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 Aeronáutica - Projeto F-X2

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Projeto FX-2 - FAB:

Os finalistas e as pistas

A lista, ora apresentada como sendo a dos “finalistas” para a escolha do novo interceptor supersônico,

que dará à FAB um ar de modernidade, contém detalhes muito reveladores ou confirmadores.

 

Por Alberto F. do Carmo*

de Brasília-DF

Para Via Fanzine

 

Os três finalistas, escolhidos pelo Comando da FAB: Boeing, Rafale e Gripen.

 

Vê-se que mais uma vez prevaleceu o "pé atrás" quanto a material russo (ex-soviético), porque de modo geral, eles não são grande coisa em termos de serviços pós venda. Também não sei se eles "ocidentalizaram" as peças deles. Quando um cargueiro Antonov An-22 (turboélice, enorme) derrapou na pista e encalhou em Recife, o pessoal daqui passou apertado, pois até as roscas dos parafusos eram em sentido contrário. Por estas e outras - devemos ressaltar -, o alto comando da FAB já deixou claro que a transferência de tecnologia deverá ser o quesito que mais pesará na escolha - para que amanhã, a manutenção dessas aeronaves não venha trazer dor de cabeça.

 

Quanto aos russos, não sei se tomaram jeito, mas eles nunca conseguiram ser competitivos no mercado aeronáutico. Embora tenham produzido o famoso caça MiG-21 em um número impressionante (mais de 3.000), eles somente se popularizou entre os países do finado  Pacto de Varsóvia, aliados asiáticos, e nações semi-simpatizantes tipo China, Índia, Egito, países árabes, alguns africanos e Sri Lanka ou à ex-arqui-inimiga Finlândia. Quem já os viu de perto, achou-os muito mal acabados.

 

Dassault - Rafale

 

Dos três selecionados, vê-se que a coisa pode pender mais para o Rafale. Há um pequeno, mas expressivo número de ações da Embraer em mãos de franceses. A França, que raramente pressiona a quem fornece armamento (o embargo a Israel foi algo mais ou menos isolado), é generosa como credora. E o Rafale está precisando de encomendas que, a nível internacional, não lembra nem de longe o sucesso dos Mirages de quaisquer versões. Até para a própria Armée de L’Air, as vendas não foram muito numerosas.  

 

O Rafale, veio na onda do Saab Viggen sueco, que em 1967, achou o “ovo de Colombo” que coloca estabilizadores horizontais à frente (canard) da asa delta, no que foi copiado por Israel (Lavi), República Popular da China (Cheng Du J-10), além do seu próprio sucessor sueco, o Gripen.

 

Boeing - FA-18 Super Hornet

 

Já o Boeing (ex-Mc Donnell-Douglas) FA-18 Super Hornet é o desenho mais antigo. Ele foi desenvolvido pela Northrop como YF-17, que concorreu com o então General Dynamics F-16 (hoje fabricado pela Lockheed-Martin) para caça Mach 2 leve dos EUA e depois OTAN.  No entanto, a General Dynamics ganhou a concorrência e - de repente - surgiu o FA-18, via Mc Donnell Douglas, claramente uma cópia melhorada do YF-17. E por uma série de meandros, um projeto da Northrop acabou nas mãos da Mc Donnell-Douglas, hoje absorvida pela Boeing, transformando-se no FA-18 Super Hornet. Houve uma briga feia na Justiça, com a Northrop acusando a Mc Donnell-Douglas de usar tecnologia dela para construir e vender o FA-18. A pendenga durou até 1985, com a Mc Donnell pagando 50 milhões à Northrop, como uma espécie de indenização.

 

Tem vendido muito bem: Austrália, Canadá, Finlândia, Kuwait, Malásia, Espanha e Suíça. A FAB pode ser a lanterninha da lista e da modernidade, mais uma vez.

 

Talvez a única vantagem do FA—18 Super Hornet sobre seus dois concorrentes é a sua configuração “clássica” e não em formato delta. A função das aletas dianteiras nos caças com asas em delta foi de dar-lhes mais sustentação e capacidade de decolagens mais curtas. Mas mesmo assim, a velocidade de estol (a mínima para manter um avião no ar) é muito alta, enquanto que nos aviões clássicos as velocidades de estol são mais baixas. Quando um caça supersônico atinge sua velocidade de estol, ele pode picar subitamente e simplesmente “despencar”. Por isto o apelido dos Mirages na FAB era “jaca”. A coisa pode ter melhorado com o fly-by-wire, os “canards”, mas avião clássico dá menos trabalho que os de asa em delta (triangulares) em termos de controle de vôo.

 

Saab - Gripen

 

Quanto ao Saab JAS-39 Gripen, nossa opinião é que se trata de um ótimo caça, mas para uso em países pequenos. Basta ver as nações o comprou até hoje: República Tcheca, Hungria, África do Sul e Tailândia. Seu raio de ação é pequeno. Sua baixa autonomia não atende às operações em território brasileiro.

 

Extensas fronteiras

 

Na verdade, o Brasil precisaria de muito mais do que 36 caças supersônicos para defender seu território. Temos talvez a fronteira oeste mais difícil do mundo para guardar: selva, pantanais, países dados a certas práticas não muito ortodoxas, mas belicosos, não. Daí que o nosso Super Tucano quebra muito bem o galho, para o que se precisa: tornar difícil a rota dos aviões a serviço do contrabando e/ou drogas. Neste aspecto a Força Aérea Colombiana tem sido a maior garota-propaganda do nosso avião, atacando as FARC cirurgicamente.

 

Mas já surgiu um drible dos marginais de fronteira: aprovada a célebre Lei do Abate, os contrabandistas levam a “muamba” de avião até o ponto mais próximo de nossa fronteira. Daí é embrenhar-se no mato, atravessar a linha divisória (imaginária e inoperante) botar a mercadoria num veículo que já está à espera do lado brasileiro e da Lei do Abate esvaziou-se o debate.

 

Há ainda uma sombra final: as reservas petrolíferas do Brasil não estão em seu território continental, mas na sua plataforma marítima, e além do antigo limite de 16 milhas. Essa história de 200 milhas é muito controvertida e, subitamente, as potências podem querer contestar ou se opor a este conceito. A discussão é longa.

 

Portanto, nossa costa leste e única, para se resguardar devidamente, necessitaria de forças aeronavais bem mais fortes do que temos atualmente. Mas é algo para mais tarde, a ser financiado (quem sabe?) pelos recursos do petróleo que se encontra no pré-sal. Sim, nosso maior problema em termos de autodefesa bem como qualquer outro problema nacional continua sendo apenas um: grana.

 

* Alberto Francisco do Carmo é licenciado em Física, Técnico em Assuntos Educacionais, ex-jornalista colaborador do jornal Estado de Minas (BH), ex-correspondente brasileiro da revista Aviation Magazine (França) e colaborador do jornal Via Fanzine.

 

- Imagens: Saab/Dassault/Boeing-Divulgação.

 

- Leia mais sobre a aquisição de 36 caças pela FAB:

- Leia também: Compra de Caças - F-X2 recebe últimas ofertas

- FAB faz pré-seleção de caças (2008).

 

- Produção: Pepe Chaves.  

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