Titã 

Vizinho espacial:

Titã: o mundo mais parecido com a Terra

Este globo possui uma temperatura duas vezes mais gelada que os pontos

mais frios dos nossos pólos, tornando a água congelada e muito dura.

Por Isaac Bigio*

ESPECIAL, de Londres

Para Via Fanzine

Tradução: Pepe Chaves

27/07/2011

Infográfico da ESA reconstitui a descida da sonda Huygens à superfície de Titã, após se desprender da Cassini.

Os jovens de hoje deverão experimentar futuramente, momentos onde a humanidade chegará a visitar os mais diferentes corpos do nosso Sistema Solar. Decerto, os primeiros lugares que deverão ser estudados ou colonizados serão aqueles que mais se assemelhem ao nosso mundo.

Um deles é único, entre os milhares de milhões de mundos que giram em torno de nossa estrela solar que também apresenta, assim como a Terra, nuvens propiciando chuva, além de superfícies com rios, lagoas e mares, inclusive, onde já foi constatada a presença de material orgânico.

Assim é Titã, um dos mais notáveis satélites ou “luas” do gigante Saturno, que foi analisada bem de perto pelas lentas da nave Cassini.

Esta esfera, cujo volume é superior a Plutão e Mercúrio e que se encontra em meio a esses extremos, foi visitada a partir de julho 2004 pela nave Cassini, uma complexa sonda espacial lançada pela Agência Espacial Européia (ESA). Essa pequena nave teleguiada é impulsionada por plutônio radiativo e faz uma turnê pelo sistema lunar de Saturno.

Enquanto Marte apresenta montanhas, vales, picos e canais secos, o surpreendente é que Titã apresenta, além disso, líquidos, clima gelado e uma densa atmosfera.

Este globo possui temperatura duas vezes mais fria que os pontos mais gelados dos nossos pólos, o que torna a água congelada muito dura. Por isso, suas rochas são feitas de gelo e seus vulcões jorram água gelada sólida ou pastosa, semelhante à lava, porém, mais congelada que a de qualquer glacial terrestre.

Da mesma maneira, o metano e o etano que, nas temperaturas da Terra se apresentam na forma de gases, naquele mundo, expostos a -200ºC, se apresentam em estado líquido e fluem por seus canais, cascatas e lagos.

Reconstituição mostra a sonda Huygens repousando sobre

a superfície gelada de Titã, ao fundo, o gigante Saturno.

Titã é muito especial dentro do Sistema Solar, pois é a segunda maior lua e a única que possui atmosfera e, assim como a Terra, se mostra rica em nitrogênio.

Em 14 de janeiro de 2005 a nave Cassini lançou a sonda Huygens que desceu à superfície de Titã, sobre um iceberg de gelo aquático banhado por metano líquido. Após prestar tão relevante serviço durante alguns poucos minutos, a Huygens perdeu o contato com a missão e se transformou no objeto de origem humana que mais longe se estacionou da Terra.

Graças a esses veículos, agora se sabe também que esta lua é semelhante à Terra a quatro mil milhões de anos atrás. Foram observadas em Titã, a presença de  hidrocarburetos e elementos criadores das proteínas ou aminoácidos que deram início à vida em nosso planeta. No entanto, naquele mundo, tais substâncias não conseguem aflorar tal como se deu no nosso, devido às baixas temperaturas ou porque ocorreu no interior de Titã (mais quente que o da Terra), uma combinação orgânica diferente da nossa, que poderia também ser responsável por esta lua produzir tanto metano.

Titã é semelhante a uma máquina do tempo que nos permite ver como era a Terra quando a vida estava prestes a surgir por aqui.

* Isaac Bigio é professor e analista internacional em Londres.

- Leia outros artigos de Isaac Bigio em português: www.viafanzine.jor.br/bigio.htm.

- Imagem: Missão Cassini-Huygens (ESA).

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