Tóquio:
Radiação aumenta em água do mar de
Fukushima*
Autoridades
disseram que os níveis de iodo-131 na água do mar a 30 quilômetros da
usina estavam dentro
de limites
aceitáveis estabelecidos e que a contaminação não causava significativo
risco para a vida marinha.
Os níveis de radioatividade da água do mar estão aumentando
perto da usina de Fukushima Daiichi, afirmou neste sábado a agência de
segurança nuclear do Japão, duas semanas depois de a instalação ter sido
atingida por um grande terremoto e um subsequente tsunami.
Mesmo enquanto engenheiros tentavam bombear água radiativa
da usina, localizada 240 quilômetros ao norte de Tóquio, a agência
nuclear disse que testes realizados na sexta-feira mostraram que o iodo
radioativo subiu 1.250 vezes acima do normal na água do mar ao lado da
usina.
Autoridades disseram que os níveis de iodo-131 na água do
mar a 30 quilômetros da usina estavam dentro de limites aceitáveis
estabelecidos e que a contaminação não causava significativo risco para
a vida marinha.
"As correntes do oceano vão dispersar as partículas de
radiação e então ela ficará muito diluída quando for consumida por
peixes e algas marinhas", afirmou Hidehiko Nishiyama, autoridade da
Agência de Segurança Nuclear e Industrial do Japão.
Apesar dessa previsão, a situação pode muito bem elevar a
preocupação internacional sobre as exportações de frutos do mar
japoneses. Vários países já proibiram o leite e as produtos das regiões
ao redor da usina de Fukushima Daiichi, enquanto outros estão
monitorando os frutos do mar japoneses.
Os esforços prolongados para evitar um catastrófico
derretimento do reator na usina elevaram as preocupações sobre energia
nuclear em todo o mundo. O secretário-geral da ONU (Organização das
Nações Unidas), Ban Ki-moon, afirmou que é hora de reavaliar o regime
internacional de segurança atômica.
Água radioativa foi encontrada nos prédios que abrigam três
dos seis reatores da usina. Na quinta-feira, três funcionários tiveram
queimaduras no reator 3 após serem expostos a níveis de radiação 10 mil
vezes maiores do que o normal.
A crise na usina nuclear tem ofuscado os grandes esforços
de ajuda humanitária e reconstrução do Japão após o terremoto de
magnitude 9.0 e o grande tsunami que ele causou no dia 11 de março,
deixando mais de 27.500 pessoas mortas ou desaparecidas no nordeste da
nação.
O Departamento Norte-Americano de Energia disse em seu
website (http://blog.energy.gov/content/situation-japan/)
que não houve surgimento de quantidades significativas de materiais
radiológicos nas áreas ao redor da usina desde 19 de março, de acordo
com testes feitos na sexta-feira.
Nishiyama afirmou que as agências japonesas estavam
tentando obter meios para "escoar com segurança a água para que ela não
vá para o ambiente, e estamos tocando os preparativos".
Ele inicialmente havia dito que os altos níveis de radiação
no reator 3, onde os funcionários ficaram feridos, poderiam indicar dano
ao reator. Depois, afirmou que a medição pode ter vindo das operações de
ventilação para amenizar a pressão ou do vazamento de água dos canos e
válvulas.
O reator número 3 é o único dos seis que usa uma mistura
combustível de plutônio e urânio. O plutônio é o isótopo radioativo mais
letal.
Mais de 700 engenheiros estão trabalhando em turnos para
estabilizar a usina, e os esforços estão avançando para o bombeamento de
água que resfriaria os bastões de combustível.
Dois dos reatores da usina estão agora sendo considerados
seguros, mas os outros quatro estão instáveis, ocasionalmente emitindo
vapor e fumaça. Contudo, a agência de segurança nuclear disse neste
sábado que a temperatura e a pressão em todos os reatores se
estabilizaram.
*
Informações de Chizu Nomiyama e Shinichi Saoshiro, com reportagem
adicional de Kazunori Takada, Kiyoshi Takenaka e Phil Smith em Tóquio,
Chisa Fujioka em Yamagata, Jon Herskovitz em Kamaishi e Scott DiSavino
em Nova York/Reuters.
* * *
Japão:
O maior terremoto em 140 anos*
Terremoto e tsunami deixam ao mais de 300
mortos no Japão.
Tsunami poderá
atingir outros 20 países da costa pacífica.
Houve muitos incêndios e destruição na
costa japonesa.
O maior terremoto já
ocorrido no Japão em 140 anos de medições atingiu nesta sexta-feira,
11/03, a costa nordeste do arquipélago, provocando uma onda de dez
metros de altura que varreu tudo em seu caminho, incluindo casas,
navios, carros e estruturas agrícolas em chamas.
Pelo menos 300 pessoas
morreram por causa do terremoto de 8,9 graus de magnitude e do tsunami,
segundo a TV japonesa NHK, e o número de vítimas ainda deve crescer.
Muitas pessoas estão desaparecidas.
A Cruz Vermelha disse
em Genebra que a parede de água é mais alta do que algumas ilhas do
Pacífico, e um alerta de tsunami foi emitido para toda a bacia do
oceano, com exceção do Canadá e da parte continental dos Estados Unidos.
A Indonésia, Taiwan, o
Estado norte-americano do Havaí e as Filipinas, entre outros,
determinaram a desocupação de áreas costeiras. Por causa do tsunami, a
população japonesa foi orientada a fugir de áreas costeiras para
terrenos mais elevados. Foram registrados incêndios em pelo menos 80
lugares, segundo a agência de notícias Kyodo. A Kyodo também informou
que uma embarcação com cem pessoas naufragou por causa do tsunami.
"Eu fiquei apavorado e
ainda estou com medo", disse Hidekatsu Hata, 36 anos, gerente de um
restaurante no bairro de Akasaka, em Tóquio. "Eu nunca vivi um terremoto
dessa magnitude antes."
Algumas usinas
nucleares e refinarias de petróleo foram paralisadas, e havia fogo em
uma refinaria e numa grande siderúrgica. O governo do Japão afirmou que
um sistema de resfriamento da usina nuclear Fukushima Daiichi, da Tokyo
Electric Power, não está funcionando após o terremoto. Os trabalhos para
reparar o problema já foram iniciados.
O governo declarou
situação de emergência como precaução, mas não há vazamento radioativo e
não era esperado por ora algum problema decorrente da falha no sistema,
afirmou o secretário da chefia de gabinete, Yukio Edano, a jornalistas.
Cerca de 4,4 milhões de imóveis ficaram sem energia no norte do Japão,
segundo a imprensa. Um hotel desabou na cidade de Sendai, e há temores
de que haja soterrados.
A gigante eletrônica
Sony, um dos maiores exportadores do país, fechou seis fábricas,
informou a Kyodo. Jatos da Força Aérea foram deslocados para a costa
nordeste para determinar a extensão dos danos.
O Banco do Japão (Banco
Central) prometeu medidas para assegurar a estabilidade do mercado
financeiro, mas o iene e as ações de empresas japonesas registraram
queda.
Mar e fogo
Filipinas, Taiwan e
Indonésia emitiram alertas de tsunami, reavivando a lembrança do
gigantesco maremoto que atingiu a Ásia em dezembro de 2004. O Centro de
Alerta de Tsunamis do Pacífico advertiu sobre riscos em países tão
distantes quanto Colômbia, Chile e Peru, no outro lado do Pacífico.
Houve vários tremores
secundários após o terremoto principal. Em Tóquio, os edifícios
sacudiram violentamente. Uma refinaria de petróleo perto da cidade
estava em chamas, com dezenas de tanques de armazenamento sob ameaça.
Impressionantes imagens
de TV mostraram o tsunami carregando destroços e incêndios em uma grande
faixa litorânea perto da cidade de Sendai, que tem cerca de 1 milhão de
habitantes. Navios foram erguidos do mar e jogados no cais, onde ficaram
caídos de lado.
Sendai
fica a 300 quilômetros de Tóquio, e o epicentro do tremor, no mar, não
fica muito distante dessa região.
Japão emite alerta
de emergência para usina nuclear
O governo japonês
emitiu um alerta oficial de emergência para uma das usinas nucleares do
país, após o violento terremoto que atingiu o país paralisar
automaticamente seus reatores e causar problemas com seu sistema de
refrigeração. Segundo as autoridades, porém, não há nenhuma informação
sobre vazamentos radioativos.
"Não há relatos sobre
vazamento em nenhuma das usinas nucleares no momento e não há sinais de
qualquer vazamento", afirmou hoje o secretário de gabinete, Yukio Edano.
Como resultado do estado de emergência, o governo estabelecerá uma
força-tarefa especial para emergências para lidar com a situação.
Na usina Fukushima
Daiichi, da Tokyo Electric Power, três reatores pararam de operar
automaticamente, como projetado, após o terremoto de magnitude 8,9
atingir o nordeste do Japão. O tremor também fez com que os geradores a
diesel usados para refrigerar os reatores parassem de operar, deixando a
companhia sem o líquido refrigerador suficiente para manter os reatores
em uma temperatura segura.
Outros três reatores na
usina Onagawa, em Miyagi, da Tohoku Electric Power, próximos do
epicentro do terremoto, também pararam de operar automaticamente.
Algumas horas depois, a companhia informou que havia observado fumaça
saindo de um prédio onde fica um dos reatores, e disse que está checando
a segurança do reator. Mas ressaltou que não foi registrado vazamento de
substâncias radioativas.
O grupo de engenharia
nuclear francês Areva afirmou que não havia sido informado sobre o
impacto do tremor para suas instalações no Japão. A companhia opera uma
joint venture com a Mitsubishi Heavy Industries e a Mitsubishi Corp.,
especializada no combustível nuclear chamado de MNF, bem como uma usina
para produção de zircônio, a Cezus, que é de propriedade total da Areva.
Todas as outras companhias japonesas que operam usinas de energia
nuclear informaram que suas instalações operam normalmente.
A Tokyo Electric enviou
um relatório sobre o fechamento de sua usina a autoridades locais e
centrais. Esses relatórios são preenchidos quando há a possibilidade de
um vazamento radioativo, que pode levar à retirada de moradores ou a
outras emergências, como a falta do líquido refrigerador para manter os
reatores em temperaturas adequadas.
Três reatores, com uma
capacidade combinada de geração de 2,03 milhões de quilowatts, são parte
da usina nuclear Fukushima Daiichi, localizada na costa do Pacífico, na
prefeitura de Fukushima, ao norte de Tóquio. Os outros três outros
reatores da usina não estavam operando no momento do terremoto, por
causa de uma vistoria de rotina.
A Tokyo Electric é a
operadora da maior usina nuclear do Japão, chamada Kashiwazaki-Kariwa,
que ficou fechada por um período longo após o terremoto de 2007 que
atingiu a área de Niigata, na costa do Mar do Japão. A perda de
capacidade de gerar energia fez com que a TEPCO buscasse ampliar a
geração de energia com termelétricas. Os altos custos para se obter
combustível de petróleo reduziram bastante os lucros da companhia. Isso
também levou a questionamentos sobre a construção de grandes usinas
nucleares em áreas onde há risco de terremotos no país. Essa usina,
porém, não foi afetada pelo terremoto desta sexta-feira.
Alerta de tsunami
após terremoto no Japão se estende até México e América do Sul
O alerta de risco de
tsunami emitido nesta sexta-feira depois do terremoto de 8,9 graus no
Japão se estende a toda a costa do Pacífico, com exceção da parte
continental dos Estados Unidos e Canadá, informou o Centro de Alertas de
Tsunami dos EUA no Pacifico. O México e a América do Sul também foram
avisados.
O alerta de tsunami foi
direcionado aos seguintes países: Rússia, Taiwan, Filipinas, Indonésia,
Papua Nova Guiné, Fiji, México, Guatemala, El Salvador, Costa Rica,
Nicarágua, Panamá, Honduras, Chile, Equador, Colômbia e Peru. Austrália
e Nova Zelândia, que estavam na lista inicial, foram depois removidos.
Para especialistas, a
chance de que a onda gigante chegue à costa dos EUA é pequena, mas o
estado americano do Hawai se prepara a chegada da tsunami. A preocupação
maior é com os países em desenvolvimento da região do Pacífico, informou
a Cruz Vermelha Internacional.
Segundo o porta-voz da
organização em Genebra, Paul Conneally, a tsunami é maior do que algumas
ilhas da área, que podem ser devastadas, embora muitos países tenham
estabelecido sistemas de alerta após a grande tsunami que foi gerada por
um terremoto na costa da Indonésia em 2004.
- Nossa maior
preocupação é com a região da Ásia e do Pacífico, onde países em
desenvolvimento são mais vulneráveis a esse tipo de desastre. A tsunami
é a maior ameaça - disse Conneally.
Ondas de até 3
metros são registradas em uma das ilhas Curilas
Moscou, 11 mar (EFE).-
O Centro de Alerta de Tsunami (CAT) da Rússia registrou nesta
sexta-feira ondas de até três metros de altura na ilha de Shikotan do
arquipélago das Curilas, que fica a algumas dezenas de milhas marítimas
da ilha japonesa de Hokkaido.
"Em Shikotan foram
registradas ondas de até três metros. Na ilha de Kunashir na altura da
localidade de Yushnokurilsk as ondas chegavam aos dois metros", informou
o porta-voz do CAT da ilha de Sakhalin à agência "Interfax".
As ondas do tsunami
também alcançaram o litoral da península de Kamchatka, Sakhalin e a
região de Primorie, todas no Extremo Oriente russo.
Além disso, foi
detectado um aumento do nível do mar nos mares do Japão, Ojotsk e Bering.
O Instituto
Meteorológico da Rússia informou que retirará o alerta de tsunami nas
Curilas quando passar a terceira onda nas próximas horas.
"Neste momento, a
situação nas Curilas está absolutamente sob controle", assegurou
Aleksandr Joroshavin, governador da região de Sakhalin.
O governador explicou
que milhares de habitantes das ilhas foram evacuados para lugares
seguros após o terremoto de 8,8 graus na escala Richter que sacudiu a
costa nordeste do Japão.
E acrescentou que os
navios que trabalhavam ou navegavam as águas da região foram levados mar
adentro.
Contudo, as autoridades
descartam que o tsunami suponha uma ameaça para o território russo.
Temendo tsunami,
filipinos fogem do litoral
Centenas de moradores
de zonas costeiras em três províncias do norte das Filipinas começaram a
fugir para áreas mais altas na sexta-feira por causa do risco de
tsunami, apesar de não haver ordem oficial de retirada.
O Instituto Filipino de
Vulcanologia e Sismologia (Phivolcs) elevou um alerta de tsunami para o
nível 2, aconselhando as pessoas a ficarem longe da costa no leste do
arquipélago, por causa do tsunami causado por um terremoto de magnitude
8,9 no nordeste do Japão.
"Não temos um número
real de pessoas a serem retiradas nas províncias de Cagayan, Isabela e
Batanes, mas as autoridades locais começaram a transferi-las para
lugares seguros", disse Benito Ramos, chefe da defesa civil, a
repórteres.
Ramos disse que
caminhões do Exército foram colocados de prontidão para a eventualidade
do nível de alerta ser novamente aumentado. A defesa civil disse que
algumas comunidades da ilha de Mindanao, no sul do país, também
começaram a fugir de áreas na voltadas para o Pacífico.
"Estamos aconselhando
as pessoas a evitarem ir às praias, mas não há nenhuma necessidade
imediata de desocupar as comunidades", disse Bart Bautista, vice-chefe
da Phivolcs, acrescentando que a previsão é de ondas inferiores a um
metro.
Equador decreta
estado de exceção por risco de tsunami
O presidente do
Equador, Rafael Correa, decretou nesta sexta-feira o estado de exceção e
a evacuação das Ilhas Galápagos e todas as zonas litorâneas do país por
causa do tsunami gerado após o terremoto que sacudiu o Japão nesta
sexta-feira.
UE
expressa disposição de ajudar Japão após terremoto
A União Europeia (UE)
transmitiu nesta sexta-feira suas condolências ao povo japonês pelo
grave terremoto que atingiu o país, e expressou sua disposição de ajudar
o Governo a enfrentar as consequências da catástrofe.
Os presidentes da
Comissão Europeia e do Conselho Europeu, José Manuel Durão Barroso e
Herman van Rompuy, respectivamente, manifestaram em comunicado conjunto
sua "grande preocupação" pelo terremoto, que provocou "inúmeras mortes e
graves prejuízos materiais".
"A UE expressa sua
solidariedade e suas condolências ao povo japonês neste momento difícil,
e está preparada para ajudar o Japão de qualquer forma possível, caso
seja necessário", acrescentaram os dirigentes do bloco europeu.
Já o primeiro-ministro
do Reino Unido, James Cameron, afirmou em sua chegada à cúpula de
líderes europeus realizada nesta sexta-feira em Bruxelas que o terremoto
representou "uma terrível demonstração do poder destrutivo da natureza".
"Nosso Governo verá que
pode fazer para ajudar", acrescentou Cameron, seguindo a mesma linha do
presidente francês, Nicolas Sarkozy, que manifestou "a disponibilidade
da França de ajudar os japoneses".
O presidente do
Parlamento Europeu, Jerzy Buzek, também declarou em comunicado divulgado
nesta sexta-feira seu apoio ao Governo japonês, ao povo do país e às
pessoas próximas às vítimas desta "inimaginável tragédia".
Buzek
afirmou esperar que os altos padrões dos edifícios e da infraestrutura
japonesa, assim como a preparação do povo japonês para os terremotos,
"tenham conseguido minimizar os danos e as mortes".
Brasileiros no Japão
De acordo com a embaixada do Brasil, cerca
de 250 mil brasileiros. Até o momento não há informação de vítimas
brasileiras, mas o clima é de apreensão. Telefones deixaram de funcionar
e pessoas no Brasil não conseguem se comunicar com o Japão.
A Embaixada do Brasil em Tóquio está trabalhando em regime de plantão
(durante 24 horas) e se coloca ao dispor dos brasileiros, através do
telefone: 00-81-334045211 e e-mail: comunidade@brasemb.or.jp Também
o governo brasileiro, através do Itamarary, colocou um e-mail à
disposição para tratar do assunto: dac@itamaraty.gov.br.
De acordo com informações do embaixador do
Brasil no Japão, a maioria as mortes foi causada pelo maremoto e não
pelo terremoto. de acordo com ele, o Ministério da Relação Exteriores do
Japão não registrou nenhuma morte de estrangeiro.
*
Todas as informações são da Dow Jones, EFE, AFP, Reuters e Record News
(no Japão).
* * *
Clima bélico:
Coreia do Norte ameaça atacar Coreia do
Sul e EUA*
Desta vez, a Coreia do Norte classificou
os exercícios conjuntos
entre a Coreia do Sul e os EUA de
"perigoso esquema militar."
A Coreia do Norte ameaçou ontem ampliar seu arsenal nuclear
e atacar a Coreia do Sul e os Estados Unidos, uma vez que os aliados se
preparam para dar início a exercícios militares conjuntos que, segundo o
Norte, são um ensaio para uma invasão. O alerta pode reacender as
tensões na península coreana, que ganharam força no ano passado após
dois incidentes.
A Coreia do Norte atirou contra uma ilha sul-coreana em
novembro, matando quatro pessoas. O ataque ocorreu oito meses depois do
afundamento de um navio de guerra sul-coreano, que matou 46 marinheiros.
A Coreia do Norte negou ter atirado um torpedo contra o navio.
Desta vez, a Coreia do Norte classificou os exercícios
conjuntos entre a Coreia do Sul e os EUA de "perigoso esquema militar."
O Exército norte-coreano acusou os dois países de conspirar para
derrubar o governo comunista do Norte e afirmou que, se provocada, a
Coreia do Norte dará início uma guerra em "escala total", tomará "ações
impiedosas" e transformará Seul em um "mar de chamas".
A Coreia do Norte alertou que vai tomar uma "ação de ataque
a míssil" contra o que chamou de medidas pelos EUA e pela Coreia do Sul
para eliminar os mísseis do Norte. O comunicado não forneceu mais
detalhes. Uma autoridade do Ministério da Defesa da Coreia do Sul
afirmou que o país está ciente dos alertas do Norte e observando de
perto os movimentos militares. A autoridade falou sob a condição de
anonimato, citando regras do ministério.
*
Informações da Associated Press.
* * *
Atritos coreanos:
Incidente entre as Coreias faz mortos e
feridos
Coreia do Norte dispara contra ilha
sul-coreana, mata dois e fere ao menos 15.
Imagens mostram ilha sul-coreana atacada pelo Exército da Coreia do
Norte; tensão na região preocupa os EUA
O Exército da Coreia do Norte disparou contra uma ilha
sul-coreana nesta terça-feira matando ao menos dois soldados e ferindo
15, provocando uma reação imediata da Coreia do Sul que enviou caças de
guerra F-15 e F-16 à região. Agências estatais de Seul indicam que o
Norte deu início aos combates. Pyongyang nega e sustenta que tropas
sul-coreanas foram as primeiras a abrir fogo.
O Ministério de Defesa sul-coreano confirmou à agência
estatal Yonhap que os ataques mataram dois soldados e que entre os
feridos, cinco estão em estado grave. Ao menos três dos feridos são
civis, completa a nota.
Em comunicado a Casa Branca já sinalizou uma "condenação
enérgica" ao ataque norte-coreano e reiterou que os EUA estão dispostos
a ajudar Seul.
Os confrontos chegam apenas dois dias depois de o jornal
"The New York Times" publicar em reportagem que o cientista americano
Siegfred S. Hecker teve acesso a uma nova e sofisticada usina nuclear na
Coreia do Norte.
"Uma unidade de artilharia executou disparos de provocação
às 14h34 (3h34 de Brasília) e as tropas sul-coreanas responderam
imediatamente", afirmou uma fonte do Ministério de Defesa sul-coreano.
"As Forças Armadas estavam executando exercícios navais e o
Norte parece ter disparado para demonstrar sua oposição", declarou uma
fonte militar sul-coreana ao canal YTN.
Os disparos tiveram como alvo a ilha de Yeonpyeong, que tem
1.000 habitantes, localizada no Mar Amarelo, em uma área disputada pelas
duas Coreias e que já registrou incidentes no passado. Dezenas de casas
foram incendiadas e Seul determinou que a retirada dos moradores da
região.
Em reação, o presidente da Coreia do Sul, Lee Myung-Bak,
convocou uma reunião de emergência. "Agora mesmo está em uma sala
subterrânea para abordar as respostas possíveis com seus ministros e
conselheiros de segurança", afirmou o porta-voz da Presidência.
Apesar do estado elevado de emergência, o líder sul-coreano
manifestou cautela. "Devemos conduzir com cuidado a situação para evitar
a escalada de um choque", indicou Lee, citado por um porta-voz da
Presidência.
O aumento de tensão entre os dois países --oficialmente em
condição de cessar-fogo desde o fim da guerra em 1953-- preocupa a
comunidade internacional, sobretudo os Estados Unidos, a Rússia e a
China.
O armistício acordado entre o Sul e o Norte determina que
as duas nações estão oficialmente em guerra desde o fim da década de 50,
mas se comprometem a não realizar ataques.
Alerta
Ainda ontem (22) os governos dos EUA, Japão e Coreia do Sul
se mobilizaram e realizaram reuniões após as revelações das novas
instalaçaões nucleares de Pyongyang.
O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Robert Gates,
afirmou que a nova usina na Coreia do Norte é um risco potencial, já que
permite ao regime comunista produzir mais armas nucleares.
Washington, Tóquio e Seul discutiram na segunda-feira como
lidar com as potenciais ameaças nucleares.
A Coreia do Norte desenvolve há anos um programa nuclear
sob críticas do Ocidente, que já tentou, sem sucesso, negociar sua
desnuclearização. O regime recluso do ditador Kim Jong-il sofre ainda
diversas sanções do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações
Unidas) por manter seu programa nuclear com fins claramente militares.
Imagens de satélite mostram obras na região de Yongbyon,
onde a Coreia do Norte mantém usinas nucleares
Gates, que está na Bolívia para uma conferência regional de
defesa, disse ainda não acreditar que a nova e avançada instalação
norte-coreana seja parte de um programa nuclear pacífico.
"A Coreia do Norte ignorou um número de resoluções do
Conselho de Segurança. Eles continuam exportando armas. Então a noção de
que eles desenvolveram isso é obviamente uma preocupação", disse Gates.
Já o Japão considerou o assunto "alarmante". "O
desenvolvimento nuclear norte-coreano é totalmente inaceitável do ponto
de vista da segurança do Japão e da paz e estabilidade na região", disse
o porta-voz do governo de Tóquio, Yoshito Sengoku.
Revelação
Neste domingo, o jornal "New York Times" revelou que um
cientista americano da Universidade de Stanford informou à Casa Branca
ter visitado uma grande e nova usina nuclear na Coreia do Norte.
O cientista que viajou a Pyongyang é o ex-diretor do
Laboratório Nacional de Los Álamos e professor da Universidade de
Stanford Siegfred S. Hecker que confirmou ao jornal ter visto "centenas
de centrífugas" recém instaladas em grande e nova usina de
enriquecimento de urânio que conta com uma "ultramoderna sala de
controle".
O americano disse ter ficado surpreso com a sofisticação da
nova usina nuclear.
O presidente americano, Barack Obama, advertiu recentemente
que a Coreia do Norte deve demonstrar seriedade antes da possível
retomada das negociações multilaterais sobre seu programa nuclear, que
incluem as duas Coreias, China, Japão, Rússia e Estados Unidos.
Coreia do Norte
ameaça atacar Coreia do Sul novamente
A Coreia do Norte ameaçou a Coreia do Sul nesta terça-feira
(23/11) com ataques militares "sem piedade" caso as forças sul-coreanas
avancem "um milímetro" nas águas territoriais norte-coreanas, informou a
agência oficial norte-coreana "KCNA".
A reação do Comando Militar do país comunista acontece após
a troca de fogo de artilharia em uma ilha da Coreia do Sul próxima à
fronteira, que causou a morte de pelo menos dois marines (fuzileiros
navais) sul-coreanos e feriu outros 13 soldados e quatro civis.
O Comando Militar norte-coreano indicou através da agência
"KCNA" que o ataque é uma "medida militar firme" contra as manobras que
Seul estava realizando em águas do Mar Amarelo (Mar Ocidental), não
muito longe da área atacada, das quais participavam cerca de 70 mil
soldados.
Pyongyang também ameaçou Seul afirmando que não terá
piedade em perpetrar novos ataques militares caso os exercícios
militares continuem e as forças sul-coreanas avancem "mesmo que 0,0001
milímetro" em as águas territoriais norte-coreanas.
O comunicado do Comando Militar norte-coreano foi lido em
cadeia nacional de rádio e televisão da Coreia do Norte, e nele foi
referido o fato de Pyongyang não reconhecer a linha de fronteira no Mar
Amarelo. EFE
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Informações de EFE e Uol Notícias, com agências internacionais.
-
Imagem: Yonhap/Reuters.
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