Eleições 2014:
A
sobrevivente
A
sobrevivente já iniciou sua metamorfose ao incorporar como vice o gaúcho
Beto
Albuquerque, ex-petista que agora é citado como defensor do agronegócio.
Por
Maria Lúcia Victor Barbosa*
De
Londrina-PR
24/08/2011
Da morte trágica do candidato à presidência da República, Eduardo
Campos, emergiu a sobrevivente, Marina Silva, que tendo se abrigado no
PSB por não ter conseguido registrar o seu partido Rede Sustentabilidade
seria a vice na chapa.
Como escreveu Elias Canetti em sua magistral obra, Massa e Poder: “O
momento de sobreviver é o momento do poder”. “O espanto diante da visão
da morte se dissolve em satisfação, pois não se é o morto”. “O morto
está estendido e o sobrevivente está de pé”. “É como se um combate
tivesse antecedido aquele momento, e nós mesmo tivéssemos derrubado o
morto”. Canetti se referia às batalhas onde se mata e morre
literalmente, mas não é uma campanha eleitoral uma espécie de batalha?
Marina, a sobrevivente, se sente ungida pela “providência divina”,
segundo suas palavras. Na eleição de 2010 obteve 20 milhões de votos e
ficou em terceiro lugar. Neste ano viu frustrada sua intenção de voltar
à campanha presidencial por ter falhado a oficialização da Rede
Sustentabilidade. Agora, por um desses acasos que ela atribui a forças
sobrenaturais ei-la no centro do palco da política.
Alçada à cabeça de chapa Marina se transformou rapidamente de hóspede em
hospedeira do PSB e sua primeira providência foi a de substituir os
comandos da campanha por gente sua, enquanto alijava o pessoal de
Eduardo Campos. Portanto, o PSB pode dar adeus às ilusões. A Rede que
ainda não existe adonou-se da escalada ao Planalto e se Marina chegar lá
tudo indica que não sobrará nada para os socialistas de Campos. As
aspirações pesebista foram sepultadas junto com o líder morto.
Dizem em tom de brincadeira que Marina é verde por fora e vermelha por
dentro. Toda brincadeira tem um fundo de verdade e não se duvide que no
peito de Marina bata ainda um coração petista. A sobrevivente ungida é
como o avatar de um PT já longínquo que se dizia puro, ético, a
verdadeira esquerda que vinha para mudar o que estava errado.
Á frente do PT a estrela barbuda, que na quarta tentativa chegou lá
depois de vestir terno Armani, aparar a barba e fazer publicar uma Carta
na qual se comprometia a manter os fundamentos da nossa economia
capitalista de Terceiro Mundo.
No poder os éticos e puros mostraram a que vieram e foram na nossa
endêmica corrupção os mais corruptos. Incompetentes, reeditaram a
inflação, a inadimplência e nos fizeram o país dos pibinhos, dos
descalabros na Educação e na Saúde, da Petrobras arrebentada, da
diplomacia vergonhosa que defende e custeia os mais nefastos ditadores
mundiais. Para piorar o País é o lanterninha dos Brics.
O Brasil como paraíso é uma fraude gerada pela propaganda enganosa. O
que de fato se tem é a herança maldita dos quase 12 anos de governo
Lula, pois a bem da verdade, nos últimos desastrosos quatro anos foi o
criador que mandou e a criatura somente obedeceu.
Note-se que a sobrevivente já iniciou sua metamorfose ao incorporar como
vice o gaúcho Beto Albuquerque, ex-petista que agora é citado como
defensor do agronegócio. Marina, como se sabe, sempre foi contra o
agronegócio. Será que mudou? Afinal, ela apoia os sem-terra.
A candidata da Rede também já aceita a ideia da autonomia do Banco
Central. É o que afirma a herdeira do Banco Itaú, Maria Alice Setubal,
amiga e coordenadora do programa de governo da sobrevivente. Sem dúvida,
um truque da candidata com o intuito de agradar o mercado, que se antes
temia Lula agora a teme. Só falta a Rede lançar uma Carta para apaziguar
certos ânimos.
Marina está fortalecida. Leva vantagem sobre Rousseff porque além de ser
mulher representa com seu aspecto frágil um perfil bem mais feminino. E
ganha de Lula porque teve como ele origem humilde, mas, como já foi dito
é mulher e negra. Daqui a pouco vão dizer de modo politicamente correto
que é mulher, negra e índia. Então, aí de quem criticá-la. Tal coisa
será considerada não como preconceito, mas como crime de racismo,
portanto, inafiançável.
A sobrevivente, que se esclareça, não é terceira via e sim o Lula de
saias abanando uma bandeira vermelha. Com relação ao PT ela pode dizer:
“eu sou você amanhã”. Mas, quais são seus planos de governo? Já se sabe
que seu programa incluirá os tais conselhos populares idealizados pelo
PT e outros canais de democracia direta. Uma quinada e tanto à esquerda
que talvez o PT faça caso Rousseff ganhe.
Quanto ao PSDB nunca foi oposição ao PT por temer a popularidade do
demagogo Lula. Se agora os tucanos continuarem abúlicos por conta do
medo da “santa da floresta” e seguirem sacudindo seus punhos de renda
contra a borduna do PT e o arco e flecha da Rede, podem jogar a toalha.
Então, ecoará da Papuda a profecia de José Dirceu: “Viemos para
permanecer 20 anos”. “Muito mais”, dirá Lula, “meu modelo é Fidel
Castro”.
*
Maria Lucia Victor Barbosa é socióloga. Seu blog é
www.maluvibar.blogspot.com.
* * *
Justiça demorada:
O fruto
proibido
Por
que
nos chegam algumas informações de juízes que não conseguem despachar
seus
processos em tempos hábeis, com casos que ultrapassam mais de 12 anos de
espera?
Por
Leo Soltz*
de Belo
Horizonte-MG
Para
Via
Fanzine
12/12/2012
Recorro neste artigo a uma das velhas historias bíblicas contadas por
minha avó quando tentava me fazer ficar por perto, curioso para ouvir
algo novo e fascinante. Sempre gostei de historias e elas nos fazem
perceber como muito deste todo é ainda tão igual aos exemplos do
passado. Para o bem ou para o mal.
O
poder e a tentação são elementos vivos, em plena erupção no intimo de
cada um de nós e saber como lidar com isso é o que nos torna melhores,
não perante a esta sociedade que vivemos, cada vez mais frágil de
valores, mas com o nosso “ser”. Sei que estamos nesta trilha, mas os
tropeços são inúmeros, infelizmente.
Na ultima semana, acompanhando um processo administrativo que movo
contra uma empresa de loteamento, em uma das inúmeras varas cíveis da
capital mineira, me deparei com um elemento estranho, no mínimo
peculiar, no documento enviado pelo advogado para dizer em que “pé”
estava tal ação.
“Vista programada”
Trata-se de mais um dos inúmeros absurdos que o judiciário estadual vem
apoiando, sabe-se lá por que motivo, para atrasar os trâmites – já tão
lentos desta máquina judiciária engessada. O cidadão que espera justiça
e agilidade para tocar a sua vida e resolver pendências, se vê neste
imbróglio.
Na outra ponta, advogados atônitos acabam sem qualquer meio de
insurgência quanto a esta invenção- algo completamente sem sentido.
Imaginem só: eles publicam um despacho que só surtirá efeito depois de
um tempo (no meu caso, mais de 30 dias). Período este o suficiente para
que a parte que discordar do oficio faça o que quiser para atrasar o
cumprimento da ordem judicial ou decisão.
A
sentença já foi dada, você tem ideia (vaga) daquilo que está posto e não
pode ter acesso ao documento que o juiz já anexou ao processo com o teor
completo da sentença.
Dá para imaginar que samba é este?
A
justiça comum vem dando tamanha liberdade de atuação, sem qualquer
fiscalização aos seus juízes, que acabam exercendo verdadeiro 'poder
legislativo', o que de maneira nenhuma poderia acontecer. A única
resposta mais ou menos plausível para que o procedimento de “vista
programada” ocorra é o imenso volume de processos despejados todos os
dias para o judiciário, alguns chegando pelo MP. Muitos destes, sem
qualquer exame prévio de mérito mais apurado.
Uma das soluções para este impasse entre as duas instituições – impasse
este que ninguém quer comentar e assumir é o de uma trégua branca e uma
melhor percepção do que será enviado para “subir” ou “descer” e se
transformar em processo, de fato.
Vale à pergunta, neste momento sem qualquer juízo de valor.
Porque não usar mais as delegacias de policia para inquéritos que possam
esclarecer fatos quando assim o teor da denuncia e/ou irregularidade
permitir antes de simplesmente enviar, a partir de Boletins de
Ocorrência que podem ser facilmente “fabricados” por uma alma ruim tais
elementos básicos e frágeis para um MP que, por sua vez, reenvia os
mesmos para uma das inúmeras varas do juízo?
E
vai mais uma:
Por
que nos
chegam algumas informações de juízes que não conseguem despachar seus
processos em tempos hábeis, com casos que ultrapassam mais de 12 anos de
espera?
Não creio que intervenções de conselhos do judiciário e do MP sejam
necessárias, mas o cidadão quer respostas. E rápidas.
Para o senhor juiz que se protegeu na “vista programada”, espero mesmo
que a mordida do fruto proibido não o tenha consumido.
Espero.
* Leo Soltz é empresário nos setores de tecnologia e
entretenimento. Casado, pai de Sophie escreve para sensibilizar pessoas
e deixar um mundo melhor para sua filha e por indignação às mazelas do
dia a dia.
leonardo@soltz.com.br
* * *
Hotéis na Pampulha:
O grupo dos contra venceu, e BH perdeu...
Os hotéis, ao contrário do que
assistimos, deveriam ser bem vindos, pois combinam
com o propósito e o apelo de turismo que
a região ostenta sem a devida infraestrutura.
Por
José Aparecido Ribeiro*
De
Belo Horizonte – MG
03/04/2012
O grupo de moradores da Pampulha que é contra a edificação
de hotéis está regozijaste com a “vitória”. Não venceram, no entanto,
pela Justiça, que foi célere e sensata, mas levaram no tapetão, ganharam
pelo cansaço. Foi a vitoria do grito, da passionalidade e em especial da
desinformação. A comunidade uniu-se e fez valer o peso da sua voz, mesmo
que esta tenha sido usada de forma insensata. Já a cidade, essa
perdeu... Perdeu não só um hotel importante para a região, mas a
oportunidade de avançar e tornar aquele local de fato um lugar de
atração turística.
Os hotéis, ao contrário do que assistimos, deveriam ser bem
vindos, pois combinam com o propósito e o apelo de turismo que a região
ostenta sem a devida infraestrutura. Hotéis, ao contrário do que os
"xiitas" pensam, não trazem prejuízos, só trazem benefícios e o maior
deles é a boa vizinhança e a valorização do seu entorno. Muito mais
importante do que brigar para não ter um hotel como vizinho, o cidadão
da Pampulha deveria lutar para salvar a lagoa que arde apodrecida por
causa do esgoto a céu aberto que corre solto e recende no seu entorno,
nos envergonhando perante qualquer visitante que chega para conhecer o
sítio histórico que deu início a saga de Juscelino Kubistchek.
O desconhecimento do dia a dia de um hotel e os holofotes
da mídia, somados a vaidade e o desejo de aparecer estão, cada vez mais,
tornando nossa cidade um local estático, parado no tempo. Esquecem os
nobres cidadãos que a cidade é um organismo vivo em constantes mudança.
Basta lembrar o que era o projeto original, cunhado por Aarão Reis e o
que a Capital se transformou hoje. Com efeito, não adianta espernear, o
melhor seria usar o bom senso e participar da evolução que é algo
inerente ao modelo de desenvolvimento que a nossa sociedade escolheu,
sem exageros ou romantismos conservacionistas, por vezes piegas.
A Lei que permitiu a edificação dos dois prédios na
Pampulha e os outros 36 em várias partes da cidade, dos quais vingarão
no máximo 20, (por culpa da desinformação), foi discutida na CMBH e
sancionada pelo Prefeito e não há nenhuma ilegalidade nisso, ao
contrario do que acusa, de forma leviana, alguns moradores da Pampulha e
um certo vereador oportunista e infantil que pegou carona no tema. Tal
Lei serviria apenas para os hotéis, e não para outras edificações.
O temor de que o precedente ocorra é totalmente infundado.
Aliás, vale lembrar que novos projetos já não são mais aprovados há
tempos. É bem provável que “os contra", do desenvolvimento, prefiram uma
igreja no lugar de um hotel, desconhecendo que os impactos do segundo
são praticamente nulos se comparados ao primeiro. Perderam a
oportunidade de ter seus imóveis valorizados, deixaram a cidade com
menos alternativas de hospedagem na região da Pampulha e abriram mão de
uma vizinhança que só traz benefícios.
Para os que insistem em dizer que hotel causa incômodos,
convido para conhecer a vizinhança dos 56 hotéis hoje instalados em
vários pontos da cidade e fazer juízo após ouvir o que é o dia a dia de
um hotel. Quem sabe assim tomem consciência dos desserviços que
prestaram para a Pampulha e para BH com os seus gritos insensatos e
tirem disso uma boa lição...
*
José Aparecido Ribeiro é consultor em Assuntos Urbanos e ex-presidente
da ABIH-MG.
* * *
Loteria:
30.000 na 'Cabeça'
Algumas curiosidades numéricas.
Por Davi
Castiel Menda*
De Gravataí-RS
Para Via
Fanzine
Neste último sábado, foi sorteado no 1o. prêmio da Loteria
Federal um bilhete que dificilmente você compraria: 30.000. Antes que
você imagine que é um evento único, que acontece uma vez na vida e outra
na morte, este mesmo bilhete - 30.000 - já foi sorteado anteriormente no
5o. prêmio em 8.10.1966. Nas 4.591 extrações realizadas até hoje, era de
se esperar que em pelo menos quatro ou cinco delas os bilhetes
terminados em 000 fossem sorteados no 1o. prêmio - ocorreram três vezes
o evento: além do 30.000 citado, foram sorteados os bilhetes 14.000 (que
posteriormente foi sorteado no 2o. prêmio) e o 73.000 (e que também foi
sorteado posteriormente - no 4o. prêmio).
* Davi
Castiel Menda,
65 anos, é programador na área de matemática e reside em Gravataí-RS.
P.S.: 1. Eu fui
assinante do bilhete 00.000 da extinta Loteria Estadual durante muitos
anos. Jamais deu...
Em compensação, era
procurado quase que semanalmente por Prefeitos, Presidentes de clubes,
etc., representantes das cidades ou clubes que eram homenageados pela
Loteria Estadual, com o objetivo de obter o citado bilhete 00.000, que
era o indicado para por em quadro. Este número - 00.000 - não existe na
Federal; a numeração inicia em 00.001.
PS 2 - Não fui eu
que comprei o 30.000, lamentavelmente.
* * *
Influências:
Princípio Gulag
Escândalos, que durante os dois mandatos
de Lula da Silva explodiram em escala nunca
vista continuam atingindo altas
autoridades, que seguem impávidas no país onde tudo é permitido.
Por
Maria Lúcia Victor Barbosa*
De
Londrina-PR
02/07/2011
O Brasil está vivendo uma verdadeira septicemia corruptiva,
uma infecção moral generalizada, cujo maior fomentador tem sido o
ex-presidente Lula da Silva. Ao patrocinar a corrupção política dizendo
sempre que nada sabe, nada viu; ao institucionalizar a prática de
comprar parlamentares que foi apelidada de “mensalão”; ao abençoar
companheiros aloprados; ao pregar que “se todo mundo faz nós também
podemos fazer”; ao proteger o assassino Cesare Battisti rompendo tratado
internacional ou acolher bandidos das Farc, ele sinalizou que tudo pode
ser praticado impunemente. Acrescente-se que no momento a impunidade foi
reforçada pela última invenção jurídica, segundo a qual, praticamente
ninguém vai preso e quem está preso vai ser solto.
Lula da Silva, é claro, não inventou a corrupção
brasileira, mas a elevou a um grau assustadoramente alto. Hoje, só não
rouba quem é honesto por princípio, por berço, por caráter. Porque as
oportunidades estão escancaradas para quem quiser e, detalhe, sem
riscos.
O ex-presidente, que aparece ostensivamente quando sua
afilhada política fraqueja e vacila, o que tem sido uma constante,
indicou os principais ministros do atual mandato, companheiros que já o
haviam servido. Entre eles, o reincidente Antonio Palocci, querido do
mercado, mas famoso, entre outros casos, pela quebra do sigilo bancário
do caseiro Francenildo o que no governo Lula ensejou sua queda. Como
pessoas dificilmente mudam, Palocci despencou novamente envolvido numa
cadeia de ilegalidades que foram fartamente noticiadas e documentadas
pela imprensa. Como aconteceu com Lula da Silva, para que Rousseff não
fosse atingida, Palocci bateu em retirada. Isto se deu de forma
triunfal, em auditório estrategicamente lotado com sabujos palacianos
que aplaudiram Palocci delirantemente.
Escândalos, que durante os dois mandatos de Lula da Silva
explodiram em escala nunca vista continuam atingindo altas autoridades,
que seguem impávidas no país onde tudo é permitido. Se a pessoa é “amiga
do rei”, pode ficar sossegada.
Esse, por exemplo, é o caso do governador do Rio de
Janeiro, Sérgio Cabral, que se veio à televisão execrar os bombeiros aos
quais paga salário de R$ 950,00, chamando-os de vândalos e delinquentes,
não apareceu para explicar suas nebulosas ligações com a iniciativa
particular. As “zelite”, como diz Lula da Silva, o que significa na
língua “petê” os “malditos capitalistas” que sustentam campanhas
milionárias, inclusive, as presidenciais, tendo depois sua “justa” paga
em bilhões através de favorecimentos públicos.
Junte-se ao espetáculo da avassaladora corrupção, o do
cinismo extremo. Recentemente isso pode ser ilustrado pela performance
do ministro Aloísio Mercadante que, acuado pelo fogo amigo, negou ter
chefiado o “Dossiê dos Aloprados”, sórdida montagem de dados falsos que
visava derrubar a candidatura do tucano José Serra ao governo de São
Paulo. Aliás, desse tipo de dossiê o PT entende.
No país onde existe licença para roubar e para matar; que
direitos humanos são apenas para bandidos; que é claro o objetivo de
manter as novas gerações na ignorância ensinando que o certo é o errado,
que 10 – 7 = 4; que a sociedade se encontra moralmente corrompida não
sabendo mais distinguir entre o certo e o errado; outro enorme
malefício, pouco notado, é inoculado pelos “intelectuais orgânicos”
petistas. Vou chamá-lo de “princípio gulag”.
Este termo pertence a Vladmir Bukovsky, autor do “Tratado
de Lisboa”, dirigido aos portugueses e aos demais europeus. Afirma o
autor: “Na URSS tínhamos o gulag”. “Creio que ele existe também na UE,
mas um gulag intelectual, designado por politicamente correto”.
De forma impressionante essa característica se adequa com
perfeição também ao Brasil, pois conclui Bukovsky: “Experimentem dizer o
que pensam sobre questões como raça e sexualidade”. “Se suas opiniões
não forem ‘boas’, ou seja, não forem politicamente corretas, vocês serão
marginalizados”. “E isto é o começo do que podemos chamar de princípio
gulag, ou seja, o começo da perda da liberdade”.
Lula da Silva diz que não é de esquerda e o PT, para
conquistar o poder máximo da República, acalmou o sensível mercado.
Curiosamente, porém, o PT age com métodos totalitários, pois a
propaganda anestesiou a sociedade que se quedou extasiada diante da
retórica inflamada de um pequeno Hitler terceiro-mundista. Ao mesmo
tempo, palavras pervertidas apareceram com uma visão deslocada que
deforma a perspectiva de conjunto. O PT criou uma “novilíngua” adaptada
ao politicamente correto. Assim, somos confrontados a um astigmatismo
social e político. Enxergar de outro modo seria preconceito o que
acarreta autocensura. A continuar assim o PT não sai do poder nem daqui
a vinte anos.
*
Maria Lucia Victor Barbosa é socióloga. Seu blog é
www.maluvibar.blogspot.com.
* * *
Norte
do Brasil:
Caos em Roraima
“Sou
favorável à demarcação correta. E esta somente pode ser a resultante de
um devido processo legal,
mostrando-se imprópria a prevalência, a ferro e fogo, da
óptica do resgate de dívida histórica,
simplesmente histórica - e romântica, portanto,
considerado o fato de o Brasil, em algum momento,
haver sido habitado exclusivamente por índios. Os dados
econômicos apresentados demonstram
a importância da área para a economia do Estado, a
relevância da presença dos fazendeiros na região”.
(Ministro Marco Aurélio Mendes de Farias Mello)
Por Hiram Reis e Silva*
De
Porto Alegre-RS
20/06/2011
-
Rodovias Federais interditadas em Roraima
Roraima enfrenta a maior cheia do Rio Branco dos últimos 35 anos e o
governo decreta estado de calamidade pública. A BR 174 está com o
tráfego interrompido no município de Caracaraí, um dos mais afetados
pela cheia do rio Branco, que está a mais de 10 metros acima do seu
nível normal. No extremo Norte, região de serras, próximo à Venezuela, a
estrada, comprometida pela erosão, está com o tráfego liberado apenas em
meia pista. Na BR-433, que interliga os municípios de Normandia e
Pacaraima, as cabeceiras de pontes foram destruídas e na BR-401, que
liga Roraima à República Cooperativista da Guiana, bueiros se romperam,
e há ainda a possibilidade de interdição total da BR-432. O rio Anauá,
afluente do rio Branco, inundou a Vila Martins Pereira, município de
Rorainópolis, estão igualmente alagadas as comunidades de Sacaí,
Panacarica, Floresta e Remanso.
- Um Estado dentro de outro Estado
Recebi do meu Ir:. e secretário de Segurança de Roraima General Eliéser
Girão Monteiro o seguinte e-mail:
Ao longo dos primeiros momentos das chuvas houve a necessidade
emergencial de recuperar um trecho da BR 174 Norte, exatamente na serra
de acesso ao município de Pacaraima. O Governo do Estado, em situação de
calamidade pública, determinou que uma empresa de engenharia fosse ao
local para corrigir o problema e com isso evitar a interrupção total do
tráfego.
Pasme o amigo. Ao iniciar a retirada da piçarra houve a intervenção dos
indígenas da São Marcos que somente admitiam a retirada se houvesse uma
negociação por parte do governo estadual. A Procuradoria Geral da
república em RR foi acionada e afirmou que não era legal esse
impedimento. Foi acionada a PF para garantir a retirada do material e
mesmo assim, os indígenas colocaram suas famílias na frente das máquinas
e impediram.
O que temos?
Eu afirmo que temos: UM ESTADO DE DESGOVERNO, POR CULPA DA OMISSÃO DO
EXECUTIVO E LEGISLATIVO FEDERAL EM DECIDIREM SOBRE QUESTÕES
CONSTITUCIONAIS, DEIXANDO PARA O STF E OUTRAS CORTES LOCAIS A DECISÃO
JUDICIAL SOBRE CONFLITOS.
-
Julgamento Poético-lunático de Ayres de Brito
“Ao demarcar a terra indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima, a FUNAI
criou ‘um Estado dentro de um Estado’ e violou o chamado pacto
federativo, cláusula pétrea da Constituição brasileira” (Denis
Rosenfield)
Mais
uma vez verificamos os reflexos caóticos do julgamento da TI Raposa e
Serra do Sol pelos alienados ministros do Supremo Tribunal Federal (STF)
que sinalizaram, através do voto de seu relator, Ayres de Brito, no dia
27 de agosto de 2008, sucumbir à influência estrangeira. Os Ministros
ignorando a problemática das demarcações indígenas no Brasil colocaram
em cheque a soberania e influenciaram o destino de cada um de nós,
índios e não índios. O STF deu, na oportunidade, mais uma demonstração
de não estar à altura de sua destinação histórica de interromper a ação
nefasta de demarcações comandadas por ONGs estrangeiras e mercenários
brasileiros. Fatos dessa natureza, praticados pelos celerados do CIR,
tornaram-se corriqueiros desde então. Nossos “ilustres”
Ministros foram totalmente incompetentes no seu julgamento e os reflexos
nefastos de sua ação está se fazendo sentir pelos milhares de
miseráveis, índios e não-índios, que vicejam na periferia de Boa Vista.
Em futuro próximo quem estará em jogo será a soberania da nação.
-
Versos lírico-românticos
de Ayres de Brito: Fome, Miséria e Migração
Fonte: Reinaldo Azevedo
Quatro novas favelas brotaram na periferia de Boa Vista, nos últimos
dois anos. O surgimento de Monte das Oliveiras, Santa Helena, São
Germano e Brigadeiro coincide com a demarcação da reserva indígena
Raposa Serra do Sol. Nesse território de extensão contínua que abarca
7,5% de Roraima, viviam 340 famílias de brancos e mestiços. Em sua
maioria, eram constituídas por arrozeiros, pecuaristas e pequenos
comerciantes, que respondiam por 6% da economia do estado. Alguns
possuíam títulos de terra emitidos havia mais de 100 anos pelo governo
federal, de quem tinham comprado suas propriedades. Empregavam índios e
compravam as mercadorias produzidas em suas aldeias, como mandioca,
frutas, galinhas e porcos. Em 2009, todos foram expulsos. O governo
federal prometeu indenizá-los de maneira justa. No momento de calcular
as compensações, alegou que eles haviam ocupado ilegalmente terra
indígena. Por isso, encampou as propriedades e pagou apenas o valor das
edificações. Os novos sem-terra iniciaram o êxodo em direção à capital.
As indenizações foram suficientes apenas para que os ex-fazendeiros se
estabelecessem em Boa Vista. VEJA ouviu quarenta deles. Suas reparações
variaram de 50.000 a 230.000 reais – isso não daria para comprar nem um
bom apartamento de três quartos nas principais cidades do país. Imagine
uma outra fazenda.
Em seguida, foi a vez de os índios migrarem para a capital de Roraima.
Os historiadores acreditam que eles estavam em contato com os brancos
havia três séculos. Perderam sua fonte de renda, proveniente de empregos
e comércio, depois que os fazendeiros foram expulsos. A situação piorou
com a ruína das estradas e pontes, até então conservadas pelos
agricultores. “Acabou quase tudo. No próximo inverno, ficaremos
totalmente isolados”, diz o cacique macuxi Nicodemos Andrade Ramos, de
28 anos. Um milhar de índios se instalou nas novas favelas de Boa Vista.
“Está impossível sustentar uma família na reserva. Meus parentes que
ficaram lá estão abandonados e passam por necessidades que jamais
imaginaríamos”, afirma o também macuxi Avelino Pereira, de 48 anos.
Cacique de sete aldeias, ele preferiu trocar uma espaçosa casa de
alvenaria na reserva por um barraco de tábuas na favela Santa Helena. O
líder indígena diz que foi para Boa Vista para evitar que sua família
perdesse o acesso a escolas, ao sistema de saúde e, sobretudo, ao
mercado de trabalho.
Com o passar do tempo, a situação dos índios tem piorado. Recentemente,
algumas das famílias desaldeadas começaram a erguer barracos no aterro
sanitário de Boa Vista. Uma delas é a do macuxi Adalto da Silva, de 31
anos, que chegou à capital há apenas um mês. Ele fala mal português, mas
nunca pensou em viver da mesma forma que seus antepassados. Mesmo porque
a caça e a pesca são escassas na Raposa Serra do Sol já faz tempo. Até
2009, ele recebia um salário mínimo para trabalhar como peão de gado.
Está desempregado desde então. Como os índios não têm dinheiro,
tecnologia ou assistência técnica para cultivar as lavouras, os campos
onde o peão trabalhava foram abandonados. Silva preferiu construir uma
maloca sobre uma montanha de lixo a viver na aldeia. Agora, ganha 10
reais por dia coletando latinhas de alumínio, 40% menos do que recebia
para tocar boiada. Ainda assim, considera sua vida no lixão menos
miserável do que na reserva. Ele é vizinho do casal uapixana Roberto da
Silva, de 79 anos, e Maria Luciano da Silva, de 60, que também cata
latas e comida no aterro. “O lixo virou a única forma de subsistência de
muita gente que morava na Raposa Serra do Sol”, diz o macuxi Sílvio
Silva, presidente da Sociedade de Defesa dos índios Unidos do Norte de
Roraima.
* Coronel de Engenharia Hiram Reis e Silva
Professor do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA)
Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira
(SAMBRAS)
Presidente do Instituto dos Docentes do Magistério
Militar (IDMM)
Vice Presidente da Academia de História Militar Terrestre
do Brasil - RS (AHIMTB)
Acadêmico da Academia de História Militar Terrestre do
Brasil (AHIMTB)
Membro do Instituto de História e Tradições do Rio Grande
do Sul (IHTRGS)
Colaborador Emérito da Liga de Defesa Nacional
Site: http://www.amazoniaenossaselva.com.br
Blog: http://desafiandooriomar.blogspot.com
E–mail: hiramrs@terra.com.br
– Blog e Livro
Os artigos relativos ao “Projeto–Aventura Desafiando o
Rio–Mar”, Descendo o Solimões (2008/2009), Descendo o Rio Negro
(2009/2010), Descendo o Amazonas I (2010/2011), e da “Travessia da
Laguna dos Patos I (2011), estão reproduzidos, na íntegra, ricamente
ilustrados, no Blog http://desafiandooriomar.blogspot.com.
O livro
“Desafiando o Rio–Mar – Descendo o Solimões” está sendo comercializado,
em Porto Alegre, na Livraria EDIPUCRS – PUCRS, na rede da Livraria
Cultura (http://www.livrariacultura.com.br)
e na Livraria Dinamic – Colégio Militar de Porto Alegre. Pode ainda ser
adquirido através do e–mail: hiramrsilva@gmail.com.
Para visualizar, parcialmente, o livro acesse
clique aqui.
* * *
Lembrança
Oiticica em Recife: um breve depoimento
Festival de Inverno da Universidade católica do Recife,
julho de 1979.
Por Almandrade*
Hélio Oiticica
Entre os convidados, Hélio Oiticica para realizar experiências com
“parangolé” e fazer uma rápida retrospectiva de sua obra através de
slides. Eu estava no festival realizando uma pequena exposição que...
tinha um pé na arte conceitual e outro na arte construtiva, com o título
“Manias de Narciso”, que muito impressionou o Oiticica. Conversamos
muito sobre arte, a partir daí.
No seu trabalho com “parangolé”, queria um público da periferia,
marginal, livre de influências culturais acadêmicas, já que via na
marginalidade uma idéia de liberdade. Sem dúvida, era um inventor que
mantinha certo domínio intelectual sobre seu próprio trabalho. Sabia o
que queria e não queria fazer qualquer coisa. Uma noite circulamos pela
periferia da cidade do Recife, na busca de uma escola de samba,
Oiticica, Paulo Bruscky, Jomard Muniz de Brito e Almandrade. Uma
aventura, papos e papos pela madrugada a dentro, de bar em bar nos
arredores da cidade. A vida e a arte, os agitados anos de 1960, a
mangueira, a tropicália, Londres, Nova York etc. A arte era, para ele,
uma experiência quase cotidiana contra toda e qualquer forma de
opressão: social, intelectual, estética e política. Na projeção de
slides na Universidade Católica, as ilustrações dos papos da madrugada
anterior, as imagens de uma obra que a arte jamais se livrará. Arte
concreta, neo-concreta, penetráveis, ambientes coloridos, bólides, arte
ambiental, tropicália etc.
No princípio era Mondrian, Malevith, depois Duchamp. Uma trajetória
exemplar na arte brasileira. Uma tensão entre fazer arte e habitar o
mundo. Foi assim, uma das últimas performances do Hélio. Quase oito
meses depois, misturado com suas obras na solidão de um
apartamento/ninho/penetrável, agonizou por três dias vítima de um
derrame cerebral. Ficou a lembrança de uma brilhante e discreta presença
num festival de inverno em pleno calor do nordeste brasileiro.
* Almandrade é artista plástico, poeta e arquiteto.
- Texto extraído do Suplemento Literário, Belo Horizonte, novembro de
1997.
* * *
Estado de espírito:
‘Juizite’ - um desserviço à Magistratura
Irritação, nervosismo, rispidez,
insegurança, arrogância, autoritarismo
e prepotência são sintomas patológicos
identificados em parte dos magistrados brasileiros.
Por Saul Quadros Filho*
As consequências daquele estado irritadiço, arrogante e
prepotente, que no "mundo jurídico" passou a ser chamado de "juizite",
tem-se revelado através do desrespeito às partes, pressão psicológica
sobre as testemunhas, perseguição a servidores, maus tratos a advogados
e inobservância às suas prerrogativas, muito deles recusando-se o
simples registro, em ata de audiência, de um protesto por cerceamento de
defesa.
Da maneira como conduz o processo, ninguém pode "ousar"
discordar, "esquecendo-se" do que aprendeu na academia, que a "liberdade
de julgar não está acima da lei, nem da segurança do direito".
Como seria bom se todos compreendessem e reconhecessem,
como reconheceu o Juiz Rafael Magalhães, mineiro, um dos mais eminentes
do Brasil, quando, há mais de quarenta anos, proclamou que "o advogado
precisa da mais ampla liberdade de expressão para bem desempenhar o seu
mandato" e que "o Juiz deve ter a humildade necessária para ouvir com
paciência as queixas, reclamações e réplicas que a parte oponha a seus
despachos e sentenças", arrematando que "seria uma tirania
exigir que o vencido se referisse com meiguice e doçura ao ato
judiciário e à pessoa do julgador que lhe desconheceu o direito".
Lamentavelmente nem mesmo o tempo tem-se encarregado do
amadurecimento do portador da "juizite" para inspirar-lhe confiança,
sensatez, paciência e a cordial convivência com os advogados e as
partes, dando-lhe a certeza de que é ele mesmo, nos limites fixados pela
lei, quem, ao conduzir o processo, substitui a vontade das partes e
decide, como se fosse o próprio Estado.
O Poder Judiciário, diferentemente dos dois outros poderes
do Estado, na prestação de seus serviços, "é aquele que assegura
direitos, aplaca dissídios, compõe interesses na diuturna aplicação da
lei e de sua adaptação às mutáveis condições sociais, econômicas e
políticas". Exatamente por isso, é o poder que reclama de seus membros
"serenidade e bravura, paciência e desassombro, humildade e altivez,
independência e compreensão".
De igual modo o advogado, na luta pelos interesses do seu
cliente, deve se portar "como um guerreiro sem bravata" e não é por
isso, senão, que também deve manter a sua independência em qualquer
circunstância, não devendo ter receio de desagradar a qualquer
autoridade, nem de incorrer em impopularidade, no exercício da
profissão.
A "juizite" tem-se revelado num desserviço à magistratura.
O juiz vocacionado esquece o relógio e o afã em terminar
rapidamente as audiências. Ouve as partes e as testemunhas com
paciência. Faz prova bem feita, dispondo de elementos para uma decisão
segura, com menos riscos de injustiças, além de não cercear os sagrados
direitos das partes e dos seus procuradores, ainda que a sua carga seja
pesada e tenha centenas de processos a despachar.
Na convivência diária com o juiz, o advogado deve
conduzir-se profissionalmente nos limites da elegância, da cordialidade
e da ética, mas não pode esperar tão somente pelo tempo, pela cura da "juizite.
É preciso que o advogado combata tal "enfermidade", sem
receio de melindrar ou desagradar ao magistrado, desde que sua ação se
enquadre nos limites estabelecidos pela lei estatutária, com altivez e
serenidade, de modo firme e respeitoso.
A vocação do advogado é combater, é lutar, é opor-se, é
apaixonar-se pela paixão alheia, é ter alma de guerreiro, ainda que às
vezes não seja nem mesmo compreendido por aqueles que fazem justiça!
Nossa ação deve se desenvolver no campo da utilização dos
"remédios jurídicos" postos à nossa disposição: a representação
correicional, a denúncia pública do seu comportamento atentatório à
própria magistratura, o protesto por cerceamento de defesa, a
interposição de recursos, o requerimento de mandados de segurança.
Nossa omissão seria estímulo a um "processo epidêmico" que
poderia atingir toda a magistratura brasileira, em razão da
"contaminação pelo exemplo".
*
Saul Quadros Filho é advogado, professor de Direito Constitucional e
Direito do Trabalho da UCSal e Presidente da OAB/BA.Além das vidas
ceifadas no massacre promovido por um jovem numa escola carioca no dia
07/04/2011, a sociedade brasileira ainda deverá pagar um duro preço por
tão isolado gesto.
-
Fonte: OAB-BA -
http://www.oab-ba.org.br.
* * *
Tradição brasileira:
Os bilontras
O povo consagrou um rei bilontra com o
qual se identificou, um monarca debochado, irreverente,
malicioso, piadista, informal, populista,
dotado de oratória tosca e tarimba adquirida
em palanques de sindicatos, adepto do
“deixa a vida me levar”.
Por
Maria Lúcia Victor Barbosa*
De
Londrina-PR
30/01/2011
Na sua obra, “Os Bestializados”, o historiador mineiro José
Murilo de Carvalho volta aos primórdios da República para apresentar uma
visão história, política e social cuja essência, no meu entender, se
repete nos dias atuais.
A essência, conforme penso, está no modo de ser bilontra ou
tribofeiro, característica do brasileiro como um todo. Explicando
melhor, na revista O Bilontra, citada por Carvalho e editada em 1886,
por Artur Azevedo, esse tipo é o espertalhão, o velhaco, o gozador ou
tribofeiro.
Em 1891, ainda conforme o autor citado, Artur Azevedo lança
outra revista, O Tribofe, termo ligado à trapaça e que caracteriza a
capital da República onde tribofeiros estavam por toda parte: “na
política, na bolsa, no câmbio, na imprensa, no teatro, nos bondes, nos
aluguéis e no amor”. “Como diria o próprio tribofe: ‘Ah, minha amiga,
nesta boa terra os mandamentos da lei de Deus são como as posturas
municipais, ninguém respeita”.
José Murilo mostra que no Brasil “normas legais e
hierarquias sociais foram aos poucos se desmoralizando, constituindo-se
em um mundo alternativo de relacionamentos e valores onde predominam o
deboche, a irreverência, a malícia”.
Essa mentalidade com toque carnavalesco me parece perfeita
para explicar o porquê da popularidade do ex-presidente Lula da Silva. O
povo consagrou um rei bilontra com o qual se identificou, um monarca
debochado, irreverente, malicioso, piadista, informal, populista, dotado
de oratória tosca e tarimba adquirida em palanques de sindicatos, adepto
do “deixa a vida me levar”.
Lula da Silva também é homem de rara sorte. Escapou da
origem simples e ingressou no mundo de poder e riqueza sempre apoiado
por compadres e companheiros. Recebeu, ao chegar à presidência o
para-casa pronto do governo anterior, coisa que espertamente seu partido
chamou de “herança maldita”, mas que foi copiada e tocada para frente
sob as facilidades do céu de brigadeiro da situação externa, até 2009,
quando adveio a crise internacional que aqui foi alcunhada de
“marolinha”, bem ao estilo gozador do “salvador da pátria”.
A propaganda intensificou trapaças que alteraram a visão de
realidade da infraestrutura, da Educação, da Saúde. Criativamente
truques contábeis foram utilizados pelo Tesouro. A corrupção
governamental foi tida como normal. Os exorbitantes privilégios do “rei
e da família real”, que contrastaram com a oratória do “pobre operário”
não chocaram os bilontras que nas pesquisas afirmaram: “se eu estivesse
lá faria a mesma coisa”.
Quando de novo as eleições chegaram, bilontras hipnotizados
pela arenga do líder dirigiram-se às urnas e, obedientes, elegeram Dilma
Rousseff. Era a maneira de manter Lula lá.
E Lula continuou. Remontou o ministério à sua imagem e
semelhança, conversa com sua comandada diariamente, conforme a imprensa.
Estrategicamente, porém, o ex-presidente não se expõe, sendo que a
presidente é mostrada com bastante parcimônia.
O ocultamento da sucessora pode se dar por dois motivos:
primeiro, esconder aquela certa dificuldade de raciocinar com fluência
que era evidente durante a campanha. Segundo, tentar evitar ao máximo a
vinculação da verdadeira herança maldita à presidente. Naturalmente, os
marqueteiros dirão que a blindagem se deve a uma estratégia premeditada
para construir uma imagem da própria Rousseff. Não precisava. Ela não é
Lula.
A herança maldita não inclui somente a vergonhosa
manutenção em nosso território do terrorista Cesare Battisti, a compra
de aviões franceses, o valor do salário mínimo, a insatisfação do PMDB
com a distribuição de cargos, as críticas à política externa brasileira
que apoia regimes de déspotas violadores de direitos humanos. A herança
maldita, que emblematicamente começou com a “tragédia das pedras” na
região serrana do Rio, inclui o único fator que os bilontras são capazes
de perceber, pois, se estão cada vez mais cínicos, corrompidos,
indiferentes à imoralidade pública reinante, logo começarão a se
ressentir e a se inquietar quando perceberem a inflação descontrolada
que corrói seu poder aquisitivo.
Para eleger sua sucessora o governo Lula não mediu
consequências e no último ano bateu recorde de gastos. Despesas do
Tesouro, INSS e Banco Central, que em 2003 representavam 15,14% do PIB,
atingiram 19,14% oito anos depois. A escalada de gastos públicos
continua e dificultará o trabalho do Banco Central para conter a
inflação. Contudo, quando o relatório oficial do Fundo Monetário
Internacional (FMI) denunciou a deterioração das contas públicas
brasileiras, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, se limitou a ironizar
de forma grosseira e arrogante dizendo: “Acho que o diretor-gerente
(Dominique Strauss Kahn) saiu de férias e algum velho ortodoxo deve ter
escrito esse relatório com essas bobagens sobre o Brasil”.
Ainda é cedo para julgar o governo Rousseff, mas pelo andar
da carruagem, quando o ano começar depois do carnaval, os bilontras
saberão se é bobagem ou não a escalada inflacionária.
*
Maria Lucia Victor Barbosa é socióloga.
* * *
Reflexão atual:
Itaúna em tempos de
regressão
Fico pensando o que se passa na cabeça
daqueles que não querem crescer e nem querem ver nossa querida Itaúna
crescer!
Por
Lúcia Amaral *
De
Itaúna-MG
Demorei muito, mantive a calma e a esperança de melhoras,
mas pelo que vejo cada dia tudo vai acabando.
Como cidadã itaunense, apesar de não ter nascido nessa
terra, mas ter recebido o título concedido pela Câmara Municipal de
Itaúna, aprovado pelos 17 vereadores, unânime na época, me sinto hoje na
obrigação de fazer jus a este título.
Venho, não expressar sobre a nossa cultura, mas acerca de
toda uma visão que tenho de nossa cidade atualmente.
Minha carreira profissional como artista plástica e poetisa
foram iniciadas aqui, mas por pouco tempo. Tive restritas chances de
crescimento e por isso, decidi levantar voos pelo Brasil e outros
países, onde fui bem sucedida e recebida.
Deixo bem claro que não estou acusando e nem defendendo
ninguém, quero apenas tocar no ponto fraco de cada um, pois, assim a
sensibilidade aflora e, quem sabe, as coisas aconteçam...
Fico pensando o que se passa na cabeça daqueles que não
querem crescer e nem querem ver nossa querida Itaúna crescer! São
cabeças vazias, individualistas, creio.
Minha preocupação de sempre foi elevar o nome de Itaúna.
Por todas as cidades do mundo onde passei, sempre falava como se aqui
fosse o “paraíso”, a perfeição em tudo, desde a cultura, educação,
dedicação do povo, dos poderes administrativos etc.
Meu eterno sonho é fazer um projeto cultural muito grande
na cidade; algo que daria prazer a toda população. A arte suaviza as
tristezas, principalmente, aquelas causadas pela falta de recursos em
que a cidade vive hoje.
É lamentável ver as destruições acontecendo. O começar e o
não terminar. Resido na Praça da Matriz e da minha janela fico olhando
uma praça numa reforma iniciada e agora parada, faz tempo, nos causando
medo de andar por ela à noite... Isto, eu chamo de regressão.
Por que não terminá-la? O Natal está chegando! E nossa
praça, se encontra mergulhada numa sombra de incompetência total. Onde
estão as luzes de Natal e da esperança de dias melhores?
Eu te pergunto Sr. Prefeito e demais pessoas competentes e
autorizadas: o que será da praça?
Outra sombra nesta cidade triste está acontecendo, esta é o
cúmulo... Nada pior do que uma noite sem músicas, já não existe o que
fazer de lazer na cidade, AINDA cortam as músicas apreciadas por nós em
alguns locais públicos como bares, restaurantes etc.
Cada dia diminui o que nos resta, cada dia aumenta a
saudade de uma Itaúna que nos dava alegria e prazer de viver.
Mas, a fé e a esperança nunca terminam onde existe um povo
inteligente e batalhador.
ESTA É MINHA ESPERANÇA.
*
Lúcia Amaral é comendadora, artista plástica, escritora e poeta.
Presidente da federação das Academias de Letras e Artes do Estado de
Minas Gerais.
www.viafanzine.jor.br/lucia.htm
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