Denúncia de fraude: os R$
200 mil da Saúde:
Carta aberta ao MPE, a quatro vereadores e
ao povo
Editor de VF reage a conteúdo de
documento enviado por quatro vereadores ao MPE.
Por Pepe Chaves
Editor
Via
Fanzine
23/05/2011
Ao
Ministério Público de Minas Gerais
Senhora Promotora de Justiça da Comarca de Itaúna,
Sílvia de Lima Soares.
Senhores vereadores,
Delmo Gonçalves Barbosa,
Márcio José Bernardes,
Vicente Paulo de Souza,
Lucimar Nunes Nogueira.
Tomei ciência no
Jornal Brexó
nº 1785, de 21/05/2011, do pedido feito formalmente pelos quatro
vereadores supracitados (da base governista do prefeito Eugênio Pinto na
Câmara), junto ao MPE/Itaúna, datado de 22/02/2011 e somente agora
tornado público, requerendo a este conceituado órgão que exerça
trabalhos de investigações sobre os mesmos para se buscar “o
restabelecimento da verdade”
acerca da acusação a que pesa contra eles.
As investigações
solicitadas seriam acerca de denúncia constante no
Inquérito Civil Público nº 0338 09 000169-8, assinado pela
Promotoria de Justiça da Comarca de Itaúna, no exercício de suas
atribuições legais e na qual os quatro vereadores são citados por dois denunciantes.
De acordo com os
denunciantes e, conforme transcrito pela Promotoria nesse
Inquérito Civil Público (ICP, que tramita atualmente no TJ-MG),
esses quatro vereadores teriam supostamente se beneficiado de verbas
públicas no
valor de R$ 200 mil, que teriam sido retiradas (em data próxima ao especificado “evento”)
de uma conta da Saúde (Hemodiálise) para, em contrapartida, impedir que o processo de
cassação do mandato do prefeito Eugênio Pinto (por improbidade em
contrato de informática, cujo valor beira os R$ 7 milhões, de acordo com
o MPE) que tramitava pela Câmara Municipal NÃO fosse efetivado.
Todas as abordagens e
transcrições que
Via
Fanzine - praticamente o único da imprensa local – realizou sobre
este assunto foram feitas de maneira legal, sem excessos e calcadas
somente nas figuras públicas dos senhores vereadores. Em contrapartida,
conforme já mostramos, nossa pessoa e veículo de comunicação foram
achincalhados e receberam ataques verbais de baixo calão por parte de
dois desses vereadores, em reuniões ordinárias abertas ao público que
foram realizadas na Câmara Municipal.
No
seu documento enviado ao MP e tornado público por eles no Jornal Brexó,
os quatro vereadores nos acusam de “fazer divulgação do
fato chegando a dizer que existe denúncia, como se o fato fosse
verdadeiro”. Nós JAMAIS afirmamos que tal fato (a denúncia em
si) fosse verdadeiro! Novamente, afirmamos que não temos como prová-lo e também não nos cabe
julgá-lo, cabe-nos REPORTAR e INFORMAR aos nossos leitores àquilo o que
pudermos obter sobre o CONTEÚDO de uma Ação Civil PÚBLICA! E foi isso o
que fizemos; doa a quem doer.
Portanto, se estes
vereadores nos acusam de estar imputando-lhes alguma culpa, que apontem
onde e provem tais acusações! Eu os desafio – mais uma vez -
a provar que Via Fanzine ou seu editor imputou alguma culpa neles. Caso não
provem, eles devem saber que, após nos expor publicamente por reiteradas
ocasiões, sempre nos acusando sem apresentar as devidas comprovações a não ser a
descabida acusação em si, tentando com isso, macular a nossa índole profissional,
estão sujeitos a responder pelos seus atos perante à Justiça.
No documento enviado
por eles ao MPE e que solicitaram publicação também no Jornal Brexó - mas
careceram de hombridade ao não nos enviar nem uma linha sobre o
assunto onde somos citados por eles -, sustentam que, “(...) Ocorre
que, a cópia da Ação de Improbidade Administrativa foi enviada ao Jornal
Via Fanzine, que a partir de então passou a fazer divulgação do fato
chegando a dizer que existe denúncia, como se o fato fosse verdadeiro.
Diante das divulgações e sendo do conhecimento de V. Exa., a denúncia,
solicitamos que seja instaurado o procedimento investigatório para
apuração das denúncias, e ao final sejam condenados os responsáveis com
a condenação que couber”.
Sobre isso, tenho a
dizer que nós obtivemos a cópia da inicial da ação de maneira LÍCITA e
não cabe aos vereadores se manifestarem publicamente sua pretensão de censura
quanto a um FATO PÚBLICO que envolve FIGURAS PÚBLICAS, unicamente,
porque o mesmo envolva os seus nomes de alguma maneira. Inclusive, não
cabe a eles "mandar se condenar", pois que são legisladores, não uma
junta de juízes. E se nos "acusam de acusá-los" de seja o que for, que
apresentem suas comprovações ou nos habilitaremos às providências contra
seus reiterados ataques morais.
Novamente friso que nos
limitamos em apenas reportar este caso. Abrimos espaço para um dos
denunciantes, o ex-secretário municipal de Saúde em Itaúna, José Oscar
Júnior, falar em entrevista sobre diversos assuntos e, inclusive,
ratificar a denúncia que ele prestou junto ao MPE e que consta no ICP.
Da mesma maneira o espaço permaneceu (e permanece) aberto para que os
senhores vereadores se expressem, mas eles ignoram e preferem nos acusar
noutro veículo de comunicação, sem o mínimo embasamento para tanto.
Esses vereadores não
têm autoridade para nos censurar como veículo de informação, aliás, dos
poucos que têm coragem de relatar a REALIDADE em que vive Itaúna na
contemporaneidade. A liberdade de expressão nos está assegurada e temos
total consciência dos nossos limites e responsabilidades. Contudo, numa
desfaçatez que irrita aos mais informados, estes senhores, pagos com
dinheiro público para defender o prefeito na Câmara (por opção pessoal)
tentam nos censurar porque somos o único veículo que teve coragem de
peitá-los publicamente, não perante ao povo de Itaúna, mas de todo o
MUNDO que queria se inteirar do caos e absurdos gerais que reinam nessa
cidade.
Os ataques contra VF é
porque somos
o único veículo da imprensa local que explicitou ao público a denúncia
envolvendo os quatro vereadores citados e firmou sua posição -
diferentemente de todos os outros. Queiram ou não, eles estão envolvidos
- SIM - em denúncia de SUBORNO, num processo que corre na Justiça
mineira. Jamais afirmamos que eles fossem culpados e explicamos
reiteradamente, também, que não figuram como réus no processo. Mas fato
é que foram denunciados por prática de suborno ao supostamente obterem
dinheiro público de maneira ilícita. Agora eles querem negar diante da
sociedade e de seus eleitores o FATO DE TEREM SIDO CITADOS DE TAL
MANEIRA NESSE PROCESSO, numa clara tentativa de tampar o sol com a
peneira. Contudo, se tal denúncia é fato ou não, a Justiça é que deve
dar conta disso. A nós, não cabe acusar – friso –, cabe REPORTAR; e é
isso que fizemos e continuaremos fazendo com toda plenitude e liberdade
com relação a este e qualquer outro assunto que veicularmos. Eu os
desafio a mostrar onde o editor ou algum colaborador do diário digital
VF levantou acusação contra os mesmos em algum aspecto referente ao
processo por improbidade no qual eles são citados.
Não temos o menor
temor com relação às ameaças de todas as espécies que possam partir de
gente como esse quatro vereadores, que tem coragem de fazer um pedido
desse ao MPE. Isso posto, depois de berrarem (literalmente) na Câmara,
afirmando
que abririam todos os seus sigilos a qualquer cidadão e não somente a
mim (Pepe Chaves) que tocou no assunto. Foi isso que me motivou a protocolar requerimento na
secretaria da Câmara e enviar mensagens aos gabinetes dos quatro,
informando da solicitação formal que os enviei para receber os dados que DISSERAM ou
melhor PROMETERAM que iam disponibilizar ao PÚBLICO. Nem resposta me
deram, mas depois disso, não tocaram mais no assunto "quebra de sigilo",
mas tiveram a audácia de sugerir, numa reunião ordinária, que a Câmara
contratasse uma empresa de CONSULTORIA para investigar se a denúncia
contra eles procedia ou não, e assim, "poder limpar os seus nomes", pois,
para os mesmos,
tal acusação "desmoralizava TODA A CÂMARA". Será que ali, uns respondem
pelos atos, ações e acusações dos outros?
Ora, basta cada um
fazer um pedido formal ao juiz da Comarca requerendo a quebra de seus
sigilos pessoais: fiscal, telefônico e bancário, no período referente às denúncias
recebidas. Isso não gastaria um tostão de dinheiro público com empresa
de CONSULTORIA – como desejaram e chegaram a insistir OS QUATRO
VEREADORES em recente reunião ordinária – e também mostraria, conforme
alegam, que os senhores vereadores sofreram falsa acusação. Quem sabe, mostraria
que não teve reunião com o prefeito, como admitiram depois; que o senhor
José Oscar e Dr. Bruno merecem todas as suas ofensas proferidas na
Câmara e na imprensa; que nem mesmo teve churrasco - nem pizza - em casa
de vereador para comemorar nada...
No documento enviado
ao MP e tornado público no Brexó, os senhores vereadores prosseguem
afirmando, “O
que se requer é o restabelecimento da verdade tanto para o
esclarecimento pessoal quanto para o legislativo itaunense o qual se
encontra desmerecido perante a sociedade itaunense, eis que não tomou
nenhuma providência o ex-presidente que recebeu a denúncia nem esta
promotoria. Termos em que pede e aguarda deferimento. Itaúna em 22 de
fevereiro de 2011 [assinaram, Delmo, Márcio, Vicente Paulo e Lucimar]”.
Se “o
legislativo itaunense se encontra desmerecido perante a sociedade
itaunense”, certamente é por culpa daqueles que recebem milhares
de reais por mês daquela Casa para mantê-la respeitável e merecida pelo
povo e, decerto, fracassam nessa empreitada. Talvez, seja por conta de
quem confunde plenário público com palco de circo; de quem não tem papas
na língua; de quem diz que está "cagando" em plenário; de quem por
interesses pessoais, acusa sem apresentar provas; de quem só serve para
obedecer prefeito e tenta
intimidar terceiros se julgando "todo poderoso", bem como de quem defende
um prefeito que se encontra abraçado pelos diversos tentáculos da Justiça. O descrédito
da sociedade com a sua Câmara Municipal é o mais fiel reflexo da baixa
qualidade desse Legislativo em todos os aspectos. Tivesse ali menos
vereadores que não “defendessem” o prefeito, mas sim o povo, Itaúna não
estaria vivendo essa barbaridade a que está submetida, a começar de sua
praça pública, justamente, por conta da permissividade de uns poucos "desadministradores"
profissionais que influem na vida social de toda uma comunidade.
Entre os senhores vereadores, temos um que
se gaba por "ser advogado" (mesmo sem advogar) que é o primeiro a
assinar o requerimento ao MPE. Mas que advogado é esse que não sabe que,
para efeitos legais, em se tratando de parlamentares, o MPE está
impedido para investigar a denúncia que
pesa contra os senhores? Como assinam um requerimento como esse sem
antes se informar? Senhor advogado formado pela Universidade
Itaúna, Delmo Barbosa, se o senhor e seus colegas DESEJAM MESMO investigações nos moldes solicitados, envie o seu requerimento a um dos
Procuradores do Estado. Este sim, tem competência e atribuições
compatíveis com o anseio assinado pelos senhores e enviado ao MPE e à
imprensa.
Mas, apesar dessa tremenda gafe para um
advogado vereador (ou vereador advogado), tudo ainda continua muito
simples, se deseja mesmo provar a inocência (da qual não duvidamos, já
que até o momento não há também provas concretas contrárias aos
senhores). Basta fazer o seguinte: mude apenas o cabeçalho e o endereço do remetente, alterando para a
Promotoria de Estado de Minas Gerais, em Belo Horizonte (peça ao Gláucio
ou Gilberto para encontrar o endereço!). Depois, remeta aos cuidados do
senhor Alceu José Torres Marques (Procurador Geral de Justiça de Minas
Gerais) e, por fim, noticie no Brexó sobre (essa sim!) sua corajosa decisão.
E
aguardemos então, pelo tão almejado "RESTABELECIMENTO DA VERDADE" que o
senhor e colegas afirmam desejar.
Contudo, confiando que os senhores não
fariam (ou farão) tal requisição - já que prometeram, por mais de uma
vez que abririam os seus sigilos e falharam -, aproveito a oportunidade para pedir à
ativa promotora Sílvia de Lima Soares, que a sua Promotoria encaminhe o
requerimento de investigação dos senhores vereadores ao senhor
Procurador de Estado, conforme expressa o manifesto desejo epistolar desses quatro
parlamentares. O Procurador de Estado, sim, teria autonomia para
realizar levantamentos e pedir a
quebra de todos sigilos desses vereadores no período mencionado e assim,
esclarecer a verdade de fatos que atormentam os justos. Inclusive, a constatação ou não das
denúncias ora mencionadas, serviria, sobretudo, de alívio aos justos que
se desgastam nessa questão - sejam eles os acusados ou os acusadores.
Caso não procedam dessa maneira, senhores
vereadores, por favor, nos poupem de futuras falácias e mais do mesmo,
além de ameaças, firulas manjadas, falsas acusações e dissimulações
infantis, as quais, qualquer
pessoa com mais de um neurônio em Itaúna já conhece bem de tantos
outros "carnavais" e espetáculos circenses já montados na cidade
de Itaúna.
-
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