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América Central
Nicarágua: Marchas e greve geral cobram saída de Ortega Mais de 200 pessoas morreram em protestos contra governo*.
Nicaraguenses voltam às ruas e farão marchas de três dias e greve geral para cobrar a saída do presidente Daniel Ortega. Leia também: Nicarágua: Marchas e greve geral cobram saída de Ortega Nicaragua: País pede socorro contra a violência Outros destaques em Via Fanzine
Os nicaraguenses voltaram às ruas nesta quinta-feira (12) e prometem realizar três dias de marchas e uma greve geral de 24 horas para exigir a saída imediata do presidente Daniel Ortega e de sua mulher e vice, Rosario Murillo. O objetivo dos protestos é exigir também a investigação da morte de mais de 200 pessoas, desde o início das manifestações contra o governo, em 18 de abril. Os protestos ocorrem um dia após a reunião do Conselho Permanente da Organização dos Estados Americanos (OEA) – a segunda para tratar da violência e da repressão na Nicarágua.
Ortega já deixou claro que não vai renunciar, nem antecipar as eleições presidenciais. Ele acusa a oposição de tentar dar um golpe. No próximo dia 19, o governo celebra os 39 anos da Revolução Sandinista. Guerrilheiro da Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN), que reunia as forças de esquerda, Ortega liderou o movimento que derrubou em julho de 1979 a ditadura de Anastásio Somoza.
Na reunião da OEA, o secretário-executivo da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), o brasileiro Paulo Abrão, disse que o número de mortes chegou a 264 e 1.800 pessoas foram feridas. A maioria é vítima da repressão das forças de segurança e de grupos paramilitares, simpatizantes do governo – segundo depoimentos, exames balísticos e imagens, recolhidas por um grupo de investigadores da CIDH na Nicarágua.
“Apenas a Venezuela e a Nicarágua rejeitaram o relatório que apresentamos”, disse Abrão à Agência Brasil. A CIDH e a organização Anistia Internacional acusam o governo de “atirar para matar”, numa tentativa de controlar os protestos – os mais violentos desde o fim de uma guerra civil, em 1990. A CIDH, que é ligado à OEA, denunciou ainda “novas formas de repressão”, que afetam principalmente “crianças e adolescentes”.
O estopim dos protestos foi uma reforma da Previdência, que acabou sendo revogada por Ortega. Mas as manifestações continuaram, desta vez contra a violenta repressão do governo, cuja legitimidade está sendo contestada. Os governistas afirmam que os responsáveis pela onda de violência são grupos oposicionistas e situacionistas, que se enfrentam. E que a oposição quer derrubar um presidente democraticamente eleito.
Ortega foi reeleito em 2016 para um terceiro mandato presidencial consecutivo, numa votação - sem a presença de observadores internacionais - cujo resultado tem sido questionado até por antigos aliados do ex-guerrilheiro. Agora, ele é acusado de querer instalar no poder "uma dinastia política corrupta, igual aquela que combateu" na Revolução Sandinista.
O secretário-geral da OEA, Luis Almagro, defendeu, na reunião de quarta-feira (11), a necessidade de uma saída pacífica para a crise, o fim da violência e mencionou a solução de eleições antecipadas – proposta pela Igreja Católica e pela Aliança Cívica (que reúne setores da sociedade nicaraguense contra a repressão). Ambos participavam do "diálogo nacional" com o governo, que foi interrompido depois que Ortega rejeitou a proposta de encurtar seu mandato.
Protestos e greve geral
Além dos protestos hoje (12) e no sábado (14), a Aliança Cívica marcou uma greve de 24 horas para sexta-feira (14). Os manifestantes adotaram o slogan “Juntos somos um vulcão”. Em um comunicado divulgado nesta quinta-feira, o grupo reafirmou que quer antecipar as eleições. Apesar de ter rejeitado os dois relatórios da CIDH, Ortega permite que a comissão mantenha um grupo no país, acompanhando em tempo real todas as graves denúncias de violações de direitos humanos, e que quatro investigadores especiais investiguem as centenas de assassinatos já cometidos.
Segundo Abrão, a Nicarágua continua na agenda da OEA. Novas reuniões entre os governos dos países-membros continuarão a ser feitas para decidir sobre medidas futuras, que incluem resoluções condenando a violência.
* Informações de Monica Yanakiew/Agência Brasil. 13/07/2018
- Foto: Rodrigo Sura/EFE/Direitos reservados.
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