Sistema Solar
Cinturão de Kuiper: New Horizons chega ao Ultima Thule Sonda espacial da NASA atinge o alvo mais distante já explorado por uma sonda teleguiada, o inusitado objeto chamado de Ultima Thule, que integra o cinturão de Kuiper.
Da Redação* 03/01/2019
Imagem ilustrativa mostra uma possível aparência do Ultima Thule, com base na imagem real capturada pela câmera da New Horizons. Leia mais sobre a New Horizons Desfazendo sete mitos sobre Plutão Depois da pane, New Horizons se aproxima de Plutão
Ultima Thule: um objeto único
O objeto espacial (486958) 2014 MU69 (anteriormente designado PT1 e 1110113Y) e apelidado de Ultima Thule pela equipe da New Horizons se trata de um objeto transnetuniano localizado no cinturão de Kuiper, uma região do Sistema Solar bem distante da Terra.
Este corpo celeste possui uma magnitude absoluta de 9,1[2] e uma dimensão aproximada de 32 km. Em 22 de outubro de 2015, após passar por Plutão, a sonda New Horizons da NASA fez uma mudança em seu curso e seguiu viagem rumo ao Ultima Thule.
E nas primeiras horas do primeiro dia de 2019, a NASA informou que a New Horizons sobrevoou o Ultima Thule, inaugurando assim, a era da exploração do enigmático Cinturão de Kuiper, uma região composta por objetos primordiais que detém a chave para entendermos as origens do Sistema Solar.
"Parabéns à equipe New Horizons da NASA, ao Laboratório de Física Aplicada Johns Hopkins e ao Southwest Research Institute por fazer história mais uma vez. Além de ser a primeira a explorar Plutão, a New Horizons voou sobre o objeto mais distante já visitado por uma espaçonave. E se tornou a primeira sonda a explorar diretamente um objeto que contém remanescentes do nascimento do nosso sistema solar. Liderança se trata disso na exploração espacial", afirmou Jim Bridenstine, administrador da NASA.
No centro de operações da missão, sinais confirmando que a espaçonave está saudável encheram seus gravadores digitais com dados científicos enviados das proximidades do Ultima Thule. Os sinais chegaram ao centro de operações da missão no Laboratório de Física Aplicada Johns Hopkins (APL) na manhã de 01/01, às 10:29 am (EST), quase exatamente 10 horas após a New Horizons abordar o objeto.
As medições preliminares deste objeto do Cinturão de Kuiper sugerem que ele tenha aproximadamente 32 quilômetros de comprimento por 16 quilômetros de largura.
Duas imagens tomadas pelo Imageador de Reconhecimento de Longo Alcance (LORRI) de alta resolução da New Horizons que, ainda distante, forneceu a primeira indicação de tamanho e formato do Ultima Thule.
Entendendo um pedregulho gigante
Para Alan Stern, cientista chefe do Southwest Research Institute, em Boulder, Colorado, "A New Horizons se comportou como planejado hoje, conduzindo a maior exploração em qualquer mundo na história, a 6,5 bilhões de quilômetros do Sol. Os dados que temos parecem fantásticos e já estamos aprendendo de perto sobre o Ultima Thule. A partir de agora os dados ficarão cada vez melhores".
Imagens tomadas durante a aproximação da espaçonave New Horizons a apenas 3,5 mil quilômetros revelaram que o objeto do Cinturão de Kuiper pode ter uma forma similar a uma garrafa de boliche, girando de ponta a ponta, com dimensões de aproximadamente 32 por 16 quilômetros.
Outra possibilidade é que Ultima Thule possa ser dois objetos orbitando um ao outro. Os dados do Flyby já solucionaram um dos mistérios, mostrando que esse objeto do Cinturão de Kuiper está girando como uma hélice com o seu eixo apontando aproximadamente para a direção da New Horizons. Isso explica porque, em imagens anteriores, seu brilho não parecia variar à medida que girava. A equipe ainda não determinou o seu período de rotação.
Quando os dados científicos começaram a chegar à Terra, os membros da equipe de missão e sua liderança revelaram-se excitados com a primeira exploração daquela região distante do espaço.
"A New Horizons ocupa um lugar querido em nossos corações como um intrépido e persistente explorador, bem como um grande fotógrafo. Esse sobrevoo marca a primeira vez para todos nós - APL, NASA, a nação e o mundo -, sendo um grande crédito para a ousada equipe de cientistas e engenheiros que nos trouxe até este ponto", afirmou o diretor do Laboratório de Física Aplicada Johns Hopkins, Ralph Semmel.
"Alcançar o Ultima Thule foi uma conquista incrível. Esta é a melhor das explorações. Parabéns à equipe científica e aos parceiros da missão por atualizar os livros didáticos sobre Plutão e o Cinturão de Kuiper. Estamos ansiosos para assistir ao próximo capítulo", disse Adam L. Hamilton, presidente e CEO do Southwest Research Institute em San Antonio.
NASA disponibiliza a primeira imagem colorida do Ultima Thule, revelando se tratar mesmo de um objeto com formato diferenciado.
Primeiro registro com definição
A primeira imagem colorida do Ultima Thule [acima] foi tomada a uma distância de 137 mil quilômetros, às 4h08 (Hora Universal) em 1º de janeiro de 2019, destacando-se a sua superfície avermelhada. Observa-se a coloração vermelha reduzida no pescoço do objeto.
A espaçonave New Horizons continuará a enviar dados de imagens e outros nos próximos dias e meses, completando o retorno de todos os dados científicos nos próximos 20 meses.
Quando a New Horizons foi lançada em 19 de janeiro de 2006, o então presidente George W. Bush estava na Casa Branca, o Twitter acabava de ser lançado e a Personalidade do Ano da revista Time foi "todos os usuários da web em todo o mundo".
Após nove anos de jornada, a espaçonave executou sua passagem por Plutão e suas luas. E agora, quase 13 anos após o seu lançamento, a espaçonave continuará a exploração do Cinturão de Kuiper até, pelo menos, 2021. Os membros da equipe planejam incrementar as explorações no Cinturão de Kuiper. Os próximos capítulos da missão prometem...
* Com informações da NASA e tradução/edição de Pepe Chaves para Via Fanzine.
- Imagens: NASA / Laboratório de Física Aplicada da Universidade Johns Hopkins / Southwest Research Institute.
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- Extra: Página oficial do projeto Cassini-Huygens
- Produção: Pepe Chaves ©Copyright 2004-2019, Pepe Arte Viva Ltda. Brasil.
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