Exoplanetas
TRAPPIST-1: NASA anuncia um novo sistema solar A estrela TRAPPIST-1 é uma anã ultrafria localizada a apenas 39,5 anos-luz de distância da Terra e apresenta novidades acerca dos planetas em sua órbita.
Da Redação* BH-22/02/2017
Concepção artística mostra o Sistema Solar de Trappist-1, com a transição de dois de seus sete planetas orbitais. Leia também: Exoplaneta é visto em trânsito na sua estrela Astrônomos descobrem um novo planeta azul Astrônomos anunciam descoberta de planeta com quatro sóis Tau Boötis b: Revelações de um exoplaneta Telescópio da Nasa encontra 1º planeta habitável Descoberto planeta rochoso similar à Terra
Como já era previsto, a aguardada conferência de imprensa realizada pela NASA nesta quarta-feira, 22/02, apresentou novas descobertas sobre planetas que orbitam estrelas distantes da Terra, os chamados exoplanetas.
O tema central tratou da recente descoberta da estrela chamada de TRAPPIST-1, que tem gerado boas expectativas no meio científico espacial. Na conferência, os especialistas da NASA confirmaram que na órbita desta estrela estaria localizado um sistema contendo sete planetas, sendo quatro deles com tamanho proporcional ao da Terra. Três destes planetas estariam localizados dentro de uma zona potencialmente habitável.
Para estudar tais estrelas promissoras os cientistas utilizaram o telescópio espacial Spitzer (inicialmente denominado de SIRTF, que significa Space Infrared Telescope Facility) da NASA com o apoio do TRAPPIST (TRAnsiting Planets and PlanetesImals Small Telescope), um instrumento chileno construído especificamente para se concentrar em um grupo de anãs ultrafrias de cada vez.
Por causa de sua nova importância a estrela foi renomeada de 2MASS J23062928-0502285 para TRAPPIST-1. De acordo com os cientistas, TRAPPIST-1 trata-se de uma estrela anã ultrafria localizada a apenas 39,5 anos-luz de distância da Terra. A estrela foi assim nomeada pelo telescópio ESO de La Silla, localizado no deserto do Atacama, no Chile, que a avistou e dedicou a ela o mesmo nome do instrumento utilizado em sua primeira observação.
Detalhe do telescópio ESO de La Silla, localizado no deserto do Atacama, no Chile.
Estima-se que TRAPPIST-1 tenha pelo menos 500 milhões de anos de idade, contudo, não há limite conhecido para seu tempo de existência e ela poderia ser tão antiga quanto o universo. Os astrônomos ficaram emocionados quando descobriram o que parecia um trio de planetas potencialmente habitáveis orbitando essa estrela. Especialistas acreditam que estrelas anãs menores seria uma boa aposta quando se busca mundos habitáveis, mas sendo tão pequenas em comparação a outras estrelas gigantes e quentes, torna-se mais difícil estudá-las.
Poderosos telescópios podem estudar um grupo de estrelas enormes de uma só vez, mas ao investigar uma estrela anã é necessário um foco singular e muito trabalho - e não há garantia de que os pesquisadores vão encontrar qualquer coisa interessante. Porém, certamente, este não era o caso dos três atraentes planetas localizados na órbita de TRAPPIST-1.
Estudos posteriores confirmaram que TRAPPIST-1 não possui uma estrela companheira, ou seja, as interrupções visuais percebidas pelos cientistas em sua saída de luz seriam, com certeza, causadas por três planetas de tamanho semelhante ao da Terra.
Concepção artística mostra o nosso Sol comparado à estrela anã ultrafria TRAPPIST-1.
No ano passado, um dos participantes dessa conferência, o astrônomo Michaël Gillon, foi o principal autor do estudo "Planetas temperados do tamanho da Terra em trânsito numa estrela anã ultrafria próxima", publicado pela revista Nature. No trabalho ele detalha como sua equipe teria confirmado três pequenos planetas (do tamanho da Terra) que circulam a anã estelar 2MASS J23062928-0502285, agora conhecida como TRAPPIST-1, uma estrela da classe M8V localizada a apenas 39,5 anos-luz de distância.
A equipe de astrônomos chefiada por Michaël Gillon, do Instituto de Astrofísica e Geofísica da Universidade de Liège, na Bélgica, usou o telescópio TRAPPIST no Observatório de La Silla no deserto de Atacama, no Chile para observar TRAPPIST-1 e procurar por planetas em órbita. Utilizando a fotometria de trânsito, eles descobriram três planetas do tamanho da Terra orbitando a estrela anã.
Outros planetas dois mais internos não têm atmosfera de hidrogênio e hélio foram bloqueados pela sua estrela de acolhimento, enquanto o mais exterior parece estar tanto dentro da zona habitável do sistema ou fora dele. O planeta mais interno foi batizado de TRAPPIST-1 E, que recebe praticamente a mesma quantidade de luz recebida pela Terra. O maior planeta desse sistema é TRAPPIST-1 G, sendo 13% maior que a Terra este recebe a mesma quantidade de luz solar recebida pelo cinturão de asteroides do nosso Sistema Solar.
A equipe fez suas observações de setembro a dezembro de 2015 e publicou suas descobertas na edição de maio de 2016 na revista Nature. As características e a proximidade de TRAPPIST-1 significam que seus planetas serão os primeiros mundos-Terra cujas atmosferas serão remotamente exploradas. Segundo os pesquisadores, parte das superfícies dos planetas encontrados pode ser habitável.
Concepção artística mostra o que seria a superfície de um dos planetas do Sistema Solar de Trappist-1.
O TRAPPIST (TRAnsiting Planets e PlanetesImals Small Telescope) é um projeto conduzido pelo Departamento de Astrofísica, Geofísica e Oceanografia (AGO) da Universidade de Liège (Bélgica), com o grupo Orígenes em Cosmologia e Astrofísica (OrCA). O instrumento TRAPPIST tem sido utilizado para a detecção e caracterização de exoplanetas e ao estudo de cometas e outros pequenos corpos no nosso sistema solar pela Fundação Belga de Investigação Científica (FRS-FNRS) e a Universidade de Liège. O sistema é constituído por dois telescópios robóticos de 60 cm, localizados no Observatório de La Silla no Chile e no Observatório de Oukaïmden, em Marrocos.
No momento, os cientistas estão animados, pois, provavelmente, os planetas encontrados são de composição rochosa e alguns deles podem conter a temperatura correta para a existência água líquida (entre 0 a 100 graus C). Em breve os pesquisadores devem apresentar novos estudos e análises com mais esclarecimentos sobre a descoberta desse sistema solar.
* Com informações da NASA, Trappist.one, com agências internacionais e tradução de Pepe Chaves para Via Fanzine.
- Imagens: Trappist.one/divulgação.
- Colaborou J. Ildefonso P. de Souza.
Extra: Para saber mais sobre Trappist-1 clique aqui
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