Ligações perigosas:
PF liga quebra de sigilo à pré-campanha de
Dilma*
Reportagem da Folha traz mais informações
sobre quebra de sigilos.
Investigação da Polícia Federal fez conexão entre a quebra
do sigilo fiscal de pessoas ligadas ao candidato José Serra (PSDB) e o
dossiê preparado pelo chamado "grupo de inteligência" da pré-campanha de
Dilma Rousseff (PT), informa reportagem de Leonardo Souza, publicada
nesta quarta-feira pela Folha.
A PF já descobriu quem encomendou as informações: o
jornalista Amaury Ribeiro Jr., ligado ao "grupo de inteligência".
Também identificou o homem que intermediou a compra dos
dados obtidos ilegalmente em agências da Receita no Estado de São Paulo.
Trata-se do despachante Dirceu Rodrigues Garcia.
O elo foi estabelecido a partir do levantamento de ligações
entre o despachante e o jornalista revelado pelo cruzamento de extratos
telefônicos obtidos pela PF com autorização judicial.
O uso de informações confidenciais de tucanos no dossiê
petista foi revelado pela Folha em junho.
No inquérito aberto para investigar a violação do sigilo
fiscal de parentes e pessoas próximas ao candidato José Serra (PSDB), a
Polícia Federal já ouviu até agora 37 pessoas em mais de 50 depoimentos
--alguns foram inquiridos mais de uma vez.
Ribeiro Jr. não foi indiciado até o momento.
A Folha publicou reportagem completa na quarta-feira
(20/10).
* Informações da Folha de S.Paulo.
* * *
Famosos na política:
Como uma onda na urna
Famosos se lançam candidatos às eleições
de 2010 e buscam vagas em câmaras e Senado.
Por Pepe Chaves*
De Contagem-MG
Para
Via Fanzine
Abriram os portões
das Eleições 2010: eles já estão à solta...
Ex-jogadores
de futebol, humoristas, músicos e até frutas do pomar, como a Mulher
Melão.
Do esporte para a política
Primeiramente, eles fizeram a alegria de milhões de
pessoas, sob as mais variadas cores e oportunidades. Com seus passes
mágicos, seus gols fatais, levantaram as galeras, conquistando títulos
históricos e erguendo troféus. Muitos deles, também vestiram a camisa da
Seleção Brasileira. Agora, afastados dos gramados, deixaram as
vestimentas esportivas e entram em trajes sociais, criando um perfil de
executivo para se lançar candidato às eleições.
Muitos são os ex-jogadores de futebol, que buscam se eleger
nas eleições de outubro no Brasil. Para aqueles que já penduraram as
chuteiras, resta usufruir da simpatia conquistada, após encerrada a
carreira. Resta agora, um outro jogo, onde voto se torna a bola e a urna
o arco do gol. Enquadrados em novas regras, muitos conseguem se eleger e
formar carreiras sólidas no campo político, como o ex-goleiro do
Atlético Mineiro, deputado estadual João Leite (PSDB), que esteve por
diversos mandatos na Assembleia Legislativa mineira, bem como, o também
deputado estadual pelo PDT,
Zezé Perrella,
presidente do Cruzeiro.
Ainda em Minas Gerais, um outro ex-jogador busca esse ano
ser eleito pela imensa massa que tanto alegrou com seu talento e seus
gols. É o ex-atacante Marques, que faz poucos meses, encerrou sua
carreira de goleador no Atlético Mineiro. Autor de um dos gols na final,
ele foi mais uma vez o herói da vitória de 3 a 1 sobre a equipe do
Ipatinga, que valeu a conquista do Campeonato Mineiro de 2010. Porém,
seu contrato não foi renovado com o clube e Marques optou por encerrar
sua carreira, anunciando simultaneamente sua candidatura a deputado
estadual pelo PTB.
Noutros estados, ex-jogadores desejam agora trocar o meião
e a chuteira pelo terno e a gravata. Ainda munidos de carisma popular,
muitos apresentam seus nomes, agora não mais somente para as torcidas
dos clubes que defenderam, mas também às dos antigos adversários. Ao
contrário do futebol, na política, toda torcida é válida.
No estado de São Paulo, Marcelinho Carioca, que atuou em
diversos clubes brasileiros e na seleção, concorre a deputado federal
pelo PSB, igualmente ao ex-corintiano Vampeta, que busca a mesma vaga
pelo PTB. No Rio, o "ex-todos clubes cariocas" e selecionado canarinho,
Romário, busca uma vaga na Câmara Federal pelo PSB. No Rio Grande do
Sul, Fabiano, ex-atacante do Inter, é candidato a deputado estadual pelo
PMDB. Mas política não é feita só de goleadores, o ex-goleiro gremista
Danrlei, o “goleiro de Deus”, concorre a uma vaga para deputado federal
pelo PTB.
Mas quem pensa que a turma da “porrada” ia ficar de fora
dessas eleições, se engana. Os ringues também marcam presença nesse
pleito de 2010. Da Bahia, o premiado boxeador Acelino Popó Freitas
concorre a deputado estadual pelo PRB. E de São Paulo o “peso-pesado”
Adilson Maguila, ressurge com força total, porém, como candidato a
deputado federal pelo PTN.
O que seria da política sem música?
A simples fama sempre elegeu muitos candidatos por todo o
país, ainda que alguns deles sequer esboçassem a menor vocação para a
vida pública. Outros, no entanto, chegaram a ter - incisivas ou
polêmicas – marcantes participações em determinados ensejos políticos de
seus estados ou do país. Muitos desses nomes, realmente, se elegeram à
Câmara Federal por causa exclusiva de sua fama e, não pela exposição de
projeto, proposta ou ideologia de cunho político. Como por exemplo, o já
falecido estilista Clodovil Hernandez, eleito deputado federal com uma
larga margem de votos. Idem, os cantores, Agnaldo Timóteo e Frank
Aguiar, que ocuparam cadeiras na Câmara Federal. Na contramão dos
famosos eleitos, noutros carnavais eleitorais, popularidade não
significou carisma e, muitos tentaram, em vão, se lançar na política
somente com o peso de seu autógrafo.
Para as atuais eleições, a turma da música deixa uma grande
contribuição, pelo menos, no tocante ao farto leque opcional de músicos
conhecidos nos diversos estados brasileiros. E olhe que tem para todos
os gostos e estilos. Mas é claro, o bem articulado partido sertanejo
deve ter uma boa dianteira sobre os demais estilos, haja vista sua ampla
popularidade.
Como não poderia deixar de ser, a música sertaneja é
defendida por gente de peso nas eleições de 2010. De Goiás, o estado que
mais colaborou para a difusão desse estilo musical por todo o país,
Renner, (integrante da dupla Rick & Renner), concorre ao Senado pelo PP.
Em se tratando de sertanejo, Minas não poderia ficar de fora e o nome
que representa o estado no cenário político-musical de peso é o do
cantor e ator, Sérgio Reis, concorrente à vaga de deputado federal pelo
PR.
Mas quem disse que política musical é feita somente de
sertanejo? Outros estilos quentíssimos também estão no páreo desse ano,
como o funk bate-estaca da funkeira Tati Quebra-Barraco, candidata a
deputada federal pelo PTC carioca.
De São Paulo, a música jovem romântica lança os irmãos do
grupo KLB, Leandro e Kiko (ambos pelo DEM-SP), que concorrem a deputado
estadual e deputado federal, respectivamente. Como o pagode não poderia
ficar de fora dessa festa, Netinho, apresentador de tevê e vocalista do
grupo Negritude (que já teve sucesso na política), concorre a senador
pelo PCdoB.
Evidentemente, a música brega não poderia deixar de marcar sua presença
na vida brasileira num momento sublime como o das eleições.
Representando esse estilo, o Nordeste apresenta seu grande nome: o
cantor Reginaldo Rossi, concorrente à vaga de deputado estadual pelo PDT
em Pernambuco. E do outro extremo do mapa, lá na fronteira dos Pampas,
eis o representante da música regionalista brasileira: o Gaúcho da
Fronteira, que concorre a deputado estadual pelo PTB gaúcho.
Fama e tevê
E na Televisão é onde tudo acontece. Santa Clara que nos
perdoe, mas este cada vez mais aperfeiçoado eletrodoméstico é o culpado
de tudo isso. Quem aparece naquela telinha, sabe que a fama é efêmera,
tal como uma onda, passageira, etérea e sutil. São muitos personagens.
Se surgem do nada, apenas com jargões, caras, bocas e bundas, também
podem desaparecer do nada, sem esboçar mais reações marketeiras. A
simples exposição televisiva cria personagens do cotidiano brasileiro,
das mais variadas estirpes. No entanto, em comum, todos são frutos da
fama criada unicamente pela exposição consecutiva nas telas de tevê,
independente de suas verdadeiras personalidades. Pois que ali na tela,
poucos são os que mostram verdadeiramente os seus egos.
E, curiosamente, muitas criaturas da fama televisiva quando
se lançam candidatos, lançam sim, seus personagens, jamais suas
verdadeiras personalidades, nubladas pela força da performance e do
papel a se cumprir diante às câmeras. Mas de que importa isso agora? O
que se almeja é à sorte nessas eleições.
Em São Paulo, o estilista Ronaldo Esper, personagem surgido
em quadro da emissora Rede TV, se lançou candidato a deputado federal
pelo PTC. Visando garantir boas risadas legislativas, o humorismo
paulista quer marcar forte presença nas urnas. O time é forte: Pedro
Manso (PRB) disputa vaga na Assembleia Legislativa; Batoré (PP) quer a
Câmara Federal; idem, para Tiririca (PR-SP).
Ainda na opção “humor político”, o estado do Paraná tem um
candidato de peso: nada menos que o trapalhão Dedé Santana, candidato a
deputado estadual pelo PSC.
Todo paraíso tem um pomar
Como a vida política costuma ser um paraíso, não poderia
faltar a todos eles, um belo pomar, regado de muitas frutas suculentas,
distribuídas aos membros da irmandade. Desse pomar, foram convocadas
frutas seletas para o paladar do eleitorado brasileiro. Entre elas, a
Mulher Melão (PHS-RJ), nome verdadeiro: Cristina Célia Antunes Batista,
concorre à vaga de deputada federal; e a Mulher Pêra (PTN-SP), nome
verdadeiro: Suellen Aline Mendes Silva, quer ser deputada federal.
O perfil de muitos desses candidatos
convergem num ponto comum: a má formação educacional. A maioria detém
somente o ensino médio, alguns apenas "lêem e escrevem", como
declararam. Nada, além da imagem e do nome é oferecido ao eleitor pela
maioria desses candidatos, que não se tornou famosa pelas vias da
política.
Outros nomes que um dia arrebataram fama e evidência
nacional, hoje nem tanto são lembrados. Alguns destes, também buscam à
possibilidade de conquistar um cargo eletivo para compensar a baixa da
popularidade. Convenhamos, seja para aposentados ou não, os rendimentos
financeiros proporcionados pela vida pública não costuma fazer mal a
ninguém. E nessas horas, a fama ajuda.
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Pepe Chaves é editor do diário digital
Via Fanzine.
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Fotos: Arquivo VF.
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Colaborou: Vitório Peret (RJ).
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Produção: Pepe Chaves
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