Símbolos no Brasil

 

Antigas gravações:

A rica Simbologia Rupestre do Brasil - Parte 2

Em muitos outros artigos abordamos esta estimulante temática dos símbolos brasilienses que se acham contidos nos variados tipos de inscrições rupestres aqui manifestadas, cujas características induzem-nos a pensar que não venham se tratar simplesmente de passatempo ou de rabiscos inconscientes dos homens primitivos de nossa terra.

 

Por J. A. FONSECA*

De Itaúna/MG

desembro - 2022

jafonseca1@hotmail.com

 

 

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Na continuação deste trabalho sobre a simbologia existente na ‘arte’ rupestre do Brasil, queremos dar seguimento às nossas observações sobre a sua rica incidência em toda a parte e mostrar que há muitas semelhanças entre estes símbolos brasileiros e muitos dos que podem ser vistos em diversas outras regiões de nosso planeta. Esclarecemos que temos consciência de que a feitura desta ‘arte’ rupestre poderia ser atribuída a qualquer grupo primitivo de nosso passado, mas também que existem destaques importantes a serem observados neste ‘trabalho’ quando ele é comparado entre si, onde vamos encontrar minúcias relevantes e numerosas que fazem com que muito de seu conteúdo venha excluí-lo naturalmente daqueles outros que são mais simples e elaborados com menor grau de dificuldade, tanto na sua idealização quanto na sua própria execução. 

 

São muitos os exemplos que podem ser encontrados nesta ‘arte’ antiga e a complexidade que os elementos de muitos deles carregam consigo obriga-nos a diferenciá-los no computo geral do trabalho do homem primitivo brasileiro e nos conduz a buscar interpretá-los sob outras possibilidades além das que são convencionalmente aceitas. Não se trata, pois de uma espécie de teimosia por desejar ver estes registros históricos de forma diferente em relação aos demais, mas, sim, por possuírem estes, de fato, enigmáticas características que lhes atribuem difícil compreensão.

 

Nas diversas ilustrações que já apresentamos neste trabalho podemos ver isto. Daremos mostras de outras mais para fortalecer a nossa tese de que venham trata-se de obra de outros povos mais antigos que não os nossos atuais remanescentes silvícolas brasileiros. Destacaremos também algumas mostras de uma simbologia semelhante que é encontrada em antigas culturas de muitos outros povos da Terra.       

  

 

Foi neste propósito que nos propusemos apresentar muitos destes signos de nosso Brasil pré-histórico numa tentativa de demonstrar que estas terras sul-americanas poderiam ter acolhido no seu passado mais distante um tipo de civilização, que poderia ter sido - salvo melhor juízo - uma espécie de pioneira no desenvolvimento das raças e de sua cultura em nosso planeta, de suas crenças e de seus signos alfabéticos fundamentais.

 

Não é uma tarefa muito fácil explicar tantas manifestações de escrita em todo o território brasileiro com seus caracteres extravagantes, além de ruínas em pedra que em muito diferem das características culturais dos povos aqui encontrados no tempo da sua descoberta. É significativo que pedras trabalhadas e de grande porte, estejam também presentes em nosso país, mostrando-se como testemunho dos feitos de uma raça desconhecida no Brasil, que nossa mente objetiva se nega a buscar compreender e aceitar como realidade de um tempo muito distante de nós.

 

Ao nos deparamos com as ruínas de Paraúna, por exemplo, no interior de Goiás, chegamos a pensar que somente mãos poderosas e uma grande força poderiam ter cortado, cinzelado e transportado aqueles blocos gigantescos e construído os paredões que ali se encontram em ruínas. E ao meditarmos sobre a grande muralha de basalto que desce por um vale desde a Serra da Portaria, com seus 15 km de extensão e altura que chega, em alguns lugares, a 4,5 m, não encontramos respostas plausíveis para este fenômeno e nos deparamos com um problema de difícil solução. E se forcarmos nosso entendimento nos conjuntos alinhados constituídos de grandes blocos de pedra no estado do Amapá, não poderemos impedir que pensamentos controversos venham nos questionar sobre o tipo de raça que poderia ter feito aquilo e com que finalidade desenvolveram tão trabalhoso quanto enigmático ‘projeto’ arquitetônico em selvas brasileiras. 

  

Muros com pedras ajustadas e esculturas colossais em Paraúna, Goiás.

  

Do mesmo modo, nos vemos diante das incríveis inscrições rupestres de Montalvânia, como se estas fossem uma espécie de registro minucioso de acontecimentos relevantes, sem falar da extensa simbologia que elas também carregam em seu conteúdo misterioso. Assim também nos comportamos diante da enigmática Pedra do Ingá, na Paraíba, com seus hieróglifos ‘moldados’ de forma primorosa em baixo relevo, insinuando-se como um problema de difícil solução para os arqueólogos que não puderam dar-lhe ainda uma explicação condizente diante de sua real proporção e simbologia incontestável.

 

É importante mencionar também os inúmeros registros encontrados no Norte e no Nordeste brasileiros, como já vimos neste trabalho, e que nos deixam muitas dúvidas sobre a provável existência de uma forma de escrita perdida que teria sido utilizada por aqueles povos que as produziram. Vemos que são inúmeros os mistérios a serem desvelados no Brasil, de norte a sul do país, e quase nada se pode dizer a respeito de pesquisas feitas nestas regiões e em muitas outras de igual importância que venham contemplar uma explicação para estes grandes monumentos pétreos e suas inscrições de conteúdos mais complexos.

 

Ao destacarmos muitos destes enigmas brasileiros como mistérios, não é nossa pretensão forçar uma situação exagerada em torno deles, mas notificá-los perante o cenário histórico de nossa terra e fazer com que possam ser estes levados em consideração e avaliados por meio de pesquisas sérias e divulgados os resultados destes estudos. Em momento algum ocorre-nos desconsiderar os inúmeros estudos que são feitos por especialistas em muitas destas regiões, registrando sempre elementos novos, mas é nosso pensamento que se torna necessário falar com clareza, inclusive sobre aquilo que nos incomoda e que não tem, no momento, uma explicação razoável de acordo com os padrões que, muitas vezes, já se acham estabelecidos previamente.

 

São de relevante importância as famosas itacoatiaras em grande profusão por todo o território brasileiro e sul-americano, as inscrições rupestres e desenhos inexplicáveis em blocos de pedra, em paredões, grutas e cavernas, contendo reproduções humanas de grande interesse, que lhes dão, por vezes, uma conotação de nomadismo, apesar de que, com indivíduos dotados de senso de organização, como entidades portadoras de crenças e ligações sagradas, e capacidade de elaboração de trabalhos em pedra, construção de abrigos e fortificações bem estruturadas.

 

Pergunta-se então: Por que então não se falar sobre estas coisas diferenciadas que se destacam sobre o passado do Brasil? Por que continuar a ignorar fatos com estes, sobre os quais não se podem ainda oferecer explicações condizentes, diante de sua real representatividade e diferenças marcantes de manifestação?

 

Pode-se perceber que muitos destes símbolos têm o mérito de falar por si mesmos, pois notamos que trazem consigo características importantes na sua expressividade e na relação que poderiam ter quanto aos seus significados ideográficos (que exprimem ideias), onomatopaicos (que representam os sons), cosmogônicos (que tratam do princípio das coisas) e teogônicos (que se referem aos deuses e à sua atuação nos mundos finitos), como a indicar certo grau de conhecimento de seus autores sobre estes significados.

 

  

Símbolos do Brasil pré-histórico de caráter universal.

 

Isto posto, queremos esclarecer que tais considerações não são só nossas, mas que já teriam sido esposadas por muitos outros pesquisadores brasileiros. Esta não é, portanto, uma teoria nova, mas encontra-se já endossada por outros estudiosos como o dissemos, e não poderíamos nos furtar de emitir também o nosso questionamento, apesar de sabermos não ser uma tarefa simples “provar” que tenha existido uma língua primitiva e um simbolismo bem estruturados no Brasil mais antigo.

 

Trata-se, portanto, de uma tentativa de contribuir minimamente para a elucidação da história de nossa terra, apesar de termo-nos aventurado em falar sobre temas que não costumam assentar-se numa mesma mesa de discussão, por causa de suas conotações diferenciadas e dos padrões que são regularmente aceitos no meio acadêmico, mesmo que estas coisas têm se mostrado presentes com grande intensidade em muitas regiões do Brasil.

 

Como temos visto nas diversas ilustrações que fazem parte deste artigo é riquíssima a simbologia que pode ser encontrada presente nas variadíssimas pinturas rupestres brasileiras. Já vimos que muitas delas tem demonstrado formas e traçados rudimentares, enquanto que muitas outras apresentam figuras muito bem elaboradas e de difícil compreensão e uma plêiade de símbolos muito complexos que poderiam ter significados importantes para as comunidades que viveram por estas paragens.

 

Não é por si só curioso, que venhamos encontrar símbolos isolados ou agrupados em alguns locais mais afastados da selva amazônica, do sertão nordestino e de outras regiões no interior do Brasil? Não nos causa estranheza que venhamos encontrar registros rupestres ‘escritos’ como numa forma de textual, contendo caracteres desconhecidos e figuras emblemáticas, alguns dos quais, semelhantes a letras latinas e a caracteres de outros alfabetos mais antigos?

 

Diante de tantas ilustrações demonstradas neste trabalho, acreditamos que diversos destes “letreiros”, conforme os denominam as pessoas que deles têm conhecimento, possam ser vistos de forma diferente, talvez com um interesse respeitoso ou admiração reflexiva por causa da sua estranheza. É bem provável que muitos brasileiros não tenham tido ainda conhecimento de sua existência e, por é isto mesmo que, ao conhecê-los, venham sentir-se admirados e receptivos perante a real possibilidade de que possamos ter tido um tipo civilização avançada no Brasil remoto.

 

Há algum tempo, havia uma ideia aceita por muita gente que chegava a afirmar que o Brasil era um país jovem e que sequer possuiria pré-história. O que o que aqui poderia ter existido neste sentido tratar-se-ia apenas de registros simplórios e de rabiscos sem importância, elaborados por um homem primitivo que mal saberia dialogar com um seu próprio contemporâneo. Hoje, esta ideia parece ter caído no esquecimento, porém em muitos dos estudos que são realizados em outras partes do mundo, praticamente não vamos encontrar menções sobre as grandiosas descobertas que são feitas no Brasil, muitas das quais, impressionam e fogem à compreensão comum, como já temos visto amplamente em nossos artigos.

 

Por isto torna-se uma realidade que muitas pessoas que delas tomem conhecimento se vejam surpreendidas ao se depararem com a sua enigmática grandiosidade e variedade de manifestações, desenhos e símbolos variados e incompreensíveis, e queiram ter uma explicação plausível par justificar seu questionamento inevitável a respeito do passado desta nossa terra brasilis.

 

No artigo anterior mostramos muitos dos caracteres e ideogramas registrados nas itacoatiaras, paredões e lajedos do Brasil. Agora estamos apresentando também ‘grafias’ existentes em outras partes de nosso planeta e caracteres alfabéticos, mostrando que existe uma estreita relação entre eles.

 

A nosso ver todos estes registros rupestres encontrados em nosso país poderiam ser classificados em três aspectos distintos, para que seu estudo pudesse contemplar épocas diferenciadas e situações evolutivas de seus executores. Já falamos sobre isto, mas é bom voltar ao assunto. Tendo como referência nossas observações e pesquisas feitas por muitos brasileiros intemeratos no decorrer do tempo, acreditamos que teriam havido períodos diferentes, anseios e propostas evolutivas quanto aos autores destas obras líticas, pois que elas guardam diferenciações fundamentais na sua forma e contexto.

 

Num primeiro aspecto poderíamos classificar os registros rupestres de homens notadamente primitivos, que se preocuparam mais em registrar acontecimentos marcantes de caça, pesca e da vida em sua comunidade. Neste caso podem ser encontradas regularmente representações de pessoas, animais, danças, armas, etc., pois tais manifestações se mostram como meramente artísticas e focalizam quase que exclusivamente seus temores e o seu dia-a-dia, não se preocupando com maiores distinções e cuidados na sua feitura.

 

Num segundo aspecto, temos uma espécie de caricatura de um homem desejoso de mostrar em suas manifestações algo de importância, algo que parecia ter perdido alhures, mostrando condições mais relevantes de sua vida ou um conhecimento que se misturou a acontecimentos marcantes e mesmo inexplicáveis para ele naquele momento. Neste caso encontramos signos misturados a esboços incompreensíveis, como se fizessem parte de um contexto mais abrangente ou observado, ou ainda, como se quisessem representar algo de maior expressividade que pudessem ter presenciado. Trata-se, portanto, de uma ‘arte’ notadamente diferente da anterior, apesar de apresentarem também algumas espécies zoomorfas e antropomorfas estilizadas como se estas também representassem parte importante naquele contexto. Vejamos alguns exemplares abaixo:

 

 

 

Num terceiro aspecto temos inúmeros casos de uma “arte” especialmente produzida, cujas características em nada se assemelham às do primeiro grupo anteriormente mencionado e tratam, em muitos casos, de mistérios ainda indecifráveis no presente momento. No Brasil estes registros podem ser encontrados em muitos lugares no Amazonas, Pará e outros estados na região norte, cuja estrutura e simbologia espantam por suas figuras emblemáticas ou sofisticadas demais para serem compreendidas por homens de vida rude e caracterizada mais pela mera condição de subsistência. Como exemplo, relembramos os “letreiros” encontrados nas regiões do norte e nordeste brasileiro e, em especial, os encontrados na pedra lavrada do Ingá, na Paraíba, que ainda carecem de decifração e explicação condizente. Vejam-se alguns exemplos abaixo:

 

 

 

É notório o esforço que muitos pesquisadores não catedráticos desenvolveram no estudo da arqueologia e que poderiam através de suas observações oferecer subsídios e elementos para pesquisa, interligando-as aos interesses científicos e buscando encontrar um ponto de convergência em suas posições. Sobre o trabalho destes pesquisadores poderíamos citar no exterior o trabalho de Erick von Daniken, Robert Charroux e David Hatcher Childress, por exemplo, que às vezes exageram em algumas de suas observações, mas apresentam referências históricas que causam perplexidade e não podem ser facilmente explicadas. No Brasil temos os estudos feitos pelo ilustre Antonio Lopo Montalvão, fundador da cidade de Montalvânia, que durante anos desenvolveu importantes pesquisas nas cavernas da região e deixou uma grande quantidade de documentos sobre os registros ali encontrados, suas grutas, pinturas e as milhares de inscrições rupestres em baixo relevo, de caráter excepcional. Luiz Galdino, escritor e pesquisador das itacoatiaras brasileiras (pedras pintadas ou marcadas), que tendo viajado por várias regiões do Brasil, desenvolveu estudos importantes procurando demonstrar que a pré-história americana é tão antiga quanto a europeia, assunto que os especialistas das nações mais avançadas não gostam de discutir. Alódio Továr, topógrafo, cartógrafo e jornalista, e mais tarde escritor, pesquisador e conferencista, que se dedicou a estudar as espantosas formações rochosas de Paraúna, em Goiás e levantou surpreendentes observações sobre seus achados na região. Francisco Carlos Pessoa Faria, médico por profissão e pesquisador nas horas disponíveis, que fez, durante muitos anos, estudos importantes sobre a Itacoatiara do Ingá, na Paraíba, concluindo seus trabalhos na monografia intitulada “Os Astrônomos Pré-Históricos do Ingá”, com uma abordagem firme e consistente.

 

Não poderíamos deixar de mencionar também o inestimável trabalho do Cel. Bernardo Azevedo da Silva Ramos sobre a arqueologia brasileira, que publicou o resultado de seus estudos em sua extensa obra em dois volumes, intitulada “Inscrições e Tradições da América Pré-Histórica”, onde ele desenvolveu traduções das inscrições alvo de sua pesquisa. Disse Bernardo Ramos que estas seriam ideogramas formados por letras de alfabetos antigos, o grego e o hebraico. Podemos destacar ainda outros autores como Alfredo Brandão, Aníbal Mattos, Theodoro Sampaio, Gabrieli Baraldi, Reinaldo Coutinho, Domingos Magarinos, entre outros. 

 

Os insignes pesquisadores citados destacaram-se, especialmente, por seu profundo interesse pela antiga arte rupestre do Brasil e por seus mistérios inexplicáveis, pela dedicação com que desenvolveram suas pesquisas e publicação de valiosos compêndios sobre o assunto, na maioria das vezes com recursos próprios, numa época em que tais empreendimentos eram difíceis de se tornarem realidade.

 

Diante das pesquisas que fizemos e das possibilidades que tivemos de visitar muitas destas regiões do Brasil que julgamos importantes, fizemos anotações e observações do que vimos, mostrando muitas das enigmáticas formações rochosas no interior do Brasil, seus registros rupestres milenares, muitas vezes estranhos, pinturas e insculturas notáveis, “ruínas” inimagináveis e restos de construções em pedra também de origem desconhecida e milenares, além de outras questões de difícil explicação e que por isto mesmo continuam causando discussões infindáveis.

 

Como explicar, por exemplo, marcas de pés humanos de épocas não conhecidas moldados na pedra e uma rica simbologia de caráter universal gravada em muitos lugares e os muitos monumentos pétreos colossais no interior do Brasil?

 

Como dissemos, muitos destes símbolos e figuras possuem conotações universais, pois são encontrados em muitos lugares e culturas da Terra. Assim, estamos anexando a este trabalho algumas referências colhidas em outros locais para justificar esta assertiva e demonstrar que se tratam estas de elementos importantes para os estudiosos da arqueologia e da história de nosso planeta, pois que elas nos falam silenciosamente de um mistério comum a todos esses povos de antanho, que nos surpreendem ainda hoje com sua ‘arte’ e sua ‘engenharia’ complexas, em muitos casos permanecendo inexplicáveis.

   

SIMBOLOGIA RUPESTRE EM OUTRAS REGIÕES DE NOSSO PLANETA

 

Oficialmente, a pré-história foi dividida em três grandes períodos para facilitar o estudo acadêmico da evolução da vida na Terra: o paleolítico, o mesolítico e o neolítico, sendo que o primeiro destes, que é também o mais extenso, se dividiu, por sua vez, em outras três etapas: o paleolítico inferior, que registra o surgimento das primeiras indústrias humanas  a cerca de um milhão de anos até cerca de 100.000 anos; o paleolítico médio, entre 100.000 e 40.000 anos; e o paleolítico superior, entre 40.000 e 10.000 anos.

 

O período paleolítico procurou caracterizar o homem primitivo pelo seu trabalho com a pedra lascada, acreditando os estudiosos que em um dado momento desse período este teria começado a se utilizar de instrumentos fabricados por ele mesmo, ainda que extremamente rudimentares. Somente por volta de 40.000 anos atrás, segundo a pesquisa arqueológica e com o surgimento do Homo Sapiens, é que se concretizou um grande salto na evolução do homem primitivo. Foi quando este começou a registrar na pedra a sua arte. No período do paleolítico superior, passou a se utilizar de ossos e chifres de animais para suas necessidades mais prementes e a desenvolver afrescos graciosos, mais bem elaborados, em cavernas e paredões calcários.

 

Porém, somente no período mesolítico é que surgiram os trabalhos com cerâmica e as primeiras peças em tecelagem, constituindo-se este período numa espécie de transição e aperfeiçoamento de técnicas que vinham sendo descobertas. O período neolítico ficou conhecido como o da idade da pedra polida que, em realidade, se destacou pelo surgimento da agricultura e pela prática de criação de animais para alimentação. Tal período teria ocorrido há cerca de 8.000 anos, sendo que até então o homem não possuía ainda qualquer tipo de escrita, nem teria deixado registrado nada que viesse dar-lhe uma condição de civilizado. Este seria, em suma, o posicionamento da arqueologia para a evolução do homem durante a pré-história.

 

No entanto, descobertas mais recentes e cada vez mais preocupantes têm indicado uma situação diferente para o homem primitivo, deixando mostras de que muitos acontecimentos importantes teriam ocorrido naquele tempo longínquo. Construções gigantescas e muitos símbolos têm sido encontrados em diversas demonstrações de “arte” e em variadas situações em todo o planeta, parecendo querer indicar que poderia ter havido uma espécie ‘engenharia’ e de uma ‘escrita’, ainda que rudimentar, naqueles tempos mais remotos.

 

Não vamos neste momento, nos deter nos grandes enigmas que a história antiga da raça humana tem demonstrado cotidianamente em suas novas descobertas e que deixam claras mostras de mistérios profundos e de difícil compreensão, em momentos específicos de sua existência, mas queremos apresentar certos registros que não deixam de causar incômodo e que não podem ser explicados de forma natural ou por meio de uma simples avaliação histórica.

 

Detalhe de uma grande construção em Cuzco, em fotografia de Sávio Egger.

 

No caso de uma engenharia excepcional aplicada nestes monumentos líticos poderíamos citar como exemplo, as discutidas pirâmides do Egito e do México, as construções Maias e Incas, Machu Pichu, a pirâmide de Palenque e sua estranha lápide, o famoso terraço de Baalbec, no Líbano, que possui gigantescos blocos de pedra cortados cinzelados e transportados que, segundo os estudiosos pesariam cerca de 900 toneladas. Somente este último já levanta as mais variadas hipóteses sobre a origem e a técnica da raça desses homens que o teriam construído. São também alarmantes a estrutura e o gigantismo das cidades milenares da Índia e do Paquistão, além de muitas outras que têm sido encontradas em toda a face da Terra.

 

É comum encontrar-se conclusões de vários estudiosos em todos os países que tendem a considerar que estas construções megalíticas do passado tenham sido erigidas por meios naturais ou com o uso de mão-de-obra escrava maciça. Tais explicações são sempre sobrecarregadas de uma racionalidade excessiva, algumas das quais, costumam não querer deixar margem para contestação como se demonstrassem verdades definitivas, algo que não é concebível nos meios científicos e de pesquisa.

 

Tal condição não leva em consideração possíveis qualidades técnicas dos construtores desses grandes monumentos arqueológicos, mas, ao contrário, diminui ainda mais esta possibilidade com a alegação de que esses homens primitivos não poderiam ter tido o conhecimento de uma ‘engenharia específica’ nem capacidades intelectuais para desenvolver os trabalhos megalíticos que aí estão, como provas, se exibindo por toda a parte. A nosso ver, esta perspectiva, equiparar-se-ia a uma outra hipótese, também duvidosa, sugerida por outros interessados no assunto, que chegam a atribuir que tais construções teriam sido feitas por seres extraterrestres em contato com a raça humana, face à provável exígua condição técnica daqueles homens que viveram no tempo em que estas foram erigidas.

 

Algo, porém, que vai se tornando cada vez mais incontestável em relação e esses monumentos excepcionais finamente cortados e ajustados com riqueza técnica e conhecimento inexplicável em todo o planeta, é que “alguém” os construiu da forma como suas ruínas sugerem e que tal fato não pode ser atribuído a homens ignorantes e cheios de temor como se tem afirmado. Deve-se considerar que se tais monumentos foram erigidos é porque seus construtores detinham o conhecimento e meios adequados para fazê-lo, mesmo que tal possibilidade seja, no momento, inaceitável para os pesquisadores modernos. Neste sentido, é preciso lembrar que grande parte destas construções não foram concluídas a partir de pequenos blocos de pedra facilmente cinzelados ou mal cortados, mas de monólitos gigantescos muito bem trabalhados e ajustados com perfeição, ao ponto de tal procedimento não poder ser reproduzido na atualidade, em muitos casos, apesar de toda a técnica disponível aos construtores contemporâneos. O que dizer de tudo isto?

 

É lamentável que muitos estudiosos em toda a parte não queiram reconhecer esta incômoda ‘pedra no sapato’ da arqueologia mundial e ver que o não reconhecimento de descobertas importantes como estas levam-nos a ignorar aspectos importantes da verdadeira história da humanidade e a transformar o nosso antepassado em um selvagem apenas, sem condições mínimas de inteligência e possibilidades de fazer aquilo que aí ficou como prova incontestável de um tempo desconhecido de todos nós. Ao lado destas grandes construções temos ainda a enigmática simbologia desconhecida presente em todos os lugares e que queremos comparar com as que são encontradas em solo brasileiro e que fazem parte de nosso estudo.

 

Nosso trabalho não pretende discutir a questão dos autores de todos esses enigmas arqueológicos espalhados por todo o nosso planeta, mas focalizar nossa atenção no problema da estranha simbologia e dos signos alfabéticos presentes em suas inscrições primitivas. Sua inclusão se deve ao fato que, de certa forma, essa estranha simbologia parece achar-se estreitamente relacionada a estas infindáveis construções megalíticas acima mencionadas e à sua técnica excepcional, além de estar também presente em todos os lugares.

                                                                         

É neste propósito que pretendemos apresentar alguns aspectos importantes desta ‘arte’ rupestre presente na cultura de outros povos e dos símbolos deixados por estes homens desconhecidos de outras regiões, de forma a buscar compreender, por meio de suas semelhanças, que é possível existir uma origem comum para todos eles.

 

Pode-se perceber que muitos mistérios desafiam ainda a inteligência do homem contemporâneo e alguns destes calam fundo em sua própria alma, face à sua estranheza e complexidade, além do seu contexto inexplicável e envolvente. Numa época em que o avanço tecnológico aponta para infinitas outras possibilidades, até mesmo para as possíveis viagens espaciais, ainda persiste a dúvida sobre determinados registros e artefatos encontrados na Terra, que à semelhança de temerosos fantasmas arqueológicos do passado continuam ativos, desafiando a argúcia e a inteligência dos sábios e estudiosos.

 

Dando, pois, seguimento ao nosso raciocínio mostraremos a seguir alguns exemplares de registros primitivos encontrados em outros países, para que sirvam de instrumento de comparação aos muitos que foram encontrados no Brasil e que fazem parte deste trabalho.

 

Já falamos muito sobre os mistérios do silabário de Glozel, encontrado na França, mas, em face do seu grau de importância no cenário que é abordando nesta exposição não seria exagero citá-los aqui já de início, mostrando uma vez mais a sua simbologia misteriosa e o seu inestimável valor no estudo da história e da arqueologia mundial. 

 

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Em 1924, numa aldeia de Allier chamada de Glozel, próximo a Vichy, foram descobertas diversas peças arqueológicas, entre as quais ossadas humanas e de animais, objetos em pedra e em cerâmica, quando Emile Fradin e seu avô trabalhavam na lavra de um campo de sua propriedade. Numa cavidade aberta na terra, entre alguns tijolos ajustados, o jovem encontrou os objetos mencionados e diversas tabuinhas de cerâmica com uma infinidade de símbolos gravados. O jovem recolheu todas aquelas coisas e levou-as para sua casa, até que, algum tempo depois, o Dr. Morlet, médico natural de Vichy e apaixonado por arqueologia, notificado a respeito, fez uma visita ao local e analisou a descoberta. Impressionado com os achados o Dr. Morlet publicou logo a seguir, juntamente com Emile, o descobridor, um documento sobre a descoberta que, na época, chegou a se constituir de mais de dois mil objetos variados.

 

Dentre os resíduos ósseos encontrados, os de natureza humana foram considerados como sendo provenientes de uma raça primitiva de intensa musculatura e desconhecida dos pesquisadores, por causa de sua antiguidade e compleição dos ossos. Foram também encontrados objetos fabricados com ossos de animais como, por exemplo, uma espécie de punhal, um pingente, uma peça semelhante a um arpão e ainda outras peças. Também foram encontrados objetos em pedra como machados e calhaus rolados com figuras e signos gravados.

 

Exemplares das tabuinhas de Glozel com suas inscrições desconhecidas.

         

Vários artefatos de cerâmica também faziam parte da descoberta, tais como vasos, ídolos e tabuinhas com inscrições. Algumas das figuras parecidas com ídolos exibiam também símbolos semelhantes aos das tabuinhas. Hoje, subsistem apenas cerca de quarenta destas tabuinhas de argila com as inscrições misteriosas, que foram se quebrando no processo de retirada e manuseio por diversas pessoas. Esta fantástica descoberta casual no campo de Duranthon estudada e classificada pelo Dr. Morlet foi, posteriormente, por ele organizada e o grupo das tabuinhas com inscrições ele reuniu num silabário que foi constituído por 116 signos.

 

Apesar da descoberta de Glozel ter sido avaliada e confirmada por muitos pesquisadores, não poderíamos deixar de mencionar que a mesma não ficou também isenta de detratores, ou seja, da opinião daqueles que, por razões desconhecidas, pretenderam fazer desacreditar o conteúdo desta descoberta, alegando que a mesma se tratava de uma fraude. Chegou-se a dizer que as tabuinhas e suas inscrições teriam sido produzidas por seu descobridor, Emile Fradin, mas tal hipótese foi sendo, posteriormente, desconsiderada mediante as pesquisas que foram sendo feitas e as conclusões das análises feitas por estudiosos aplicadas sobre os achados.

 

As tabuinhas que ainda subsistiram (cerca de quarenta delas) medem, em geral, por volta de 15 x 20 cm e de 3 ou 4 cm de espessura, e trazem gravadas uma grande quantidade de signos, como se fora uma escrita regular. As inscrições nelas contidas não puderam ainda serem decifradas até o presente momento, mas existem muitos signos alfabéticos semelhantes às letras latinas, como: A, C, F, H, K, T, X, U, V, W, Y e Z.

 

O Dr. Morlet chegou a elaborar também um estudo sobre alguns signos alfabetiformes encontrados em grutas nas localidades de Montespan, Rochebertier, Moutcombroux, Lascaux, Lê Cluzel, Puyravel, Chez-Guerrier, Pedra Frisgiada, El Pendo, Gambeta, Alvão, etc., na França, Portugal, Espanha, Córsega e Romênia, que possuem certa semelhança com alguns dos signos de Glozel, dentre os quais destacamos abaixo os seguintes:

 

 

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Outro achado importante é a estela de ouro inca, também já abordada por este autor em artigos anteriores, pois trata-se de um “documento” arqueológico de grande valor não somente material, mas, especialmente, documental. É uma antiga peça em forma de uma espécie de estela (coluna) de ouro com 52 cm de comprimento, 14 cm de largura e 4 cm de espessura, que traz gravado em quadros específicos 56 símbolos, ainda não decifrados, que se assemelham a antigas letras.

 

Este magnífico artefato foi encontrado em determinada região no Equador e se achava entre os inimagináveis tesouros que o Padre Crespi vinha guardando consigo em seus aposentos, na Igreja dos Pobres, em Cuenca. Apesar disto, até o presente momento não acreditam os pesquisadores que os Incas tivessem mantido algum tipo de escrita regular, como muitas outras civilizações, apesar de que os símbolos gravados nesta estela têm estreita semelhança com caracteres de uma escrita e, de certa forma, não deixam de falar por si mesmos, como pode ser visto na ilustração ao lado feita por este autor.

 

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Há também um ornamento encontrado junto das riquezas dos povos Incas, nos Andes todo trabalhado em ouro e que teria sido utilizado como peitoral, no qual podem-se ver representados 16 estranhos caracteres. Na ilustração abaixo vemos os signos gravados no objeto que parecem-se tratar de letras de um alfabeto ou uma escrita regular, desconhecida entre os povos incas. Veja-se as suas semelhanças com outros caracteres, em outras regiões de nosso planeta.

 

 

A estela de ouro e o peitoral incas com seus caracteres de natureza desconhecida.

  

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Um mistério que causou forte impressão em muitos pesquisadores da arqueologia e da história é aquele que se refere aos antigos Dogons, na África Ocidental.  Estes povos são remanescentes de uma grande tribo africana que vivem no planalto de Bandiagara, na República do Mali, antigo Sudão francês, a cerca de 500 km ao sul de Tumbuktu. Pelo fato de seu “modus vivendi” não ter sofrido praticamente nenhuma alteração no decorrer dos séculos os antropólogos consideram esta estranha tribo dos dogons como povos primitivos.  No entanto, sua filosofia e religião impressionaram os pesquisadores, uma vez que são constituídos de elementos expressivamente ricos e de grande complexidade. 

 

O ocidente só passou a conhecer algo a respeito da crença deste povo após a publicação dos trabalhos dos antropólogos franceses Germaine Dieterlen e Marcel Griaule, em 1950, que viveram entre eles durante mais de 21 anos. A permanência deles na tribo foi tão longa e sua integração com eles tão intensa que os próprios sacerdotes os convidaram para participar de seus rituais secretos e acabaram por lhes desvelar os segredos mais ocultos de suas crenças e filosofia.

 

O trabalho publicado por estes antropólogos mostra que a crença dos dogons está fundamentada em um profundo conhecimento astronômico. Em se tratando de um povo primitivo, que vive completamente afastado de tudo, seus conhecimentos em astronomia despertaram, no mínimo, espanto e levaram-nos a questionar sobre o que eles sabiam e “quem” os terá instruído neste sentido. Por exemplo, os dogons sabiam que a estrela Sírius se localiza na Constelação do Cão, próximo de Orion, e que ela tem uma vizinha que só pode ser vista por meio de um telescópio, objeto que eles não possuem. Estes povos cultuam esta segunda estrela, que foi chamada de ‘Sírius-B’ pelos astrônomos, em seus rituais e a representam através de desenhos na areia, em esculturas e outros locais, dizendo que receberam tais ensinamentos de criaturas vindas do espaço, ou seja, do sistema estelar de Sírius.

 

Assim, eles representavam em pinturas nos murais os símbolos ligados a este acontecimento por eles narrado e que os seres do espaço transmitiam a alguns de seus membros: (1) a órbita da estrela Sírius B em torno da Sírius A (e que coincide com a representação feita pelos astrônomos atualmente); (2) o planeta Saturno e seus anéis; (3) o planeta Júpiter e seus quatro satélites, descobertos por Galileu; (4) caracterização do povo anfíbio que dizem ter orientado seus antepassados; (5) a arca que os teria trazido do céu até à Terra.

  

 

As figuras representadas pelos Dogons, conforme acima estão descritas.

 

As declarações dos Dogons intrigaram os cientistas, pois é sabido e importante anotar que os astrônomos não tinham conhecimento de ‘Sírius-B’ até meados do século XIX e que ela só foi fotografada pela primeira vez em 1970. Os antropólogos acima referidos tiveram contato com a tribo dos dogons em 1931, quando decidiram realizar um estudo aprofundado sobre os mesmos e tomaram conhecimento destes mistérios iniciáticos de seu povo. Para estes nativos ‘Sírius-B’ é a principal vizinha de Sírius-A e é constituída de matéria mais pesada que os elementos encontrados na Terra. Ela faz um movimento em torno de Sírius-A numa órbita elíptica por um período de 50 anos.

 

O norte-americano Robert Temple, que vivia na Europa, tomou conhecimento deste fato e entrou em contato com os antropólogos Germaine Dieterlen e Marcel Griaule e pesquisou minuciosamente seus estudos. Por fim, este pesquisador se convenceu de que os dogons não tinham conhecimento somente de Sírius-B, mas também de planetas de nosso sistema solar. Diziam que a lua era seca e morta e desenhavam o planeta Saturno com um aro em seu redor e sabiam que os planetas giravam em volta do sol. Sabiam que a Terra gira em seu próprio eixo e conheciam o movimento do planeta Vênus; sabiam da existência das quatro luas principais de Júpiter, que existe uma infinidade de estrelas e que nossa Via-Láctea é espiralada. Seus conhecimentos astronômicos impressionaram Temple.

 

A maior parte destes conhecimentos é sempre transmitida por intermédio de símbolos e uma rica mitologia, cercada de ritos, danças e representações gráficas. Seus desenhos na areia se tornaram significativos nos estudos de Temple como, por exemplo, a ‘espiral da criação’, que parece estar relacionada a um conhecimento bem mais antigo. Os sacerdotes dos dogons afirmam que a Terra foi visitada pelos ‘nomos’ que eram criaturas anfíbias de um planeta localizado no sistema estelar de Sírius e transmitiram para alguns escolhidos de seu povo os conhecimentos que eles têm hoje, porque estes foram passados de geração a geração pelos sacerdotes. Em sua descrição relatam a chegada da ‘arca dos nomos’ à Terra, no Norte de seu país e adoram seus tripulantes como monitores do Universo e guardiães dos princípios espirituais.

 

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A ilustração abaixo mostra uma pintura em pedra que foi atribuída aos indígenas da tribo Chumash, da Califórnia e que teria sido feita com um tipo de pigmento não conhecido, com a aplicação de cores fortes e duráveis, que permanecem intactos até os dias de hoje. Segundo os pesquisadores elas representam símbolos decorativos feitos durante o ritual de puberdade, pois esses povos pintavam também os seus corpos, aplicando a eles grossas listas pretas e brancas nestas comemorações. É importante observar que a ilustração mostra uma grande quantidade de símbolos que são de caráter universal, mostrando cruzes estilizadas, sois, figuras zoomorfas e outros elementos não conhecidos.

  

 

Inscrições dos índios Chumash da Califórnia.

  

Além da espantosa qualidade das tintas utilizadas por seus criadores nesta obra de ‘arte’, quase sempre constituídas de misturas de minerais em pó, como o oxido de ferro, manganês e carvão vegetal para obtenção das cores, temos também o mistério da representação da cruz universal e do círculo com a cruz em seu interior que eram vastamente conhecidos por quase todos os povos orientais e europeus há milênios.

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Também em Klamath Fals, na Califórnia foram encontrados estranhos caracteres gravados nas pedras que não poderiam estar relacionados a nenhum dos povos indígenas que teriam vivido naquela região. Tais registros acham-se pintados numa região localizada nos limites das fronteiras dos estados do Oregon e da Califórnia, no chamado lago Klamath e as cataratas de mesmo nome, em rochas escarpadas e estranhamente organizados.

  

Inscrições em Klamath Fals, na Califórnia.

 

Os caracteres que compõem este conjunto lítico foram feitos por este autor tendo como referência os que foram copiados por C.W. Cervé, autor do livro “Lemúria – o Continente Perdido do Pacífico”, podendo-se ver que parecem tratar-se de uma escrita primitiva. Cervé disse que existem muitos destes signos escritos nas pedras ao redor do lago e que muitos peritos já teriam tentado decifrá-los, sem sucesso. Para ele este conjunto de caracteres muito se assemelha a escritos lemurianos, apesar de muitos terem dito que se tratavam apenas de signos de origem indígena. Estudos posteriores confirmaram que estas inscrições são muito antigas e que já existiriam muito tempo antes da chegada dos povos indígenas naquela região, podendo, pois, estarem relacionadas a povos bem mais antigos.

 

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As inscrições da Ilha De Páscoa possuem também caráter bem diverso e desconhecido para muitos autores. Na ilustração abaixo temos uma tabuinha gravada com inscrições procedente da Ilha de Páscoa, que mostra os estranhos caracteres da escrita utilizada por aquele povo milenar. Esta ilha está localizada a 2.100 milhas do litoral da América do Sul, no Oceano Pacífico, onde também podem ser encontradas as colossais e conhecidas estátuas de pedra, os moais, que possuem em média, sete metros de altura. W. J. Thompson, uma das maiores autoridades sobre estas estátuas, disse ter encontrado sete tabuinhas com escritas semelhantes a esta e disse ter conseguido fazer a tradução de parte delas com a ajuda de um velho indígena, único na Ilha de Páscoa que conhecia ainda o significado daqueles antigos símbolos de seu povo.

 

Inscrições da Ilha de Páscoa em uma das tabuinhas encontradas por W. J. Thompson.

  

Já fizemos algumas comparações desta ‘escrita’ da Ilha de Páscoa com as estranhas figuras moldadas na Pedra do Ingá, na Paraíba. Porém o que nos impressiona ainda mais é a semelhança que foram detectadas entre elas e os signos milenares das esquecidas cidades do vale do Indo, no Paquistão, localizado no outro extremo do planeta. No quadro abaixo mostramos um primeiro conjunto que se refere às inscrições do Paquistão (1) e um segundo, com as inscrições da Ilha de Páscoa (2). Não se trata de algo realmente extraordinário?  

 

 

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Incluímos também uma pequena mostra da chamada escrita hierática dos antigos povos egípcios para fins de comparação com os caracteres que estamos apresentando neste trabalho. Ela foi encontrada em antigo papiro de origem egípcia que foi estudado pelo pesquisador alemão Jorge Moritz Ebers e que por isto passou a ser conhecido como Papiro de Ebers. Segundo ele, este documento trata-se de um manuscrito que contém um tratado sobre medicina e que teria sido adquirido em Tebas no ano de 1873. Após tê-lo estudado afirmou que ele estaria escrito em uma língua sagrada dos hierofantes egípcios e publicou o resultado de suas pesquisas em 1874 sob o título de Papyros Ebers.

 

Os caracteres com língua sagrada dos hierofantes egípcios.

 

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Mostramos abaixo um antigo artefato maia que é, segundo James Churchward, autor do livro “O Continente Perdido de Mu” de procedência muito antiga. Este objeto teria sido produzido em uma espécie de arenito muito resistente, trazendo gravações em alto relevo de alguns símbolos que disse o pesquisador tratar-se de letras hieráticas da Mãe-Pátria, Mu, que eram conhecidas somente pelos sumos-sacerdotes maias.

 

Churchward analisou os símbolos deste “documento” milenar e disse tê-los traduzido, segundo critérios por ele desenvolvidos. Abaixo incluímos uma ilustração deste antigo artefato, conforme aquele autor e o significado que lhe foi dado em relação à tradução de seus signos, classificados por ele em número de dez. Note-se a sua semelhança com os demais símbolos que estamos apresentando neste artigo.

 

O artefato Maia e os caracteres que nela se acham contidos.

 

A tradução que foi dada a estes signos é a seguinte:

 

“A terra de Kui, grande governo da terra não existe mais. Ela foi sacudida por um tremor de terra e a terra oscilava como as ondas do oceano. Finalmente os pilares que a sustinham cederam e ela se submergiu num abismo de fogo. Ao mesmo tempo que o grande governo desaparecia, as chamas das profundezas se elevaram e a envolveram”.

 

 

* * *

 

Vimos neste trabalho alguns exemplos de registros arqueológicos encontrados no Brasil e em várias partes do mundo, deixando ver que é incontestável a presença de uma complexa simbologia em toda a parte e que muito se assemelham entre si. Daí, surge a hipótese, já comentada neste trabalho, de que todos os idiomas e dialetos na Terra teriam uma mesma procedência, dada as suas semelhanças e significados, além de uma simbologia característica identificável em uma grande quantidade deles.

 

Acreditamos que determinados signos encontrados no Brasil possam ter origem mais recente e estejam relacionados a outros povos como, por exemplo, navegantes fenícios ou outros aventureiros que teriam navegado por estes mares e chegado às Américas. Entretanto, é nosso pensamento que alguns dos caracteres localizados em regiões mais inóspitas ou de difícil acesso, ou ainda, mais bem elaboradas, não se enquadrariam neste propósito e poderiam referir-se a um tempo muito anterior ou a um tipo de cultura bem mais antiga. Quando os encontramos em regiões litorâneas ou não muito afastadas da costa, podemos inferir que poderiam estar relacionadas a esses citados povos que poderiam ter alcançado estas terras do ocidente e aí se estabelecido, antes da chegada de Cristóvão Colombo e Pedro Álvares Cabral. 

 

Já esclarecemos que esta hipótese já teria sido adotada por alguns pesquisadores que foram citados neste artigo e apesar de haver ainda muitas restrições a este respeito, vemos como aceitável que muitos dos caracteres que se assemelham aos que foram utilizados por navegadores fenícios, egípcios, gregos, etc., possam ser assim explicados. O outro grupo, porém, que é constituído de signos e figuras desconhecidas e mais enigmáticas, inclusive grupos assemelhados a um tipo de ‘escrita’, não seriam enquadrados naquela avaliação e poderiam, de fato, estarem relacionados a um tempo bem mais remoto, que nos faria retroceder a um período racial difícil de ser cogitado por nossa mente analítica e concreta.

 

* J. A. Fonseca é economista, aposentado, espiritualista, conferencista, pesquisador e escritor, e tem-se aprofundado no estudo da arqueologia brasileira e realizado incursões em diversas regiões do Brasil. É articulista do jornal eletrônico Via Fanzine (www.viafanzine.jor.br) e membro do Conselho Editorial do portal UFOVIA. E-mail jafonseca1@hotmail.com

 

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