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Meteoritos

 

Chelyabinsk/Rússia:

Uma visita não anunciada

O encontro com um visitante espacial na última sexta-feira,

foi totalmente inesperado para os moradores do Ural.

 

Por Natália Dyakonova*

De Moscou/Rússia

Para ASTROvia

15/02/2013

 

A queda do meteorito vista da região de Tchelyabinsk.

Foto: Fyodor Potápov.

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Durante toda a história das observações somente uma vez os cientistas foram capazes de prever com precisão a colisão de um corpo cósmico com a Terra. Foi quando da passagem do asteróide 2008 TC3, descoberto pelos observadores em 6 de outubro de 2008, que explodiu 20 horas depois, a uma altitude de 37 quilômetros, na manhã de 7 de outubro daquele ano. A colisão do corpo espacial ocorreu no momento e no local exato, de acordo com o previsto pelos cientistas: ao norte do deserto do Sudão, próximo a fronteira com o Egito.

 

Mas, o encontro com um visitante espacial na última sexta-feira, foi totalmente inesperado para os moradores do Ural.

 

Em 15 de fevereiro de 2013, às 07h23 (hora de Moscou) um avantajado meteorito entrou nas camadas atmosféricas densas dos céus do Cazaquistão e sobrevoou várias Óblasts (regiões federalizadas) da Rússia, como as de Tyumen, Kurgan, Sverdlovsk e Tchelyabinsk. A passagem da brilhante bola de fogo foi vista por milhares de pessoas em todo o Ural.

  

De acordo com os especialistas da Academia de Ciências da Rússia, o tamanho do corpo cósmico, que caiu hoje em Tchelyabinsk, foi de alguns metros, com peso aproximado de 10 toneladas e energia de alguns quilotons.

 

“O corpo entrou na atmosfera a uma velocidade de 15-20 quilômetros por segundo, destruiu-se a uma altura de 30-50 quilômetros. O movimento dos fragmentos a alta velocidade causou um potente brilho e uma forte onda de choque. A principal parte da substância do corpo em processo de queda evaporou-se, os destroços restantes entravaram-se e puderam atingir o chão, como meteoritos”, observaram os cientistas.

 

Esteira de fumaça causada pelo meteorito.

Foto: Vk.com

 

O poder da explosão do meteorito no céu dos Urais poderia ser de dezenas de quilotons de TNT, segundo Andrey Olkhovatov, candidato a doutor em ciências físicas e matemáticas.

 

“Este é um caso único na história da astronomia, porque há tão grande número de feridos na queda de um meteorito”, confessou o especialista, que também é pesquisador do famoso Evento de Tunguska de 1908. Como se sabe, em 1908, na taiga da Sibéria, próxima ao rio Podkâmennaya Tunguska, ocorreu uma queda de meteorito causando uma explosão de colossal força, sendo que a sua onda de choque deu a volta ao mundo por três vezes.

 

Na Região de Tchelyabinsk, o meteorito atual, que navegava várias vezes mais rápido que a velocidade do som, deixou o rastro da sua passagem em forma de vidros estilhaçados, encaixes de janelas e portas arrancados dos vão.

 

O choque acústico danificou edifícios de 10 escolas, três hospitais, inclusive, da Universidade Estatal do Ural do Sul e o Palácio de Esportes do Gelo. No total, a explosão danificou cerca de três mil edifícios nas regiões afetadas pelo impacto. Aproximadamente 1,2 mil pessoas pediram ajuda médica, incluindo mais de 200 crianças. A maioria das pessoas sofreu cortes com os cacos de vidro.

 

A Usina de Zinco de Tchelyabinsk foi bastante atingida pelo impacto. No edifício da empresa, parte da parede de tijolo desmoronou-se, atrás da qual existe um armazém com o concentrado.

 

A Usina de Zinco de Tchelyabinsk sofreu danos com o impacto.

Foto: АИФ.

 

Durante esse gélido inverno russo, a principal dificuldade é o vidro quebrado em casa. Com isso, muitos moradores de Tchelyabinsk e outras cidades estão se congelando nos seus apartamentos, que entram em processo de resfriamento. Agora as autoridades estão trabalhando para fazer que nas próximas noites, as pessoas não sintam frio. Durante o dia em Tchelyabinsk a temperatura se manteve na média de 7 graus abaixo de zero e durante a noite, pode cair para até 20 abaixo de zero.

 

Algumas janelas se soltaram ou se quebraram durante a passagem do objeto.

Foto: ria.ru

 

Durante o choque, em Tchelyabinsk foi acionado o sistema de segurança e, portanto, o fornecimento de gás foi paralisado em diversas áreas da cidade. Atualmente, os serviços de emergência das empresas “Gazenergoservis” e “Gorgaz” estão trabalhando para retornar com o fornecimento de gás.

 

Os danos causados pelo impacto do meteorito, segundo dados preliminares, é de mais de um bilhão de rublos, ou mais de US$ 33 milhões.

 

Mesmo com essa escala impressionante de danos, milagrosamente não houve vítimas. Pelo menos, até a noite dessa sexta-feira, nenhuma das autoridades competentes não forneceu os dados a respeito. E nem podem ser confirmados semelhantes rumores que surgem na Internet.

 

Agora, os especialistas estão esclarecendo onde exatamente caíram os pedaços do meteorito. Surgiram as primeiras fotos do local da queda do corpo celeste na Região de Tchelyabinsk, no lago Tchebarkúl, perto da península Krutik. Na capa de gelo do lago, formou-se um enorme buraco degelado. O local do acidente foi isolado pela polícia. No lugar, foram colhidas amostras da substância preta e sólida para a análise. Relata-se que não há nenhuma ameaça de contaminação radioativa.

 

Local da queda do pedaço no lago Tchebarkúl. Foto: URA.RU

 

Além disso, foram encontrados outros dois grandes pedaços. As buscas pelos demais continuam.

 

A Polícia Regional está em modo de emergência, tomando todas as medidas para garantir a ordem pública e a segurança, como também a integridade da propriedade dos cidadãos nas áreas afetadas. A comunidade da Internet está discutindo ativamente o evento, que já é visto como sem precedentes.

 

Yuri Makarov, Chefe da Direção do Planejamento Estratégico e Programas-Alvo da Agência Federal do Espaço (“Roscosmos”) prestou declarações à agência de notícias ITAR-TASS.

 

Segundo o cientista, “o objeto que caiu hoje é de caráter não-tecnogênico. O nosso grau de conhecimento sobre tais objetos está em torno de dois por cento. O objeto entrou nas camadas atmosféricas densas sob um ângulo muito agudo, tornando impossível rastreá-lo pelos meios existentes, ou melhor, ele pode ser rastreado, mas com uma percentagem muito grande de casualidade. Este corpo celeste não foi rastreado pelos aparelhos terrestres, nem nossos ou dos estrangeiros. É claro que esse percentual [de conhecimento sobre tais objetos] precisa ser melhorado”, assinalou o chefe da Direção na Roscosmos.

 

Pelos pontos de videofixação os cientistas planejam reconstituir a trajetória da queda para determinar se o objeto seria um mensageiro de mundos distantes ou apenas fragmento desprendido do vizinho cinturão de asteroides. A segunda opção é mais provável, pois, enquanto a zona do cinturão de asteroides está localizada entre as órbitas de Marte e Júpiter, tais fragmentos são atirados comumente em direção à órbita terrestre.

 

Anatoli Záytsev, diretor do Centro da Defesa Planetária, explica que, “Há cerca de dois milhões de asteróides semelhantes ao meteorito de Tunguska, com tamanho de 50 metros ou superior. Todos estão perto da órbita terrestre, por isso temos grande sorte de não haver até o momento quedas tão sérias sobre as nossas cabeças”, declarou o cientista.

 

No laboratório da Universidade Estatal de Moscou, os cientistas russos juntamente com os seus colegas de outros países tentam criar alguma espécie de sistema de vigilância global. Até agora, eles têm apenas o sonho de que os líderes mundiais estejam cientes do perigo e, finalmente, concordem com a criação de um sistema de proteção global.

 

No entanto, em qualquer lugar do mundo e a qualquer momento, você pode receber uma visita não anunciada.

 

* Natália P. Dyakonova é licenciada em Filologia, diplomada em Pintura, autora de uma serie de artigos sobre a Literatura, Arte e História. Pesquisadora e historiadora por inclinação. É consultora e correspondente em Moscou para o diário digital Via Fanzine e da Rede VF (Brasil). É editora do blog Protocivilización.

 

- Tradução: Oleg Dyakonov (Moscou).

 

- Extra: Câmeras registram passagem do meteorito na Rússia - em vídeo.

 

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