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Humanos em Marte:

SpaceX deseja povoar Marte em breve

Segundo estudo, um milhão de pessoas poderá viver em Marte dentro de cem anos, mas os colonos teriam que mudar suas dietas e aprender a comer grilos, por exemplo*.

Uma minifrota de naves espaciais estacionada perto de uma base marciana, numa concepção artística da SpaceX.

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De acordo com um novo estudo de modelagem publicado por Kevin Cannon e Daniel Britt, ambos da Universidade da Flórida Central, uma população sustentável e autossuficiente de um milhão de pessoas pode ser alcançada em Marte dentro de 100 anos. Esse estudo se baseou em um plano esboçado por Elon Musk, da SpaceX, que tem início com cerca de 12 pessoas pousando em Marte, seguidas por várias naves transportando de 100 a 200 passageiros em cada oportunidade de lançamento, aproximadamente a cada 26 meses. Prevê-se que o crescimento populacional seja sustentado tanto pela imigração quanto pelos nascimentos em Marte.

Com base na análise de Cannon e Britt, quatro dos cinco principais "consumíveis" necessários para um assentamento marciano - energia, água, oxigênio e material de construção - podem ser extraídos da superfície marciana em concentrações economicamente práticas. Somente alimentos não são obtidos a partir de matérias-primas em Marte. Então, como resolver o problema alimentar? Os autores sugerem o cultivo de plantas, criação de insetos e agricultura celular.

As plantas foram frequentemente sugeridas no passado, mas seria crítico plantar culturas com alto teor calórico para alimentar tantas pessoas. A criação de insetos também seria adequada, porque pode fornecer grandes quantidades de calorias por unidade de terra. Os grilos domésticos são especialmente adequados para esse fim e já são usados em algumas barras de granola atualmente.

Alimentos ricos em proteínas também podem ser obtidos a partir de células cultivadas em biorreatores. Curiosamente, peixes limpos podem ser preferidos às carnes cultivadas em células em Marte, porque as culturas podem ser mantidas em temperaturas mais frias (próximas a 20 graus Celsius) em comparação com os 37 graus necessários para células animais de sangue quente.

Acho essas ideias e extrapolações muito intrigantes. Mas viver em Marte pode não ser tão fácil quanto parece, mesmo com o progresso da tecnologia. O cultivo de plantas em solo marciano pode ser um grande desafio, com percloratos e outros produtos químicos abundantes em sedimentos encontrados no Planeta Vermelho. De fato, em outro estudo envolvendo os mesmos autores, as plantas morreram rapidamente e as minhocas se sufocaram em um solo simulado semelhante ao encontrado em Marte.

Então temos que considerar a biologia. Está longe de ficar claro que os humanos podem facilmente e ter filhos em Marte, considerando que a gravidade marciana é apenas 38% do que experimentamos na Terra. O corpo humano é adaptado às condições terrestres, e complicações inesperadas podem resultar quando uma constante física básica é apenas um terço do que nós humanos estamos acostumados. Os agricultores marcianos podem enfrentar outros problemas, incluindo doenças não familiares que acabam com a colheita e podem resultar em grande fome em Marte.

No lado positivo, as tecnologias para produção eficiente e sustentável de alimentos em Marte podem trazer benefícios para muitas outras pessoas que se adaptam às mudanças climáticas na Terra e, portanto, podem ser inestimáveis para toda a civilização.

A visão de Musk de um milhão de pessoas em Marte provavelmente não fará parte de nosso futuro imediato. Mas pode ter se tornado mais plausível após as recomendações recentes do Conselho de Revisão Independente de Proteção Planetária da NASA, o que pode levar a requisitos de esterilização mais baixos para o desembarque em certas regiões de Marte, onde não se espera haver vida indígena. Se as pessoas chegarem em naves de passageiros em Marte e começarem a montar casas, esses serão os locais em que eles podem se estabeleçam.

* Informações de Dirk Schulze-Makuch/AIRSPACEMAG.COM e tradução de Pepe Chaves para Via Fanzine.

- Imagem: SpaceX/divulgação.

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