HOME | ZINESFERA| BLOG ZINE| EDITORIAL| ESPORTES| ENTREVISTAS| ITAÚNA| J.A. FONSECA| PEPE MUSIC| UFOVIA| AEROVIA| ASTROVIA

 

 

 Entrevista

Entrevista exclusiva com

Carlos Tebecherani Haddad

Advogado, engenheiro, professor e pesquisador.

 

Por Pepe Chaves*

De Belo Horizonte-MG

Para Via Fanzine

09/05/2011

 

Carlos Tebecherani Haddad nos fala de política externa.

 

Carlos Tebecherani Haddad, 60 anos, é engenheiro e advogado, natural de Santos-SP. Cristão ortodoxo, ele é professor universitário, diretor da FEARAB América (Federação das Entidades Árabes da América do Sul) e pesquisador sobre cultura árabe e religião. Nessa entrevista gentilmente nos concedida, o professor Haddad responde algumas questões da política internacional, em especial, às relacionadas aos Estados Unidos da América (EUA) e países do Oriente Médio e região. Haddad também comenta, com bastante propriedade, sobre a recente ação militar norte-americana no Paquistão, que teria culminado no assassinato do líder da Al Qaeda, Osama Bin Laden. Nosso entrevistado tem plena convicção – e apresenta aqui parte delas - de que Bin Laden já teria morrido em 2001, no Paquistão, por conta de complicações renais. Para ele, o anúncio feito em 1º/05 por Barack Obama dando como certa a morte de Osama naquela data estaria, no mínimo, equivocado. Ele acredita que a imprensa apenas obedece ordens de determinados poderes que se tornaram íntimos dessa e exemplifica. Ainda expressando suas corajosas convicções, o professor Haddad acredita que a construção de um oleoduto que favoreceria interesses dos EUA tem sido o principal catalisador das últimas guerras ocorridas nas cercanias orientais e que a figura do presidente norte-americano não goza de autonomia própria. Entre outros assuntos, o professor também aborda sobre democracia em vários contextos; questões implicantes à Amazônia brasileira; o retorno das tropas americanas de Iraque e Afeganistão, além das bases militares montadas pelos EUA em território colombiano.

 

Via Fanzine – Prezado professor Carlos Tebecherani Haddad, como o senhor analisa a aliança de EUA, Israel e aliados europeus e o impacto da mesma, especialmente, em determinados países do norte da África e do Oriente Médio?

Carlos Tebecherani Haddad – A aliança entre Estados Unidos e Israel é mais do que uma simples relação de amizade e apoio mútuo entre países, mas uma autêntica SIMBIOSE entre Estados. Não entre NAÇÕES, mas entre Estados. Nesse sentido, é árdua a distinção entre ser Israel o 51o estado norte-americano, ou a verdadeira capital dos Estados Unidos ser Tel Aviv ou Jerusalém. Não se contesta aqui, de forma nenhuma, o direito de Israel existir, nem de receber apoio financeiro, logístico, econômico ou o que o valha dos Estados Unidos e nem de países aliados europeus, asiáticos etc. Em verdade, árabes e judeus vivem muito bem em Israel, tanto quanto em outros países, mas interesses poderosos fazem com que ocorram problemas entre FACÇÕES na região. Entretanto, os interesses geopolíticos dos Estados Unidos no norte da África e no Oriente Médio, interesses que nem sempre se coadunam com o Direito Internacional e nem com os princípios da autodeterminação dos povos e do respeito à soberania das nações, encontram em Israel um verdadeiro cão de guarda. Na exata proporção em que o país hebreu defende tais interesses com todo o empenho possível e imaginável, dispondo, para tanto, de astronômicos recursos financeiros, materiais, militares, logísticos e tecnológicos. Portanto, ocorre um evidente, enorme e intolerável desequilíbrio de influência e de forças tanto no norte da África como no Oriente Médio por inteiro, abissalmente a favor dos Estados Unidos e de Israel. E tal conjuntura geopolítica milita em desfavor da justiça e da tão buscada paz.

 

VF – Como o senhor vê as interações da organização Al Qaeda, com relação aos chamados “inimigos do Islã”?

CTH – Até agora não se conceituou exatamente o que seja, ou o que seria, a Al Qaeda. Diz-se ser uma organização terrorista, mas na verdade o significado desse nome, em árabe, é ‘A Base’. Trata-se de uma organização informal que Osama Bin Laden montou, com muito sucesso, em 64 cidades de todo o mundo para captação de dinheiro para a CIA, que com tais recursos treinava jovens universitários (em árabe Talibã) para combater a Rússia e a Aliança do Norte, que dominavam o Afeganistão à época. Portanto, a Al Qaeda é uma organização que interagiu muito bem com a CIA, por conta da parceria entre a agência norte-americana e Osama Bin Laden. Portanto, com os Estados Unidos da América do Norte. Considerando-se que nem no portal do FBI (www.fbi.gov), nem no da CIA (www.cia.gov) e nem em outro qualquer das agências de espionagem (que hoje se chamam de ‘inteligência’) dos países aliados do Ocidente, Rússia, China, etc., há qualquer menção à Al Qaeda como organização terrorista, formal ou não, ou inimiga daqueles países. Então, fica meridianamente claro que um trabalho midiático muito forte foi feito para levar à Al Qaeda essa classificação que ela ostenta. Mas a sua interação com os assim chamados “inimigos do Islã” parece ter sido profícua, ao que se viu. Em verdade, fala-se da Al Qaeda com toda a adjetivação, mas até agora não se explicou, por quem detém essa informação (se detiver) QUEM é a Al Qaeda. O seu endereço, ou endereços, sua hierarquia, ideologia, quais são os seus meios de financiamento (primordial para manter movimentos armados poderosos como se lhe atribui por todo o mundo), quem são os seus financiadores, de onde provêm os recursos que a sustentam e outros fatos dessa natureza. Como a Al Qaeda adquire recursos financeiros, logísticos, armamentos (dizem que até possui armas nucleares de pequeno porte, contrabandeadas da antiga União Soviética), midiáticos, tecnológicos, acesso a satélites de telecomunicações (totalmente controlados pelos Estados Unidos, França, Inglaterra, Rússia e China), sem que informação alguma seja acessível aos serviços de ‘inteligência’ que lhe buscam pelo mundo, e não se coíba ações como as que são atribuídas à sua responsabilidade? Ou por conivência de todos os países, a fim de se manter o estado de terror que o mundo foi tomado após 11 de Setembro, portanto, o estado de exceção que os Estados Unidos instauraram por todo o globo em nome da ‘guerra ao terror’, ou por absoluta inexistência desses recursos e ações terroristas.

 

VF – Dentro dos parâmetros da chamada democracia, Estados governados por representantes de instituições militares (como Cuba e China) ou religiosas (como o Islã, em distintas localidades) são inadmissíveis. Dentro desse “conceito democrático”, há raras exceções “aceitas”, que não sejam os civis no poder, entre estas, alguns regimes monárquicos (como no Reino Unido), que vem banir o verdadeiro sentido da democracia. Como o senhor analisa esta questão e, até onde, religiosidade e militarismo devem se misturar com administração nacional?

CTH – Os dias que vivemos mostram o conceito de ‘democracia’ muito esgarçado. Tanto é assim, que, potências hegemônicas sentem-se muito à vontade e no direito de invadir nações soberanas e derrubar governos, assassinar mandatários e destruir infraestruturas consolidadas. No que tange ao Oriente Médio, primeiramente é necessário observar que TODOS os países daquela região são muito novos, fundados e organizados há pouco tempo, a grande maioria a partir de 1946 em diante, inclusive, Israel. E que, anteriormente, eles não eram países, mas nações. O conceito de país é uma região com limites e fronteiras bem definidas, regularmente constituído e com uma população vivendo sob um regime legal estabelecido e conhecido. Por exemplo, Brasil, Argentina, França, Estados Unidos, Azerbaijão etc. Nação, por seu turno, é um grupo social que vive sob as mesmas crenças, usos, costumes, cultura e fé, não necessariamente sob fronteiras definidas, nem constituição formal nem legislação conhecida. A nação yanomâmi, apache, incas, aztecas etc. Eram, são, nações, mas não países. E no Oriente Médio, norte da África, como ainda em várias partes da Ásia e até na China, em cantões, tem-se nações distintas, muitas delas dentro de países formais. A unificação dessas nações foi feita de forma que pode ser conceituada como artificial, já que os países que possuíam mandato da Liga das Nações, posteriormente da ONU, foram “constituindo”, “fundando” países na região. Foram dividindo territórios, como a Grande Síria que se dividiu em Síria e Líbano, a Mesopotâmia, que virou Iraque e Kuwait, a Transjordânia, que se transformou em Jordânia, Palestina e Israel, e assim por diante. E os governantes, mandatários e regimes desses novos países foram instaurados, financiados e apoiados pelos antigos beneficiários do mandato, e que detinham o império, como a Inglaterra, França, Itália e posteriormente Estados Unidos. Portanto, o “status quo” dos governos locais, de predominância e/ou influência religiosa e/ou militarista, foi determinado “democraticamente” pelo Ocidente, que financiou, e financia ainda hoje, tais regimes “antidemocráticos”, na exata medida dos seus interesses, geopolíticos ou imperialistas, na região. Nesse diapasão, eu diria que, em tese, e para o meu gosto e entendimento, regimes democráticos não devem ser misturados a interesses militaristas e/ou religiosos, de forma nenhuma. Mas o maior exemplo dessa quebra conceitual são os próprios Estados Unidos da América (EUA), onde somente um ingênuo, ou outro desinformado, imagina que os governantes, mormente, os presidentes da república, são eleitos pelos seus próprios valores e méritos de defesa da democracia. Ledo engano!

 

VF – Desta maneira, as eleições apenas sacramentariam a nomeação do chefe de Estado, contudo o mesmo não teria autonomia...

CTH - Os presidentes dos Estados Unidos só conseguem viabilizar as suas candidaturas e pleitos após serem devidamente escrutinados e aprovados pelo estabelecimento industrial-militar, quer dizer, após assumir compromissos de prosseguir na política externa norte-americana de ter interesses, e não amigos (conforme disse Henry Kissinger, quando Secretário de Estado) e mantiver a hegemonia militar e econômica daquele país no mundo. Quem é capaz de dizer que a ONU tem autonomia para decidir o que é pela paz, se os Estados Unidos têm vetado, amiúde, decisões daquela Organização? Nesse contexto, não há democracia plausível e viável, seja sob qualquer ponto de vista que se aplique, ocidental ou oriental, militarista ou civil, religiosa ou laica. Quando interesses próprios, individuais, de um determinado país, “justificam” invasões, assassinatos de governantes, intervenções armadas, em países e nações soberanas, então não há mais margem para analisar e, eventualmente, julgar ocorrências de confusão e mistura entre militarismo e/ou religião e a administração nacional “dos outros”, escasseando, dessarte, os argumentos para eventual condenação desse tipo de fato.

 

'O conceito de ‘obsolescência programada’, que leva produtos a terem as suas

vidas calculadas para terminar em pouco tempo, em nome do consumo e da produção industrial,

talvez seja um dos vetores de aceleração da mudança, melhor dizendo,

da transformação do conceito de democracia, daquele que deflui da etimologia da palavra'

 

VF – Trocando em miúdos; poderíamos considerar a chamada democracia nos padrões atuais, como uma “invenção” da monarquia inglesa, aplicada aos EUA, tornando esse país uma espécie vitrine atrativa para arrebatar outros países a tal modelo que, já estaria sob total controle de grupos predeterminados?

CTH – Talvez não fosse apropriado conceituar como tendo a democracia dos padrões como uma “invenção” da monarquia inglesa aplicada aos EUA, mas, todavia, que o conceito filosófico de democracia possa ter se degradado ao longo do século XX, à medida que as distâncias foram, digamos, diminuindo, pelo avanço dos meios de transportes e comunicações. Os países hegemônicos, nesse sentido, vislumbraram novas formas de exercer o império, fazendo-o mesmo sem ocupar territorialmente outros países e regiões. A partir do início do século XX e, destacadamente, logo após a Segunda Guerra Mundial, as corporações foram tomando lugar de destaque na economia mundial, sendo lícito afirmar que hoje em dia elas, as corporações, estão tomando o lugar dos países, em termos de influência e poder. Não se fala mais em empresa multinacional, mas em transnacional. Elas estão onde está o interesse econômico e financeiro, e podem mudar de lugar muito facilmente, abrindo e fechando fábricas conforme altera-se a conjuntura econômica, e até mesmo mudando a localização das suas sedes, se assim for conveniente para os seus interesses. É uma das consequências da globalização que, por seu turno, é resultado do que poderia ser chamado de Terceira Revolução Industrial, que foi o desenvolvimento das telecomunicações. As mudanças, hoje em dia, não se dão de forma aritmética, nem geométrica, como foi suposto por economistas da década de 1970, mas de maneira exponencial. O conceito de ‘obsolescência programada’, que leva produtos a terem as suas vidas calculadas para terminar em pouco tempo, em nome do consumo e da produção industrial, talvez seja um dos vetores de aceleração da mudança, melhor dizendo, da transformação do conceito de democracia, daquele que deflui da etimologia da palavra, do grego, ou seja, governo do povo, para o atual, como presenciamos hodiernamente em vigência no Ocidente.

 

VF – E como o senhor vê a reação de determinadas populações regidas por distintas monarquias do mundo árabe, bem como, de países da África, que buscam atualmente destituir ditadores e monarcas, clamando em uníssono, por experimentar o dito regime democrático?

CTH Algumas manifestações nesse sentido deram-se porque os reis e governantes de muitos desses países estabeleceram regimes de opressão e corrupção, e o povo adquire percepção clara desse estado de coisas. Mas não se deve olvidar que a enorme maioria dessas monarquias e ditaduras foi estabelecida com o manto obscuro e fétido dos piores interesses geopolíticos dos países hegemônicos, mormente Inglaterra, Estados Unidos e França, com algumas sobras para a Itália, no norte da África, de quem recebe proteção e financiamento. Guerras e morticínios têm ocorrido naquelas regiões sem que o Ocidente mova uma palha, e isso, porque, muita vez, tais conflitos e massacres servem aos interesses econômicos e financeiros dos financiadores daqueles regimes opressores e corruptos.  

 

VF – Mas, por que, agora, esta explosão ideológica que vem derrubando reis e ditadores?

CTH – Em alguns países, por conta da percepção do povo da corrupção e opressão em tal grau de desenvolvimento que tornaram-se intoleráveis, como ocorreu na Tunísia, onde uma manifestação isolada de um cidadão infelicitado pela falta de trabalho alastrou-se pela população. Outras, como no caso do Egito, o povo também não suportava mais as dificuldades econômicas pelas quais passava o país, enquanto os governantes eternizavam-se no poder e enriqueciam, formando verdadeiras castas, além de terem a clara percepção de que estava a se cometer injustiças bárbaras contra os palestinos, na medida em que o governo egípcio dava todo o apoio ao desumano cerco físico embargo de Israel aos habitantes da Faixa de Gaza e da construção do novo horror à Humanidade, o assim chamado Muro do Apartheid, construção de 1.200 quilômetros, hoje com 820 quilômetros prontos, que segrega as cidades e vilas palestinas do restante do território e das terras de agricultura daquele povo, e estabelece um verdadeiro regime de terror de estado, repetindo, Israel, com os palestinos, tudo o que os hebreus sofreram durante o nazismo. Finalmente, há alguns casos em que a utilização da ‘propaganda’ da democracia ocidental contamina o povo de falsos sentimentos, e serve ao interesse em desestabilização dos regimes, que os países hegemônicos pretendem trocar por outros alinhados às suas políticas neo-imperiais.

 

'A dinâmica do mundo moderno, onde países têm que obrigatoriamente interagir,

até mesmo para não sucumbirem e nações não desaparecerem,

faz com que as estruturas organizacionais e constitucionais aproximem-se umas das outras'

 

VF – O senhor entende que existe uma real possibilidade da democratização em países onde a religiosidade e o Estado estão profundamente entrelaçados na atualidade?

CTH – Sim, no médio prazo há essa real possibilidade, que já se iniciou. Mas, antes de mais nada, devem ser considerados os próprios alicerces sociais e destacados fatores culturais e éticos, que são milenares, portanto, sobremaneira arraigados na alma do povo, para que não se queira ver a ‘democracia’ na região do Oriente Médio exatamente como se tem, ou se quer ter, no Ocidente. Lá, a tradição e os costumes tribais são muito fortes, como o são na Ásia inteira, podendo ser dito, metaforicamente que, em comparação com o que estamos habituados a vivenciar, eles são espelhos com índices de refração e reflexão diferentes daqueles europeus e americanos. O Oriente Médio, como de resto toda a Ásia, não é uma caixa de ressonância em exata coerência e harmonia ao som emitido pelo Ocidente, tendo, obviamente, as suas próprias estruturas de propagação. A democracia no Oriente Médio está muito mais próxima daquela que Aristóteles, Platão, Sócrates, Thales de Mileto enunciaram, e que sofreu na América marcantes modificações para se adaptar a um mundo mais pragmático, mais descolado da ética, ou tendo-a modificado, e da moral. Agora mais tolerante aos novos costumes e hábitos de vida da sociedade de consumo, quer dizer, mais conectado ao sucesso individual em detrimento do coletivo e à força e poder financeiros. A dinâmica do mundo moderno, onde países têm que obrigatoriamente interagir, até mesmo para não sucumbirem e nações não desaparecerem, faz com que as estruturas organizacionais e constitucionais aproximem-se umas das outras. Como é o caso da China, seguindo o exemplo da Rússia, que de estado comunista e militarista hoje já é tratado como economia de mercado e onde os direitos e as garantias individuais já são visíveis, mesmo que ainda não produzam uma sombra acolhedora. E o mercado exige flexibilização dos controles e democratização do sistema de freios e contrapesos que regem as sociedades. No Oriente Médio, caso o Ocidente não interfira demasiado, tem-se, sempre sob visão de médio prazo, uma caminhada nesse sentido em países como a Palestina (que precisa ter o Estado Palestino efetivamente implementado, como o foi Israel), Líbano, os países do Golfo, como os Emirados Árabes Unidos, Síria, Iraque, Egito.    

 

VF – A criação do Estado de Israel evidenciou a conturbada relação de distintas nações ideológica, política e religiosamente reunidas em um mesmo território relativamente pequeno para todas elas. Qual seria a maneira de sanar este problema entre palestinos e judeus? E, o senhor vislumbra alguma solução para sanar essa histórica crise entre Israel e a Palestina?

CTH – A lógica do Oriente Médio é a da sobrevivência, onde se busca terra para plantar em meio aos pedregulhos. É o local onde as pessoas rezam todos os dias pela chuva e quando realizam a colheita visam ajudar os mais necessitados. Buscam água em meio ao orvalho das plantas e as protegem com invólucros plásticos a fim de se aproveitar a "gota de ouro" que veio da atmosfera. Os habitantes de Israel e da Palestina têm um sonho em comum, que é o desejo de que seus filhos tenham uma vida melhor que as suas. Esse ideal em comum permitirá certamente um acordo de paz na região. Ao contrário do que muitas pessoas possam imaginar, a maioria dos muçulmanos e judeus vive sem animosidade no Oriente Médio. É inegável que mesmo escasseando as visitas familiares entre eles, há um respeito mútuo, uma espécie de linha tênue, que pode ser abalada em épocas de crise, tais como atentados, retaliações, sequestros etc., e que nenhum meio de comunicação tem interesse em mostrar. E não há a mínima razão para a veiculação de notícias pessimistas em relação a paz dos povos que vivem na Palestina e Israel, na medida em que todos os dias veicula-se notícias dando conta da barbárie sem fim no Iraque, após a invasão norte-americana. E é conveniente para os interessados na discórdia tentar destruir um pensamento de paz, com mentiras, falácias e notícias sem profundidade social e humana. As hostilidades entre árabes e judeus iniciaram-se com o mandato da Liga das Nações, depois Organização das Nações Unidas (ONU), à Inglaterra, à época em que os bretões fizeram da região uma província, contrataram muitos sírios e libaneses como mão de obra barata para construção de ferrovias, estradas e nunca lhes deram um tratamento digno, deixando-os sob uma vida miserável. De todo modo que, multidões eram atraídas para a região, por causa da grande demanda por trabalhadores, devido àquela abundância de oportunidades de trabalho. Os judeus, portanto, não foram os únicos imigrantes da região. Nos séculos XVIII, XIX e XX, os palestinos eram, na realidade, um pequeno grupo. Atualmente, a comunidade palestina é uma mescla dos nativos da região com outros povos de outras localidades. Yasser Arafat era, ele próprio, de origem egípcia. Os poucos judeus que viviam na região eram protegidos pelos muçulmanos até a época em que o sionismo quis levar os judeus europeus para o que eles chamavam Eretz Israel, ou Terra de Israel. A partir daí, um sentimento antiocidente mesclado com um antiamericanismo foram decisivos para as hostilidades contra os judeus vindos da Europa. Após a declaração de independência de Israel, em 15 de maio de 1948, os países árabes, em uma coalizão inédita, resolvem reagir contra a instalação do novo estado hebreu, que expulsou os habitantes nativos de lá, e decidem invadir Israel. Os muçulmanos ortodoxos viam os judeus europeus refugiados da Segunda Guerra como "intrusos" e temiam a transformação ou até mesmo a destruição das suas tradições seculares, por influência dos novos moradores. Lamentavelmente, a ONU não foi capaz de prever que diferenças culturais seriam drásticas para o convívio de dois povos de línguas e religiões tão parecidas como árabes e judeus. Obviamente as relações entre árabes e judeus sofrem interferências com as guerras, atentados e uso da força militar israelense. Mas nenhum repórter ou pesquisador vai entrevistar um casal árabe-israelense que se ama e enfrenta os preconceitos e dificuldades de ter a união reconhecida. Árabes e judeus, habitualmente, se relacionam amistosamente, principalmente na região de Tel Aviv, Haifa e Yafo, onde ambos mantêm uma coexistência pacifica. Não fosse assim, certamente, essas cidades não mais existiriam. E a verdade é que tanto os judeus e muçulmanos moderados, que formam a esmagadora maioria da população de Israel e da Palestina, acreditam na paz, mesmo com a eventual ocorrência de episódios de abusos.

 

VF – Nesse caso, o senhor acredita que a infidelidade no reporte midiático do cotidiano desses povos, tende a agravar os conflitos, a partir de quando o noticiário passa a apresentar somente notícias negativas sobre tais relações humanas?

CTH - Os meios de comunicação do Ocidente, porém, em obediência às ordens emanadas das sedes dos governos dos países hegemônicos, ou seja, em defesa dos interesses geopolíticos mais torpes, só atentam para o lado ruim, o fanatismo, o uso da força - que para um lado é defesa e para o outro significa assassinato – quando os fatos geralmente são sobremaneira distorcidos, artificialmente mais ampliados do que são na realidade. Notícias assim geram mais audiência, e, portanto, mais publicidade. Tanto em Israel como na Palestina ocupada, um fato inconteste é que todos os que não acreditam na paz entre judeus e palestinos são minoria, assim como existe uma minoria tanto em Israel quanto na Palestina que não tolera a paz por mero orgulho. Mas é de se lamentar que a minoria unida contra a paz consiga muito mais destaque midiático do que uma maioria, ainda desunida, que reza silenciosamente em mesquitas, sinagogas e igrejas. A paz parece estar chegando, as pessoas que lá residem estão demonstrando isso no cotidiano, pois já sabem que todos ganharão com ela. Os árabes estão se engajando na Palestina para as conversações de paz com Israel. Finalizando, há uma ocorrência muito importante, sem que receba a devida atenção dos meios de comunicação, como também de muitos sociólogos e antropólogos do Ocidente, que se trata das taxas de crescimento da população palestina muitíssimo superior à dos judeus, o que levará Israel e ter, dentro de bem pouco tempo, maioria palestina na sua população. E tal maioria poderá levar a sérias e drásticas mudanças políticas na região, sem que seja necessário disparar um tiro sequer. A paz pelos acordos políticos e diplomáticos, ou então pelo crescimento da população, uma realidade que já pode ser vislumbrada.

 

'Como a grande maioria da população israelense é amplamente favorável à paz e à implementação

do Estado Palestino, Israel certamente será levado a fazer a paz e a colaborar positivamente

na implementação total da Resolução da ONU de 1948, que criou os dois estados, o judeu e o palestino'

 

VF – Num contexto de mudanças políticas na região, na busca de um “bem geral” e maior que os interesses de cada parte, como o senhor analisa esse acordo firmado recentemente entre os grupos Hamas e Fatah e, que tipo de consequências esse estreitamento poderia trazer para Israel e a Palestina?

CTH – O acordo firmado entre o Hamas e a Fatah foi muito positivo e resultado de intenso esforço diplomático entre as duas facções, com participação e intermediação dos governos do Líbano, Síria e Turquia. Das conversações diplomáticas surgiram convergências que levaram as partes a ceder em determinados pontos não comuns e a realinharem estratégias que embasem o estabelecimento de um arcabouço legal e político realmente sólido, que exijam da comunidade internacional ações efetivas para o reconhecimento do Estado Palestino e o direito daquele povo e nação de viver dentro das fronteiras definidas pelas Nações Unidas. Quer-se dizer, que implemente, inequivocamente, a Resolução da ONU que, aprovando a partilha da Palestina, criou os dois Estados, Israel e Palestina. Ou, em outra hipótese já aceita, que implemente o Estado Palestino dentro das fronteiras de 1967. Nesse diapasão, ficam os palestinos fortalecidos politicamente, inclusive, com legitimidade de pleito perante a comunidade internacional e os países membros da ONU, porque o discurso renitente anti-Israel do Hamas cessaria definitivamente. Em idêntica medida, tal acordo retira de Israel legitimidade para recusar a implementação do Estado Palestino, porquanto as suas atuais “justificativas” de recusa, ou seja, a existência de facção que desejaria a impossível e inviável  “destruição” de Israel, deixariam de existir. E como a grande maioria da população israelense é amplamente favorável à paz e à implementação do Estado Palestino, Israel certamente será levado a fazer a paz e a colaborar positivamente na implementação total da Resolução da ONU de 1948, que criou os dois estados, o judeu e o palestino.

 

VF – Ainda que aceitos pelos meios científicos, jornalísticos e acadêmicos, tanto as viagens lunares, anunciadas pelo governo dos EUA do então presidente Richard Nixon; passando pelo atentado de 11 de setembro de 2001, anunciado por George W. Bush; até o recente anúncio da morte de Bin Laden pelo presidente Barack Obama, todas estas questões de impacto global foram vistas com certa reserva por determinadas pessoas de distintas regiões do planeta. Para o senhor, por que muitas pessoas têm certa desconfiança ou resistência a crer nas informações fornecidas por Washington?

CTH – Essas pessoas resistem a crer pela absoluta implausibilidade das afirmações de Washington para uma série de fatos supostamente ocorridos, tanto quanto por mentiras do passado que afloraram em determinado instante. Não existe nada de sobrenatural na nossa vida, no dia-a-dia, nem acasos. Tudo ocorre de acordo com regras bem precisas e conhecidas, e a ciência, desde sempre, tem buscado o conhecimento das coisas por métodos de pesquisa que se desenvolveram por meio de teorias, experimentação, observação e muito trabalho. Assim, há aqueles que têm bom senso e não se alienam. Portanto, entre os que buscam o conhecimento, a luz, há os que agem cientificamente, vale dizer, por formação escolar, ou mesmo intuitivamente, laboram em consonância, ou por conhecimento, das teorias enunciadas por René Descartes, especialmente no seu Discurso do Método. Ali, tem-se alguns princípios norteadores da ciência, vale dizer, o Princípio da Dúvida Sistemática ou da Evidência, que consiste em não aceitar como verdadeira coisa alguma enquanto não se tiver provas da sua verdade, ou souber com evidência - clara e distintamente - aquilo que é realmente verdadeiro. Com a dúvida sistemática evita-se a prevenção e a precipi­tação, aceitando-se apenas como certo aquilo que seja evidentemente certo. Em seguida, tem-se o Princípio da Análise ou Decomposição, que consiste em dividir e decompor cada dificulda­de ou problema em tantas partes quantas sejam possíveis e necessárias à sua solução, a fim de resolver cada uma separadamente (na Medicina esse princípio deu origem à Tomografia; tomos = parte; graphos = desenho; desenho das partes), observando-se as suas estruturas individuais, comportamentos, respostas etc. A terceira parte é o Princípio da Síntese ou Composição, que consiste em conduzir ordenadamente os pensa­mentos e o raciocínio, começando pelos objetivos e assuntos mais fáceis e simples de se conhecer, para passar gradualmente aos mais difíceis. Finalmente, Descartes enunciou o Princípio da Enumeração ou Verificação, que consiste em fazer verificações e revisões em tudo, para que nada seja omitido ou deixado de lado.

  

VF – Desde quando o senhor ouviu falar de Osama bin Laden e qual o seu conceito sobre essa pessoa?

CTH – Ouço falar sobre Osama Bin Laden, e pesquiso sobre ele, desde a década de 1980, quando ele rompeu com a monarquia saudita, deixou a família e foi-se embora para o Sudão, onde começou a sua carreira de financista. Bin Laden, pelas suas características de excelente captador de recursos financeiros, foi recrutado pela agência de espionagem dos Estados Unidos da América, a CIA, para arrebanhar jovens para serem treinados pelos Estados Unidos a fim de combater a Rússia, na época União Soviética, que invadira o Afeganistão e estabelecera no governo daquele país a Aliança do Norte. Portanto, Bin Laden era uma espécie de agente “autônomo” da CIA, com ‘status’ especial de direção de negócios financeiros, mas sem vínculo formal com a agência. Meu conceito sobre ele é no sentido de tê-lo como extremamente eficiente e eficaz naquilo que fazia, tendo obtido sucesso total na sua missão. Mas não considero, nessa marcha, aspectos éticos e morais, porque há muito essas expressões não existem quando se trata de guerras. A qualificação é essencialmente técnica, e não ética ou moral. Mas qual a ética, ou motivo de ordem moral, que autorizaria um país a soltar bombas nucleares sobre cidades indefesas, que não eram alvos militares, e matar gratuitamente centenas de milhares de cidadãos civis, como foi perpetrado sobre Hiroshima e Nagasaki? Ou motivo ético ou moral para que fossem lançadas sobre cidades indefesas bombas de fragmentação de fósforo branco, proibidas pela ONU, como se fez sobre as vilas da Faixa de Gaza? Ou que ética seria essa que autorizaria tratores e buldozers a invadir plantações de sobrevivência e a derrubar oliveiras dos pomares dos palestinos de Gaza e Cisjordânia? Portanto, conceituo Bin Laden exclusivamente sob a ótica técnica, e nisso ele foi excepcionalmente eficiente, eficaz e bom. A CIA, consequentemente, os Estados Unidos da América, ficaram muito satisfeitos com ele, sem qualquer sombra de dúvida, até porque atingiram os seus objetivos e desideratos de expulsar a Rússia do Afeganistão, desmantelar a Aliança do Norte e assumir o governo do país.

 

VF – Teóricos e até pesquisadores de várias partes do mundo argumentam que os ataques de 11 de setembro de 2001, em Nova York e ao Pentágono, teriam sido arquitetados pelo próprio governo Bush e lançam mão de argumentos deveras interessantes. O assunto é também enriquecido por teorias conspiratórias surgidas posteriormente, as quais exploram determinados pontos, realmente, mal explicados pelos gestores públicos americanos. O que o senhor pensa dessa possibilidade?

CTH – Não posso dizer que tenham sido arquitetados pelo próprio George Walker Bush, por falta de provas ou evidências fortes. Mas, certamente, pelo estabelecimento industrial-militar, a quem Bush, e todos os demais presidentes dos Estados Unidos, devia lealdade, pelo apoio à sua eleição. Os fatos posteriores, como a invasão do Iraque, mostraram essa possibilidade, e depoimentos mais atuais comprovam. Os aviões que colidiram nas torres do World Trade Center não eram comerciais, mas da USAF, pilotados por controle remoto, e há vídeos comprobatórios dessa afirmação. Hoje, cerca de 28 universidades dos Estados Unidos debruçam-se em estudos sobre o colapso dos edifícios, estando comprovadas, devidamente documentadas e visíveis em diversos vídeos da época, as explosões controladas, usadas para implodir os prédios. Mesmo que se admitisse, em um inexcedível amor ao debate, que as duas torres tivessem desabado por conta dos impactos dos aviões, não haveria como explicar o porquê das torres no 4 (15 andares, prédio de serviços de apoio e manutenção) e 7 do WTC, essa última de 49 andares (onde a CIA mantinha escritório para operações clandestinas na bolsa de NY), terem caído na mesma hora das “irmãs”, também verticalmente, sem que tenham sido atingidas por avião, escombros, bomba, meteoro, terremoto ou passarinho valente. Nem como um avião decola de Boston rumo a Washington, não é detectado pelos radares civis e nem pelos militares, não é visto por dois caças-interceptadores F-16 que cruzam com ele no ar, passa por cima da Casa Branca sem ser molestado e nem atacado pela defesa anti-aérea, voa sobre o Pentágono, faz uma longa curva, desce a dois metros de altura e entra pela face frontal do Pentágono sem ter sido detectado e nem combatido por uma defesa anti-aérea considerada uma das melhores do mundo. Veja que o avião, ou o suposto avião, passou sobre todos os prédios da mais alta administração dos Estados Unidos, ou seja, Casa Branca, Capitólio, Pentágono, e não foi visto ou abatido. E desse avião, de quase quatro metros de diâmetro, não se teve nenhum pedaço de escombros, sendo que ele teria atravessado três anéis de concreto reforçado do Pentágono, sem danificar a fachada, e fazendo um buraco de 1,8 metro de diâmetro em toda a sua trajetória dentro do edifício. Não tem qualquer sentido. Não sobrou nem vestígio das turbinas de aço temperado, que as autoridades alegaram terem ‘se evaporado’ com todo o restante do avião, por conta das chamas do incêndio. Mas, computadores dos andares que ruíram ficaram intactos. Evapora aço temperado, mas plástico não. E o piloto sequestrador foi identificado pelas impressões digitais. Em um avião que não foi encontrado. O piloto deveria ter dedos de cerâmica, para resistir ao incêndio que evaporou aço temperado!

 

'O objetivo foi implantar nos Estados Unidos o estado de terror, em que a população,

para se defender de outros ataques terroristas, concordaria - como de fato concordou - com medidas

extremas das forças armadas americanas contra supostos grupos terroristas ao redor do mundo'

 

VF – Considerando que os ataques de 11 de setembro teriam sido provocados por uma absurda sabotagem do próprio governo dos EUA, quais teriam sido os objetivos de seus arquitetos, vez que foram mortas quase três mil pessoas nesse incidente?

CTH – As mortes são chamadas de “danos colaterais”, e foram de gente simples. Faxineiros, ascensoristas, vigilantes. E os ataques foram planejados para não matar muita gente, porquanto se deram antes das 9 horas da manhã, quer dizer, antes de começar o expediente comercial em Nova Iorque. Fosse depois dessa hora, morreriam dezenas de milhares de pessoas. O objetivo foi implantar nos Estados Unidos o estado de terror, em que a população, para se defender de outros ataques terroristas, concordaria - como de fato concordou - com medidas extremas das forças armadas americanas contra supostos grupos terroristas ao redor do mundo. Precisavam atacar o Iraque, para tomar o petróleo e evitar que a OPEP seguisse o exemplo de Saddam Hussein, de converter as suas reservas de dólar para euro. Quebraria os Estados Unidos. E precisavam atacar o Afeganistão, onde o Talibã, antigo aliado dos americanos, não estava permitindo a passagem de um oleoduto que traria petróleo do Mar Cáspio (motivo pelo qual a Chechênia também sofre ataques da Rússia, já que ela quer ‘royalties’ daquele produto, que fica no seu território), e garantir a construção da dutovia. Foi feito isso, o oleoduto está praticamente pronto, a segurança dele será feita pela empresa Blackwater (a mesma que cuida da segurança dos diplomatas e instalações de petróleo no Iraque), e não será mais necessária a presença do exército e dos ‘marines’ americanos no Afeganistão. Talvez, isso explique essa mentira da morte de Bin Laden: ‘morto’ o maior inimigo, pode-se retirar as tropas de lá. A conferir. Portanto, motivos puramente econômicos, financeiros e industriais pelo petróleo, e geopolíticos, manter a região sob ocupação militar.

 

VF – Até o momento em que fechamos esta entrevista, os EUA não apresentaram, além do anúncio, nenhuma comprovação palpável da morte de Osama Bin Laden, como a exibição de seu corpo, conforme foi feito com Sadan Hussein. E, por mais que alguns tentem associar este fato a teorias conspiratórias, este segue alimentado a desconfiança de muitas pessoas, especialmente, de líderes de grupos distintos sejam étnicos ou religiosos em toda aquela vasta região. De que maneira poderia ser dissipada tal desconfiança?

CTH – A morte de Osama Bin Laden, em novembro de 2001, quando EFETIVAMENTE ocorreu, é comprovada por depoimentos de muita gente importante, como por exemplo os presidentes do Afeganistão, do Paquistão, de Benazhir Butto, do chefe do setor de contra-terrorismo do FBI, do Mossad, serviço secreto de Israel, de Dan Rather, da CBS News, que divulgou noticiário sobre isso e outras fontes. Quanto à morte de Bin Laden pelas forças especiais da Marinha dos Estados Unidos, conforme anunciado por Barack Hussein Obama, será muito difícil comprovar a morte de forma palpável, porque ela ocorreu há praticamente 10 anos. Portanto, Bin Laden não morreu duas vezes, fato esse que leva à questão feita anteriormente, ou seja, por que há quem não acredite nos Estados Unidos. Não há plausibilidade no que afirmam. A foto divulgada pelo governo Obama mostrando o suposto Bin Laden assassinado foi declarada falsa por todos os órgãos da imprensa mundial, a partir de uma denúncia de The Guardian, de que já tinha aquela mesma foto, mas sendo de um paquistanês morto pelo serviço de espionagem, a ISI, em 2009. Fotos falsas, feitas em Photoshop. Se as fotos, provas da morte de Bin Laden, eram falsas, então o fato também o é. Penso que não há como dissipar a desconfiança, e essa farsa, essa mentira, é fatal para a credibilidade de tudo o que digam daí para diante.

 

VF – Como o senhor foi levado à conclusão de que Osama bin Laden já se encontrava morto desde novembro de 2001, quando teria falecido por complicações renais?

CTH – Fui levado por um comportamento cartesiano. Efetuei pesquisas e encontrei documentos, depoimentos, vídeos de programas televisivos, entrevistas, fotografias, fotocópias de memorando do Mossad. Portanto, por uma investigação profunda,  respaldada em metodologia científica e nos princípios enunciados por René Descartes, no seu Discurso do Método.

 

VF – Considerando esse contexto, os EUA sabiam que Bin Laden já havia falecido quando determinaram a invasão do Afeganistão?

CTH – Certamente que sim. A invasão do Afeganistão foi ordenada alguns meses após os fatos de 11 de setembro. Bin Laden estava fazendo hemodiálise em um hospital em Rawalpindi, Paquistão, no dia 10 de setembro [de 2001], foi internado de novo em novembro, quando veio a óbito. Em junho, no Qatar, também em tratamento de diálise, foi visitado pelo chefe do escritório da CIA na região.

 

'Quem conheceu Bin Laden e conviveu com ele, como os Talibã,

sabe que a morte foi natural, não foi essa que Obama divulgou'

 

VF  - Supondo que Bin Laden estivesse morto desde 2001, por quais razões os EUA e seus aliados teriam invadido o Afeganistão, numa longa ocupação que causou milhões de baixas civis e militares naquele país, além  de perdas também em células da coalizão que invadiu o seu território?

CTH – Lembremos que a invasão do Afeganistão só teve a ver com a construção do oleoduto do Mar Cáspio, que se não passasse pelo Afeganistão teria que dar uma volta de mais de três mil quilômetros, onerando fabulosamente o empreendimento. Agora, precisam passar pelo Irã, para diminuir em dois mil quilômetros a dutovia, economizando em custos logísticos do petróleo.

 

VF – Temos visto que a morte do líder da Al Qaeda despertou as mais diversas reações em todo o mundo. Se de um lado, pessoas comemoram, por outro, juram vingança. A partir da extinção oficial da imagem viva de Bin Laden, o que podemos esperar?

CTH – Quem conheceu Bin Laden e conviveu com ele, como os Talibã, sabe que a morte foi natural, não foi essa que Obama divulgou. Portanto, deles não haverá reação alguma, a não ser risos pelo ridículo da notícia. Mas sempre há insensatos, mormente os profundamente ignorantes, que podem imaginar que o próprio martírio será a vingança pela morte de Bin Laden. Mas nesse ponto já invadimos o terreno lodoso da adivinhação, ou opinar sobre algo imponderável. De todo modo, não podemos esquecer que não havia notícia alguma de Osama Bin Laden há quase 10 anos, o que em termos práticos, já havia estabelecido um processo de esquecimento e substituição do antigo ícone, ou seja, a extinção oficial da imagem viva dele. Eu não creio em ataques de organizações extremistas, a não ser aquelas que detonaram prédios em Oklahoma, ou de veteranos das forças armadas dos Estados Unidos, paranóicos pós-Vietnam, ou pós-Iraque, ou fanáticos religiosos pseudo-cristãos (eu sou cristão, sei o que digo), da espécie da Ku Klux Klan e outras, por exemplo, autores de todos os atos terroristas e assassinatos em série ocorridos em território americano nos últimos 150 anos.

 

VF – O “fantasma” de Bin Laden poderia ser mais “perigoso” do que o próprio em vida? E, a quem ele poderia assombrar?

CTH – Em vida, Bin Laden era colaborador da CIA, de maneira que não exercia qualquer perigo aos Estados Unidos e seus aliados. Morto em novembro de 2001, também não assombrou ninguém, não se ouvia mais falar nele, mesmo que a morte tivesse sido mantida em “segredo” (para o grande público) e não ocorreu nada de anormal no que tange a ser uma ameaça. Depois da farsa montada por Obama, que imediatamente subiu nove pontos nas pesquisas prévias eleitorais [depois 11], o fantasma de Bin Laden poderá assombrar o próprio Partido Democrata, consequentemente, Barack Hussein Obama, na medida em que a mentira aflore e a credibilidade seja anulada, trazendo consigo o naufrágio da postulação do presidente à reeleição. Eu acredito que o governo dos Estados Unidos vá fazer uma intensíssima campanha midiática, tentando mostrar que realmente matou Bin Laden. Talvez, possam montar um palco no local, com visitas monitoradas à casa destruída (e que muitos vizinhos e moradores da região disseram nunca terem visto Bin Laden por lá), filmes institucionais dos SEAL [sigla de Sea, Air, Land ou Mar, Ar, Terra] da Marinha americana, reportagens de jornais que se vendem, jornalistas e âncoras de aluguel e coisas assim. Isso tudo porque não é possível matar novamente quem já estava morto há uma década, por melhores que tenham sido as intenções da nova notícia, fato que só é citado por mera argumentação.

 

VF – O senhor acredita que a eminente martirização de Bin Laden poderá ganhar respaldo ou ele deverá se tornar apenas mais uma imagem parada no tempo a ser carregada pelos fieis, a exemplo de outros líderes considerados radicais?

CTH – Não acredito em martirização de Osama Bin Laden, porque nem mesmo Yasser Arafat, um dos ícones da luta pela libertação da Palestina, um herói e exemplo para o seu povo, que tem sepultura em local conhecido e realmente foi martirizado (constatou-se que morreu por contaminação por HIV, por obra do Mossad, que o deixou três anos em sua casa, cercado, sem água e energia elétrica). Ele despertou comportamento de idolatria ou respaldou ações violentas dos seus compatriotas e demais defensores da sua causa. Bin Laden não lutou pela causa árabe, não era um herói para os árabes, era um colaborador da CIA, falsamente tornado o inimigo público número 1 dos Estados Unidos. Ele não despertou nos árabes nem uma pequena parcela do respeito e consideração que Yasser Arafat, ou Gamal Abdel Nasser, por exemplo, lograram obter. 

 

totalmente verdadeira a frase atribuída ao senador norte-americano

e ex-governador da Califórnia, Hiram Johnson, em 1917,

de que 'na guerra, a primeira vítima é a verdade''

 

VF – Os principais veículos da grande mídia mundial – salvo raras exceções - consolidaram a morte de Bin Laden, de acordo com as informações divulgadas pelo governo Obama. Considerando que o empresário saudita já estivesse mesmo morto desde 2001, o senhor vislumbra alguma possibilidade de este fato vir a ser esclarecido publicamente um dia?

 

CTH – Eu gostaria de dizer que há disponível na Internet, mais precisamente no sítio Youtube, um documentário produzido e dirigido por um famoso e veterano jornalista inglês, correspondente de guerra, John Pilger, e que se chama “A Guerra que você não vê” que é bastante esclarecedor sobre esse assunto, isto é, sobre a participação dos meios de comunicação, especialmente a televisão, na propaganda de guerra. Nesse documentário, muito bem produzido e pleno de depoimentos de professores das mais renomadas universidades norte-americanas e inglesas, além de fartamente ilustrado com fatos e provas reais, vê-se, com clareza solar, que é totalmente verdadeira a frase atribuída ao senador norte-americano e ex-governador da Califórnia, Hiram Johnson, em 1917, de que “na guerra, a primeira vítima é a verdade”. Edward Bernays foi o pioneiro da propaganda moderna, tendo sido o inventor do termo “relações públicas”. Disse ele que “a manipulação inteligente das massas é um governo invisível, que é o verdadeiro poder governante em nosso país”. Edward Bernays, empenhado em fazer a população americana sensibilizar-se e apoiar a entrada do país na guerra, foi a Woodrow Wilson, presidente dos Estados Unidos, e disse “Olhe, se você vai entrar nesta guerra, nós vamos ter que vender esta guerra ao povo estadunidense”. E Wilson instituiu a máquina de propaganda, existente, e cada vez mais forte, até hoje. Entretanto, a colaboração dos meios de comunicação, vale dizer, a instauração da propaganda de guerra, vem do início do século XX, na época da I Guerra Mundial, em que morreram 16 milhões de pessoas e 21 milhões foram feridas. Naquela época, bem no auge da carnificina, o Primeiro Ministro britânico, David Lloyd George, em um diálogo particular com C.P. Scott,  editor do jornal ‘The Guardian’, disse-lhe, “Se as pessoas realmente soubessem a verdade, a guerra terminaria amanhã. Mas, é claro, eles não sabem. E não podem saber”. As mais populares redes de televisão norteamericanas divulgam mentiras, narram e “justificam” crimes de guerra, mesmo sabendo que eles são crimes.

 

VF – Para o senhor, quais justificativas em prol de uma guerra, por exemplo, teriam contado com serviços de propaganda da grande mídia visando obter opiniões favoráveis da opinião pública e, até onde vai o comprometimento do jornalismo com determinadas ações de Estado?

CTH - Justificou-se a invasão do Iraque, a derrubada do regime, a morte de cinco milhões de iraquianos, seja por ações bélicas, seja pelo criminoso embargo aplicado àquele país por mais de 10 anos, em que se proibiu até mesmo a importação de aspirina e inaladores. Justificou-se, dias atrás, o ataque e assassinato de um filho e três netos de Muammar Kadafi, em uma ação de bombardeamento de áreas civis de Trípoli, na Líbia. Todos eles, crimes de guerra. A grande maioria dos jornalistas que cobre as guerras hoje em dia, é classificada como “embeded journalists”, quer dizer, jornalistas “embutidos”. Eles viajam com as forças armadas, vestem uniformes militares, dormem nos alojamentos, cobrem todas as ações e recebem informações e notícias em primeira mão. Mas só podem publicar o que os hospedeiros, ou seja, as forças armadas que o recebem, mandam ou autorizam. Quem não quer ser “embeded”, ou seja, pretende ser independente, não consegue cobrir os fatos, não recebe notícias, não tem informação e, até, tem os seus meios de comunicação interceptados e bloqueados pelos satélites. A história dos correspondentes de Guerra tem início com William Howard Russel, do The Times, de Londres, que fez a cobertura da Guerra da Criméia. Descrevia com fidelidade os detalhes dos horrores da guerra, relatando o sofrimento dos soldados, as condições dos feridos e a brutalidade dos cirurgiões. Com Russel nasce o conflito entre a “verdade e a segurança nacional”, que ainda hoje persiste.

 

VF – O senhor acredita que esse tipo de relação imprensa/combatentes, que ainda persiste e sofre as devidas atualizações com o passar dos anos, chegou a ser de fato, consolidado, durante e após a Guerra do Vietnã?

CHT - A Guerra do Vietnã mostrou aos estrategistas americanos que os combates são decididos na trincheira doméstica. Em 1966, uma fotografia mostrando soldados americanos incendiando casebres vietcongues indignou a opinião pública no momento em que o país saía às ruas em marchas de paz e amor. Na Guerra do Iraque a imprensa mostrou não ser “neutra”, e sim “patriótica”, como na guerra do Vietnã. Uri Avnery, jornalista israelense, comenta que: “nunca tantos jornalistas traíram tanto o seu dever como na cobertura da guerra. Na Guerra do Iraque, os exércitos dos EUA e Grã Bretanha são acompanhados por grandes quantidades de jornalistas. Um jornalista que aceita a cama de uma unidade do exército se torna um escravo voluntário”. E os telespectadores gostam de ver cenas de guerra, de matanças, assassinatos, e uma emissora de televisão só conseguirá as cenas da guerra se colaborar com os guerreiros. Santo Agostinho já afirmara, sobre os espetáculos teatrais, que hoje são os filmes e noticiários com chocantes cenas de guerra, que os homens ficam arrebatados com as cenas de misérias. E pergunta, “Mas por que quer o homem condoer-se, quando presencia cenas dolorosas e trágicas, se de modo algum deseja suportá-las? Todavia, o espectador anseia por sentir esse sofrimento, que, afinal, para ele constitui-se um prazer.” Tudo isso dito para alicerçar a resposta à questão oferecida, porquanto já ter a Casa Branca iniciado, com a cumplicidade criminosa da grande maioria dos meios de comunicação, especialmente televisão, a “justificativa” midiática do assassinato que nunca ocorreu [o de Osama Bin Laden].

 

VF – Nesse caso da anunciada morte de Bin Laden pelo governo dos EUA, o senhor acredita possa estar havendo uma espécie de conluio consciente da grande mídia com o Executivo estadunidense, no sentido de que somente as informações de interesse geopolítico desse governo sejam propagadas?

CTH - Já estão lançadas nada mais, nada menos, do que três versões diferentes sobre a forma com que o suposto Bin Laden foi assassinado. Uma delas, a primeira, de que a casa foi invadida, ele estava desarmado e foi morto por um soldado. A outra, de que a casa foi invadida, um irmão dele foi morto, uma das suas mulheres foi atingida com um tiro na perna e ele, próximo de armas de fogo, foi morto antes de se defender. A terceira, de que uma suposta filha viu o suposto Bin Laden ser retirado vivo pelos soldados, e assassinado posteriormente. O que a Washington pretende é levantar, propositalmente, a polêmica sobre o MODO com que Bin Laden teria supostamente sido morto, ou seja, se reagiu ou não, se estava armado ou não, se foi tirado vivo da casa ou não. Então, os distintos telespectadores discutem as hipóteses, todas mentirosas e falsas, porque Osama Bin Laden morreu em novembro de 2001 de insuficiência renal crônica e falência múltipla de órgãos em um hospital do Paquistão. E o fato REAL fica arquivado, para sempre, aflorando uma enorme mentira como se fosse a verdade absoluta. Considerando que audiência é o que vale para os patrocinadores das redes de televisão, então eu entendo que será bastante difícil ocorrer qualquer desmentido, mesmo que haja movimentação popular para isso, como ocorre todos os anos nos Estados Unidos, em diversos estados, onde numerosos grupos de manifestantes saem às ruas todos os anos, em setembro, em passeatas exigindo a verdade sobre o 11 de setembro, que eles próprios dizem, baseados em estudos de destacadas universidades, que foi uma ação interna, ou seja, uma conspiração. Mesmo com passeatas e provas incontestáveis, não deverá ocorrer desmentido nenhum, nem lá e nem em outros lugares do planeta onde a publicidade das grandes corporações alimenta os meios de comunicação e entretenimento.

 

'Se a violação realmente existiu e, pelas fotos falsas de Bin Laden pode ser dito que os fatos da morte

e da invasão também o foram, então tratou-se de uma real e intolerável violação do Direito Internacional'

 

VF – O governo do Paquistão, com ênfase no seu setor militar, acabou sendo “humilhado” pelos EUA, ao desconhecer, ou o que seria pior, permitir, a violação de seu território para uma operação militar clandestina do governo Obama. Após as primeiras críticas internacionais, o Paquistão se manifestou imediatamente, engrossando o tom com os EUA e afirmando que irá reagir a qualquer outra violação de seu território. Como o senhor vê estas declarações e o próprio ato de “violação” das fronteiras paquistanesas nesse episódio?

CTH – O Paquistão vem de algum tempo, uns seis ou sete anos, com algumas altercações com os Estados Unidos, inclusive, por conta do apoio incondicional dos americanos à Índia, e pela falta de uma definição sobre de que lado Washington se encontra na definição acerca de quem entende pertencer a Cashemira. Sabe muito bem, o governo paquistanês, que a notícia da ação das forças especiais da Marinha americana, os SEAL, mesmo que não tenha ocorrido tal ataque, mostraria que o Paquistão teria uma defesa inapta, inepta e frouxa, fato esse, desmoralizante às suas forças armadas. Então, esse novo tom mais elevado que o Paquistão imprimiu às suas manifestações sobre o caso, a fim de poder elevar a cabeça e voltar a dialogar em condições mais igualitárias, e não parecer ter sido servil, prestando vassalagem aos Estados Unidos, ou débil na defesa do seu território. Se a violação realmente existiu e, pelas fotos falsas de Bin Laden pode ser dito que os fatos da morte e da invasão também o foram, então tratou-se de uma real e intolerável violação do Direito Internacional, por supostamente ter sido perpetrada uma agressão ao Paquistão, via invasão militar não autorizada de território de um país e nação soberana, com agressão e assassinato de cidadãos moradores daquele país.

  

VF – O que o mundo pode esperar, após a retirada das tropas americanas do Afeganistão?

CTH – Pode esperar que a segurança do oleoduto construído no Paquistão para escoar o petróleo do Mar Cáspio será feita por empresa privada, a Blackwater, isenta de fiscalização internacional e que já mostrou que mata civis e inocentes só por diversão, como aconteceu dezenas de vezes no Iraque. E, da mesma forma e, ao mesmo tempo, pode esperar que os EUA joguem toda a sua máquina de guerra em outra ação em defesa dos interesses de empresas norte-americanas da área de energia, em qualquer parte do mundo, a fim de se apropriar daquelas riquezas e recursos, como tem ocorrido há mais de um século. Quem sabe sobre o Irã?

 

VF – Então, a retirada das tropas americanas do Iraque e, possivelmente, do Afeganistão, poderia implicar em possível disponibilidade de sua utilização em uma futura ocupação em outras plagas de interesses geopolíticos de EUA e seus aliados?

CTH – Certamente que sim, afirmação essa embasada na existência de sete frotas norte-americanas navegando por todo o globo terrestre, fortemente armadas e sem que houvesse uma justificativa para tal mobilização. O orçamento militar dos Estados Unidos da América bateu na casa de US$ 1 trilhão, sendo seguido pelo da China, com US$ 82 bilhões. Portanto, para que os Estados Unidos invistam mais do que o décuplo, mais precisamente, 12 vezes, do orçamento militar da China, que seria, em tese, nos dias correntes, eventualmente, o seu único possível inimigo conhecido?

 

VF – O senhor entende que exista possibilidade, ou mesmo, certa potencialidade para que ocorra, num prazo médio ou longo - a exemplo do ocorrido em outros continentes - uma possível invasão ou “ocupação” norte-americana em algum Estado autônomo da América do Sul?

CTH – Pelos dados históricos, eu creio que sim. A Quarta Frota dos Estados Unidos foi reabilitada, quer dizer, foi novamente constituída. Sua alegada missão é “humanitária”, contando, para tais misteres de ajuda desinteressada aos povos carentes, com um porta-aviões dotado de 95 aeronaves de combate e mais 30 de apoio, aviões-radares, aeronaves de contra-medidas eletrônicas, helicópteros de resgate, estando esse porta-aviões escoltado por oito destóieres, sete submarinos nucleares, mais uma dezena de navios de suprimentos, apoio e unidades de comando e controle. Todos armados até os dentes. A sua atuação é exclusivamente no Atlântico sul, indo do Caribe até a Patagônia, região essa onde está, por coincidência, o petróleo do pré-sal brasileiro, além do Aquífero Guarani e a entrada da Amazônia, onde ficam localizados 80% da água potável do mundo, além das maiores reservas de nióbio, metal ultra-estratégico que o Brasil detém 99% da produção mundial (mas cuja cotação de preço é determinada pela Bolsa de Londres) e toda a maior biodiversidade do planeta.

 

'No decorrer dos últimos 20 anos, todos os dirigentes dos países ditos desenvolvidos manifestaram-se no

sentido de que o Brasil não poderia exercer pleno controle sobre a Amazônia, por eles rotulada como de interesse

da humanidade, e que a soberania brasileira deveria ser limitada sobre aquela região do nosso território'

 

VF – Por suas vastas riquezas materiais, é plausível a possibilidade de que a Amazônia passe por um processo de desnacionalização? Ou seja, que esse vasto território, por conta de inúmeros interesses externos, possa realmente deixar de integrar à União Federativa do Brasil?

CHT - É relevante informar que o professor Dr. J.W. Bautista Vidal, professor da Universidade de Brasília e da Universidade Federal da Bahia, há mais de 10 anos vem percorrendo o país informando sobre um perigo muito grande que o Brasil corre, no âmbito da possível desnacionalização da Amazônia. Eu mesmo, por duas vezes, fui ouvinte de palestras do Prof. Bautista Vidal. Em uma delas, em Brasília, o professor, juntamente com oito oficiais da ativa da Força Aérea Brasileira, alertava para esse perigo, e mostrou que a desnacionalização da Amazônia poderá vir por meio de um artifício legal internacional. Trata-se da aprovação nas Nações Unidas, com o firme apoio e concordância do Brasil, da Declaração Universal dos Direitos dos Índios. Como esse documento é um Tratado Internacional do qual o Brasil é signatário, ele tem força de mandamento constitucional. Por ele, as nações indígenas têm direito à autodeterminação, à soberania, demarcação e incolumidade dos seus territórios, e à formação de uma nação soberana, com fronteiras definidas e respeitadas. Ou seja, isso formaria um outro país, dentro do Brasil. Ou vários outros países, na medida em que há diversas nações indígenas no território nacional. Consideremos, agora, que há cerca de nove mil índios na Amazônia, para uma área indígena de mais de um milhão e meio de quilômetros quadrados, mostrando que aqueles poucos índios têm à sua disposição um território praticamente com o triplo do tamanho da França, ou o equivalente a França, Espanha e Alemanha juntas. Até aí, apesar da perplexidade causada pela desproporção territorial para tão poucos habitantes, não é esse o fato preocupante. Há dois deles. Um, é que pelo citado documento, índio é todo o indivíduo que assim se declare e como tal seja reconhecido por alguma tribo. E há, comprovado por documentos oficiais, muitas tribos que não falam o português, mas sim o inglês, alemão e francês, por conta da presença, na região, de diversas ONG’s que abrigam missionários dedicados a ajudar os índios, tendo, todos eles, indistintamente, mas por extrema coincidência, no mínimo mestrados em geologia, biologia, ciências ambientais e outras ciências menos votadas. Nos territórios dessas tribos, brasileiros não são admitidos, a não ser que estejam acompanhados de algum dos caridosos missionários. Uma dessas ONG’s, a WWF, é presidida mundialmente pelo príncipe consorte da coroa inglesa, Sua Alteza Real Phillip, marido de Elisabeth II, com escritório e estrutura de representação no Brasil dirigidos por João Roberto Marinho, vice-presidente das Organizações Globo. O segundo fato muito grave é que se uma nação indígena quiser autonomia completa e soberania total sobre o seu território, deverá ter esse pleito reconhecido e aceito pelo país onde se localiza. No caso de não atendimento, poderá pedir ajuda internacional, como, por exemplo, para a ONU ou OEA, que obrigatoriamente deverá conceder a ajuda pedida, inclusive força militar para obrigar o pleito a ser respeitado. Recentemente a OEA manifestou-se contrária à construção de duas usinas hidroelétricas na Amazônia, dizendo que as represas colocarão em perigo os direitos inalienáveis das nações indígenas. No decorrer dos últimos 20 anos, todos os dirigentes dos países ditos desenvolvidos manifestaram-se no sentido de que o Brasil não poderia exercer pleno controle sobre a Amazônia, por eles rotulada como de interesse da humanidade, e que a soberania brasileira deveria ser limitada sobre aquela região do nosso território, porque, segundo disseram aqueles governantes, o Brasil não tinha condições de controlar o desmatamento e a degradação da floresta tropical e dos seus recursos naturais. Daí, fica mais fácil a percepção do que pode vir a ocorrer, em termos de ações da “democracia” para salvaguardar os interesses da “humanidade”.  

 

VF – Como o senhor vê o fato de o governo da Colômbia, a título de “parceria antitráfico e antiterrorismo”, ter aberto espaço em seu território e permitido a instalação de bases militares norte-americanas em nosso subcontinente?

CTH – Esse fato é instigante, na medida em que não se tem acesso às políticas de combate ao tráfico de drogas e ao terror do governo da Colômbia, e nem de quanta ajuda externa aquele país vizinho necessita para implementar tais ações. E é tão instigante quanto outro fato, esse aqui no nosso país, tratando-se da existência, e plena vigência nos dias correntes, de um decreto assinado pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso, e mantido por Lula da Silva, autorizando tropas estrangeiras armadas a cruzar o território brasileiro em toda a sua extensão, sem que sejam fiscalizados e/ou molestados, não se tendo o mínimo conhecimento dos reais motivos que levaram o governo brasileiro a tomar tal atitude. Portanto, a emissão de um juízo de valor sobre tais fatos, tanto o colombiano como o brasileiro, não é viável e nem plausível com o que se tem de informações, dados e análises a respeito.

 

VF – O retorno dessas tropas que se encontravam do outro lado Atlântico poderá culminar num maior número de militares americanos em território colombiano?

CTH – Não tenho dados e nem informações que me permitam fazer uma afirmação nesse sentido, já que a estratégia e táticas dos Estados Unidos da América para Colômbia, ou para a América do Sul, não estão claras e carecem de melhor definição.

 

VF – Caro professor, nós agradecemos imensamente pela entrevista e pedimos para nos expressar suas considerações finais.

CTH – Eu agradeço a oportunidade que Via Fanzine me proporcionou de expor a minha visão dos assuntos aqui tratados e de levar aos seus leitores um ponto de vista originado na pesquisa de muitos anos, mostrando fatos que não são de ampla divulgação da imprensa e dos meios de comunicação, como mostrado. A todos, o meu preito de respeito e consideração, e que Deus vos abençoe, proteja, ilumine e guarde.

 

* Pepe Chaves é editor do diário digital Via Fanzine e da ZINESFERA.

 

- Imagens: Fotomontagem VF/Arquivo VF.

 

- Colaborou: Mara Montezuma Assaf (SP).

 

- Tópicos relacionados:

   ‘Bin Laden morreu há muito tempo’, diz ministro

   Al Qaeda diz que vídeo de Osama divulgado pelos EUA é falso

   Exclusivo: Carlos Tebecherani Haddad: 'Osama morreu em 2001'

   Pentágono libera vídeos de Bin Laden em vida

   Al Qaeda confirma morte de Bin Laden

   O fim do mito ou o mito do fim?

   Nascem as teorias da conspiração sobre morte de Bin Laden

   Nova foto de Bin Laden morto já circula na rede

   'Bin Laden é declarado morto pela 9ª vez', diz site

   Casa Branca divulgará foto do corpo de Bin Laden

   Morte de Bin Laden: ódio, comemoração e desconfiança

   Testes de DNA confirmam morte de Osama bin Laden

   Foto de Bin Laden morto é falsa, diz imprensa

   Obama fez anúncio oficial da morte de Bin Laden

 

- Mais política internacional em Via Fanzine:

  Comportamento Global - Por Isaac Bigio, de Londres

  Mundo Político

  Últimas notícias de Brasil e mundo

 

Produção: Pepe Chaves.
© Copyright 2004-2011, Pepe Arte Viva Ltda.

  

*  *  *

 

Página inicial  HOME

 

 

 

 

 

 HOME | ZINESFERA| BLOG ZINE| EDITORIAL| ESPORTES| ENTREVISTAS| ITAÚNA| J.A. FONSECA| PEPE MUSIC| UFOVIA| AEROVIA| ASTROVIA

© Copyright 2004-2011, Pepe Arte Viva Ltda.

 

Motigo Webstats - Free web site statistics Personal homepage website counter