Entrevista exclusiva com
Carlos Tebecherani Haddad
Advogado, engenheiro, professor e pesquisador.
Por
Pepe Chaves*
De
Belo Horizonte-MG
Para
Via Fanzine
09/05/2011
Carlos Tebecherani
Haddad nos fala de política externa.
Carlos Tebecherani Haddad, 60 anos, é
engenheiro e advogado, natural de Santos-SP. Cristão ortodoxo, ele é
professor universitário, diretor da FEARAB América (Federação das
Entidades Árabes da América do Sul) e pesquisador sobre cultura árabe e
religião. Nessa entrevista gentilmente nos concedida, o professor Haddad
responde algumas questões da política internacional, em especial, às
relacionadas aos Estados Unidos da América (EUA) e países do Oriente
Médio e região. Haddad também comenta, com bastante propriedade, sobre a
recente ação militar norte-americana no Paquistão, que teria culminado no
assassinato do líder da Al Qaeda, Osama Bin Laden. Nosso entrevistado
tem plena convicção – e apresenta aqui parte delas - de que Bin Laden já
teria morrido em 2001, no Paquistão, por conta de complicações renais.
Para ele, o anúncio feito em 1º/05 por Barack Obama dando como certa a
morte de Osama naquela data estaria, no mínimo, equivocado. Ele acredita
que a imprensa apenas obedece ordens de determinados poderes que se
tornaram íntimos dessa e exemplifica. Ainda expressando suas corajosas
convicções, o professor Haddad acredita que a construção de um oleoduto
que favoreceria interesses dos EUA tem sido o principal catalisador das
últimas guerras ocorridas nas cercanias orientais e que a figura do
presidente norte-americano não goza de autonomia própria. Entre outros
assuntos, o professor também aborda sobre democracia em vários
contextos; questões implicantes à Amazônia brasileira; o retorno das
tropas americanas de Iraque e Afeganistão, além das bases militares
montadas pelos EUA em território colombiano.
Via
Fanzine – Prezado professor Carlos Tebecherani Haddad, como o senhor
analisa a aliança de EUA, Israel e aliados europeus e o impacto da mesma,
especialmente,
em determinados países do norte da África e do Oriente Médio?
Carlos
Tebecherani Haddad –
A
aliança entre Estados Unidos e Israel é mais do que uma simples relação
de amizade e apoio mútuo entre países, mas uma autêntica SIMBIOSE entre
Estados. Não entre NAÇÕES, mas entre Estados. Nesse sentido, é árdua a
distinção entre ser Israel o 51o estado
norte-americano, ou a verdadeira capital dos Estados Unidos ser Tel Aviv
ou Jerusalém. Não se contesta aqui, de forma nenhuma, o direito de
Israel existir, nem de receber apoio financeiro, logístico, econômico ou
o que o valha dos Estados Unidos e nem de países aliados europeus,
asiáticos etc. Em verdade, árabes e judeus vivem muito bem em Israel,
tanto quanto em outros países, mas interesses poderosos fazem com que
ocorram problemas entre FACÇÕES na região. Entretanto, os interesses
geopolíticos dos Estados Unidos no norte da África e no Oriente Médio,
interesses que nem sempre se coadunam com o Direito Internacional e nem
com os princípios da autodeterminação dos povos e do respeito à
soberania das nações, encontram em Israel um verdadeiro cão de guarda.
Na exata proporção em que o país hebreu defende tais interesses com todo
o empenho possível e imaginável, dispondo, para tanto, de astronômicos
recursos financeiros, materiais, militares, logísticos e tecnológicos.
Portanto, ocorre um evidente, enorme e intolerável desequilíbrio de
influência e de forças tanto no norte da África como no Oriente Médio
por inteiro, abissalmente a favor dos Estados Unidos e de Israel. E tal
conjuntura geopolítica milita em desfavor da justiça e da tão buscada
paz.
VF –
Como o senhor vê as interações da organização Al Qaeda, com relação aos
chamados “inimigos do Islã”?
CTH –
Até
agora não se conceituou exatamente o que seja, ou o que seria, a Al
Qaeda. Diz-se ser uma organização terrorista, mas na verdade o
significado desse nome, em árabe, é ‘A Base’. Trata-se de uma
organização informal que Osama Bin Laden montou, com muito sucesso, em
64 cidades de todo o mundo para captação de dinheiro para a CIA, que com
tais recursos treinava jovens universitários (em árabe Talibã) para
combater a Rússia e a Aliança do Norte, que dominavam o Afeganistão à
época. Portanto, a Al Qaeda é uma organização que interagiu muito bem
com a CIA, por conta da parceria entre a agência norte-americana e Osama
Bin Laden. Portanto, com os Estados Unidos da América do Norte.
Considerando-se que nem no portal do FBI (www.fbi.gov),
nem no da CIA (www.cia.gov)
e nem em outro qualquer das agências de espionagem (que hoje se chamam
de ‘inteligência’) dos países aliados do Ocidente, Rússia, China, etc.,
há qualquer menção à Al Qaeda como organização terrorista, formal ou
não, ou inimiga daqueles países. Então, fica meridianamente claro que um
trabalho midiático muito forte foi feito para levar à Al Qaeda essa
classificação que ela ostenta. Mas a sua interação com os assim chamados
“inimigos do Islã” parece ter sido profícua, ao que se viu. Em verdade,
fala-se da Al Qaeda com toda a adjetivação, mas até agora não se
explicou, por quem detém essa informação (se detiver) QUEM é a Al Qaeda.
O seu endereço, ou endereços, sua hierarquia, ideologia, quais são os
seus meios de financiamento (primordial para manter movimentos armados
poderosos como se lhe atribui por todo o mundo), quem são os seus
financiadores, de onde provêm os recursos que a sustentam e outros fatos
dessa natureza. Como a Al Qaeda adquire recursos financeiros,
logísticos, armamentos (dizem que até possui armas nucleares de pequeno
porte, contrabandeadas da antiga União Soviética), midiáticos,
tecnológicos, acesso a satélites de telecomunicações (totalmente
controlados pelos Estados Unidos, França, Inglaterra, Rússia e China),
sem que informação alguma seja acessível aos serviços de ‘inteligência’
que lhe buscam pelo mundo, e não se coíba ações como as que são
atribuídas à sua responsabilidade? Ou por conivência de todos os países,
a fim de se manter o estado de terror que o mundo foi tomado após 11 de
Setembro, portanto, o estado de exceção que os Estados Unidos
instauraram por todo o globo em nome da ‘guerra ao terror’, ou por
absoluta inexistência desses recursos e ações terroristas.
VF –
Dentro dos parâmetros da chamada democracia, Estados governados por
representantes de instituições militares (como Cuba e China) ou
religiosas (como o Islã, em distintas localidades) são inadmissíveis.
Dentro desse “conceito democrático”, há raras exceções “aceitas”, que
não sejam os civis no poder, entre estas, alguns regimes monárquicos
(como no Reino Unido), que vem banir o verdadeiro sentido da democracia.
Como o senhor analisa esta questão e, até onde, religiosidade e
militarismo devem se misturar com administração nacional?
CTH –
Os
dias que vivemos mostram o conceito de ‘democracia’ muito esgarçado.
Tanto é assim, que, potências hegemônicas sentem-se muito à vontade e no
direito de invadir nações soberanas e derrubar governos, assassinar
mandatários e destruir infraestruturas consolidadas. No que tange ao
Oriente Médio, primeiramente é necessário observar que TODOS os países
daquela região são muito novos, fundados e organizados há pouco tempo, a
grande maioria a partir de 1946 em diante, inclusive, Israel. E que,
anteriormente, eles não eram países, mas nações. O conceito de país é uma
região com limites e fronteiras bem definidas, regularmente constituído
e com uma população vivendo sob um regime legal estabelecido e
conhecido. Por exemplo, Brasil, Argentina, França, Estados Unidos,
Azerbaijão etc. Nação, por seu turno, é um grupo social que vive sob as
mesmas crenças, usos, costumes, cultura e fé, não necessariamente sob
fronteiras definidas, nem constituição formal nem legislação conhecida.
A nação yanomâmi, apache, incas, aztecas etc. Eram, são, nações, mas não
países. E no Oriente Médio, norte da África, como ainda em várias partes
da Ásia e até na China, em cantões, tem-se nações distintas, muitas
delas dentro de países formais. A unificação dessas nações foi feita de
forma que pode ser conceituada como artificial, já que os países que
possuíam mandato da Liga das Nações, posteriormente da ONU, foram
“constituindo”, “fundando” países na região. Foram dividindo
territórios, como a Grande Síria que se dividiu em Síria e Líbano, a
Mesopotâmia, que virou Iraque e Kuwait, a Transjordânia, que se
transformou em Jordânia, Palestina e Israel, e assim por diante. E os
governantes, mandatários e regimes desses novos países foram
instaurados, financiados e apoiados pelos antigos beneficiários do
mandato, e que detinham o império, como a Inglaterra, França, Itália e
posteriormente Estados Unidos. Portanto, o “status quo” dos governos
locais, de predominância e/ou influência religiosa e/ou militarista, foi
determinado “democraticamente” pelo Ocidente, que financiou, e financia
ainda hoje, tais regimes “antidemocráticos”, na exata medida dos seus
interesses, geopolíticos ou imperialistas, na região. Nesse diapasão, eu
diria que, em tese, e para o meu gosto e entendimento, regimes
democráticos não devem ser misturados a interesses militaristas e/ou
religiosos, de forma nenhuma. Mas o maior exemplo dessa quebra
conceitual são os próprios Estados Unidos da América (EUA), onde somente
um ingênuo, ou outro desinformado, imagina que os governantes, mormente,
os presidentes da república, são eleitos pelos seus próprios valores e
méritos de defesa da democracia. Ledo engano!
VF – Desta maneira, as eleições apenas sacramentariam a nomeação do
chefe de Estado, contudo o mesmo não teria autonomia...
CTH -
Os presidentes dos Estados Unidos só conseguem viabilizar as suas
candidaturas e pleitos após serem devidamente escrutinados e aprovados
pelo estabelecimento industrial-militar, quer dizer, após assumir
compromissos de prosseguir na política externa norte-americana de ter
interesses, e não amigos (conforme disse Henry Kissinger, quando
Secretário de Estado) e mantiver a hegemonia militar e econômica daquele
país no mundo. Quem é capaz de dizer que a ONU tem autonomia para
decidir o que é pela paz, se os Estados Unidos têm vetado, amiúde,
decisões daquela Organização? Nesse contexto, não há democracia
plausível e viável, seja sob qualquer ponto de vista que se aplique,
ocidental ou oriental, militarista ou civil, religiosa ou laica. Quando
interesses próprios, individuais, de um determinado país, “justificam”
invasões, assassinatos de governantes, intervenções armadas, em países e
nações soberanas, então não há mais margem para analisar e,
eventualmente, julgar ocorrências de confusão e mistura entre
militarismo e/ou religião e a administração nacional “dos outros”,
escasseando, dessarte, os argumentos para eventual condenação desse tipo
de fato.
'O conceito de ‘obsolescência programada’, que leva
produtos a terem as suas
vidas calculadas para terminar em pouco tempo, em nome do
consumo e da produção industrial,
talvez seja um dos vetores de aceleração da mudança,
melhor dizendo,
da transformação do conceito de democracia, daquele que
deflui da etimologia da palavra'
VF – Trocando em miúdos; poderíamos considerar a chamada democracia nos
padrões atuais, como uma “invenção” da monarquia inglesa, aplicada aos
EUA, tornando esse país uma espécie vitrine atrativa para arrebatar
outros países a tal modelo que, já estaria sob total controle
de grupos predeterminados?
CTH –
Talvez não fosse apropriado conceituar como tendo a democracia dos
padrões como uma “invenção” da monarquia inglesa aplicada aos EUA, mas,
todavia, que o conceito filosófico de democracia possa ter se degradado
ao longo do século XX, à medida que as distâncias foram, digamos,
diminuindo, pelo avanço dos meios de transportes e comunicações. Os
países hegemônicos, nesse sentido, vislumbraram novas formas de exercer
o império, fazendo-o mesmo sem ocupar territorialmente outros países e
regiões. A partir do início do século XX e, destacadamente, logo após a
Segunda Guerra Mundial, as corporações foram tomando lugar de destaque
na economia mundial, sendo lícito afirmar que hoje em dia elas, as
corporações, estão tomando o lugar dos países, em termos de influência e
poder. Não se fala mais em empresa multinacional, mas em transnacional.
Elas estão onde está o interesse econômico e financeiro, e podem mudar
de lugar muito facilmente, abrindo e fechando fábricas conforme
altera-se a conjuntura econômica, e até mesmo mudando a localização das
suas sedes, se assim for conveniente para os seus interesses. É uma das
consequências da globalização que, por seu turno, é resultado do que
poderia ser chamado de Terceira Revolução Industrial, que foi o
desenvolvimento das telecomunicações. As mudanças, hoje em dia, não se
dão de forma aritmética, nem geométrica, como foi suposto por
economistas da década de 1970, mas de maneira exponencial. O conceito de
‘obsolescência programada’, que leva produtos a terem as suas vidas
calculadas para terminar em pouco tempo, em nome do consumo e da
produção industrial, talvez seja um dos vetores de aceleração da
mudança, melhor dizendo, da transformação do conceito de democracia,
daquele que deflui da etimologia da palavra, do grego, ou seja, governo
do povo, para o atual, como presenciamos hodiernamente em vigência no
Ocidente.
VF – E como o senhor vê a reação de determinadas populações regidas por
distintas monarquias do mundo árabe, bem como, de países da África, que
buscam atualmente destituir ditadores e monarcas, clamando em uníssono,
por experimentar o dito regime democrático?
CTH
–
Algumas manifestações nesse sentido deram-se porque os reis e
governantes de muitos desses países estabeleceram regimes de opressão e
corrupção, e o povo adquire percepção clara desse estado de coisas. Mas
não se deve olvidar que a enorme maioria dessas monarquias e ditaduras
foi estabelecida com o manto obscuro e fétido dos piores interesses
geopolíticos dos países hegemônicos, mormente Inglaterra, Estados Unidos
e França, com algumas sobras para a Itália, no norte da África, de quem
recebe proteção e financiamento. Guerras e morticínios têm ocorrido
naquelas regiões sem que o Ocidente mova uma palha, e isso, porque, muita
vez, tais conflitos e massacres servem aos interesses econômicos e
financeiros dos financiadores daqueles regimes opressores e corruptos.
VF – Mas, por que, agora, esta explosão ideológica que vem derrubando
reis e ditadores?
CTH –
Em
alguns países, por conta da percepção do povo da corrupção e opressão em
tal grau de desenvolvimento que tornaram-se intoleráveis, como ocorreu
na Tunísia, onde uma manifestação isolada de um cidadão infelicitado
pela falta de trabalho alastrou-se pela população. Outras, como no caso
do Egito, o povo também não suportava mais as dificuldades econômicas
pelas quais passava o país, enquanto os governantes eternizavam-se no
poder e enriqueciam, formando verdadeiras castas, além de terem a clara
percepção de que estava a se cometer injustiças bárbaras contra os
palestinos, na medida em que o governo egípcio dava todo o apoio ao
desumano cerco físico embargo de Israel aos habitantes da Faixa de Gaza
e da construção do novo horror à Humanidade, o assim chamado Muro do
Apartheid, construção de 1.200 quilômetros, hoje com 820 quilômetros prontos, que
segrega as cidades e vilas palestinas do restante do território e das
terras de agricultura daquele povo, e estabelece um verdadeiro regime de
terror de estado, repetindo, Israel, com os palestinos, tudo o que os
hebreus sofreram durante o nazismo. Finalmente, há alguns casos em que a
utilização da ‘propaganda’ da democracia ocidental contamina o povo de
falsos sentimentos, e serve ao interesse em desestabilização dos
regimes, que os países hegemônicos pretendem trocar por outros alinhados
às suas políticas neo-imperiais.
'A dinâmica do mundo moderno, onde países têm que
obrigatoriamente interagir,
até mesmo para não sucumbirem e nações não desaparecerem,
faz com que as estruturas organizacionais e
constitucionais aproximem-se umas das outras'
VF – O
senhor entende que existe uma real possibilidade da democratização em
países onde a religiosidade e o Estado estão profundamente entrelaçados
na atualidade?
CTH
– Sim, no
médio prazo há essa real possibilidade, que já se iniciou. Mas, antes de
mais nada, devem ser considerados os próprios alicerces sociais e
destacados fatores culturais e éticos, que são milenares, portanto,
sobremaneira arraigados na alma do povo, para que não se queira ver a
‘democracia’ na região do Oriente Médio exatamente como se tem, ou se
quer ter, no Ocidente. Lá, a tradição e os costumes tribais são muito
fortes, como o são na Ásia inteira, podendo ser dito, metaforicamente
que, em comparação com o que estamos habituados a vivenciar, eles são
espelhos com índices de refração e reflexão diferentes daqueles europeus
e americanos. O Oriente Médio, como de resto toda a Ásia, não é uma
caixa de ressonância em exata coerência e harmonia ao som emitido pelo
Ocidente, tendo, obviamente, as suas próprias estruturas de propagação.
A democracia no Oriente Médio está muito mais próxima daquela que
Aristóteles, Platão, Sócrates, Thales de Mileto enunciaram, e que sofreu
na América marcantes modificações para se adaptar a um mundo mais
pragmático, mais descolado da ética, ou tendo-a modificado, e da moral.
Agora mais tolerante aos novos costumes e hábitos de vida da sociedade
de consumo, quer dizer, mais conectado ao sucesso individual em
detrimento do coletivo e à força e poder financeiros. A dinâmica do
mundo moderno, onde países têm que obrigatoriamente interagir, até mesmo
para não sucumbirem e nações não desaparecerem, faz com que as
estruturas organizacionais e constitucionais aproximem-se umas das
outras. Como é o caso da China, seguindo o exemplo da Rússia, que de
estado comunista e militarista hoje já é tratado como economia de
mercado e onde os direitos e as garantias individuais já são visíveis,
mesmo que ainda não produzam uma sombra acolhedora. E o mercado exige
flexibilização dos controles e democratização do sistema de freios e
contrapesos que regem as sociedades. No Oriente Médio, caso o Ocidente
não interfira demasiado, tem-se, sempre sob visão de médio prazo, uma
caminhada nesse sentido em países como a Palestina (que precisa ter o
Estado Palestino efetivamente implementado, como o foi Israel), Líbano,
os países do Golfo, como os Emirados Árabes Unidos, Síria, Iraque,
Egito.
VF – A criação do Estado de Israel evidenciou a conturbada relação de distintas
nações ideológica, política e religiosamente reunidas em um mesmo
território relativamente pequeno para todas elas. Qual seria a maneira
de sanar este problema entre palestinos e judeus? E, o senhor vislumbra
alguma solução para sanar essa histórica crise entre Israel e a Palestina?
CTH –
A
lógica do Oriente Médio é a da sobrevivência, onde se busca terra para
plantar em meio aos pedregulhos. É o local onde as pessoas rezam todos
os dias pela chuva e quando realizam a colheita visam ajudar os mais
necessitados. Buscam água em meio ao orvalho das plantas e as protegem
com invólucros plásticos a fim de se aproveitar a "gota de ouro" que
veio da atmosfera. Os habitantes de Israel e da Palestina têm um sonho
em comum, que é o desejo de que seus filhos tenham uma vida melhor que
as suas. Esse ideal em comum permitirá certamente um acordo de paz na
região. Ao contrário do que muitas pessoas possam imaginar, a maioria
dos muçulmanos e judeus vive sem animosidade no Oriente Médio. É
inegável que mesmo escasseando as visitas familiares entre eles, há um
respeito mútuo, uma espécie de linha tênue, que pode ser abalada em
épocas de crise, tais como atentados, retaliações, sequestros etc., e
que nenhum meio de comunicação tem interesse em mostrar. E não há a
mínima razão para a veiculação de notícias pessimistas em relação a paz
dos povos que vivem na Palestina e Israel, na medida em que todos os
dias veicula-se notícias dando conta da barbárie sem fim no Iraque, após
a invasão norte-americana. E é conveniente para os interessados na
discórdia tentar destruir um pensamento de paz, com mentiras, falácias e
notícias sem profundidade social e humana. As hostilidades entre árabes
e judeus iniciaram-se com o mandato da Liga das Nações, depois
Organização das Nações Unidas (ONU), à Inglaterra, à época em que os
bretões fizeram da região uma província, contrataram muitos sírios e
libaneses como mão de obra barata para construção de ferrovias, estradas
e nunca lhes deram um tratamento digno, deixando-os sob uma vida
miserável. De todo modo que, multidões eram atraídas para a região, por
causa da grande demanda por trabalhadores, devido àquela abundância de
oportunidades de trabalho. Os judeus, portanto, não foram os únicos
imigrantes da região. Nos séculos XVIII, XIX e XX, os palestinos eram,
na realidade, um pequeno grupo. Atualmente, a comunidade palestina é uma
mescla dos nativos da região com outros povos de outras localidades. Yasser Arafat era, ele próprio, de origem egípcia. Os poucos judeus que
viviam na região eram protegidos pelos muçulmanos até a época em que o
sionismo quis levar os judeus europeus para o que eles chamavam Eretz
Israel, ou Terra de Israel. A partir daí, um sentimento antiocidente
mesclado com um antiamericanismo foram decisivos para as hostilidades
contra os judeus vindos da Europa. Após a declaração de independência de
Israel, em 15 de maio de 1948, os países árabes, em uma coalizão
inédita, resolvem reagir contra a instalação do novo estado hebreu, que
expulsou os habitantes nativos de lá, e decidem invadir Israel. Os
muçulmanos ortodoxos viam os judeus europeus refugiados da Segunda
Guerra como "intrusos" e temiam a transformação ou até mesmo a
destruição das suas tradições seculares, por influência dos novos
moradores. Lamentavelmente, a ONU não foi capaz de prever que diferenças
culturais seriam drásticas para o convívio de dois povos de línguas e
religiões tão parecidas como árabes e judeus. Obviamente as relações
entre árabes e judeus sofrem interferências com as guerras, atentados e
uso da força militar israelense. Mas nenhum repórter ou pesquisador vai
entrevistar um casal árabe-israelense que se ama e enfrenta os
preconceitos e dificuldades de ter a união reconhecida. Árabes e judeus,
habitualmente, se relacionam amistosamente, principalmente na região de
Tel Aviv, Haifa e Yafo, onde ambos mantêm uma coexistência pacifica. Não
fosse assim, certamente, essas cidades não mais existiriam. E a verdade
é que tanto os judeus e muçulmanos moderados, que formam a esmagadora
maioria da população de Israel e da Palestina, acreditam na paz, mesmo
com a eventual ocorrência de episódios de abusos.
VF – Nesse caso, o senhor acredita que a infidelidade no reporte
midiático do
cotidiano desses povos, tende a agravar os conflitos, a partir de quando
o noticiário passa a apresentar somente notícias negativas sobre tais
relações humanas?
CTH -
Os meios de comunicação do Ocidente, porém, em obediência às ordens
emanadas das sedes dos governos dos países hegemônicos, ou seja, em
defesa dos interesses geopolíticos mais torpes, só atentam para o lado
ruim, o fanatismo, o uso da força - que para um lado é defesa e para o
outro significa assassinato – quando os fatos geralmente são
sobremaneira distorcidos, artificialmente mais ampliados do que são na
realidade. Notícias assim geram mais audiência, e, portanto, mais
publicidade. Tanto em Israel como na Palestina ocupada, um fato
inconteste é que todos os que não acreditam na paz entre judeus e
palestinos são minoria, assim como existe uma minoria tanto em Israel
quanto na Palestina que não tolera a paz por mero orgulho. Mas é de se
lamentar que a minoria unida contra a paz consiga muito mais destaque
midiático do que uma maioria, ainda desunida, que reza silenciosamente
em mesquitas, sinagogas e igrejas. A paz parece estar chegando, as
pessoas que lá residem estão demonstrando isso no cotidiano, pois já
sabem que todos ganharão com ela. Os árabes estão se engajando na
Palestina para as conversações de paz com Israel. Finalizando, há uma
ocorrência muito importante, sem que receba a devida atenção dos meios
de comunicação, como também de muitos sociólogos e antropólogos do
Ocidente, que se trata das taxas de crescimento da população palestina
muitíssimo superior à dos judeus, o que levará Israel e ter, dentro de
bem pouco tempo, maioria palestina na sua população. E tal maioria
poderá levar a sérias e drásticas mudanças políticas na região, sem que
seja necessário disparar um tiro sequer. A paz pelos acordos políticos e
diplomáticos, ou então pelo crescimento da população, uma realidade que
já pode ser vislumbrada.
'Como a grande maioria da população israelense é
amplamente favorável à paz e à implementação
do Estado Palestino, Israel certamente será levado a
fazer a paz e a colaborar positivamente
na implementação total da Resolução da ONU de 1948, que
criou os dois estados, o judeu e o palestino'
VF – Num contexto de mudanças políticas na região, na busca de um “bem
geral” e maior que os interesses de cada parte, como o senhor analisa
esse acordo firmado recentemente entre os grupos Hamas e Fatah e, que
tipo de consequências esse estreitamento poderia trazer para Israel e a
Palestina?
CTH –
O acordo firmado entre o Hamas e a Fatah foi muito positivo e
resultado de intenso esforço diplomático entre as duas facções, com
participação e intermediação dos governos do Líbano, Síria e Turquia.
Das conversações diplomáticas surgiram convergências que levaram as
partes a ceder em determinados pontos não comuns e a realinharem
estratégias que embasem o estabelecimento de um arcabouço legal e
político realmente sólido, que exijam da comunidade internacional ações
efetivas para o reconhecimento do Estado Palestino e o direito daquele
povo e nação de viver dentro das fronteiras definidas pelas Nações
Unidas. Quer-se dizer, que implemente, inequivocamente, a Resolução da
ONU que, aprovando a partilha da Palestina, criou os dois Estados,
Israel e Palestina. Ou, em outra hipótese já aceita, que implemente o
Estado Palestino dentro das fronteiras de 1967. Nesse diapasão, ficam os
palestinos fortalecidos politicamente, inclusive, com legitimidade de
pleito perante a comunidade internacional e os países membros da ONU,
porque o discurso renitente anti-Israel do Hamas cessaria
definitivamente. Em idêntica medida, tal acordo retira de Israel
legitimidade para recusar a implementação do Estado Palestino, porquanto
as suas atuais “justificativas” de recusa, ou seja, a existência de
facção que desejaria a impossível e inviável “destruição” de Israel,
deixariam de existir. E como a grande maioria da população israelense é
amplamente favorável à paz e à implementação do Estado Palestino, Israel
certamente será levado a fazer a paz e a colaborar positivamente na
implementação total da Resolução da ONU de 1948, que criou os dois
estados, o judeu e o palestino.
VF –
Ainda que aceitos pelos meios científicos, jornalísticos e acadêmicos,
tanto as viagens lunares, anunciadas pelo governo dos EUA do então
presidente Richard Nixon; passando pelo atentado de 11 de setembro de
2001, anunciado por George W. Bush; até o recente anúncio da morte de
Bin Laden pelo presidente Barack Obama, todas estas questões de impacto
global foram
vistas com certa reserva por determinadas pessoas de distintas regiões
do planeta. Para o senhor, por
que muitas pessoas têm certa desconfiança ou resistência a crer nas informações
fornecidas por
Washington?
CTH – Essas pessoas resistem a crer pela
absoluta implausibilidade das afirmações de Washington para uma série de
fatos supostamente ocorridos, tanto quanto por mentiras do passado que
afloraram em determinado instante. Não existe nada de sobrenatural na
nossa vida, no dia-a-dia, nem acasos. Tudo ocorre de acordo com regras
bem precisas e conhecidas, e a ciência, desde sempre, tem buscado o
conhecimento das coisas por métodos de pesquisa que se desenvolveram por
meio de teorias, experimentação, observação e muito trabalho. Assim, há
aqueles que têm bom senso e não se alienam. Portanto, entre os que
buscam o conhecimento, a luz, há os que agem cientificamente, vale
dizer, por formação escolar, ou mesmo intuitivamente, laboram em
consonância, ou por conhecimento, das teorias enunciadas por René
Descartes, especialmente no seu Discurso do Método. Ali, tem-se alguns
princípios norteadores da ciência, vale dizer, o Princípio da Dúvida
Sistemática ou da Evidência, que consiste em não aceitar como verdadeira
coisa alguma enquanto não se tiver provas da sua verdade, ou souber com
evidência - clara e distintamente - aquilo que é realmente verdadeiro.
Com a dúvida sistemática evita-se a prevenção e a precipitação,
aceitando-se apenas como certo aquilo que seja evidentemente certo. Em
seguida, tem-se o Princípio da Análise ou Decomposição, que consiste em
dividir e decompor cada dificuldade ou problema em tantas partes
quantas sejam possíveis e necessárias à sua solução, a fim de resolver
cada uma separadamente (na Medicina esse princípio deu origem à
Tomografia; tomos = parte; graphos = desenho; desenho das partes),
observando-se as suas estruturas individuais, comportamentos, respostas
etc. A terceira parte é o Princípio da Síntese ou Composição, que
consiste em conduzir ordenadamente os pensamentos e o raciocínio,
começando pelos objetivos e assuntos mais fáceis e simples de se
conhecer, para passar gradualmente aos mais difíceis. Finalmente,
Descartes enunciou o Princípio da Enumeração ou Verificação, que
consiste em fazer verificações e revisões em tudo, para que nada seja
omitido ou deixado de lado.
VF –
Desde quando o senhor ouviu falar de Osama bin Laden e qual o seu
conceito sobre essa pessoa?
CTH –
Ouço
falar sobre Osama Bin Laden, e pesquiso sobre ele, desde a década de
1980, quando ele rompeu com a monarquia saudita, deixou a família e
foi-se embora para o Sudão, onde começou a sua carreira de financista.
Bin Laden, pelas suas características de excelente captador de recursos
financeiros, foi recrutado pela agência de espionagem dos Estados Unidos
da América, a CIA, para arrebanhar jovens para serem treinados pelos
Estados Unidos a fim de combater a Rússia, na época União Soviética, que
invadira o Afeganistão e estabelecera no governo daquele país a Aliança
do Norte. Portanto, Bin Laden era uma espécie de agente “autônomo” da
CIA, com ‘status’ especial de direção de negócios financeiros, mas sem
vínculo formal com a agência. Meu conceito sobre ele é no sentido de
tê-lo como extremamente eficiente e eficaz naquilo que fazia, tendo
obtido sucesso total na sua missão. Mas não considero, nessa marcha,
aspectos éticos e morais, porque há muito essas expressões não existem
quando se trata de guerras. A qualificação é essencialmente técnica, e
não ética ou moral. Mas qual a ética, ou motivo de ordem moral, que
autorizaria um país a soltar bombas nucleares sobre cidades indefesas,
que não eram alvos militares, e matar gratuitamente centenas de milhares
de cidadãos civis, como foi perpetrado sobre Hiroshima e Nagasaki? Ou
motivo ético ou moral para que fossem lançadas sobre cidades indefesas
bombas de fragmentação de fósforo branco, proibidas pela ONU, como se
fez sobre as vilas da Faixa de Gaza? Ou que ética seria essa que
autorizaria tratores e buldozers a invadir plantações de
sobrevivência e a derrubar oliveiras dos pomares dos palestinos de Gaza
e Cisjordânia? Portanto, conceituo Bin Laden exclusivamente sob a ótica
técnica, e nisso ele foi excepcionalmente eficiente, eficaz e bom. A CIA,
consequentemente, os Estados Unidos da América, ficaram muito
satisfeitos com ele, sem qualquer sombra de dúvida, até porque atingiram
os seus objetivos e desideratos de expulsar a Rússia do Afeganistão,
desmantelar a Aliança do Norte e assumir o governo do país.
VF –
Teóricos e até pesquisadores de várias partes do mundo argumentam que os ataques de 11
de setembro de 2001, em Nova York e ao Pentágono, teriam sido
arquitetados pelo próprio governo Bush e lançam mão de argumentos
deveras interessantes. O assunto é também enriquecido por teorias
conspiratórias surgidas posteriormente, as quais exploram determinados
pontos, realmente, mal explicados pelos gestores públicos americanos. O
que o senhor pensa dessa possibilidade?
CTH –
Não
posso dizer que tenham sido arquitetados pelo próprio George Walker
Bush, por falta de provas ou evidências fortes. Mas, certamente, pelo
estabelecimento industrial-militar, a quem Bush, e todos os demais
presidentes dos Estados Unidos, devia lealdade, pelo apoio à sua
eleição. Os fatos posteriores, como a invasão do Iraque, mostraram essa
possibilidade, e depoimentos mais atuais comprovam. Os aviões que
colidiram nas torres do World Trade Center não eram comerciais, mas da
USAF, pilotados por controle remoto, e há vídeos comprobatórios dessa
afirmação. Hoje, cerca de 28 universidades dos Estados Unidos
debruçam-se em estudos sobre o colapso dos edifícios, estando
comprovadas, devidamente documentadas e visíveis em diversos vídeos da
época, as explosões controladas, usadas para implodir os prédios. Mesmo
que se admitisse, em um inexcedível amor ao debate, que as duas torres
tivessem desabado por conta dos impactos dos aviões, não haveria como
explicar o porquê das torres no 4 (15 andares, prédio
de serviços de apoio e manutenção) e 7 do WTC, essa última de 49 andares
(onde a CIA mantinha escritório para operações clandestinas na bolsa de
NY), terem caído na mesma hora das “irmãs”, também verticalmente, sem
que tenham sido atingidas por avião, escombros, bomba, meteoro,
terremoto ou passarinho valente. Nem como um avião decola de Boston rumo
a Washington, não é detectado pelos radares civis e nem pelos militares,
não é visto por dois caças-interceptadores F-16 que cruzam com ele no
ar, passa por cima da Casa Branca sem ser molestado e nem atacado pela
defesa anti-aérea, voa sobre o Pentágono, faz uma longa curva, desce a
dois metros de altura e entra pela face frontal do Pentágono sem ter
sido detectado e nem combatido por uma defesa anti-aérea considerada uma
das melhores do mundo. Veja que o avião, ou o suposto avião, passou
sobre todos os prédios da mais alta administração dos Estados Unidos, ou
seja, Casa Branca, Capitólio, Pentágono, e não foi visto ou abatido. E
desse avião, de quase quatro metros de diâmetro, não se teve nenhum
pedaço de escombros, sendo que ele teria atravessado três anéis de
concreto reforçado do Pentágono, sem danificar a fachada, e fazendo um
buraco de 1,8 metro de diâmetro em toda a sua trajetória dentro do
edifício. Não tem qualquer sentido. Não sobrou nem vestígio das turbinas
de aço temperado, que as autoridades alegaram terem ‘se evaporado’ com
todo o restante do avião, por conta das chamas do incêndio. Mas,
computadores dos andares que ruíram ficaram intactos. Evapora aço
temperado, mas plástico não. E o piloto sequestrador foi identificado
pelas impressões digitais. Em um avião que não foi encontrado. O piloto
deveria ter dedos de cerâmica, para resistir ao incêndio que evaporou
aço temperado!
'O objetivo foi implantar nos Estados Unidos o estado de
terror, em que a população,
para se defender de outros ataques terroristas,
concordaria - como de fato concordou - com medidas
extremas das forças armadas americanas contra supostos
grupos terroristas ao redor do mundo'
VF –
Considerando que os ataques de 11 de setembro teriam sido provocados
por uma absurda sabotagem do próprio governo dos EUA, quais teriam sido os objetivos de
seus arquitetos,
vez que foram mortas quase três mil pessoas nesse incidente?
CTH –
As
mortes são chamadas de “danos colaterais”, e foram de gente simples.
Faxineiros, ascensoristas, vigilantes. E os ataques foram planejados
para não matar muita gente, porquanto se deram antes das 9 horas da
manhã, quer dizer, antes de começar o expediente comercial em Nova
Iorque. Fosse depois dessa hora, morreriam dezenas de milhares de
pessoas. O objetivo foi implantar nos Estados Unidos o estado de terror,
em que a população, para se defender de outros ataques terroristas,
concordaria - como de fato concordou - com medidas extremas das forças
armadas americanas contra supostos grupos terroristas ao redor do mundo.
Precisavam atacar o Iraque, para tomar o petróleo e evitar que a OPEP
seguisse o exemplo de Saddam Hussein, de converter as suas reservas de
dólar para euro. Quebraria os Estados Unidos. E precisavam atacar o
Afeganistão, onde o Talibã, antigo aliado dos americanos, não estava
permitindo a passagem de um oleoduto que traria petróleo do Mar Cáspio
(motivo pelo qual a Chechênia também sofre ataques da Rússia, já que ela
quer ‘royalties’ daquele produto, que fica no seu território), e
garantir a construção da dutovia. Foi feito isso, o oleoduto está
praticamente pronto, a segurança dele será feita pela empresa Blackwater
(a mesma que cuida da segurança dos diplomatas e instalações de petróleo
no Iraque), e não será mais necessária a presença do exército e dos
‘marines’ americanos no Afeganistão. Talvez, isso explique essa mentira
da morte de Bin Laden: ‘morto’ o maior inimigo, pode-se retirar as
tropas de lá. A conferir. Portanto, motivos puramente econômicos,
financeiros e industriais pelo petróleo, e geopolíticos, manter a região
sob ocupação militar.
VF –
Até o momento em que fechamos esta entrevista, os EUA não apresentaram,
além do anúncio, nenhuma comprovação palpável da morte de Osama Bin
Laden, como a exibição de seu corpo, conforme foi feito com Sadan
Hussein. E, por mais que alguns tentem associar este fato a teorias
conspiratórias, este segue alimentado a desconfiança de muitas pessoas,
especialmente, de líderes de grupos distintos sejam étnicos ou religiosos
em
toda aquela vasta região. De que maneira poderia ser dissipada tal
desconfiança?
CTH –
A
morte de Osama Bin Laden, em novembro de 2001, quando EFETIVAMENTE
ocorreu, é comprovada por depoimentos de muita gente importante, como
por exemplo os presidentes do Afeganistão, do Paquistão, de Benazhir
Butto, do chefe do setor de contra-terrorismo do FBI, do Mossad, serviço
secreto de Israel, de Dan Rather, da CBS News, que divulgou noticiário
sobre isso e outras fontes. Quanto à morte de Bin Laden pelas forças
especiais da Marinha dos Estados Unidos, conforme anunciado por Barack
Hussein Obama, será muito difícil comprovar a morte de forma palpável,
porque ela ocorreu há praticamente 10 anos. Portanto, Bin Laden não
morreu duas vezes, fato esse que leva à questão feita anteriormente, ou
seja, por que há quem não acredite nos Estados Unidos. Não há
plausibilidade no que afirmam. A foto divulgada pelo governo Obama
mostrando o suposto Bin Laden assassinado foi declarada falsa por todos
os órgãos da imprensa mundial, a partir de uma denúncia de The Guardian,
de que já tinha aquela mesma foto, mas sendo de um paquistanês morto
pelo serviço de espionagem, a ISI, em 2009. Fotos falsas, feitas em
Photoshop. Se as fotos, provas da morte de Bin Laden, eram falsas, então
o fato também o é. Penso que não há como dissipar a desconfiança, e essa
farsa, essa mentira, é fatal para a credibilidade de tudo o que digam
daí para diante.
VF –
Como o senhor foi levado à conclusão de que Osama bin Laden já se
encontrava morto desde novembro de 2001, quando teria falecido por
complicações renais?
CTH –
Fui
levado por um comportamento cartesiano. Efetuei pesquisas e encontrei
documentos, depoimentos, vídeos de programas televisivos, entrevistas,
fotografias, fotocópias de memorando do Mossad. Portanto, por uma
investigação profunda, respaldada em metodologia científica e nos
princípios enunciados por René Descartes, no seu Discurso do Método.
VF –
Considerando esse contexto, os EUA sabiam que Bin Laden já havia
falecido quando determinaram a invasão do Afeganistão?
CTH –
Certamente que sim. A invasão do Afeganistão foi ordenada alguns meses
após os fatos de 11 de setembro. Bin Laden estava fazendo hemodiálise em
um hospital em Rawalpindi, Paquistão, no dia 10 de setembro [de 2001],
foi internado de novo em novembro, quando veio a óbito. Em junho, no
Qatar, também em tratamento de diálise, foi visitado pelo chefe do
escritório da CIA na região.
'Quem conheceu Bin Laden e conviveu com ele, como os
Talibã,
sabe que a morte foi natural, não foi essa que Obama
divulgou'
VF -
Supondo que Bin Laden estivesse morto desde 2001, por quais razões os
EUA e seus aliados teriam invadido o Afeganistão, numa longa ocupação
que causou milhões de baixas civis e militares naquele país, além
de perdas também em células da
coalizão que invadiu o seu território?
CTH –
Lembremos que a invasão do Afeganistão só teve a ver com a construção do
oleoduto do Mar Cáspio, que se não passasse pelo Afeganistão teria que
dar uma volta de mais de três mil quilômetros, onerando fabulosamente o
empreendimento. Agora, precisam passar pelo Irã, para diminuir em dois
mil quilômetros a dutovia, economizando em custos logísticos do
petróleo.
VF –
Temos visto que a morte do líder da Al Qaeda despertou as mais diversas
reações em todo o mundo. Se de um lado, pessoas comemoram, por outro,
juram vingança. A partir da extinção oficial da imagem viva de Bin
Laden, o que podemos esperar?
CTH –
Quem
conheceu Bin Laden e conviveu com ele, como os Talibã, sabe que a morte
foi natural, não foi essa que Obama divulgou. Portanto, deles não haverá
reação alguma, a não ser risos pelo ridículo da notícia. Mas sempre há
insensatos, mormente os profundamente ignorantes, que podem imaginar que
o próprio martírio será a vingança pela morte de Bin Laden. Mas nesse
ponto já invadimos o terreno lodoso da adivinhação, ou opinar sobre algo
imponderável. De todo modo, não podemos esquecer que não havia notícia
alguma de Osama Bin Laden há quase 10 anos, o que em termos práticos, já
havia estabelecido um processo de esquecimento e substituição do antigo
ícone, ou seja, a extinção oficial da imagem viva dele. Eu não creio em
ataques de organizações extremistas, a não ser aquelas que detonaram
prédios em Oklahoma, ou de veteranos das forças armadas dos Estados
Unidos, paranóicos pós-Vietnam, ou pós-Iraque, ou fanáticos religiosos
pseudo-cristãos (eu sou cristão, sei o que digo), da espécie da Ku Klux
Klan e outras, por exemplo, autores de todos os atos terroristas e
assassinatos em série ocorridos em território americano nos últimos 150
anos.
VF – O
“fantasma” de Bin Laden poderia ser mais “perigoso” do que o próprio em
vida? E, a quem ele poderia assombrar?
CTH –
Em
vida, Bin Laden era colaborador da CIA, de maneira que não exercia
qualquer perigo aos Estados Unidos e seus aliados. Morto em novembro de
2001, também não assombrou ninguém, não se ouvia mais falar nele, mesmo
que a morte tivesse sido mantida em “segredo” (para o grande público) e
não ocorreu nada de anormal no que tange a ser uma ameaça. Depois da
farsa montada por Obama, que imediatamente subiu nove pontos nas
pesquisas prévias eleitorais [depois 11], o fantasma de Bin Laden poderá
assombrar o próprio Partido Democrata, consequentemente, Barack Hussein
Obama, na medida em que a mentira aflore e a credibilidade seja anulada,
trazendo consigo o naufrágio da postulação do presidente à reeleição. Eu
acredito que o governo dos Estados Unidos vá fazer uma intensíssima
campanha midiática, tentando mostrar que realmente matou Bin Laden.
Talvez, possam montar um palco no local, com visitas monitoradas à casa
destruída (e que muitos vizinhos e moradores da região disseram nunca
terem visto Bin Laden por lá), filmes institucionais dos SEAL
[sigla de Sea, Air, Land ou Mar, Ar, Terra] da Marinha
americana, reportagens de jornais que se vendem, jornalistas e âncoras
de aluguel e coisas assim. Isso tudo porque não é possível matar
novamente quem já estava morto há uma década, por melhores que tenham
sido as intenções da nova notícia, fato que só é citado por mera
argumentação.
VF – O
senhor acredita que a eminente martirização de Bin Laden poderá ganhar
respaldo ou ele deverá se tornar apenas mais uma imagem parada no tempo
a ser carregada pelos fieis, a exemplo de outros líderes considerados
radicais?
CTH –
Não
acredito em martirização de Osama Bin Laden, porque nem mesmo Yasser
Arafat, um dos ícones da luta pela libertação da Palestina, um herói e
exemplo para o seu povo, que tem sepultura em local conhecido e
realmente foi martirizado (constatou-se que morreu por contaminação por
HIV, por obra do Mossad, que o deixou três anos em sua casa, cercado,
sem água e energia elétrica). Ele despertou comportamento de idolatria
ou respaldou ações violentas dos seus compatriotas e demais defensores
da sua causa. Bin Laden não lutou pela causa árabe, não era um herói
para os árabes, era um colaborador da CIA, falsamente tornado o inimigo
público número 1 dos Estados Unidos. Ele não despertou nos árabes nem
uma pequena parcela do respeito e consideração que Yasser Arafat, ou
Gamal Abdel Nasser, por exemplo, lograram obter.
'É
totalmente verdadeira a frase atribuída ao senador norte-americano
e
ex-governador da Califórnia,
Hiram Johnson, em 1917,
de que 'na guerra, a primeira vítima é a verdade''
VF –
Os principais veículos da grande mídia mundial – salvo raras exceções -
consolidaram a morte de Bin Laden, de acordo com as informações
divulgadas pelo governo Obama. Considerando que o empresário saudita já
estivesse mesmo morto desde 2001, o senhor vislumbra alguma
possibilidade de este fato vir a ser esclarecido publicamente um dia?
CTH –
Eu gostaria de dizer que há disponível na Internet, mais
precisamente no sítio Youtube, um documentário produzido e dirigido por
um famoso e veterano jornalista inglês, correspondente de guerra, John
Pilger, e que se chama “A Guerra que você não vê”
que é bastante esclarecedor sobre esse assunto, isto é, sobre a
participação dos meios de comunicação, especialmente a televisão, na
propaganda de guerra. Nesse documentário, muito bem produzido e pleno de
depoimentos de professores das mais renomadas universidades
norte-americanas e inglesas, além de fartamente ilustrado com fatos e
provas reais, vê-se, com clareza solar, que é totalmente verdadeira a
frase atribuída ao senador norte-americano e ex-governador da
Califórnia, Hiram Johnson, em 1917, de que “na guerra, a primeira vítima
é a verdade”. Edward Bernays foi o pioneiro da propaganda moderna, tendo
sido o inventor do termo “relações públicas”. Disse ele que “a
manipulação inteligente das massas é um governo invisível, que é o
verdadeiro poder governante em nosso país”. Edward Bernays, empenhado em
fazer a população americana sensibilizar-se e apoiar a entrada do país
na guerra, foi a Woodrow Wilson, presidente dos Estados Unidos, e disse
“Olhe, se você vai entrar nesta guerra, nós vamos ter que vender esta
guerra ao povo estadunidense”. E Wilson instituiu a máquina de
propaganda, existente, e cada vez mais forte, até hoje. Entretanto, a
colaboração dos meios de comunicação, vale dizer, a instauração da
propaganda de guerra, vem do início do século XX, na época da I Guerra
Mundial, em que morreram 16 milhões de pessoas e 21 milhões foram
feridas. Naquela época, bem no auge da carnificina, o Primeiro Ministro
britânico, David Lloyd George, em um diálogo particular com C.P. Scott,
editor do jornal ‘The Guardian’, disse-lhe, “Se as pessoas realmente
soubessem a verdade, a guerra terminaria amanhã. Mas, é claro, eles não
sabem. E não podem saber”. As mais populares redes de televisão
norteamericanas divulgam mentiras, narram e “justificam” crimes de
guerra, mesmo sabendo que eles são crimes.
VF – Para o senhor, quais justificativas em prol de uma guerra, por exemplo, teriam contado com
serviços de propaganda da grande mídia visando obter opiniões favoráveis
da opinião pública e, até onde vai o comprometimento do
jornalismo com determinadas ações de Estado?
CTH -
Justificou-se a invasão do Iraque, a derrubada do regime, a morte de
cinco milhões de iraquianos, seja por ações bélicas, seja pelo criminoso
embargo aplicado àquele país por mais de 10 anos, em que se proibiu até
mesmo a importação de aspirina e inaladores. Justificou-se, dias atrás,
o ataque e assassinato de um filho e três netos de Muammar Kadafi, em
uma ação de bombardeamento de áreas civis de Trípoli, na Líbia. Todos
eles, crimes de guerra. A grande maioria dos jornalistas que cobre as
guerras hoje em dia, é classificada como “embeded journalists”,
quer dizer, jornalistas “embutidos”. Eles viajam com as forças armadas,
vestem uniformes militares, dormem nos alojamentos, cobrem todas as
ações e recebem informações e notícias em primeira mão. Mas só podem
publicar o que os hospedeiros, ou seja, as forças armadas que o recebem,
mandam ou autorizam. Quem não quer ser “embeded”, ou seja,
pretende ser independente, não consegue cobrir os fatos, não recebe
notícias, não tem informação e, até, tem os seus meios de comunicação
interceptados e bloqueados pelos satélites. A história dos
correspondentes de Guerra tem início com William Howard Russel, do The
Times, de Londres, que fez a cobertura da Guerra da Criméia. Descrevia
com fidelidade os detalhes dos horrores da guerra, relatando o
sofrimento dos soldados, as condições dos feridos e a brutalidade dos
cirurgiões. Com Russel nasce o conflito entre a “verdade e a segurança
nacional”, que ainda hoje persiste.
VF – O senhor acredita que esse tipo de relação imprensa/combatentes,
que ainda persiste e sofre as devidas atualizações com o passar dos
anos, chegou a ser de fato, consolidado, durante e após a Guerra do
Vietnã?
CHT -
A Guerra do Vietnã mostrou aos estrategistas americanos que os combates
são decididos na trincheira doméstica. Em 1966, uma fotografia mostrando
soldados americanos incendiando casebres vietcongues indignou a opinião
pública no momento em que o país saía às ruas em marchas de paz e amor.
Na Guerra do Iraque a imprensa mostrou não ser “neutra”, e sim
“patriótica”, como na guerra do Vietnã. Uri Avnery, jornalista
israelense, comenta que: “nunca tantos jornalistas traíram tanto o seu
dever como na cobertura da guerra. Na Guerra do Iraque, os exércitos dos
EUA e Grã Bretanha são acompanhados por grandes quantidades de
jornalistas. Um jornalista que aceita a cama de uma unidade do exército
se torna um escravo voluntário”. E os telespectadores gostam de ver
cenas de guerra, de matanças, assassinatos, e uma emissora de televisão
só conseguirá as cenas da guerra se colaborar com os guerreiros. Santo
Agostinho já afirmara, sobre os espetáculos teatrais, que hoje são os
filmes e noticiários com chocantes cenas de guerra, que os homens ficam
arrebatados com as cenas de misérias. E pergunta, “Mas por que quer o
homem condoer-se, quando presencia cenas dolorosas e trágicas, se de
modo algum deseja suportá-las? Todavia, o espectador anseia por sentir
esse sofrimento, que, afinal, para ele constitui-se um prazer.” Tudo
isso dito para alicerçar a resposta à questão oferecida, porquanto já
ter a Casa Branca iniciado, com a cumplicidade criminosa da grande
maioria dos meios de comunicação, especialmente televisão, a
“justificativa” midiática do assassinato que nunca ocorreu [o de Osama Bin
Laden].
VF – Nesse caso da anunciada morte de Bin Laden pelo governo dos EUA, o
senhor acredita possa estar havendo uma espécie de conluio consciente da
grande mídia
com o Executivo estadunidense, no sentido de que somente as informações de
interesse geopolítico desse governo sejam propagadas?
CTH -
Já estão lançadas nada mais, nada menos, do que três versões diferentes
sobre a forma com que o suposto Bin Laden foi assassinado. Uma delas, a
primeira, de que a casa foi invadida, ele estava desarmado e foi morto
por um soldado. A outra, de que a casa foi invadida, um irmão dele foi
morto, uma das suas mulheres foi atingida com um tiro na perna e ele,
próximo de armas de fogo, foi morto antes de se defender. A terceira, de
que uma suposta filha viu o suposto Bin Laden ser retirado vivo pelos
soldados, e assassinado posteriormente. O que a Washington pretende é
levantar, propositalmente, a polêmica sobre o MODO com que Bin Laden
teria supostamente sido morto, ou seja, se reagiu ou não, se estava
armado ou não, se foi tirado vivo da casa ou não. Então, os distintos
telespectadores discutem as hipóteses, todas mentirosas e falsas, porque
Osama Bin Laden morreu em novembro de 2001 de insuficiência renal
crônica e falência múltipla de órgãos em um hospital do Paquistão. E o
fato REAL fica arquivado, para sempre, aflorando uma enorme mentira como
se fosse a verdade absoluta. Considerando que audiência é o que vale
para os patrocinadores das redes de televisão, então eu entendo que será
bastante difícil ocorrer qualquer desmentido, mesmo que haja
movimentação popular para isso, como ocorre todos os anos nos Estados
Unidos, em diversos estados, onde numerosos grupos de manifestantes saem
às ruas todos os anos, em setembro, em passeatas exigindo a verdade
sobre o 11 de setembro, que eles próprios dizem, baseados em estudos de
destacadas universidades, que foi uma ação interna, ou seja, uma
conspiração. Mesmo com passeatas e provas incontestáveis, não deverá
ocorrer desmentido nenhum, nem lá e nem em outros lugares do planeta
onde a publicidade das grandes corporações alimenta os meios de
comunicação e entretenimento.
'Se a violação realmente existiu e, pelas fotos falsas de
Bin Laden pode ser dito que os fatos da morte
e da invasão também o foram, então tratou-se de uma real
e intolerável violação do Direito Internacional'
VF – O
governo do Paquistão, com ênfase no seu setor militar, acabou sendo
“humilhado” pelos EUA, ao desconhecer, ou o que seria pior, permitir, a
violação de seu território para uma operação militar clandestina do
governo Obama. Após as primeiras críticas internacionais, o Paquistão se
manifestou imediatamente, engrossando o tom com os EUA e afirmando que
irá reagir a qualquer outra violação de seu território. Como o senhor vê
estas declarações e o próprio ato de “violação” das fronteiras
paquistanesas nesse episódio?
CTH
– O
Paquistão vem de algum tempo, uns seis ou sete anos, com algumas
altercações com os Estados Unidos, inclusive, por conta do apoio
incondicional dos americanos à Índia, e pela falta de uma definição
sobre de que lado Washington se encontra na definição acerca de quem
entende pertencer a Cashemira. Sabe muito bem, o governo paquistanês,
que a notícia da ação das forças especiais da Marinha americana, os SEAL, mesmo que não tenha
ocorrido tal ataque, mostraria que o Paquistão teria uma defesa inapta,
inepta e frouxa, fato esse, desmoralizante às suas forças armadas.
Então, esse novo tom mais elevado que o Paquistão imprimiu às suas
manifestações sobre o caso, a fim de poder elevar a cabeça e voltar a
dialogar em condições mais igualitárias, e não parecer ter sido servil,
prestando vassalagem aos Estados Unidos, ou débil na defesa do seu
território. Se a violação realmente existiu e, pelas fotos falsas de Bin
Laden pode ser dito que os fatos da morte e da invasão também o foram,
então tratou-se de uma real e intolerável violação do Direito
Internacional, por supostamente ter sido perpetrada uma agressão ao
Paquistão, via invasão militar não autorizada de território de um país e
nação soberana, com agressão e assassinato de cidadãos moradores daquele
país.
VF – O
que o mundo pode esperar, após a retirada das tropas americanas do
Afeganistão?
CTH –
Pode
esperar que a segurança do oleoduto construído no Paquistão para escoar
o petróleo do Mar Cáspio será feita por empresa privada, a Blackwater,
isenta de fiscalização internacional e que já mostrou que mata civis e
inocentes só por diversão, como aconteceu dezenas de vezes no Iraque. E,
da mesma forma e, ao mesmo tempo, pode esperar que os EUA joguem toda a
sua máquina de guerra em outra ação em defesa dos interesses de empresas
norte-americanas da área de energia, em qualquer parte do mundo, a fim de
se apropriar daquelas riquezas e recursos, como tem ocorrido há mais de
um século. Quem sabe sobre o Irã?
VF –
Então, a retirada das tropas americanas do Iraque e, possivelmente, do
Afeganistão, poderia implicar em possível disponibilidade de sua
utilização em uma
futura ocupação em outras plagas de interesses geopolíticos de EUA e
seus aliados?
CTH –
Certamente que sim, afirmação essa embasada na existência de sete frotas
norte-americanas navegando por todo o globo terrestre, fortemente
armadas e sem que houvesse uma justificativa para tal mobilização. O
orçamento militar dos Estados Unidos da América bateu na casa de US$ 1
trilhão, sendo seguido pelo da China, com US$ 82 bilhões. Portanto, para
que os Estados Unidos invistam mais do que o décuplo, mais precisamente,
12 vezes, do orçamento militar da China, que seria, em tese, nos dias
correntes, eventualmente, o seu único possível inimigo conhecido?
VF – O
senhor entende que exista possibilidade, ou mesmo, certa potencialidade
para que ocorra, num prazo médio ou longo - a exemplo do ocorrido em
outros continentes - uma possível invasão ou “ocupação” norte-americana
em algum Estado autônomo da América do Sul?
CTH –
Pelos dados históricos, eu creio que sim. A Quarta Frota dos Estados
Unidos foi reabilitada, quer dizer, foi novamente constituída. Sua
alegada missão é “humanitária”, contando, para tais misteres de ajuda
desinteressada aos povos carentes, com um porta-aviões dotado de 95
aeronaves de combate e mais 30 de apoio, aviões-radares, aeronaves de
contra-medidas eletrônicas, helicópteros de resgate, estando esse
porta-aviões escoltado por oito destóieres, sete submarinos nucleares,
mais uma dezena de navios de suprimentos, apoio e unidades de comando e
controle. Todos armados até os dentes. A sua atuação é exclusivamente no
Atlântico sul, indo do Caribe até a Patagônia, região essa onde está,
por coincidência, o petróleo do pré-sal brasileiro, além do Aquífero
Guarani e a entrada da Amazônia, onde ficam localizados 80% da água
potável do mundo, além das maiores reservas de nióbio, metal
ultra-estratégico que o Brasil detém 99% da produção mundial (mas cuja
cotação de preço é determinada pela Bolsa de Londres) e toda a maior
biodiversidade do planeta.
'No decorrer dos últimos 20 anos, todos os dirigentes dos
países ditos desenvolvidos manifestaram-se no
sentido de que o Brasil não poderia exercer pleno
controle sobre a Amazônia, por eles rotulada como de interesse
da humanidade, e que a soberania brasileira deveria ser
limitada sobre aquela região do nosso território'
VF – Por suas vastas riquezas materiais, é plausível a possibilidade de
que a Amazônia passe por um processo de desnacionalização? Ou seja, que
esse vasto território, por conta de inúmeros interesses externos, possa
realmente deixar de integrar à União Federativa do Brasil?
CHT -
É relevante informar que o professor Dr. J.W. Bautista Vidal, professor
da Universidade de Brasília e da Universidade Federal da Bahia, há mais
de 10 anos vem percorrendo o país informando sobre um perigo muito
grande que o Brasil corre, no âmbito da possível desnacionalização da
Amazônia. Eu mesmo, por duas vezes, fui ouvinte de palestras do Prof.
Bautista Vidal. Em uma delas, em Brasília, o professor, juntamente com
oito oficiais da ativa da Força Aérea Brasileira, alertava para esse
perigo, e mostrou que a desnacionalização da Amazônia poderá vir por
meio de um artifício legal internacional. Trata-se da aprovação nas
Nações Unidas, com o firme apoio e concordância do Brasil, da Declaração
Universal dos Direitos dos Índios. Como esse documento é um Tratado
Internacional do qual o Brasil é signatário, ele tem força de mandamento
constitucional. Por ele, as nações indígenas têm direito à
autodeterminação, à soberania, demarcação e incolumidade dos seus
territórios, e à formação de uma nação soberana, com fronteiras
definidas e respeitadas. Ou seja, isso formaria um outro país, dentro do
Brasil. Ou vários outros países, na medida em que há diversas nações
indígenas no território nacional. Consideremos, agora, que há cerca de
nove mil índios na Amazônia, para uma área indígena de mais de um milhão
e meio de quilômetros quadrados, mostrando que aqueles poucos índios têm
à sua disposição um território praticamente com o triplo do tamanho da
França, ou o equivalente a França, Espanha e Alemanha juntas. Até aí,
apesar da perplexidade causada pela desproporção territorial para tão
poucos habitantes, não é esse o fato preocupante. Há dois deles. Um, é
que pelo citado documento, índio é todo o indivíduo que assim se declare
e como tal seja reconhecido por alguma tribo. E há, comprovado por
documentos oficiais, muitas tribos que não falam o português, mas sim o
inglês, alemão e francês, por conta da presença, na região, de diversas
ONG’s que abrigam missionários dedicados a ajudar os índios, tendo,
todos eles, indistintamente, mas por extrema coincidência, no mínimo
mestrados em geologia, biologia, ciências ambientais e outras ciências
menos votadas. Nos territórios dessas tribos, brasileiros não são
admitidos, a não ser que estejam acompanhados de algum dos caridosos
missionários. Uma dessas ONG’s, a WWF, é presidida mundialmente pelo
príncipe consorte da coroa inglesa, Sua Alteza Real Phillip, marido de
Elisabeth II, com escritório e estrutura de representação no Brasil
dirigidos por João Roberto Marinho, vice-presidente das Organizações
Globo. O segundo fato muito grave é que se uma nação indígena quiser
autonomia completa e soberania total sobre o seu território, deverá ter
esse pleito reconhecido e aceito pelo país onde se localiza. No caso de
não atendimento, poderá pedir ajuda internacional, como, por exemplo,
para a ONU ou OEA, que obrigatoriamente deverá conceder a ajuda pedida,
inclusive força militar para obrigar o pleito a ser respeitado.
Recentemente a OEA manifestou-se contrária à construção de duas usinas
hidroelétricas na Amazônia, dizendo que as represas colocarão em perigo
os direitos inalienáveis das nações indígenas. No decorrer dos últimos
20 anos, todos os dirigentes dos países ditos desenvolvidos
manifestaram-se no sentido de que o Brasil não poderia exercer pleno
controle sobre a Amazônia, por eles rotulada como de interesse da
humanidade, e que a soberania brasileira deveria ser limitada sobre
aquela região do nosso território, porque, segundo disseram aqueles
governantes, o Brasil não tinha condições de controlar o desmatamento e
a degradação da floresta tropical e dos seus recursos naturais. Daí,
fica mais fácil a percepção do que pode vir a ocorrer, em termos de
ações da “democracia” para salvaguardar os interesses da “humanidade”.
VF –
Como o senhor vê o fato de o governo da Colômbia, a título de “parceria
antitráfico e antiterrorismo”, ter aberto espaço em seu território e
permitido a instalação de bases militares norte-americanas em nosso
subcontinente?
CTH –
Esse fato é instigante, na medida em que não se tem acesso às políticas
de combate ao tráfico de drogas e ao terror do governo da Colômbia, e
nem de quanta ajuda externa aquele país vizinho necessita para
implementar tais ações. E é tão instigante quanto outro fato, esse aqui
no nosso país, tratando-se da existência, e plena vigência nos dias
correntes, de um decreto assinado pelo então presidente Fernando
Henrique Cardoso, e mantido por Lula da Silva, autorizando tropas
estrangeiras armadas a cruzar o território brasileiro em toda a sua
extensão, sem que sejam fiscalizados e/ou molestados, não se tendo o
mínimo conhecimento dos reais motivos que levaram o governo brasileiro a
tomar tal atitude. Portanto, a emissão de um juízo de valor sobre tais
fatos, tanto o colombiano como o brasileiro, não é viável e nem
plausível com o que se tem de informações, dados e análises a respeito.
VF – O
retorno dessas tropas que se encontravam do outro lado Atlântico poderá
culminar num maior número de militares americanos em território
colombiano?
CTH –
Não
tenho dados e nem informações que me permitam fazer uma afirmação nesse
sentido, já que a estratégia e táticas dos Estados Unidos da América
para Colômbia, ou para a América do Sul, não estão claras e carecem de
melhor definição.
VF –
Caro professor, nós agradecemos imensamente pela entrevista e pedimos para nos expressar
suas considerações finais.
CTH –
Eu
agradeço a oportunidade que
Via Fanzine me proporcionou de expor a minha
visão dos assuntos aqui tratados e de levar aos seus leitores um ponto
de vista originado na pesquisa de muitos anos, mostrando fatos que não
são de ampla divulgação da imprensa e dos meios de comunicação, como
mostrado. A todos, o meu preito de respeito e consideração, e que Deus
vos abençoe, proteja, ilumine e guarde.
*
Pepe Chaves é editor do diário digital
Via Fanzine e da ZINESFERA.
- Imagens:
Fotomontagem VF/Arquivo VF.
- Colaborou: Mara Montezuma Assaf (SP).
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