Receita & impostos:
Perda de receita versus aumento de impostos
Considerações sobre a perda de receita no
setor de comércio e serviços
e o aumento na taxa de IPTU, proposto
pelo prefeito Eugênio Pinto.
Por
Luiz Antônio F.F. Júnior*
De
Belo Horizonte-MG
Para
Via
Fanzine
25/11/2011
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Não é possível determinar o tempo exato de recuperação do
setor de comércio e serviços da Praça da Matriz. Contudo, já temos o
saldo parcial dos prejuízos causados pelo descaso com as obras da praça.
A arrecadação de ICMS no município caiu cerca de 10%. Isso
se refletiu num rombo, cujo valor exato é de R$ 2.679.521,00 [divulgado
com exclusividade por Via Fanzine]. Isso é o que os cofres da
Prefeitura de Itaúna perderam de receita para o orçamento de 2012.
Esse foi, até agora, o preço da irresponsabilidade de
deixar a Praça da Matriz, principal ponto de serviços e comércio da
cidade, parcialmente inoperante.
O ICMS hoje representa em torno de 25% de toda receita do
município. É a principal fonte de receita. Por isso, uma administração
que se preze tem que investir nos comerciantes, além de combater a
sonegação de ICMS.
Sobre o aumento de
IPTU
A arrecadação de IPTU hoje é pouco significante, representa
cerca de 2,5% das receitas do município.
Ao simularmos os efeitos da lei de aumento do IPTU que o
prefeito Eugênio Pinto encaminhou à Câmara, o cenário é estarrecedor. A
simulação foi baseada em cálculos de uma residência padrão, classe
média, ou seja:
- lote de 360m²;
- cobertura de laje com telhas;
- 3 quartos;
- 140 m² de área construída;
- uma suíte;
- edificação com mais de 15 anos;
Tivemos
acesso ao projeto de lei do Eugênio Pinto
(disponibilizado
por VF) e vimos que são
previstos quatro aumentos gradativos na taxa de IPTU, de 2012 a 2015. A
primeira vista, os números mostram que o valor do IPTU aumentará:
- 50% em 2012;
- 70% em 2013;
- 90% em 2014;
- 100% em 2015.
Valor
Venal dos imóveis vão mais que triplicar em 2015
Contudo, o estrago é bem maior, pois o Eugênio
Pinto mexeu na base do cálculo. Fazendo uma comparação com os atuais
valores informados na conta de IPTU 2011, seguindo os critérios agora
modificados pelo Art. 3, parágrafo 3, ele está aumentando o “valor
venal” dos imóveis das residências, tornando-o equivalente a 324,90% do
que ele é atualmente.
Assim, quando jogamos sobre esses 324,90% os
aumentos de 50, 70, 90 e 100%, percebemos, na prática, que o nosso IPTU
será 162,45% do valor atual já em 2012. Em 2013, será 227,43% do valor
atual. Em 2014, será 292,41% do atual e, por fim, em 2015, nosso IPTU
vai valer 324,90% do que pagamos hoje. É um acréscimo, portanto de
224,9% a mais de IPTU em relação ao que é arrecadado hoje.
Ou seja, até 2015, tudo o que a prefeitura perdeu de
receitas com as obras da praça e a queda de arrecadação de ICMS, ela
pretende recuperar triplicando a cobrança do IPTU.
Consequências do
aumento do IPTU
Todos os vereadores precisam ter a ciência do perigo que
essa política fiscal proposta pelo prefeito Eugênio Pinto pode trazer
para a cidade.
O aumento excessivo do IPTU, combinado com a falta de
fomento ao mercado interno e, com o devido tempo, poderá provocar o
estrangulando da classe média local, causando uma grande onda de
falências pela cidade.
Conclusão
Fica clara a intenção do prefeito de resolver o problema da
perda de receitas do setor de comércio e serviços utilizando-se do
aumento de IPTU. Mas se o ICMS representa 25% da receita municipal, e o
IPTU representa somente 2,5% das receitas, a forma mais fácil e
eficiente de aumentar a arrecadação do município seria através do ICMS.
Desta maneira,
promover 225% de acréscimo em receitas de IPTU na cidade teria o mesmo
efeito de promover o crescimento do comércio em 22,5%. O resultado é
matematicamente o mesmo. Mas os efeitos na saúde econômica do município
são totalmente inversos.
*
Luiz Antônio de Faria Fonseca Júnior é assistente em Administração
concursado da UFMG, bacharelando em Gestão Pública pela UFMG e consultor
em gestão para o diário digital
Via
Fanzine.
- Imagem: Fotomontagem/Pepe Chaves.
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