UFOVIA - ANO 5 

   Via Fanzine   

 

 

 Mata da Onça - Itaúna-MG 

 

 

Minas Gerais:

Mistérios e magia na Mata da Onça

Diversos relatos e até um registro em vídeo, mostram que o grande maciço de rocha monazítica

da Mata da Onça é o local de maior incidência de avistamentos luminosos em Itaúna-MG. 

 

Por Pepe Chaves*

De Itaúna-MG

Para UFOVIA

05/04/2015

 

A serra Mata da Onça é coberta por uma floresta de cerrado, abaixo, parte do bairro Jadir Marinho. 

Assista aos vídeos:

"Muros e mistérios na Mata da Onça em 4 partes - TV FANZINE

"De volta à Mata Onça em 2 partes - TV FANZINE

 

Incidentes desconhecidos

 

Parece que alguns lugares da Terra possuem algo de especial. Talvez, exista em tais locais, algum tipo de energia ainda não detectada cientificamente ou atividades desconhecidas e imperceptíveis (ou quase) aos seres humanos. O desconhecido encantamento constatado em tais paragens faz brotar lendas na sabedoria popular que vêm povoar, ao logo dos tempos, as crenças de várias gerações.

 

Assim, para os ruralistas do interior do Brasil, a Mãe do Ouro, que se mostra como uma “bola de fogo” (ou de luz) dourada, que voa a poucos metros acima solo, seria uma espécie de “espírito vivo” do próprio ouro, pronto a espantar de suas minas, todo e qualquer aventureiro que venha cobiçá-las. A Mãe do Ouro, também chamada de luz fantasma, lagartão ou boitatá, é descrita por populações de regiões distintas e distantes. Em algumas delas o fenômeno se mostra reincidentemente. No Brasil, a maior abundância de tais ocorrências está no interior dos estados de Minas Gerais, São Paulo, Bahia, Goiás, entre outros. No interior de Minas Gerais, são comuns os casos que envolvem objetos e formas luminosas, geralmente de pequenas dimensões. Segundo a cultura da maioria das testemunhas, gente humilde e isolada dos grandes centros, parte do repertório desses casos, o interpreta como “assombrações” ou os associa a espíritos dos mortos.

 

Durante os mais de 10 anos que pesquiso ocorrências de objetos luminosos, sobretudo de pequenos portes, deparei-me com local em especial, na minha cidade natal, que remonta décadas de histórias e avistamentos luminosos. Trata-se da chamada Serra Mata da Onça, em Itaúna, região Centro-Oeste de Minas Gerais, Brasil. A serra - que se ergue como um imponente maciço do chão - é composta em quase sua totalidade, por rocha monazítica em grande quantidade.

 

Estas rochas nomearam o município há mais de 100 anos, devido à sua coloração negra, que adquire com o passar do tempo. Em menção a este tipo de rocha, que está presente também noutras montanhas que circundam a cidade, nasceu o nome do município: Itaúna, do tupi-guarani “pedra negra” (ita: pedra; una: negra). Toda a região da serra é composta por uma vegetação de cerrado, preservando a grande parte da fauna e flora local. Entre diversos mamíferos que podem ser vistos nas imediações da serra estão, raposões, jaguatiricas, micos, dentre vários outros. Há quem diga na região, que até mesmo onças já foram avistadas em décadas passadas, tendo aí a origem do nome da serra. Em uma das subidas da serra há uma mina d'água de excelente qualidade, que brota entre as rochas negras.

 

Para alcançar o topo da serra, é preciso subir por algumas centenas de metros por trilhas, em subidas bastante íngremes. A serra Mata da Onça, está situada na região noroeste de Itaúna e tem algumas pequenas fazendas situadas ao seu redor, além da Granja Escola "Dona Dorica", administrada pela prefeitura de Itaúna, instalada aos pés da serra. Parte de um dos flancos da serra é de propriedade do município de Itaúna, através da Granja Escola "Dona Dorica", instituição municipal criada por entidades assistenciais e a prefeitura local na década de 1950. Se trata de uma fazenda-escola de propriedade e mantida a Prefeitura de Itaúna, onde os alunos estudam e aprendem ofícios do campo. Próximo dali, se encontra o bairro Jadir Marinho e do outro lado da rodovia MG-050, o bairro da Várzea da Olaria.

 

A serra Mata da Onça dista cerca de três quilômetros do centro de Itaúna e suas “luzes periféricas” já foram avistadas também por pessoas situadas em bairros distantes que, por algumas vezes, puderam observar os estranhos fenômenos que ocorrem naquele local. Já pude acampar por algumas vezes no alto da serra, sempre na companhia de outras pessoas e em pontos distintos. Em nenhuma dessas ocasiões pudemos observar alguma anomalia luminosa, conforme as noticiadas, senão pequenos meteoros riscando o céu e a grande movimentação de aeronaves que aterrissam e decolam do aeroporto da Pampulha (BH).

 

Luzes que vagam

 

Pelo menos, desde os anos de 1940 (e, provavelmente, anterior a isso) são avistadas luzes naquelas cercanias, as quais vagueiam pela noite, impressionando as testemunhas que as constatam. São casos peculiares e inexplicáveis cientificamente, alguns, medonhos ou pavorosos, no entanto, não há registro de vítimas. Faz alguns anos, pesquisamos fenômenos dessa natureza e colecionamos um vasto leque de variações e identidades se compararmos alguns desses casos. Achamos apropriado o termo "periférico", para designar estes pequenos objetos que, como bem sabemos (e até já tivemos nossas experiências pessoais), vagam por determinadas regiões dos sertões do Brasil, em formato de luzes, das mais variadas cores e tamanhos.

 

De 1997 a 1998, eu pude conversar com várias testemunhas de avistamentos luminosos (e de até um estranho caso sonoro inexplicável) naquela região, as quais, em épocas distintas, puderam observar de alguma forma as evoluções de pequenos e ágeis objetos voadores não identificados, de diferentes proporções e comportamentos. São relatos que vieram de testemunhas bastante distintas entre si, pois variam de sexo, idade, crença religiosa e grau de instrução. Apenas alguns deles são apresentados a seguir, outra parte se encontra em meu livro Os UFOs e seus Periféricos (Ed. Pepe Arte Viva Ltda.), mas outros, não cheguei a tornar públicos, até mesmo por falta de maior aprofundamento.

 

Por tudo o que ouvimos de algumas pessoas da região, algo nos faz crer que aquela imponente serra rochosa guarda segredos invulneráveis e ainda incompreensíveis àqueles destes nossos tempos que vieram a ter contato com a região em algum momento de suas vidas. É interessante notar que, a misteriosa serra guarda também, dois antigos muros de pedras, conhecidos popularmente na região como “muros de escravos”, cujas feituras são atribuídas aos antigos escravos que povoavam a região. Num desses muros foi identificada a presença de argamassa (abaixo), o outro, é feito somente de pedra-sobre-pedra.

 

No entanto, tais ruínas de desconhecidas construções, podem ser de épocas bem anteriores a da escravatura. Assim sustenta o pesquisador arqueológico itaunense J.A. Fonseca. Para ele, a parca quantidade de escravos que o antigo arraial deteve no ápice da escravatura (que chegou a 800 indivíduos de ambos os sexos), não justifica a farta quantidade desses muros, encontrada em tão distintas aéreas de Itaúna. Estes muros, que cortam centenas de metros mata adentro, se encontram hoje protegidos em meio a uma floresta de frondosas árvores e, decerto, foram construídos em épocas que a serra deveria ser isenta da vegetação que detém atualmente. Um dos muros está no sentido vertical (subindo a serra) e o outro, em sentido horizontal (acompanhando a linha do topo da serra).

 

    

Um dos muros da Mata da Onça, neste pode se ver argamassa em sua construção (esquerda),

e numa outra parte, dezenas de metros adiante, somente pedra-sobre-pedra (direita).

 

Fenômenos estranhos: magia ou tecnologia?

 

Estivemos com um ex-funcionário da Granja Escola, o Sr. José Ribeiro de Oliveira, de 67 anos, que trabalhou como vigia naquele local em 1991. Ele teve por duas vezes a surpresa de ver o que chamou de “Mãe do Ouro”. Quando gravamos a entrevista, em 1998, Oliveira ainda era funcionário público e trabalhava como ronda da capela municipal no Morro do Bonfim, o mirante da cidade, onde gravamos seu relato.

 

Segundo José Ribeiro de Oliveira, seu primeiro avistamento teve uma testemunha, o Zito, açougueiro no Mercado Central de Itaúna e ex-funcionário público. Ele conta que passava das 20h, os dois, a trabalho, se encontravam na varanda de um dos prédios da granja, quando viram uma tocha de fogo no alto da serra. Ficaram observando e a “tocha” foi descendo a serra íngreme, silenciosamente, defronte a eles, rumo ao açude, como se a dirigir à direção em que estavam – do lado oposto do açude. Assustados, ficaram observando quando a tocha chegou até às margens opostas da lagoa, bem na frente deles, há cerca de 200m de onde estavam. Ele conta: “Quando ela (a “tocha”) chegou à altura do chão, do outro lado da lagoa, em frente à gente, o Zito gritou: ‘Para aí que se for gente eu vou mandar bala’. Aí ela começou a tremer na beira do açude e foi sumindo naquele lugar”. José Ribeiro disse que nem estavam armados, o Zito estava blefando. Afirmou que, sabia que gente não era, pois era humanamente impossível uma pessoa descer tão rapidamente uma serra tão alta e íngreme, sem trilha pelo meio do mato, sobretudo, durante a noite. Acrescentou que, quando a chama de fogo descia a serra, puderam ver que ela flutuava no ar, às vezes, mais alto que a copa das árvores. Procuramos o Zito em seu estabelecimento comercial, onde ele confirmou exatamente, toda a narrativa do Sr. José. Zito contou que aquela foi a única ocasião que presenciou este tipo de fenômeno.

 

Após termos gravado a entrevista com o Sr. José, nos dirigimos à fazenda da Prefeitura a procura do Sr. Jorge, trabalhador do horto municipal, quem ele nos informou que havia avistado a luz misteriosa. Encontramos o Sr. Jorge, 60 anos, funcionário público, que no momento, se encontrava trabalhando no aviário. Ele contou que no ano de 1964, estava na casa de seu sogro, no bairro Padre Eustáquio (defronte à Mata da Onça) junto com seu sogro à noite. Puderam observar uma bola de fogo saindo do Morro da Helena (alto do bairro Leonane, ao lado do Padre Eustáquio, também defronte à Mata da Onça) e se dirigindo para a Mata da Onça. As descrições foram bem parecidas com a do Sr. José que, anos mais tarde, a viu saindo da Mata da Onça e se dirigindo para o Bonfim.

 

A segunda vez que viu algo semelhante, ele estava próximo à rodovia MG-050, entre as serras Mata da Onça e da Helena, quando uma bola de fogo passou bem acima de sua cabeça. Ele calcula que ela estaria a uns 100 metros de altura. Jorge afirma que não teve medo, “Como ter medo? Ela estava lá em cima, uai!”, disse.

 

Fenômenos sonoros

 

Ainda na fazenda municipal encontramos outro funcionário que disse ter presenciado fartamente este tipo de ocorrência (e outras) por diversos anos naquele local. Trata-se do funcionário público, Fajardo José Ribeiro de 52 anos. Ele morou naquele local de 1953 a 1966, quando a entidade era internato de menores. Segundo nos informou, naquela época, pôde avistar por pelo menos, 15 vezes, a passagem de uma estranha “bola de fogo” durante este período. Ele contou que “Essa luz vinha da direção direita da granja, passava sobre a serra, lentamente, e sumia perto dos três postes da Cemig, do lado oposto. Quando esta luz aparecia, nós, meninos, ficávamos com muito medo, seu nome era 'Mãe do Ouro'. Dizem que esta luz ainda percorre aqui, pra mim, isto é tranqüilo!”.

 

Fajardo afirma ter avistado a luz há uns 200 metros de distância, por inúmeras vezes, mas nunca ninguém ousou se aproximar dela, ao contrário, todos a respeitava. Sempre que luz era vista, ele e seus colegas saiam correndo para buscar abrigo.

 

Mas, ele contou também, algo bastante intrigante, se visto com outros olhos. Ele contou que o encarregado pelos meninos naquela época, o Sr. Divino, era um sujeito corajoso, mas também temia aquela luz. No entanto, um outro fato assombraria aquele homem, conforme contou Fajardo, “Havia aqui também um passarinho que assombrava a gente! Eu era responsável por ligar a bomba d’água para encher a caixa. Estava eu e o Adilson, o Joaquim e o Ari, conversando, quando escutamos um barulho confuso, um passarinho cantando. Era um piado ‘piiiiii, piiiiiiii’, ele cantava a 1km de distância e quase no mesmo instante, ele cantava debaixo dos nossos pés! Quando acabava de cantar debaixo dos nossos pés ele já piava no alto da serra, em questão de segundo! Chamamos o Sr. Divino para ver aquilo e ele nos falou: ‘Vocês não são homens não, quatro homens com medo de um piado de passarinho, deixem de ser bobos!’. O filho dele era um dos que estavam com a gente e disse para ele ir lá na caixa d’água, porque tinha um negócio esquisito lá. Quando ele chegou lá, nós fomos para dentro e ficamos observando. Ao chegar lá, o passarinho piou na beirada da lagoa, ele voltou e pegou o seu revólver. Quando Divino chegou no pé da rampa, a ‘encrenca’ piou no pé dele, ele se assustou e gritou pra gente: ‘Vão pra dentro’, não fiquem aqui não!’. Imediatamente o ‘pássaro’, já piou no alto da serra, depois desapareceu. Mas ficamos todos impressionados com aquilo... O que aconteceu nesta granja aqui? O encarregado do gado, Sr. Walter, antigo aqui na época, falava que aqui não é muito bento não. Realmente algumas coisas esquisitas apareciam mesmo, mas ele não se preocupava, pois, era acostumado com aquele tipo de coisa”.

 

O que poderia ser o tal “pássaro”? Teria ele alguma ligação com a tal “bola de fogo”? Seria um aparato invisível aos olhos, porém que emite som ao entrar em operação? Uma assombração; espírito? Todas estas coisas são, na verdade, detalhes dos mistérios ainda por serem desvelados na Mata da Onça.

 

Fajardo: experiências com luzes

e sons estranhos na Mata da Onça

 

A bola voadora

 

Ainda na Granja Escola nós estivemos com Dona Maria do Carmo Vilaça, 51 anos, do lar, esposa do Sr. Antônio Camargo Vilaça, funcionário público, caseiro responsável e residente na Granja Escola municipal. Na época, em setembro de 1999, quando ela nos prestou um relato de ocorrência recente e impressionante, o casal vivia com suas filhas no local há mais de 10 anos. Neste espaço de tempo, Maria do Carmo avistou a bola de fogo por três vezes. A casa de Maria do Carmo é um verdadeiro “camarote” para se observar a Mata da Onça, pois fora construída numa parte alta, defronte à grande serra. Por duas vezes Maria do Carmo avistou a bola de fogo que estava imóvel no alto da serra, bem menor que em seu mais recente avistamento. Por estas ocasiões, diz que não ficou observando por muito tempo, apenas avistou aquilo no alto da serra, pensou em ser alguém fazendo uma fogueira e entrou para sua casa.

 

Porém, na terceira e última vez que Maria do Carmo viu a bola de fogo foi no dia 08 de julho de 1999, juntamente com sua filha Roseane, seu genro Cláudio e o vigia noturno da prefeitura, Ronaldo Araújo. Seu marido estava na cidade e afirma que não presenciou o fenômeno naquele local. Desta vez, Maria do Carmo pôde ficar observando o fenômeno. Ela conta que a bola flutuou no ar, por diversos locais da fazenda, entre 19h30 às 20h30. “Ela (a bola de luz) teve lá nos pés de mangas, depois foi para perto das caixas de abelhas (apicultura), depois esteve lá em cima da serra e em pouco tempo tornou a descer” – contou.

 

Ela descreve a bola luminosa com cerca de 50 cm de diâmetro, perfeitamente redonda. Estava reluzindo cores que iam do verde, claro até o vermelho. Flutuava numa altura média entre 30 a 50 metros, mas chegava a baixar bem menos que isso. O aparato luminoso não deixava rastro de fogo por onde passava e se movimentava lentamente. O incrível é que, quase ao mesmo instante em que a esfera era vista no apiário, ela já sumia dali e se “materializava” instantaneamente em partes altas da serra. Segundo Maria do Carmo, “nem dava para reparar quando a bola mudava de lugar” de tão rápido que era seu deslocamento para noutro local. Disse que sua filha ficou com muito medo, estava apavorada, pois aquilo era mesmo uma coisa esquisita. Acrescentou ela: “Meu marido disse que devia de ser gente querendo pescar, mas eu falei que não era; se fosse gente, os cachorros latiam. Não parece lanterna não, é um ‘trem’ esquisito, você precisa ver!”. Segundo ela, não seria gente por vários motivos, sobretudo, pela rapidez na locomoção em locais de mata fechada, onde ninguém poderia ter acesso e pela altura em que o objeto fora avistado flutuando isoladamente.

 

Conversamos por telefone com o ronda noturno da Granja Escola, Sr. Ronaldo Fonseca de Araújo, 33 anos, funcionário público municipal. Ronaldo, que estava junto quando do avistamento luminoso, nos confirmou toda a narrativa de Maria do Carmo. O ronda municipal disse que Dona do Carmo o procurou para usar o telefone, quando repentinamente, lhe falou: “Que bola é aquela, Ronaldo?”. Ele contou que olhou para a direção da serra e viu uma bola de fogo flutuando no ar. Contou que a “bola” se movia à cerca de dois metros do chão, chegando a subir bem mais alto em algumas vezes. Ronaldo disse ter sentido profundo medo, pois, para ele, aquilo era uma "coisa de outro mundo". Segundo o ronda, o genro de Maria do Carmo, de nome Cláudio, foi chamado por ela e também presenciou o fato. Ele contou que, sentindo um medo terrível, se trancou em seu alojamento e desejou que aquela noite passasse rápido. Ronaldo disse que no dia seguinte, visitou os locais em que observou a passagem daquela luz, mas não notou nenhuma queimadura ou algum tipo de vestígio. Acrescentou que há sete meses avistou a mesma luz “piscando” na serra, porém, nesse último avistamento, ela se mostrou bem maior, pois estava mais próxima.

 

Foto de satélite mostra o topo da Mata da Onça e a fazenda da Granja Escola Municipal.

 

Histórias douradas

 

Devemos lembrar que estas terras santanenses foram rasgadas primeiramente pelas bandeiras de desbravadores paulistas como Fernão Dias Paes Lemes, Mateus Leme e Borba Gato. Em busca das riquezas minerais o antigo arraial de Sant'Ana se tornou ponto de abastecimento e de passagem daqueles que buscavam o ouro das Minas Gerais. Em meados e fins do século 19, em torno da grande serra pétrea da Mata da Onça, se encontravam instaladas algumas fazendas que utilizavam de trabalho escravo na lavoura e no engenho. O historiador João Dornas Filho (1902-1962), registrou em sua obra, histórias terríveis, envolvendo torturas e abusos de escravos por seus senhores naquelas terras itaunenses.

 

Com isso, diversos casos e fatos inusitados ocorridos naquela região, acostumavam ser associado por seus moradores a assombrações, espíritos ou fantasmas, quando na verdade poderia se tratar de fenômenos de outra natureza. Alguns acreditam que a energia dos antigos escravos maltratados no antigo arraial de Sant'Ana de São João Acima (o nome Itaúna surgiria somente em 1901) ainda vaga por aquelas paragens e se manifestam de formas variadas, dentre elas, como assombrações ou aparições luminosas.

 

Do lado oposto da Serra, temos o chamado Morro Grande, elevação topográfica, cortada pela rodovia MG-050. Naquele local, em várias épocas e até recentemente, foram registrados diversos avistamentos luminosos, presenciados por pessoas de culturas distintas. O local, situado a poucas centenas de metros da Mata da Onça, preserva também, alguns enigmas e lendas envolvendo fatos inexplicáveis. Detalhe: o “Morro Grande” é um local de grande ocorrência de acidentes automobilísticos na MG-050 dentro do município de Itaúna. Por se tratar uma serra íngreme e com uma curva acentuada, a pista traiçoeira tirou dezenas de vidas em acidentes fatais ao longo das últimas décadas.

 

Em 1999 eu percorri algumas fazendas daquela região e recebi informações de um caseiro, sobre um tal Sr. João (nome fictício) que morava numa conhecida fazenda ali perto e estava envolvido numa história curiosa. Segundo este informante, corria naquela região, um boato de que este senhor teria encontrado, certa vez, uma espada de ouro enterrada na fazenda. Segundo ele, a espada teria sido encontrada após João escavar o local onde uma estranha luz era vista constantemente pelos moradores. Segundo ele, aquela luz seria a Mãe do Ouro e havia mesmo ouro por ali. [Nota: Na crença de sertanistas mineiros e de outros estados do Brasil, a ‘Mãe do Ouro', avistada como uma bola de fogo voadora seria uma espécie de protetora do ouro existente nos locais de seu avistamento].

 

Fui até a Fazenda Gafuringa, que na época pertencia a uma grande empresa têxtil de Itaúna, atualmente falida. Procuramos o caseiro, o tal Sr. João, 55 anos e o encontramos na companhia de seu irmão, que chamaremos de Manoel, de 57 anos. Suas peles morenas do sol sustentavam fisionomias cansadas, aparentando terem idades mais avançadas. Os dois me receberam cordialmente, mas, senti que um clima de desconfiança estava pairando no ar. Disse que pesquisava o assunto e perguntei se já haviam visto alguma luz no céu ou perambulando pelo campo. João me disse que mora no local há 40 anos e que avistou, certa vez, uma luz descendo sobre uma montanha [apontando com o indicador para a tal montanha há poucas centenas de metros dali]. Ele contra que foi há uns 30 anos e que “Desceu uma luz e sumiu no lugar onde morava um pessoal que mexia com espiritismo” - contou. Comentando o relato do irmão, Manoel confirmou que há vários anos tinha um pessoal naquele local “mexendo com estas luzes”. Eles atribuíam tais aparições a fenômenos de natureza espírita, que estariam ligados à macumba, feitiçaria e espíritos malignos.

 

Naquela época os irmãos moravam juntos e, numa certa noite, ambos viram quando uma espécie de “balaio de fogo” – como disseram - veio descendo devagar perto da casa deste pessoal “que mexia com as luzes”. Manoel contou que, às vezes, esta luz ainda aparece por lá. Eu tentei puxar assunto para ver se iam falar alguma coisa sobre a espada de ouro. Perguntei se não ficaram intrigados com aquela luz descendo na serra. Mais soltos no assunto e parecendo confiar um pouco mais em mim, ambos confessaram que após verem os fenômenos luminosos naquele local, foram até lá quando não havia ninguém e procuraram por ouro.

 

Juntos, me contaram que usaram várias ferramentas e na companhia de mais dois amigos, cavaram muito o local nas imediações de onde sabiam que a luz costumava descer. Quando lhe perguntei se acharam uma espada de ouro nas escavações, trocaram olhares silenciosos e João me disse na ponta da língua, que acharam mesmo uma espada, porém, que não era de ouro, mas sim, de ferro e estava enferrujada. Ele disse acreditar que a tal espada fazia parte dos rituais de “macumba” das pessoas que antigamente viviam naquela casa onde descia a luz.

 

Um neto de Manoel de uns nove anos, também estava conosco e ouvindo atentamente a conversa, pediu para ele me contar sobre a luz que havia visto dentro do curral. Manoel, meio contrariado pela intervenção do menino, disse que viu uma “espécie de tocha vermelha, parecendo uma brasa”, parada no chão de seu curral. Segundo ele, a luz não se movimentou e pouco depois desapareceu no mesmo lugar.

 

Parecia que os irmãos não queriam divulgar informações precisas sobre estas ocorrências daquele local. Pessoalmente, acredito que tiveram experiências mais íntimas acerca daquela luz e, quiçá, com outras ocorrências que não desejavam revelar.

 

Aquarela do artista plástico itaunense Gláucio Bustamante,

mostra a Mata da Onça vista do Morro do Bonfim.

 

Mistérios velados por várias gerações

 

Em 1999 fomos, após sermos entrevistados por uma emissora de tevê local, fui procurado por um cidadão residente no bairro Padre Eustáquio, situado mais ou menos defronte a Mata da Onça, cerca de um quilômetro em linha reta.

 

O rapaz me apresentou uma filmagem de uns 20 minutos que fez durante a noite, mostrando uma luz sobre a serra Mata da Onça. No registro, a luz maior solta uma outra luz menor pelo seu lado esquerdo e esta saia e voltava a se incorporar à maior. Uma cópia desta fita, em formato VHS, se encontra nos arquivos UFOVIA, mas ainda não foi digitalizada.

 

Os mistérios parecem mesmo envolver a região da serra da Mata da Onça, como vimos, pelo menos por algumas décadas. É difícil definir se tais fenômenos são mesmo de origem extraterrestre, como pensam alguns ou de natureza ainda desconhecida por nossa espécie. Muitos acreditam que possam se tratar também, da manifestação de alguns elementos da natureza, seja do reino vegetal ou mineral, fenômenos estes, ainda não detectados pela nossa ciência.

 

Falamos com J.A. Fonseca, pesquisador arqueológico e autor de cinco livros que abordam temas como ufologia, cabala, numerologia, ocultismo e teurgia. Ele se interessa por estes assuntos e há muito vem pesquisando e conhecendo casos envolvendo estas “luzes”.

 

Perguntado se tais objetos luminosos poderiam se tratar de aparatos tecnológicos, espécie de sondas enviadas por distantes civilizações extraterrestres (como acreditam algumas pessoas), Fonseca nos disse que, “Não podemos afirmar, definitivamente, o que são essas luzes, se se tratam de sondas de outras civilizações. Existem muitos relatos a respeito, que durante a Segunda Guerra Mundial, foram avistados pelos pilotos, tanto os aliados quanto os alemães, luzes estranhas no céu. Algumas delas entravam pela fuselagem do avião e se retiravam sem causar quaisquer estragos. Quanto a estas avistadas em terra, especialmente em áreas mais desertas, acreditamos tratar-se de reflexos do mudo paralelo, originando então de plantas e minerais, especialmente os nobres. Minha avó e minhas tias relataram ter visto a ‘Mãe do Ouro’, uma bola de fogo amarelo brilhante que circulava pelas montanhas, próximo a sua residência, na região hoje conhecida como bairro Belvedere, em Itaúna”.

 

Sobre se as “luzes” observadas há décadas passadas em Itaúna poderiam ser as mesmas observadas mais recentemente, Fonseca afirmou, “Acreditamos que o tempo possui conotações bem variadas em relação aos estágios de evolução que existem no Universo. Séculos para nós, nada representam em outras esferas de desenvolvimento, enquanto que algumas horas para determinados seres vivos significam um tempo relativamente extenso. Portanto, estas ‘luzes’, sejam de que natureza for, podem muito bem ser de uma mesma origem e representam, através de sua cor, aspectos novos de sua atividade. Sabe-se que através de uma luz pode se conseguir muitos aprimoramentos, sendo cada tonalidade um de seus aspectos, mais ou menos avançados. Em suma, a luz em si, ainda é um dos fenômenos muito pouco compreendidos pela nossa ciência.

 

A respeito da possível função e as intenções de tais objetos luminosos, acredita Fonseca que, “Não podemos avaliar uma tecnologia que no momento ultrapassa nosso poder de compreensão. No entanto, o que não devemos fazer em relação a tais fatos, é simplesmente ignorá-los ou ‘fingir’ que não existem. Artur C. Clarke disse num de seus livros: ‘Toda tecnologia superior pode nos parecer magia’. Acrescentamos que tudo aquilo que é misterioso, passa a ser considerado inverídico pelas pessoas, ou torna-se envolvido por uma aura de excessivo tom místico”.

 

Fonseca conclui, afirmando acreditar que, as manifestações luminosas que ocorrem na Mata da Onça, bem como em outros locais do mundo, podem estar intrinsecamente ligadas a questões enérgicas ainda desconhecidas por nossa civilização. “É bem provável que ali se encontre algum manancial importante para estas luzes, ou que haja alguma fonte desconhecida de energia naquela região. Alguns locais sobre a Terra são especialmente interessantes e apesar de nossa tecnologia, suas potencialidades não podem ser ainda conhecidas por inteiro. Encontram-se preservadas para o futuro. Apesar do egocentrismo vaidoso que envolve a raça humana em relação à sua técnica e seu conhecimento, ainda existem muitas coisas a serem conhecidas”, afirmou.

 

* Pepe Chaves é editor do jornal digital Via Fanzine e do portal UFOVIA.

 

- Nota do autor: esta matéria foi composta por fragmentos de diversos artigos que escrevi enquanto realizei minha pesquisa que durou cerca de 10 anos. Nela, abordei a incidência de objetos voadores não identificados de pequenos portes, os quais denomino "periféricos", na região Centro-oeste de Minas Gerais. No presente trabalho, foram inseridos novos comentários e informações, trechos inéditos e complementares, além da atualização e correção do material apresentado.

  

- Imagens:

- Google Earth - Fotos de satélite da Mata da Onça.

- J.A. Fonseca - Foto do muro Mata da Onça.

- Gláucio Bustamante - Aquarela da Mata da Onça.

- Pepe Chaves: Foto Fajardo.

 

- Bibliografia:

   Contribuição para a História do Município - Livro de João Dornas Filho (Itaúna, 1936).

   Prefeitura Municipal de Itaúna - Portal oficial da Prefeitura de Itaúna: www.itauna.mg.gov.br

   Excursão do autor na floresta Mata da Onça - Com J. A. Fonseca e Adriano Fonseca.

   Vigílias no topo da Serra Mata da Onça - Com participação de Ronaldo, Alexander e Délio, integrantes do GEÚNA.

   Relatos e entrevistas com testemunhas da 'Mãe do Ouro' - Por Pepe Chaves, em locais diversos.

- Consultas e trechos extraídos de: Jornal Via Fanzine (versão impressa, Arquivo 1994/2004), portal UFOVIA, "Os UFOs e seus Periféricos" (Pepe Chaves, Pepe Arte Viva Ltda.)

 

- Agradecimentos: A todos os entrevistados, Prefeitura Municipal de Itaúna, direção da Granja Escola São José, membros do Grupo de Estudos Ufológicos de Itaúna (GEÚNA), artista plástico Gláucio Bustamante, Prof. J. A. Fonseca e historiador João Dornas Filho (in memorian) e demais colaboradores de sempre.

 

Links relacionados e sugeridos pelo autor:

Os UFOs e seus Periféricos em Minas Gerais (reportagem):

http://www.viafanzine.jor.br/site_vf/ufovia/pesquisa_campo.htm

 

A Mãe do Ouro em Minas Gerais (artigo):

http://www.viafanzine.jor.br/site_vf/ufovia/sondas_t1.htm

 

Ocorrências em locais diversos envolvendo a Mãe do Ouro:

http://www.viafanzine.jor.br/site_vf/ufovia/sondas_t2.htm

 

'Os UFOs e seus Periféricos', introdução do livro de Pepe Chaves:

http://www.viafanzine.jor.br/perifericos

 

Mais sobre os Muros Antigos da Mata da Onça e outros semelhantes:

(artigos de J.A. Fonseca e Pepe Chaves):

http://www.viafanzine.jor.br/fonseca_mat.htm

 

- Produção: Pepe Chaves.

   © Copyright, 2004-2015, Pepe Arte Viva Ltda.

 

 

 

MAIS INFORMAÇÕES EM BREVE NESTE PORTAL.

* Este evento inclui expedição arqueológica aos antigos

muros de pedras perdidos na floresta da Mata da Onça.

 

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