A sua plataforma de embarque para a Astronáutica, Astrofísica e Astronomia 

Com a qualidade jornalística  Via Fanzine

 

 Sondas  espaciais

 

Espaço distante:

New Horizons, muito longe de casa

A sonda New Horizons da NASA, projetada para investigar a região de Plutão, alcançou distâncias raras. Situada a 50 UA do nosso planeta, são mais de 6,5 horas para que os sinais enviados pela sonda cheguem à Terra na velocidade da luz.

 

 

Da Redação*

Via Fanzine

16/04/2021

 

Reconstituição da espaçonave New Horizons da NASA, criada para investigar Plutão. Ela atingirá 50 UA (unidades astronômicas), ou 50 vezes a distância entre a Terra e o Sol, no sábado, 17 de abril de 2021, uma marca superada por apenas quatro outras sondas robóticas na história.

 Leia também:

Empresa planeja viagem só de ida para Marte

Sondas Voyager podem ter deixado o Sistema Solar

Sondas Voyager seguem na periferia solar

Sondas Voyager deixarão a heliosfera

A vida em busca de vida: será que estamos sendo sondados?

Leia outros destaques em ASTROVIA

 

Quinze anos após o seu lançamento da Terra a uma velocidade recorde, e seis anos desde que se tornou a primeira espaçonave a voar pela região de Plutão, a sonda New Horizons da NASA está prestes a atingir uma quilometragem histórica, que apenas outras quatro outras sondas robóticas ultrapassaram.

 

No sábado (17 de abril) às 8:42 pm (horário EUA), a New Horizons alcançará 50 UA (unidades astronômicas) ou 50 vezes a distância que a Terra está do Sol. Isso totaliza 7,5 bilhões de quilômetros. A essa distância do nosso planeta, são gastas mais de 6,5 horas para que os sinais enviados pela New Horizons cheguem à Terra na velocidade da luz.

 

Alan Stern, coordenador do New Horizons Southwest Research Institute em Boulder, no Colorado/EUA, disse ao collectSPACE, "Eu só penso na enormidade disso. Isso não é feito há uma geração, desde que as Voyagers cruzaram essas distâncias, e nós somos as únicas espaçonaves na heliosfera externa e no Cinturão de Kuiper".

 

Atualmente no Cinturão de Kuiper, além de Plutão, a New Horizons da NASA é apenas uma das cinco espaçonaves a atingir 50 UA (unidades astronômicas) em seu caminho para fora do sistema solar.

 

Bem longe

 

New Horizons é a quinta espaçonave mais distante da Terra. A Pioneer 10, lançada em 1972 foi a primeira sonda a passar pelo cinturão de asteroides e voar por Júpiter, atingindo as 50 UA em 22 de setembro de 1990. Hoje, está a aproximadamente 129 UA da Terra.

 

Sua nave irmã, a Pioneer 11, atingiu 50 UA um ano depois, em 1991. Foi lançada em 1973 e, além de voar por Júpiter, foi a primeira a fazer observações diretas de Saturno. Está agora a aproximadamente 105 UA da Terra.

 

A NASA lançou a Voyager 1 em 5 de setembro de 1977, 16 dias depois de sua irmã gêmea, a Voyager 2. A Voyager 1 estudou Júpiter e Saturno, enquanto a Voyager 2 também encontrou Urano e Netuno. A Voyager 1 hoje está a 152 UA da Terra. A Voyager 2 está em 127 UA. Enquanto a Pioneer 10 e a Pioneer 11 cessaram suas operações anos atrás, ambas as Voyagers permanecem ativas hoje.

 

As Pioneers e as Voyagers estão tão distantes hoje que nenhuma delas poderia ser a mais próxima de New Horizons. A espaçonave Juno da NASA, em órbita ao redor de Júpiter, estaria neste caso mais perto.

 

"Em um futuro muito distante, estaremos tão longe de todos os outros que estaremos mais perto das Voyagers e das Pioneers, mas nunca passaremos elas, porque três das quatro estão indo mais rápido do que nós. No momento, estamos a quase 100 UA da Voyager 1", afirmou Stern.

 

Para sublinhar a distância percorrida pela Voyager 1, a NASA apontou a câmera da sonda para o interior do sistema solar em 1990, quando estava a aproximadamente 40,11 UA da Terra. A imagem resultante em mosaico, agora conhecida como "Retrato de Família", capturou os planetas Vênus, Terra, Júpiter e Saturno.

 

A 50 UA do Sol, a New Horizons não poderia fazer o mesmo. "A matemática nos diz que nossa câmera queimaria se fosse apontada para o Sol", disse Stern, observando que mesmo a uma distância tão grande, o Sol permanece muito brilhante para seu imageador de reconhecimento de longo alcance, que foi calibrado para o encontro mal iluminado com Plutão. "Portanto, não queremos fazer isso até que tenhamos passado do Cinturão de Kuiper daqui a alguns anos", disse.

 

Em vez disso, Stern e sua equipe apontaram a New Horizons para a Voyager 1, marcando a primeira vez que uma espaçonave no Cinturão de Kuiper fotografou a localização de uma espaçonave ainda mais distante agora viajando pelo espaço interestelar.

 

"É claro que não vimos a Voyager 1 porque ela é muito fraca, mas imaginamos o campo estelar. Olhamos com a câmera para onde está a espaçonave mais distante e tiramos uma foto desse campo estelar a partir de nossa posição no Cinturão de Kuiper. A imagem é assustadoramente linda para mim, embora seja apenas uma foto de estrelas. Esta é uma homenagem à missão pioneira Voyager, além de marcar o que estamos fazendo", afirmou o cientista.

 

Sobre a colina

 

Mais do que apenas um marco numérico redondo, atingir 50 UA significa que tudo o que a New Horizons faz agora está excedendo a vida útil planejada para o seu design.

 

"Uma das primeiras coisas que você faz ao projetar uma espaçonave é definir os requisitos e um que tínhamos que definir era qual a distância máxima em que estávamos projetando a espaçonave para operar. Agora, você sempre constrói as margens para que possa fazer melhor, mas tínhamos que ter alguns números para que, se cruzássemos a linha do gol, pudéssemos comemorar - que a espaçonave havia alcançado seus objetivos no projeto. E essa linha de gol era as 50 UA", disse Stern.

 

A New Horizons voou por Plutão, retornando à primeira visão de perto do mundo e suas luas, em julho de 2015, quando a espaçonave estava a 39,2 UA do Sol. Quatro anos depois, no dia de ano novo de 2019, fez o sobrevoo mais distante da história (até o momento), capturando as primeiras observações de perto de um objeto do Cinturão de Kuiper ("Arrokoth") a uma distância de 43,4 UA do Sol.

 

"Ainda estamos recebendo dados daquele sobrevoo", disse Stern. "Enquanto isso, enquanto voamos pelo Cinturão Kuiper, estamos fazendo três outras coisas: estamos estudando o ambiente heliosférico, o plasma, a poeira e o gás; estamos estudando outros objetos do Cinturão Kuiper, sabemos que há mais de 30 que observamos de maneiras que você não poderia fazê-lo da Terra ou de qualquer outra espaçonave; e estamos usando o telescópio Subaru no Havaí, que é um dos maiores telescópios do mundo, para encontrar novos objetos do Cinturão de Kuiper para estudarmos. No entanto, esperamos encontrar um alvo, porque ainda temos combustível no tanque e somos capazes de fazer outro sobrevoo”, explicou Stern.

 

A esperança é encontrar outro alvo antes que a New Horizons fique sem energia. Embora retire sua eletricidade de uma bateria nuclear (um gerador termoelétrico de radioisótopo, ou RTG), seu suprimento de plutônio gera 33 watts a menos a cada década. No final da década de 2030, quando a New Horizons estiver próxima de 100 UA do Sol, poderá estar com pouca energia para operar.

 

Mesmo que a New Horizons não chegue a 100 UA, Stern está impressionado com o quão longe a missão foi e ainda mais, com o quanto sua equipe foi capaz de realizá-la.

 

"Quando as Voyagers foram lançadas, sua equipe envolvia 450 pessoas. A New Horizons está fazendo tudo isso com uma equipe de aproximadamente 50 pessoas, então, cerca de 10 vezes menor", disse ele.

 

Stern, reflete sobre as realizações de seu grupo de trabalho, "Quando penso sobre o que nossa equipe realizou ao longo desses 15 anos com uma espaçonave e nenhum backup, indo até lá para estudar Plutão pela primeira vez, o Cinturão de Kuiper pela primeira vez, e agora ultrapassar a marca de 50 UA, tendo sido projetada para estar à sua distância máxima, isso soa como ficção científica para mim", finalizou Alan Stern.

 

* Com informações de CollectSPACE e tradução/adaptação de Pepe Chaves para Via Fanzine e ASTROvia.

 

- Imagens: NASA / JHUAPL / SwRI.

 

 Leia também:

  Empresa planeja viagem só de ida para Marte

  Sondas Voyager podem ter deixado o Sistema Solar

  Sondas Voyager seguem na periferia solar

  Sondas Voyager deixarão a heliosfera  

  Voyager: sonda está prestes a deixar o Sistema Solar

  A vida em busca de vida: será que estamos sendo sondados?

  Nasa comemora sucesso da sonda Messenger

  Imagem histórica: Bolden, Musk e o Dragão

  NASA e SpaceX comemoram feito histórico

  JAXA: o retorno da sonda Akatsuki

  Nasa comemora sucesso da sonda Messenger

  Descoberta água no planeta Mercúrio

  Messenger é lançado: mensageiro segue para Mercúrio

  Matérias sobre outras sondas espaciais

  Messenger é lançado: mensageiro segue para Mercúrio

  Leia outros destaques em ASTROVIA

 
- Produção: Pepe Chaves.
© Copyright 2004-2021, Pepe Arte Viva Ltda.

 

*  *  *

 

Leia outras matérias na

www.viafanzine.jor.br/astrovia.htm

©Copyright, Pepe Arte Viva Ltda. Brasil.