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 História

 

 

Revisão histórica:

Os Açores há dois mil anos

Se Camões nos foi consolando com os “mares nunca dantes navegados”,

também nos avisou que “todo o mundo é feito de mudança”…

 

Por Joaquim Fernandes*

Do Porto/Portugal

Para Via Fanzine

 

Obra de ficção antecipou a realidade ao sugerir uma antiga ocupação dos Açores?

 

Quando, em 2008, ousei  elencar um longo quesito de centenas de pistas coletadas, desde Aristóteles, sobre a História incógnita dos Açores e do Atlântico, vertendo-os sob a fórmula de um romance intitulado “O  Cavaleiro da Ilha do Corvo”, não me chocou o coro de vozes que, à época, em atônita surdina, ergueram o espantalho da imaginação, da fábula e da lenda.

 

A incrível descrição da Estátua lítica de um cavaleiro, com traços africanos, apontando o braço direito para Ocidente, encontrada pelos primeiros portugueses desembarcados na pequena ilha do Corvo, só poderia ser devida, juravam os críticos, a reiteradas fabulações de marinheiros…

 

Só que as lendas e os rumores não contêm, ordinariamente, datas, nomes e precisões narrativas como o testemunho de Damião de Góis. Não está em causa, por certo, a gesta heróica da lusa gente cantada pelo estro maior da nossa lira; o seu lugar garante-se, sem equívocos, na certificada lista de honra dos que construíram pontes entre mundos então fechados.

 

Arquipélago de Açores, no Atlântico

 

Agora, que não se postulem teorias de exclusivismos em detrimento de outros contributos, eventualmente anteriores à lusitana gesta de Quinhentos. O ínclito humanista Damião de Góis assim o sugeriu, na esteira de outros cronistas seiscentistas, como Gaspar Frutuoso, António Galvão ou António Cordeiro: o Infante D. Henrique “reabriu os antigos descobrimentos” marítimos.

 

Há algum demérito nisto? Se Camões nos foi consolando com os “mares nunca dantes navegados”, também nos avisou que “todo o mundo é feito de mudança”…

 

Assim, pois, a putativa presença de Fenícios e Cartagineses há mais de dois mil anos em águas atlânticas e nas praias açorianas seria facilmente entendida como um crime de lesa-pátria, por gerações formatadas na escola do excesso de zelo patriótico e na imagem de um Oceano camoniamente habitado por sucessivos Adamastores.

 

A essa quase histeria nacional responde agora a Arqueologia, ciência auxiliar da História, a quem compete aferir datas e especificidades das culturas a quem se atribui as presumíveis edificações funerárias localizadas, por acaso, nas ilhas do Corvo (?!) das Flores e da Terceira, com suspeitada idade que remontará aos dois mil anos.

 

Ou seja, cerca de1500 anos antes da abordagem dos nossos navegadores às plagas do paraíso açoriano… O mais provável é que venhamos a reescrever a História, não apenas a nossa, mas a Universal. Aguardemos os próximos passos desta extraordinária aventura, que é humana e não apenas nacional…

 

* Joaquim Fernandes é historiador, escritor e docente da Universidade Fernando Pessoa, em Portugal.

 

- Imagens: Google Maps/O Cavaleiro da Ilha do Corvo (Portugal).

 

- Tópicos associados:

   Quem descobriu os Açores, afinal? – artigo de Joaquim Fernandes.

   Açores: encontradas sepulturas de 2 mil anos – reportagem TVI/Portugal.

 

 

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