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Humberto Pinho
Caridade: Também há santos nas igrejas evangélicas Portugal, naquele tempo, estava atulhado em terríveis dívidas. Havia desemprego generalizado, e os que trabalhavam, mal granjeavam para sustento dos filhos. Como cristão, como sacerdote temente a Deus, ele sentia obrigação: de cuidar, de zelar, de amenizar, o sofrimento dos operários; e pobreza envergonhada.
Por Humberto Pinho da Silva* De Porto/Portugal Para Via Fanzine 20/11/2018
Dioguinho, junto com as tarefas pastorais, mantinha: escola – para educar os meninos cristãmente; – e, a “ Sopa dos Pobres” – para alimentar os que tinham fome. Leia também: Outros destaques em Via Fanzine
Se pensam que nas Igrejas Evangélicas – e até nas seitas, – não há santos, estão redondamente enganados. Claro, que não aparecem nos altares, nem são canonizados; mas que são santos; ah!: isso são!
Havia – já lá vão muitos anos, – na 1ª República, em Vila Nova de Gaia (Portugal), um homem bom. Homem rico, que por muito amar os pobres ficou pobre, por amar muito a Deus. Era pastor anglicano. Sabia ser justo viver do altar, mas preferiu ser o altar a viver do seu trabalho e da sua grande fortuna.
Seu nome era: Diogo Cassels; mas o povo, os operários, os carenciados, por muito lhe quererem, chamavam-no, carinhosamente: o Sr. Dioguinho.
Dioguinho, junto com as tarefas pastorais, mantinha: escola – para educar os meninos cristãmente; – e, a “ Sopa dos Pobres” – para alimentar os que tinham fome.
Portugal, naquele tempo, estava atulhado em terríveis dívidas. Havia desemprego generalizado, e os que trabalhavam, mal granjeavam para sustento dos filhos. Como cristão, como sacerdote temente a Deus, ele sentia obrigação: de cuidar, de zelar, de amenizar, o sofrimento dos operários; e pobreza envergonhada – que sempre atinge a classe média, em anos de crise.
Todos os meses, o bom homem, ia de porta em porta, pelas casas inglesas – o Sr. Dioguinho era britânico, – e pedia… Tornava a pedir… Rogava, suplicando contributo para a “ Sopa dos Pobres”; porque, o que possuía, da sua grande fortuna, já não bastava para acudir a tanta necessidade.
Certa ocasião, as casas de pasto, as mercearias, que lhe forneciam os alimentos, disseram-lhe, perentoriamente: “ Ou paga o que nos deve, ou nada mais haverá fiado!”... Dioguinho levou as mãos à cabeça, desesperado. Aflito, atormentado, recorreu a amigos. Calcorreou as firmas de origem inglesa, da baixa portuense; bateu à porta da colônia inglesa, e arrecadou substancial quantia… Assim supunha. Regressou radiante. Contou e recontou o dinheiro recebido. Fez contas e mais contas… Fez cálculos e mais cálculos… mas nada: faltavam cinco contos para saldar a divida aos fornecedores…
- “ Os necessitados ficarão sem a Sopa dos Pobres” - Pensou. Nervoso, mordendo os lábios ressequidos, procurou descortinar amigo, que lhe acudisse a tal aperto. Mas as diligências foram em vão.
Só Deus o poderia ajudar. Mas seria ele merecedor de tal auxílio? … Dirigiu-se, estonteado, à capela; pelo caminho, encontrou a Bertinha – mocinha que lhe servia de secretária, – agarrou-a com ansiedade, pelo braço, e, numa súplica, disse-lhe:
- “ Peço-te, menina, um grande favor: Vem comigo à capela, orar a Deus, para que me acuda! …”.
No dia seguinte, pela manhã. Manhã luminosa, cheia de Sol, chegou o carteiro. Entre a correspondência vinha uma que incluía cheque no valor de cinco contos!
Junto, trazia bilhete: “Sei que veio procurar-me, para acudir os seus pobres. Não estava; mas ai vai ‘isso’, para ajudar”.
Após o almoço o Sr. Dioguinho, agradecendo a Deus, dirigiu-se ao Banco de Londres, para receber o dinheiro.
Mal lhe entregaram os cinco mil escudos, o rosto desfigurou-se de contentamento. Cambaleou. Agarrou-se ao balcão… Escorregou… E caiu. Antes de morrer, ainda teve tempo de pronunciar: - “ Graças a Deus! Os pobres não passaram fome!”.
Assim morreu o pastor, o santo, que tudo doou aos pobres. O sacerdote, que sendo rico, se tornou pobre, para que os pobres fossem menos pobres.
Também há santos nas Igrejas Evangélicas…
* Humberto Pinho da Silva é escritor e editor do blog Luso-Brasileiro "PAZ" e correspondente de Via Fanzine em Portugal.
- Foto: Arquivo do autor.
- Produção: Pepe Chaves. © Copyright 2004-2018, Pepe Arte Viva Ltda.
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Religião: Há de tudo, como na botica Passou a frequentar o culto numa Igreja Evangélica, e como verificasse que havia membros que recebiam “regalos”, logo tentou ocupar lugar visível.
Por Humberto Pinho da Silva* De Porto/Portugal Para Via Fanzine 18/01/2018
Andava, então, a oferecer, a várias Igrejas, os seus serviços, na esperança que alguma aceitasse o “grupinho”, em troca de salário, que servisse para aumentar a renda. Leia também: Outros destaques em Via Fanzine
Ao ouvir, na TVI, o caso das crianças adotadas por dirigentes da IURD, lembrei-me de pobre-diabo, que conheci no Café “Chave D’ouro”, no Porto. Certa tarde – já lá vão décadas, – achei-me a conversar com evangelista, que se intitulava: pastor.
Animado pela conversa, começou a contar-me um pouco da sua vida. Era operário da construção civil. Mais por brincadeira, do que por convicção – pois até era de esquerda, – inscreveu-se na “Legião”.
“Diziam que era bom, e obtinha-se vantagens…”, mas rapidamente verificou que, dessa atitude, nada ganharia… “ainda se fosse funcionário publico! Talvez…”.
Passou a frequentar o culto numa Igreja Evangélica, e como verificasse que havia membros que recebiam “regalos”, logo tentou ocupar lugar visível. Conseguiu ser leitor. “Pouco ou nada obti, mas ganhei experiência, e conheci gente, que me foi útil”.
Depois… Passou para nova Igreja, de denominação diferente, até que teve a felicidade de ser escolhido para ir a congresso, que se realizou em Londres. “Pagavam as viagens e deram-me estadia, em casa de irmão…”. Quando regressou, teve conhecimento, que havia padeiro, que fora convidado para pastor, com o vencimento de seis mil escudos!
Tentou ser sacerdote, mas, por escassearem-lhe dons oratórios, e sofrer de fobia, ao falar diante de grande assembleia, não foi aceito. Assentou, então, criar a “sua Igreja”. Alugou garagem e convenceu alguns membros a acompanhá-lo. “É grupinho pequeno, mas temos ranchinho de catraios. Recebo, de Londres, folhetos e livrinhos, e dou-lhos. Ficam tão contentes!”.
Andava, então, a oferecer, a várias Igrejas, os seus serviços, na esperança que alguma aceitasse o “grupinho”, em troca de salário, que servisse para aumentar a renda. Nunca soube se chegou a conseguir a almejada renda.
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Estando em Roma, instalado em aposentos de Faculdade, da Católica, conheci frade franciscano, transmontano, que me contou: indo de férias, a Portugal, fora contactado para pastor de seita, oferecendo-lhe bom vencimento. Dinheiro que vinha da América. Não aceitou, porque estava na Ordem, por convicção.
Também, nessa ocasião, eu conheci na via Merulana, pobre monge, de hábito remendado e puído, que me foi apresentado como verdadeiro discípulo de S. Francisco.
Dizia-me o “fratello”, à puridade, que o apresentou: “Esse sim, é um santo! Bom era que todos nós fossemos como ele”.
Devo esclarecer, em abono da verdade, que há, em todas as Igrejas, mesmo nas seitas, gente boa e santa.
Conheço pastor, licenciado, que recusou remuneração da Igreja, porque consegue viver com o que usufrui de seu emprego. E não é caso único. Há de tudo – costuma-se dizer, – como na botica. Quem vê caras, não vê corações… Só Deus conhece o que pensa o coração de cada um.
Na religião, na política e também no desporto, como as portas estão abertas, entra toda a espécie de pessoa; por mais escolhas que se faça, há sempre “joio”, na rede.
Dizia minha prima Rosinha, quando falavam da má conduta de sacerdotes: ”Para mim, o que interessa, é o que fazem no altar! O resto é com eles!”. E tinha razão… Já Jeremias avisava: “que o Senhor aconselhava a não confiar nos homens” – Jr.17:5.
* Humberto Pinho da Silva é escritor e editor do blog Luso-Brasileiro "PAZ" e correspondente de Via Fanzine em Portugal.
- Foto: Divulgação.
- Produção: Pepe Chaves. © Copyright 2004-2018, Pepe Arte Viva Ltda.
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