensa; neste caso, a luminosidade geralmente obscurece qualquer forma material da fonte.Pode ser descrita como uma como uma fonte de energia eletromagnética concentrada,forte mas não necessariamente tendo seu máximo no espectro visível.
Discos diurnos: Aqui a palavra chave é diurno (luz do dia). Entretanto, como a grande maioria das observações diurnas se referem a objetos de aparência metálica, discoidais, ovais (às vezes cilíndricos) eu me refiro a ela de forma geral como discos.Se uma luz noturna apareceria como um disco metálico de dia, não sabemos.Neste sistema de classificação,puramente observacional, as classes podem ou não sobrepor-se.De fato não devemos suor que todos os UFOs tenham a mesma origem;podemos ter “alhos” e bugalhos” (NT: equivalente a apples and oranges).
Radar e Radar-Visual: O radar é a fonte primária de informação, mas particularmente importantes são os casos nos quais também o UFO foi observado visualmente e as observações sejam concordes.
Contato Imediato de Primeiro Grau: Não é relatada nenhuma interação com o meio-ambiente- tais relatos são os mais comuns.
Contatos imediatos de Segundo Grau: Há interação tanto com matéria animada ou inanimada. A literatura está repleta de casos nos quais motores de automóveis cujos motores “morreram” diante da aproximação de um UFO,assim como buracos e círculos (anéis) queimados foram encontrados no local exato de uma suposta aterrissagem,assim como efeitos fisiológicos em pessoas ou animais, assim como dano ou destruição de vegetais foram constatados. (grifo do tradutor). Tais contatos, obviamente, têm o valor científico, pois são passíveis de estudo em laboratório.
Contato Imediato de 3º Grau. Estes são caracterizados por relatos de seres ou entidades, fortemente associados ao UFO, não importando se interagem com o observador humano. Embora seja a parcela menor de relatos, esta categoria tem recebido, sem dúvida a maior proeminência da mídia devido ao seu óbvio apelo à imaginação e o conceito de que ”não estamos sós”. Numerosos exemplos das seis categorias estão disponíveis na literatura.
Dualismo Paradoxal
Na nossa busca pelas propriedades do fenômeno UFO, encontramos algo que o aparta do cotidiano do mundo? Há algo que o torna tanto chocante como paradoxal, no mesmo sentido do que citamos de Niels Bohr, e daí talvez sugerir onde procurar por uma ruptura. A resposta parece ser sim.
O fenômeno UFO, qualquer que seja sua origem, está localizado largamente tanto no espaço quanto no tempo. Por exemplo, diferentemente dos aviões comerciais que podem se rastreados e vistos sequencialmente enquanto passam de cidade em cidade, um UFO é raramente observado em mais de uma localidade, e virtualmente nunca é visto sucessivamente (NT: discutível). Como o “Gato-que-Aparece-e-Desaparece” (Ceshire Cat) em “Alice no País das Maravilhas”, um UFO aparece quase do nada, torna sua presença conhecida e daí desaparece. Também como esse gato, um UFO é descrito como tendo se “materializado” e “desmaterializado” como também muda de forma, como o gato de Alice, que deixa seu “sorriso” depois de partir; o UFO, exceto nos contatos imediatos de segundo grau, deixa somente uma lembrança fantasmagórica. E também como o gato, a aparição é rápida- vários estudos mostraram que a duração de um avistamento é em média de 8 a 14 minutos.
O gato de Alice teve somente uma testemunha. Os registros mostram que dois terços dos casos envolveram duas ou mais testemunhas, mas raramente levam-se em conta as mesmas.Isto tem sido a objeção primordial àqueles que por outro lado deviam levar relatos ufológicos a sério.Por que tão poucas testemunhas? Se estivéssemos lidando com uma nave “manjada” (NT convencional) lançada de algum Cabo Canaveral cósmico, não seria ela visível a um grande número de habitantes da Terra?
A aparição “seletiva” pelos UFOS sugere encenação deliberada, mas da parte de quem? Por alguma inteligência que jaza atrás do fenômeno UFO ou por um esforço inconsciente da testemunha?Por exemplo, é frequentemente reportado que um UFO aterrissou “na estrada, bem na frente de nosso carro”. Por que não o fez bem distante, ou do lado da estrada? Por que tão claramente visível, mas só para um punhado de pessoas?
Além dessas propriedades relatadas temos de adicionar outras mais bizarras do tipo “paranormal”. Deve-se acrescentar às “materializações” e “desmaterializações” e mudanças de forma, acelerações e velocidades implausíveis, e mudanças de posição “instantâneas” sem nenhum tempo de deslocamento, que também têm sido relatadas. Embora aparentemente inacreditáveis, tais aspectos paranormais estão bastante documentados para não serem levados em conta.
Estamos aparentemente ante um dualismo similar ao da onda-partícula da luz, que os físicos tiveram de encarar há um século. De um lado, o UFO exibe uma natureza física:pode ser fotografado, registrado por radar e pode interagir com o meio-ambiente. Por outro lado, comporta-se como se obedecesse a leis ainda desconhecidas pelos físicos. Temos, portanto, uma situação que é ao mesmo tempo chocante e paradoxal – não se pode descartar uma em favor de outra.
Deveríamos aceitar a possibilidade se que o fenômeno UFO está além das explicações convencionais, ou mais diretas,assim como a explicação da verdadeira fonte da luz solar estava além de Kelvin e Helmholtz, que se agarraram resolutamente à “teoria da contração” no findar do século XIX - ou seja, o Sol se encolhia sob a influência da gravidade e a energia potencial era transformada em energia cinética. O conceito do Sol como um ”dispositivo com energia nuclear” estava, é claro, totalmente além deles. Certamente, se contassem a ele, que pelo estudo de fósseis, o Sol brilhava como hoje. Talvez se Kelvin tivesse tido alguma coisa de filósofo, ele poderia ter ponderado se os fósseis não poderiam estar dizendo algo a ele. Da mesma forma, talvez devêssemos ponderar se o fenômeno UFO não está nos dizendo alguma coisa.
Mente e matéria
O fenômeno UFO tem sido registrado tanto pela consciência como pela “psyche” humanas. A Física de laboratório tenta trabalhar com a “realidade objetiva”, mas suponha-se que exista uma classe de fenômenos onde variáveis subjetivas entrem, em primeiro lugar? Como lidaríamos com tal estudo?
Eugene Wigner, o renomado físico da Universidade de Princeton, escreveu que “as atuais leis da física estão no mínimo incompletas sem uma tradução em termos de fenômenos mentais. Mais precisamente, são imprecisas, e a imprecisão cresce sem o papel que a vida desempenha nos fenômenos citados... Enquanto consideramos situações nas quais a consciência é cada vez mais relevante, a necessidade de modificação de regularidades constatadas para objetos inanimados será cada vez mais aparente”.
Está se mostrando aparente - e crescentemente- a aqueles que estudam seriamente o fenômeno OVNI que alguma modificação de enfoque e metodologia seja necessária. Será que eventos da mente não seriam intrusos de uma realidade paralela? Ou, de fato, eles em si, são tal realidade paralela?Deveríamos olhar para um sistema de estrelas distantes para a explicação dos UFOs ou mais perto numa hipótese metaterrestre do que uma hipótese extraterrestre?
Os aspectos paranormais ou “psíquicos” do fenômeno UFO têm sido tomados como razão suficiente para desmentir o assunto, mas tais desmentidos cheiram a irresponsabilidade científica. Erwin Schrödinger escreveu: ”Um cientista deveria ser curioso e ávido para descobrir”. Eu sustentaria que acumulamos dados suficientes sobre UFOs no passado, em torno de três décadas, o suficiente para que deveríamos ter verdadeira curiosidade por estes.
Explicar o inexplicável
Há, de fato,um crescente interesse, embora ainda longe de ser dominante,entre os cientistas sobre o intrigante fenômeno dos UFOs – ele não secará ou será varrido para longe,como muitos de nós achávamos que assim aconteceria. Em 1976 P.A. Sturrock (http://en.wikipedia.org/wiki/Peter_A._Sturrock) fez uma enquete entre os membros da American Astronomical Society (Sociedade Americana de Astronomia) na qual perguntava se o fenômeno UFO merecia estudo científico. Entre 1.356 questionários, 23% responderam “com certeza”, 30% “provavelmente”, enquanto 27% “possivelmente” – um total de 80% no mínimo brandamente a favor. Sete responderam que estavam estudando o problema de maneira ativa. Surpreendentemente (talvez somente àqueles não familiarizados com o cenário ufológico) 62 dos inquiridos declararam que haviam testemunhado ou obtido evidência registrada de algum evento que não puderam identificar e que poderia estar relacionado com o fenômeno UFO.
Outro exemplo recente, de interesse científico, veio da Academia de Ciências da URSS (NT: art. de 1981) preferindo o termo “fenômeno anômalo atmosférico”, Gindilis, Menkov e Petrovskaya reportam a substancial percentagem de observadores dotados de qualificação adequada que este atrai atenção: pessoal da área científica, engenheiros, pilotos (52%).Então, contrariamente à falácia largamente difundida, há uma significativa percentagem de astrônomos entre os observadores, cerca de 7,5%”.
Finalmente deveria se prestar atenção ao GEPAN (Groupement pour Étudier les Phenomènes Aerospatiaux Non Identifiés) uma equipe científica mantida pelo governo dentro da agência espacial francesa; o CNES (Centre National des Études Spatiaux) que está estudando sistematicamente o fenômeno UFO. A França é o único país que empreendeu oficialmente tal projeto. Caracteristicamente, talvez, somente UFOS “franceses” são estudados.
Quando aquilo que certa vez se pensou ser loucura passageira, ao contrário, se provou persistente, provocante e incômodo, deveríamos talvez, prestar atenção às palavras do astrônomo Pierre Simon Laplace (http://pt.wikipedia.org/wiki/Pierre_Simon_Laplace) de dois séculos atrás: “Estamos tão distantes de conhecer todas as forças da Natureza e seus vários modos de ação, que não é digno de um filósofo negar fenômenos apenas porque são inexplicáveis no atual nível de conhecimento. Se mais difícil é admiti-los, mais somos obrigados a investigá-los com cuidado maior ainda”.
J. Allen Hynek
* Artigo publicado originalmente em inglês por Technological Review, Volume 83, nº 7, julho de 1981, e reimpresso pela Alumni Association do Massachusetts Institute of Technology (MIT), Cambridge, Massachussets, 02139.
- Josef Allen Hynek - em tcheco, “rínek” - foi professor universitário emérito e ex-diretor do Departamento de Astronomia da Northwestern University (Illinois–EUA) (http://www.northwestern.edu). Foi diretor do Smithsonian Astrophysical Laboratory em Cambridge, Massachussets, de 1956 a 1960, encarregado do Programa de Rastreamento Ótico de Satélites dos EUA. Foi consultor do Projeto Blue Book (estudo da força aérea norte-americana sobre UFOS) de 1957 a 1969. Em 1973 fundou o CUFOS - Center for UFO Studies em Evanston, Illinois.
Notas do Tradutor
1.NT: No original, ”persistentcraze”. Craze tem o significado de moda ou “doideira” passageira. Portanto, uma ironia:uma coisa que deveria ser passageira, mas que persiste.
2.NT: Como se vê, Hynek ainda era solidamente atado a uma concepção elitista quanto a testemunhas. Tive ocasião de ponderar-lhe, como e quanto tínhamos aprendido aqui no Brasil, através do testemunho de pessoas simples e/ou polêmicas. Ele acedeu: ”é, elas são parte do fenômeno”.
3.NT: Como se vê, nesta época, por estratégia ou convicção, Hynek, pelo menos posava como pessoa de mentalidade cientificista.Vide http://pt.wikipedia.org/wiki/Cientificismo A meu ver isto contrasta com o que me disse em carta de 1977, na qual considera o conjunto de casos do Rio das Velhas-MG uma coisa “fascinante”. E isto vinha e vem de gente nada “treinada cientificamente”. Mas não nos esqueçamos: esta revista era para uma publicação do MIT. Não podia “espantar a caça”. Afinal a moda ainda é desprezar o saber popular,nos meios científicos.Mas este já é considerado “patrimônio imaterial”, por exemplo no Iphan-Brasil e outros meios acadêmicos. Os “ufófobos” deviam saber disto...
4.NT: Só que outros parâmetros dentro de outros campos,inclusive nas ciências humanas também deveriam fazer parte disto.Por exemplo, o choque cultural, existente ou em potencial,entre o fenômeno e gente despreparada para constatá-lo da elite, ou não.
5.NT: Carter deve ter feito isto por ter sido testemunha ocular de uma observação de UFO. Vide http://en.wikipedia.org/wiki/Jimmy_Carter_UFO_incident. Depreende-se que sofreu pressões para não dizer o que realmente pensava do que viu,pois estava em campanha eleitoral, para governador da Georgia. Mas nem o testemunho de um político sério foi considerado “sólido”. Mesmo que o OVNI fosse comparado ao tamanho de uma Lua,ou que as mudanças de cor azul, vermelho, branco sejam significativas. Para mim o eram, seriam e são, por ex.como o demonstrei num congresso em SP com a presença de Hynek, ou de um frequente crescendo de observações após o pôr-do-sol.
6.NT: Objetaria: serão mesmo tantos IFOS assim? Seriam os tais “crédulos” tão poucos assim?E se não o forem, são seria o caso de rever nossa “incredulidade” a respeito deles? Muitos “crédulos” sequer se manifestam. Portanto, como contá-los, ou melhor, aqueles que não são tão visíveis? Quanto ao paralelo viagem à Lua/viagem interestelar ou galáctica é ironia sutil. Nestas a distância é muito maior...
7.NT: A propósito vide Fromm, Erich, Medo à Liberdade, Rio de Janeiro, Zahar Editores, 11ª edição, 1978-Cap.5. ”Auxiliar mágico”p.142 e seguintes e/ou anteriores deste capítulo, o 5.
8.NT: como pude perceber, no contato pessoal, Hynek não engoliu e, muito menos, digeriu as ideias de John Keel e Jacques Vallée, ou seja de que poderiam ser experiências vividas realmente mas “arranjadas” por espertalhões alienígenas.
9.NT: Apesar de expressão consagrada, não é tradução exata: “encounter” não é QUALQUER encontro e muito menos contato. Igualmente, “imediato” não diz muito à maioria das pessoas. ”Encounter” é encontro casual. Ex: I encountered Mary at the supermarket’s entry last Saturday, ou seja “Eu encontrei Mary casualmente à porta do supermercado sábado passado”. “To meet” já tem significado de encontro marcado. ”Meet me at the theater’s door next Sunday”, que é: ”Encontre-me na porta do teatro no próximo domingo”. Close encounter deve, então, ser entendido como “encontro casual a curta distância”. Fica maior sim, mas o sentido exato é este.
Referências Bibliográficas
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Amerrican Institute of Aeronautics and Astronautics,Subcommitte on UFOS,Aeronautics and Astronautics,Novembro,1970
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Hendry,A. The UFO Phenomenon Handbook,Cap.18,New York Doubleday.1979
Pearson,D., ”Retrospective Instrumentation for Analysis of Physical Traces of UFOs”,The Journal of UFO Studies, 2:37;
Poher,Claude, ”Time Correlations Between Geomagnetical Disturbances and Eyewitness Accounts of UFOS,Flying Saucer Review,20,1,:12
Sturrock,Peter A., ”Report on a Survey of Membership of the American Astronomical Society Concerning the UFO Problem”,SUIPR Report NO.681,Stanford University,1977
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Leituras Complementares
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Hynek,J.Allen, The Hynek UFO Report, New York, Dell Books,1977
Hynek,J.Allen,The UFO Experience,Chicago,Regenery Press,1972 – (NT:Existe tradução em português como “UFOS-Uma Pesquisa Científica” Da Editora Nórica. Quando a tradução exata seria “ (Minha)Vivência com UFOS”)
Hynek,M,Ed.Journal of Ufo Studies,1 e 2;
Jacobs,David M., The UFO Controversy in America,Indiana University Press,1975
Randles,Jenny – Warrington, Peter – UFOs a British Viewpoint,London,Hale,1979
Sagan,Carl Page, Thornton, eds.UFOs:A Scientific Debate,New York,Norton,1972
Smith, Marcia S., The UFO Enigma Report, No.76-52 SP of the Congressional Research Service, 1976
Story,Ronald, The Encyclopedia of UFOs, New York, Doubleday,1980
APÊNDICE 1 Cientistas, heréticos e “vigilantes”
Por Steven Solnick
Por que, e deveria ser perguntado, os cientistas são tão esnobes? Por que algumas propostas científicas aparentemente são destinadas ao esquecimento logo assim, ”de cara”, e seus proponentes expostos ao ridículo geral?
O fenômeno dos UFOs é apenas um de um grande número de estudos que o “establishment” científico velozmente se recusa levar a sério. Até agora, a comunidade científica tal como o é, frequentemente tem razões para disparar uma teoria rumo ao asilo dos pobres, intelectualmente.
Algumas teorias são condenadas pela sociedade nas quais são introduzidas e os cientistas simplesmente ratificam tal julgamento. As teorias de Galileu sobre a estrutura celeste e as hipóteses de Darwin sobre as correntes preponderantes da religião do seu tempo. Estes dogmas religiosos tidos como fortes, frearam os cientistas, tal como o que acontece com pessoas leigas e grandemente influenciaram o progresso científico.
Mesmo a moderna ciência secular (NT: não religiosa) designa algumas áreas de inquirição, como fora de seus limites. As teorias de Jensen sobre o QI e sua interdependência racial (http://en.wikipedia.org/wiki/Arthur_Jensen) e a hipótese sociobiológica de Wilson (http://en.wikipedia.org/wiki/E._O._Wilson) tiveram poucos investigadores, principalmente pelo medo da reação condenatória política e não mais a religiosa.
Entretanto, outras teorias falham nos testes estabelecidos pela comunidade científica e somente por ela. Alguns desses critérios são relacionados ao todo-poderoso método científico, enquanto outros estão mais relacionados à “hierarquia” científica.
Trabalhando através de Canais
As piores transgressões. Que para os cientistas são as mais imperdoáveis, é a teoria não verificada pela evidência. A Astrologia e a Frenologia têm mais premissas dedutivas do que indutivas. O processo de influência astral e forças de predição via crânio, são admitidas; somente dados estatísticos pobres e fervor por crença produz parecença em relação a uma teoria científica. Os cientistas detestam ser surpreendidos ao apoiar uma teoria não científica.
Os cientistas também evitam teorias de não cientistas. O Triângulo das Bermudas foi um produto de romancistas. A acupuntura emergiu do misticismo oriental Imanuel Velikovsky, cuja teoria de catástrofes cosmológicas provocou.
Nota final do Tradutor: o termo “vigilante” tem aqui um sentido além do seu sentido original. “Vigilantes”, no Velho Oeste, eram aqueles grupos de cidadãos que – na falta da presença da Justiça - faziam justiça pelas próprias mãos. Ou seja, os ufólogos fariam o mesmo papel dos “vigilantes” que agiam em nome da lei, mas que também - em nome dela cometeram muitos excessos. No nosso caso agiríamos como vigilantes que agiriam em nome de uma Ciência ausente, mas no sentido estrito cometeríamos também os nossos equívocos.
Confesso que embora a comparação seja relativamente válida, não me sinto bem em ser comparado, assim como meus colegas, a gente que cometeu tantos erros em nome do acerto. Dessem-nos os meios e acertaríamos muito mais.
APÊNDICE 2 J.Allen Hynek - Notas histórico-biográficas*
Tradução de texto em site da Northwestern University em http://findingaids.library.northwestern.edu/catalog/inu-ead-nua-archon-436
O astrônomo J.Allen Hynek levou o Departamento de Astronomia da Northwestern University à era espacial e tornou-se o mais notável expert em objetos voadores não identificados da nação. Supervisionou a significativa expansão do Departamento de Astronomia e fez importantes contribuições em tal área, mais notavelmente na bem sucedida incorporação da tecnologia da televisão em telescópios pela primeira vez. Todavia ele se tornou mais conhecido pelo seu trabalho sobre OVNIs. Primeiro, como investigador da Força Aérea Norte Americana e depois como voz solitária na comunidade científica, clamando por um estudo mais sério dos OVNIs, tornando-se o mais importante advogado da pesquisa ufológica e inspirador do filme “Contatos Imediatos do Terceiro Grau.”
Tal como Mark Twain, Hynek nasceu e morreu durante a passagem do Cometa de Halley. Foi uma coincidência particularmente apropriada. Numa conferência não datada, Hynek escreveu: “Há um cometa que conecta a Idade da Superstição com nossa atual Idade Espacial, que é o Cometa de Halley”. Ele viu-se como um profeta pregando Ciência num período ainda muito atolado em superstição, para tolerar o inexplicável. O Cometa de Halley foi, por conseguinte, a metáfora perfeita para Hynek.No fim da página ele rabiscou umas poucas linhas citando “Júlio Cesar” de Shakespeare. “Quando mendigos morrem não há cometas à vista, (mas) os céus, eles próprios, inflamam-se adiantando a morte de príncipes”.
Josef Allen Hynek nasceu a 1º de maio de 1910 em Chicago, de pais tcheco-eslovacos. Formou-se na Crane Technical High School em 1927 e entrou para a Universidade de Chicago, onde obteve seu diploma de bacharel em Ciências em 1921. Como estudante de pós graduação permaneceu quatro anos na Universidade de Chicago,mais exatamente no Observatório Yerkes em William’s Bay, Wisconsin. Recebeu o título de Ph.D em 1935
Em 1936, a Ohio State University contratou Hynek como docente no seu Departamento de Física e Astronomia. Em 1939 foi promovido a professor assistente. Deu aulas no curso de verão no Harvard College Observatory em 1941.Durante uma licença de 1942 a 1946 Hynek trabalhou no desenvolvimento de um detonador (de bombas) de proximidade para a Marinha no laboratório de Física Aplicada da John Hopkins University. Retornou para o estado de Ohio em 1946 como professor associado e diretor do Mc Millan Observatory. Foi promovido a professor de dedicação exclusiva e tornou-se vice-diretor da Escola de Graduação.
Em 1948, Hynek tornou-se consultor de um novo projeto da Força Aérea Norte Americana, na base desta arma em Wright Patterson, Ohio. A finalidade do projeto era a de investigar relatos de objetos voadores não identificados. Devido ao seu cargo na Ohio State University,Hynek foi a escolha lógica como conselheiro científico de tal projeto. Seu envolvimento aprofundou-se, quando a USAF reorganizou sua investigação, sob o nome de “Projeto Blue Book” em 1952.
Hynek ficou um tempo fora de Ohio, durante o ano de 1956, para juntar-se ao esforço para por o primeiro satélite artificial em órbita. Como diretor associado do programa de rastreamento ótico no Smithsonian Astropysical Laboratory (SAO) em Cambridge, Massachussets, Hynek fez parte da equipe que montou uma rede de estações rastreadoras pelo mundo para observar o vôo do planejado satélite artificial norte-americano. Criado em 1956 como parte do Ano Geofísico Internacional (IGY) o programa de rastreamento de satélites estabeleceu doze estações de rastreamento ao redor do mundo: na Flórida, Novo México, Havaí, Curaçao, Peru, Argentina, Irã, África do Sul, Índia, Espanha, Japão e Austrália. Hynek também trabalhou no projeto de uma câmera rastreadora de satélites que foi criada por James C. Baker e Joseph Nunn para uso nas doze estações rastreadoras. A Divisão Moonwatch do STP foi um programa que organizou e prestou assistência a grupos de astrônomos amadores que se voluntariaram para coletar dados de satélites artificiais da Terra.
A 4 de outubro de 1957 a União Soviética anunciou o assombroso lançamento do satélite Sputnik, o primeiro satélite artificial bem sucedido. Hynek, juntamente com seu colega Fred Whipple deram três entrevistas coletivas à imprensa por dia para reportar fatos sobre o Programa Sputnik, mas também re-assegurar ao público, quanto à sua segurança. Naquele mesmo ano, Hynek e seus colegas começaram uma parceria com a USAF para criar um programa de astronomia usando balões. Uma vez pronto, o Projeto Stargazer (observador de estrelas), Hynek consequentemente desistiu de balões em favor da idéia da instalação de um telescópio na Lua.
Em 1959, Hynek aceitou a oferta da Northwestern University para chefiar seu pequeno Departamento de Astronomia. Hynek trouxe com ele seu trabalho pioneiro em imagem astronômica do tipo “orthicon” que combinava a tecnologia da televisão com a astronomia. A imagem orthicon ampliou grandemente a captação da luz pelos telescópios e National Science Foundation propôs que isto poderia ser o mais significativo avanço astronômico, desde a fotografia.Em 1961, Hynek instalou o primeiro telescópio com imagem orthicon no Organ Pass Observatory em Las Cruces, Novo México.Este laboratório também chamado de Organ Mountain Observatory ou FASST Observatory, tinha sido uma antiga estação de rastreamento de satélites (STP) que fora recentemente adquirida pela Northwestern. No ano seguinte, Hynek instalou o segundo telescópio de imagem orthicon no Dearborn Observatory em Evanston, Illinois, próximo a Chicago.
O Observatório de Corralitos foi depois construído no mesmo terreno do Observatório de Organ Pass e ambos os observatórios no Novo México foram usados durante os anos 60 e princípio dos anos 70. Em 1966 o Departamento de Astronomia recebeu um grande impulso com a abertura do Centro Lindheimer de Pesquisas Astronômicas, no campus de Evanston. Durante os primeiros anos de Hynek como diretor, o departamento que antes só oferecia um curso, se expandia para mais de uma dúzia atraindo um número crescente de estudantes. O próprio Hynek era um professor popular, por seu humor e aparência excêntrica.
Enquanto permanecia na Northwestern, Hynek continuava a dar consultoria para o Projeto Blue Book da Força Aérea dos Estados Unidos. Em Março de 1966,investigou um caso de grande repercussão em Michigan.
Mas sua conclusão, de que o UFO não era nada mais que gás de pântano, enfureceu muita gente em Michigan, inclusive o congressista republicano Gerald Ford, que levou Hynek a uma comissão do Congresso dos Estados Unidos. O fiasco deve ter causado algum impacto em Hynek, pois em outubro fez um apelo público por um estudo sério do “persistente e perturbador” fenômeno dos UFOS, criticando ainda seus companheiros cientistas por d rotularem observadores de UFOS como “histéricos, excêntricos ou malucos”. Os jornais do país inteiro noticiaram essa aparente “meia volta volver” de Hynek. E ele intensificou sua mensagem quando a Força Aérea fechou o Projeto Blue Book depois de um relatório de 1969 conduzido pelo Dr. Edward Condon da Universidade do Colorado, cuja conclusão foi de que os UFOs não mereciam mais averiguações. Depois de 1969 Hynek tornou-se virtualmente solitário na comunidade científica ao apoiar estudos continuados dos UFOs. (NT:vide p.ex. http://www.bukisa.com/articles/258639_the-famous-case-of-the-1966-hillsdale-michigan-swamp-gas-ufo).
Em outubro de 1973, um furor - similar ao do caso de 1966 em Michigan - explodiu em Pascagoula, Mississipi. Dois homens relataram terem sido sequestrados por alienígenas. Hynek administrou-lhes um teste com polígrafo (NT: detector de mentiras) e trombeteou os resultados positivos à imprensa, que disseminou um esboço da aparência dos alienígenas, que se espalhou por todo o país (EUA). (NT: Vide http://en.wikipedia.org/wiki/Pascagoula_Abduction) Tal como em 1966 uma onda de novos casos de UFOs se seguiu, mas dessa vez, Hynek não fez nada para abafar tal fervor ufológico. Ao contrário, Hynek tirou vantagem do caso de Pascagoula para fundar o Center for UFO Studies em Evanston. Com intenção de ser uma espécie de órgão de “limpeza” quanto ao estudo dos OVNIs, bem como as observações pertinentes, o CUFOs estabeleceu uma linha direta, bem divulgada, para ajudar policiais a lidarem com as observações.
Basicamente em resposta ao Relatório Condon, Hynek escreveu The UFO Experience, publicado em 1972 pela editora Henry Reggner Company, ganhou fama por estabelecer as categorias de “contatos imediatos”. Um contato imediato de primeiro grau é quando um Ufo simplesmente é visto e não deixa vestígios. O de segundo grau seria aquele em que há vestígios físicos como queimaduras ou galhos quebrados. Já o contato imediato do terceiro grau é aquele em que um contato é feito (NT: com tripulantes). Em 1977, o diretor Steven Spielberg deu o título de “Contatos Imediatos do Terceiro Grau” a um filme sobre UFOS, com vinte milhões de orçamento. Hynek serviu como conselheiro técnico do filme, e fez aparição breve no mesmo.
Como a fama de Hynek cresceu como expert em UFOs, a administração da Northwestern University foi ficando cada vez mais embaraçada diante da publicidade resultante. Foi inflexível quanto ao Center for UFO Studies de Hynek, que deveria ser mantido separado da Northwestern. Hynek aposentou-se da Northwestern em junho de 1978, com a idade de 68 anos, passando a devotar-se, daí em diante, ao CUFOS. Entretanto, por falta de fundos, foi forçado a mudar a sede do Centro para sua própria casa,em 1981, e também a cortar sua linha direta grátis em 1982. Mas, em 1981, persuadira a Northwestern a doar o Observatório de Corralitos, Novo México, que estava fechado, a um grupo sem fins lucrativos, que ele chefiava, a Corralitos Astronomical Research Association-CARA. Hynek levou todo o material do Center for UFO Studies para o Arizona em 1984.
Faleceu a 27 de abril de 1986 devido a um tumor cerebral maligno no Memorial Hospital em Scottsdale Arizona, deixando viúva sua segunda esposa, Miriam Curtis Hynek (Mimi Hynek) e cinco filhos.
- Alberto Francisco do Carmo é Licenciado em Física e Técnico em Assuntos Educacionais (MinC/Iphan) aposentado. Atua como jornalista colaborador/articulista; radialista e ufólogo. Nesta última atividade, começou em 1954, colaborando com o CICOANI e outras entidades. Idealizou, experimentou e usou técnicas de retrato falado aplicadas à ufologia e análise mais profunda e crítica.com enfoque transdisciplinar, do contexto ufológico e episódios com contatados. É consultor para Via Fanzine e UFOVIA em assuntos aeroespaciais.
- Imagens: Arquivos de Alberto F. do Carmo/divulgação.
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