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papo astronômico
Todos os textos:
por Márcio R. Mendes*
De Dois Córregos/SP
Para Via Fanzine
- Produção: Pepe Chaves.
© Copyright 2004-2006, Pepe Arte Viva Ltda.
* Márcio Mendes é físico, professor em Dois Córregos/SP,
astrônomo amador membro da REA (Rede Astronômica Observacional)
e consultor de Astronomia para os portais Via Fanzine e UFOVIA.
Outros artigos do autor em:
ARQUIVO DE MATÉRIAS - MÁRCIO MENDES - 2007
O surpreendente 17P Holmes Cometa saltou da magnitude 17 para 3 em poucas horas.
Foto de Mario Motta M.D.; obtida em 30/10 mostra o curioso cometa 17P Holmes.
O surpreendente cometa 17P Holmes que deveria passar praticamente despercebido ou acessível apenas aos telescópios, sofreu um processo explosivo em seu núcleo e aumentou significativamente seu brilho. Sua "curva de luz" é algo totalmente atípico, tendo um descomunal salto na linha que o define. Cálculos apontam que da magnitude 17, saltou para magnitude 3 em poucas horas, o que fez aumentar seu brilho em mais de 600.000 vezes em poucas horas.
Seu aspecto ao telescópio não lembra muito os cometas tradicionais, mas apresenta uma coma brilhante, com a forma de bola de futebol americano e para quem pode se utilizar de pequenos telescópios, é possível reparar algum "jato" de material que está sendo ejetado do núcleo e disposto de forma não linear, provavelmente, devido aos movimentos extras do núcleo, originados pela "explosão" que causou o aumento de seu brilho.
A aparente falta da cauda tem uma explicação: o cometa encontra-se alinhado com o Sol e nosso planeta, de forma que o vemos "de frente", com a cauda estendendo-se ao longo de nossa linha de visada, por trás do cometa.
É possível que venhamos a ver parte de sua cauda, dependendo da intensidade e mudanças da atividade solar, que poderá eventualmente desviar parte dessa cauda de trás da coma, criando uma perspectiva que a torne parcialmente visível da Terra.
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Aprofundando o olhar no Universo Maior telescópio do mundo está sendo construído nas Ilhas Canárias.
Gigantesca redoma do novo telescópio em La Palma.
Uma notícia interessante para entusiastas da Astronomia vem de La Palma, nas Ilhas Canárias, onde no último dia 14/07 foi inaugurado o que pode ser considerado o maior telescópio óptico da face da Terra (O Grande Telescópio das Canárias). O instrumento conta com um espelho refletor de 10,4 metros (multifacetado) projetado pelo Instituto de Astrofísica das Canárias e da Universidade da Flórida.
A construção de espelhos para telescópios, pela sua dificuldade e complexidade, é uma estória à parte. O Observatório de Monte Palomar que por muitos anos se gabou de ser o maior do mundo (com seus cinco metros de diâmetro), sofreu enormes reveses em sua construção, até que a Whestinghouse superou as dificuldades. Bem mais recentemente, o telescópio de Monte Palomar perdeu o título para um telescópio russo de seis metros de diâmetro - construído numa época em que novas tecnologias puderam resolver os problemas de forma muito mais fácil do que quando o telescópio de Monte Palomar estava em projeto. Agora, definitivamente, este das Ilhas das Canárias, arrebata o título de maior do mundo com seus 10,4 metros.
PRIMEIRA LUZ - A inauguração de um telescópio é conhecido como "Primeira Luz" e neste caso foi escolhida a colimação da estrela Polaris, tão característica dos céus boreais quanto a constelação do Cruzeiro do Sul nos céus austrais. Contudo, segundo informam algumas fontes, a operacionalidade deste monstruoso telescópio se inicia somente daqui um ano, quando todos os ajustes necessários estarão sendo concluídos.
Apesar de QUE, telescópios em comprimentos de onda da luz visível, imersos em nossa atmosfera (que não deixa de atuar como um filtro) tenham sérias limitações se comparados com "observatórios" que trabalham em outros comprimentos de onda OU estão em órbita terrestre, é de se esperar que, com estas dimensões, as novas imagens possam contribuir muito para enxergarmos "mais fundo" no Universo (ou com maiores detalhes) alguns dos astros já conhecidos.
Uma curiosidade que foi noticiada é que, além da trupe de astrônomos, cientistas e projetistas de renome na atualidade, há figuras ilustres do mundo pop, como o conhecido guitarrista da banda Queen, Brian May, era um dos convidados na cerimônia de inauguração do novo Observatório. May, além de ídolo no mundo da música moderna, tem envolvimento com Astrofísica e possui título de doutor nesta matéria.
Foto: GTC.
- Para ler mais sobre este e outros grandes telescópios, acesse: http://www.astropt.com/ccviva/astronomia/newsletter/n_334/n_334.htm
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Conjunção e alinhamento de planetas Júpiter, Saturno e Vênus visíveis nas noites de julho/2007.
Vênus pode ser visto em elevada magnitude a Noroeste (próximo ao pôr do sol), tendo ao fundo Saturno.
Neste início do mês de julho, teremos na direção noroeste, ao entardecer, dois planetas muito próximos segundo nossa perspectiva de observação. Esta proximidade é apenas aparente, uma vez que seja o resultado de estarem na mesma linha de visada.
Ambos os planetas podem ser vistos na constelação do Leão, sendo que o astro mais brilhante é o planeta Vênus, com magnitude estimada em aproximadamente – 4,6 e Saturno, menos brilhante, em +0,6. Nesta escala de brilho o sinal negativo é justamente para os mais brilhantes e os valores crescentes positivos são atribuídos aos astros de menor brilho. Assim, como referência, temos o Sol, com magnitude estimada em – 26 e nossa acuidade visual consegue perceber estrelas até a 6ª magnitude, exatamente aquelas que nos deixam dúvidas se vemos ou não quando “forçamos” a vista. Estrelas com magnitude 7 e 8 já são alvos para binóculos e acima disso, telescópios.
Vênus e Saturno em foto feita em 02/07/2007.
Esta aproximação aparente dos planetas não é um fenômeno raro e vez ou outra nossa Lua se junta para aumentar o espetáculo. É o caso dessa atual conjunção, pois no próximo dia 16 de Julho, próximo ao poente, teremos o fino crescente da Lua a 1º de Saturno que por sua vez estará a pouco mais de 7º de Vênus.
As distâncias aparentes entre esses planetas, vistos no céu atualmente, são comumente medidos em “graus”. Para fins de comparação, podemos ter uma noção tomando o diâmetro da Lua Cheia como “régua imaginária”, sabendo que o diâmetro da Lua é de aproximadamente 0,5º.
A aparente aproximação desses planetas com a Lua irão compor um belo cenário para os amantes da fotografia.
Saturno em recente foto telescópica.
Além dessas aproximações aparentes, alguns alinhamentos também podem ocorrer, porém a freqüência desses eventos torna-se mais rara à medida que aumentamos o número de planetas envolvidos. Tais alinhamentos podem ocorrer ao longo ou próximo de uma linha radial a partir do Sol e neste caso, estando nosso planeta incluído neste alinhamento, veríamos os planetas se “amontoando” em uma pequena área do céu (como ocorre agora com Vênus, Terra e Saturno); ou de forma menos perceptível, formando uma linha não radial. Neste último caso, se nosso planeta não estiver participando com outros dois ou três planetas que se alinham, nós os veríamos dispersos no céu a despeito de seu alinhamento.
No caso de alinhamentos radiais, com a participação do nosso planeta, já houve quem se preocupasse com os “puxões gravitacionais” do Sol de um lado e do conjunto de planetas (dos massivos Júpiter e Saturno, por exemplo) do outro lado, atuando sobre nosso mundo; contudo, essas contribuições planetárias para puxões gravitacionais ocorrem em intensidades desprezíveis para qualquer efeito notável na Terra.
Acima, Vênus em fase crescente, abaixo Júpiter.
Neste mês de Julho, estamos sendo agraciados com a presença de três planetas no início da noite: Vênus e Saturno a noroeste e Júpiter a Leste. Para quem dispõe de um pequeno telescópio, poderá ver Vênus como um “crescente”. Vênus apresenta fases como nossa Lua e isso se dar por ter uma órbita mais próxima do Sol do que a Terra. Saturno, deslizando às distâncias geladas do Sistema Solar, exibe seus anéis inclinados e Júpiter, pode ser apreciado com pelo menos quatro de seus inúmeros satélites, que freqüentemente podem ser observados sendo eclipsados pelo gigantesco planeta ou tendo sua sombra atravessando o disco do planeta.
Equipamento utilizado para fazer as fotografias: telescópio refletor Newtoniano de 250mm com câmera CCD planetária Meade.
- Fotos: Márcio Rodrigues Mendes.
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2009: Ano Internacional da Astronomia Homenagem é alusiva aos 400 anos das observações de Galileu.
Depois de 400 anos, o homem pôde ver de perto os anéis de Saturno. FOTO: NASA
Lembro-me que certa vez encontrei um artigo na velha revista "Mecânica Popular", comentando sobre o "Ano Geofísico Internacional", ocorrido em 1958. Não me lembro se depois desse ano houve algo semelhante repetindo-se. Para a humanidade, foi uma época de descobertas significativas e que representaram enorme avanço em muitas áreas do conhecimento, como, por exemplo, a descoberta do cinturão de radiação da Terra, o Cinturão de Van Allen.
Mas, nos focalizando no presente, é com enorme satisfação que comunico que, já está batizado como IYA 2009, o Ano Internacional da Astronomia, que será 2009. A escolha deste ano, em particular, deve-se ao aniversário de 400 anos, das primeiras observações Astronômicas de Galileu Galilei. E quanto já avançamos em 400 anos... A decisão em promover este evento é da IAU (União Astronômica Internacional), com apoio oficial da UNESCO para assuntos de Educação, Ciência e Cultura.
Assim, o IYA 2009, será um evento de âmbito global e de escala nunca vista. Algo muito similar ao "Ano Geofísico Internacional" (1958), que tanto repercutiu na época, sem os recursos de que dispomos agora: milhões de computadores e uma rede global de informações. Nas palavras dos próprios idealizadores da IAU, será "uma celebração global da Astronomia e das suas contribuições para a sociedade e a cultura ".
Estamos entrando agora na fase de planejamentos das atividades para 2009, sendo que a coordenação geral está a cargo da Dra. Catherine Cesarsky, presidente da IAU. Ela já designou para que cada País apresente um representante e, até o momento, 63 países já têm seus representantes escolhidos.
No caso do Brasil, o Prof. Augusto Damineli, do IAG, (National Node) coordenará todas as atividades de âmbito nacional e regional. O "National Node" brasileiro contará com quatro representantes que se reportarão ao Prof. A. Damineli; a saber: Prof. Dr. Lício da Silva (do ON e presidente da SAB-Sociedade Astronômica Brasileira); um outro membro da SAB, ligado ao ensino de Astronomia que ainda a será designado; Prof. Alexandre Cherman (da Fundação Planetário do Rio de Janeiro) e Tasso Napoleão (da REA-Rede Astronômica Observacional), representando os astrônomos amadores.
Através da coordenação do Tasso Napoleão, diversos membros da REA estarão planejamento trabalhos e atividades alusivas à comemoração do Ano Internacional da Astronomia, em 2009. Será formada uma comissão, designada “Comitê Nacional para Astronomia Amadora” (CNAA) e que estará aberta à participação de todos os clubes, associações, grupos, pesquisadores e entusiastas, para a elaboração de projetos, repasses de idéias e, enfim, programar as atividades comemorativas para todo o ano de 2009.
O primeiro passo essencial, será o cadastramento dos colaboradores junto ao CNAA que se iniciará neste mês de abril de 2007 e deverá se estender até outubro deste ano. Este cadastramento poderá ser feito em endereço que oportunamente será disponibilizado nesta página, no entanto para se ter uma idéia do que será o evento, o endereço do site mundial do IYA 2009, já pode ser consultado: http://www.astronomy2009.org/.
Haverá também, a nível nacional, um endereço oportunamente disponibilizado, para um "plantão de atendimento", que será operado pelo CASP (São Paulo). A idéia é trabalharmos todos para a realização deste importante evento de nível mundial e aberto a todos os interessados.
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Março: dois asteróides passam rente à Terra
Concepção artística de um asteróide se aproximando da Terra.
É bem verdade que cada um de nós já tem suas preocupações do cotidiano e ninguém precisa aumentar a dose de preocupações! Talvez, estar alheio ou até mesmo a ignorância total de certos fatos, com certeza, nos garante o sono tranqüilo.
E foi o que aconteceu na última semana! Creio ter passado despercebido da grande maioria, mas, vivemos novamente um "raspão" de dois asteróides que passaram pela região da órbita terrestre.
Em 11 de março de 2007, o asteróide designado 2007 EH - uma pedra com dez metros de extensão - passou a 192.000 km da Terra. Essa distância corresponde a pouco mais da metade da distância Terra-Lua e apesar do diminuto tamanho da pedra (10m), esta tinha energia cinética (velocidade) suficiente para causar um enorme estrago na superfície da Terra.
É preciso estar consciente de que não é apenas o tamanho do bólido que interessa neste caso, e sim sua energia cinética (velocidade). Pela nomenclatura do asteróide (2007 EH), trata-se de corpo recém descoberto (ou descoberto este ano).
Em 13 de março, dois dias após a passagem do 2007 EH, foi a vez do 2007 EK, que passou um pouco só mais distante, mas mesmo assim adentrou-se a órbita da Lua, se movendo a 268.000 km da Terra. A Lua está situada a 380.000 km, portanto, este outro corpo passou a mera 0,7 vezes a distância da Lua. Neste caso, foi um corpo um pouco menor, com dimensões avaliadas em aproximadamente cinco metros.
Ambos foram classificados como "objetos potencialmente perigosos" e há sim, possibilidades de retorno dos mesmos em outras órbitas terrestres.
Creio que é só uma questão de tempo para que um desses bólidos acerte o alvo (Terra); aliás, pelos antecedentes já vividos em outras eras, o próximo a nos acertar em cheio, já está atrasado. Se estes dois ou um deles tivessem este destino, bem pouco ou nada poderíamos ter feito e o estrago seria razoável em qualquer local da superfície fosse atingido.
- Foto: www.escalofrio.com
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Eclipse lunar em 03 de março de 2007
Foto do autor, mostra eclipse lunar em setembro de 1996.
No dia 03 de março próximo acontece um eclipse total da Lua, como não se vê a dois ou três anos. Ocorrerá em um sábado, no inicio da noite e poderá ser visto em todo território nacional.
Numa prévia de como será o fenômeno, para quem puder observar, a Lua surgirá cheia nessa data. À medida que ganhará altura no céu, começará a entrar no cone de sombra da Terra, passando pela "penumbra" (pouco perceptível) e quando já estiver bem alta penetra na "umbra" e, gradativamente, a sombra da esfericidade da Terra será projetada em sua superfície.
Notem que à medida que a Lua adentra-se à sombra da Terra, vai ganhando uma coloração avermelhada. A intensidade desse "avermelhamento" é variável de um eclipse para outro e depende do grau de impureza da atmosfera terrestre (poluição, atividades vulcânicas etc). A Lua não desaparecerá de todo, durante a totalidade, devido também á "luz cinéria" da Terra; mas ganhará um aspecto, talvez um tanto "fantasmagórico", mas belo!
Procurem notar a quantidade reduzida de estrelas perceptíveis logo que a Lua se mostrar cheia, no início da noite. Serão poucas estrelas, na verdade, só as mais brilhantes se destacam num céu "enluarado". No auge do eclipse, sem a interferência do luar, o céu estará coalhado de estrelas e mesmo aquelas que ficam no limite de nossa visão poderão ser vistas, sem problemas. O cenário criado será belíssimo: um céu escuro, cheio de estrelas, com uma Lua avermelhada coroando o céu!
Aprontem suas máquinas. Uma seqüência de imagens mostrando cada fase que a Lua vai desaparecendo, poderá compor uma bela coleção fotográfica do evento.
Complementando a informação, tal fenômeno não é tão raro assim, ocorrendo quase que todo ano. O interesse científico ficou um tanto limitado aos que estão a cronometrar a passagem da sombra da Terra pelos detalhes da superfície lunar e assim, comprovando e refinando cálculos do movimento conjugado da dupla Terra – Lua, em relação ao Sol.
Na verdade, os eclipses solares (que não é o caso) guardam maiores interesses científicos devido ao "acesso" às regiões mais externas da atmosfera solar.
Horário do eclipse lunar de 03/03/2007, com base na latitude da cidade de São Paulo: - Início do eclipse umbral: 18h30 (tempo local). - Meio do eclipse: 20h21 - Fim do eclipse umbral: 22h12 - Duração total: 75 minutos.
Para quem quiser se aprofundar e acompanhar com maiores detalhes esse evento, recomendo o link: http://www.geocities.com/lunissolar2003/Mar2007/PO_2007Mar03.htm
- Foto: Márcio Rodrigues Mendes (eclipse lunar, set/1996).
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Cometa McNaught: surpresa no céu Provenientes das profundezas, muito além dos domínios do ex-planeta Plutão e puxados pela caprichosa combinação de forças gravitacionais dos planetas, esses corpos adentram-se ao Sistema Solar.
O McNaught em aparição espetacular ao entardecer riograndense.
Os cometas - Estes “vagabundos do espaço”, chamados cometas, são compostos de rochas e gelo e, segundo alguns estudiosos, podem ser responsáveis por muitas mudanças na evolução do nosso mundo. Até mesmo pelo aparecimento da vida. Na antiguidade, eram mais temidos que admirados, vistos como precursores do mau agouro.
Sua característica mais marcante, a cauda, apresenta-se numa grande variedade: única, múltipla, retilínea e curva tendo até alguns com anti-cauda, isto é, uma pequena cauda que se opõe à cauda principal diametralmente. O cometa de Cheseaux, por exemplo, apresentou-se com seis caudas.
De toda família, sem dúvida, o mais popular foi o de Halley que fez seu retorno em 1986, mas tendo passado a uma distância muito maior que a de 1910, quando tornou-se ícone, porém chegou a ser considerado um "fiasco" pela Imprensa quando de sua última visita. Contudo, um espetáculo menor, já era esperado, em função de sua menor aproximação.
Esta é outra característica dos cometas: muito de sua dinâmica pode ser precisamente conhecida, uma vez que tenha sido identificado como tal, porém seu comportamento tem sido um desafio para a Astronomia. Há cometas, dos quais se espera um belo espetáculo e causa decepção - como exemplo, o Kohutek, na década de 70 - enquanto outros são descobertos de forma bastante anônima e acabam sendo destaque, ganhando a atenção de toda comunidade astronômica, do público e imprensa.
McNaught - Atualmente estamos sendo visitados por um desses bólidos do espaço profundo, descoberto em 07 de agosto de 2006, por R. McNaught, quando apresentava-se com magnitude 17, um brilho só acessível aos grandes telescópios ou equipamento de alta sensibilidade.
Visível inicialmente no hemisfério Norte, como astro vespertino, logo ganhou a atenção, pois as expectativas eram de que ganharia muito brilho. Em geral, são astros difusos, de baixa luminosidade e a grande maioria não passa de astros que necessitam ao menos o uso de um binóculos para sua observação.
O McNaught não tem se enquadrado nesta regra geral, pois o australiano Tery Lovejoy realizou a proeza de fotografá-lo em plena luz do dia em 7 de Janeiro de 2007. Sua foto pode ser vista em http://www.pbase.com/image/72716955. O astrônomo brasileiro, Sandro Ebone, integrante da REA, no Rio Grande do Sul, repetiu a proeza, fotografando-o também em plena luz do dia, cujas imagens podem ser vistas na página "Cometas" de seu site http://sandro.ebone.com.br/cometas.htm. Também no Rio Grande do Sul, município de Venâncio Aires, nosso colega Carlos César Rodrigues conseguiu fotografar o McNaught.
O cometa McNaught poderá ser visto no Brasil a partir de 18 de janeiro, logo depois do por do Sol. Acima do poente, atualmente encontra-se o planeta Vênus, que é uma ótima referência para localização do cometa, bem como para comparação de brilho, pois nos 13 e 14 de Janeiro foi reportado um brilho excepcional para astros como este, chegando à magnitude -4. Para comparação, esta é também a medida do brilho de Vênus avistado da Terra. Nessa mesma escala, nosso Sol teria a marca de magnitude -26.
A cada dia o cometa ficará mais alto no céu, mas estará afastando-se; no entanto, estima-se que em fevereiro ainda será um astro relativamente fácil de se observar, no sudoeste.
Registros - Para quem desejar fotografá-lo – pude fazê-lo e foi uma experiência bastante gratificante -, deve usar filme ISO 400, fazendo uma exposição de alguns segundos. Dez segundos é o suficiente, assegurando que o equipamento esteja adequadamente apontado e fixo, já será o suficiente. Contudo, atualmente, as máquinas digitais estão a cada dia substituindo as convencionais analógicas e podem ser usadas também, desde que tenham recurso (controle de velocidade) de exposição.
Comprovando que tais astros mantém sua fama de imprevisíveis, uma foto recente, tomada na Austrália, sugere que o McNaught apresenta uma ruptura em seu núcleo, podendo nos próximos dias separar-se em dois fragmentos ou mais cometas distintos. Tal evidência pode ser verificada na imagem: http://www.ast.cam.ac.uk/~jds/2006p1_20070116_thomas.jpg
- Para mais informações sobre cometas ou especificamente o McNaught, recomendamos os seguintes sites: REA (Rede Astronômica Observacional – Brasil): http://reabrasil.org/cometa/06p1.htm
Site do astrônomo Sandro Ebone:
- Fotografias: Sandro Ebone (RS).
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Atividade solar gera labareda gigante Astrônomo brasileiro fotografa e monta imagem comparativa da Terra diante à imensa protuberância recentemente gerada na coroa solar.
Aproximamo-nos dos dias em que o eixo polar do nosso planeta faz com que os raios solares incidam mais efetivamente na atmosfera em nossas latitudes: a chegada do verão no nosso hemisfério.
Na manhã de 29/12/2006, o astrônomo Rogério Marcon (verdadeiro "mago" na construção e adaptação de instrumental astronômico), integrando a equipe REA, obteve fotografia de uma gigantesca protuberância solar. Ele teve o capricho de demonstrar em escala, para efeitos de comparação, as dimensões do nosso planeta, colocando-o ao lado de tal estrutura gerada pelo Sol e, certamente, associada às manchas e/ou grupo de manchas solares.
Marcon explicou que a foto foi obtida em H-Alpha, usando um filtro CORONADO 40, tudo adaptado em um sistema óptico montado por ele mesmo. O "segredo" é combinar a imagem em alta resolução obtida de uma luneta, repassando-a para um pequeno telescópio refrator (60mm f/15), onde está acoplada uma webcam.
A técnica consiste em filmar durante uns 3 minutos, produzindo um total aproximado de 3000 frames, dos quais serão utilizados apenas 10% para compor a imagem final que ainda é tratada com o Photoshop.
A Terra em escala (foto acima) foi obtida na web e teve seu tamanho ajustado adequadamente, para ter suas dimensões comparadas com a protuberância solar em questão. Nas palavras de Rogério Marcon são explicados os cálculos comparativos usados na fotomontagem: "Medi o tempo que leva um objeto para cruzar o campo todo do quadro filmado (800 pixels na diagonal) da janela aberta pelo software da webcam, obviamente, com o motor de acompanhamento do telescópio desligado. Obtido este tempo (no meu caso foi da ordem de uns 20 segundos para o limbo do Sol) faz-se uma conta para ver quanto vale um pixel em segundos de arco. 360 graus levam 24 horas para passar; nos 20 segundos passam "x" segundos de arco. É só fazer uma regra de três. Obtém-se então quanto vale um pixel em graus. A Terra vista do Sol tem 18 segundos de arco, então é só ver quantos pixels ela teria. No meu caso foi da ordem de 52 pixels" – concluiu.
* Rogério Marcon integra a equipe REA (Rede Astronômica Observacional), trabalha na Unicamp (Campinas-SP) e seus trabalhos são publicados em diversos veículos de comunicação da Astronomia, entre eles, os conceituados, Astronomy, Astronomy Brasil, Space Wheather da NASA.
- Foto & fotomontagem: Rogério Marcon.
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Cassini: flyby sobre Titã Em mais uma incursão, Cassini trará novas imagens da superfície de Titã.
Imagem da Cassini mostra lagos de metano e etano líquidos na superfície da lua de Saturno, Titã, que é maior que o planeta Mercúrio.
No próximo dia 12/12, a sonda Cassini, lá nas paragens de Saturno estará realizando mais um "flyby" na lua Titã (maior que Mercúrio). No último flyby, em 09/10, foram fotografadas manchas escuras de onde partem linhas que sugerem algo fluindo.
Trata-se de lagos mesmo! Os contornos dos lagos são bastante complexos e uma análise desse material revela concentrações com mais de uma centena de quilômetros de metano e etano líquidos.
No próximo flyby a sonda se servirá de câmeras ultravioleta para investigar aerosóis e outros hidrocarbonetos na atmosfera "alaranjada" de Titã. A sonda estará sobrevoando essa lua a uma altitude de 621 milhas, com velocidade de 5,9 km/seg.
Concentração planetária - No domingo 10/10 ocorre a "concentração máxima" entre Mercúrio/Marte/Júpiter. Os astros podem ser observados a olho nu, o observador deve olhar para o nascente (Leste) e estarão bastante “próximos”no céu, a partir da visão que temos da Terra.
Os dois planetas mais evidente (Mercúrio e Júpiter) são ‘estrelas’ inconfundíveis naquela direção e bem baixas no horizonte. Se o tempo permitir, estaremos fazendo fotos dessa conjunção para trazer aos nossos leitores.
Tsunami solar - No último dia 06/12 foi detectado uma explosão na superfície do Sol que se alastrou como um "tsunami". O efeito foi muito interessante e pode ser visto num arquivo do tipo "gif" no link abaixo: http://www.spaceweather.com/swpod2006/08dec06/ospan.gif.
- Foto: NASA/JPL.
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Nas cercanias de Saturno Reveladas fotos sensacionais da superfície de Titã.
Cassini encontra-se em órbita de Saturno.
A edição de dezembro/2006 da National Geographic (Brasil), traz como matéria de capa as recentes descobertas pela sonda Cassini em Titã, lua de Saturno. A matéria traz fotos belíssimas dos anéis deste planeta, além de rara imagem da superfície de Titã e um atordoante close-up de Encelado, uma outra lua.
Novo sistema solar - Esta é uma das primeiras publicações onde vejo a "correção" feita nos componentes do Sistema Solar, através de um encarte em que Plutão não figura mais como planeta. Em contrapartida, o até então asteróide "Ceres", passa a ser visto como um "novo planeta", situado entre Marte e Júpiter, assim como Éris e Sedna, corpos além de Plutão.
Em suma, no "balanço geral" do Novo Sistema Solar, perdemos um planeta e ganhamos mais três - até o momento!
Supernovas
Outra publicação do gênero, também de dezembro de 2006, a revista Astronomy (Brasil), traz à página 64, artigo assinado pelo astrônomo Tasso Napoleão, intitulado "Agulhas no palheiro cósmico", acerca do programa e equipe BRASS (Brazilian SuperNovae Search), que até o momento conta com uma dúzia de descobertas de supernovas, sendo todas reconhecidas pela IAU (União Astronômica Internacional), inclusive, várias delas são de interesse de distintas comunidades profissionais.
Astrofotografia
Mais adiante, na mesma edição de Astronomy (pág.74), temos mais uma "aula" de astrofotografia digital, por Marco Antonio De Bellis, médico anestesiologista, integrante da equipe REA, e expert em Astrofotografia. De Bellis tem reconhecimento internacional e utiliza-se de técnicas refinadíssimas e de um rigor técnico a toda prova.
- Foto: NASA - reconstituição artística.
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* Márcio Mendes é físico, professor em Dois Córregos/SP,
astrônomo amador membro da REA (Rede Astronômica Observacional)
e consultor de Astronomia para os portais Via Fanzine e UFOVIA.
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